Um homem bondoso e rico enviou a seguinte mensagem a um paupérrimo vizinho: “Quero doar-lhe uma chácara”. O pobre ficou encantado com a idéia de possuir uma propriedade, mas era demasiado orgulhoso para recebê-la como doação. Depois de muito pensar, resolveu visitar aquêle senhor que lhe fizera o oferecimento. A essa altura, porém, apoderara-se dêle uma estranha ilusão; pois imaginava que possuía um saquitel de ouro. Assim levou êste suposto saquitel consigo e disse para o ricaço:
— Recebi sua comunicação e vim vê-lo. Quero ficar com a propriedade, mas intenciono pagá-la. Dar-lhe-ei um saquitel de ouro por ela.
— Deixa-me ver o seu ouro, disse o dono da fazenda. Olhe novamente: Acho que isto não é nem prata.
O pobre olhou, os olhos se lhe encheram de lágrimas, e sua ilusão pareceu desvanecer-se. Disse:
— Ai de mim! Estou arruinado! Isto não é nem cobre. É apenas cinza. Quão miserável que sou! Desejo possuir a chácara, mas não tenho com que pagar. Quer dá-la para mim?
Respondeu o opulento senhor:
— Sim: Essa foi a minha primeira e única proposta. Quer aceitá-la nestas condições?
Com humildade, ao mesmo tempo que com veemência, exclamou o indigente:
— Sim! E milhares de agradecimentos por sua bondade!