PASTOR JOSÉ BESSA

‘‘Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” Heb. 1:2 e 3.

É animador servir a um Deus que pode falar, e o faz de muitas maneiras. Para falar de muitas maneiras, serve-Se Deus dos elementos da Natureza: os lírios do campo, as aves do céu, uma jumenta, crianças, jovens, mulheres, homens, chegando a declarar que, se necessário for, entre as muitas maneiras Deus chegará a falar através de inanimadas pedras.

Profetas e profetisas, por quatro mil anos foram os porta-vozes da fala de Deus. Chegados os últimos dias, fez Deus uma comunicação maior, na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. O Cristo revestido da natureza humana, o Cristo carpinteiro, o Cristo Salvador falou em três anos e meio como até então nunca ninguém havia falado.

A época em que Jesus falou ao vivo, estando presente entre os homens, é chamada de últimos dias. Nesse período, fez Deus uma comunicação maior. Seguindo o princípio divino de falar muitas vezes e de muitas maneiras, fez Deus para o fim dos últimos dias uma COMUNICAÇÃO MAIOR. Essa comunicação maior seria feita por um Cristo glorioso, sem sandálias, mas com pés reluzentes; sem coroa de espinhos, mas com rosto mais brilhante que o Sol. Esse Cristo glorioso fez uma revelação que passou a chamar-se Apocalipse.

IDENTIFICAÇÃO COM O APOCALIPSE

Durante toda a história do adventismo, temos sido reconhecidos como o povo da Bíblia, o povo que mais e melhor conhece o livro de Deus. Aqui no Brasil, todas as vezes, no passado, em que houve concurso bíblico nacional como parte do concurso internacional, os adventistas ganharam em primeiro lugar. Podemos mencionar lolanda Anversa, Gerda Burgo, Mariazinha de Almeira, José R. Menezes e o famoso Francisco, mais conhecido por Chico Bíblia. Temos, portanto, sido a cabeça e não a cauda.

Nossa didática de estudo da Bíblia tem contribuído muito para o destaque mencionado. Eles confessam que aprenderam muito da Bíblia através do Ano Bíblico, da memorização dos versos da Meditação Matinal e dos versos áureos da Lições da Escola Sabatina. Ajudaram também, o estudo diário e sistemático da Lição e os concursos bíblicos das reuniões J. A. Essas várias maneiras de estudo da Bíblia produziram os campeões da Bíblia na América do Sul. Voltemos a incentivar e a seguir estas práticas sadias do uso da Santa Bíblia.

E o Apocalipse, qual a nossa afinidade com este livro? Como os adventistas se identificam com este último livro da Bíblia? Podemos afirmar que estamos profunda e intimamente identificados com o último livro da Bíblia. Neste livro nós, os adventistas, encontramos nossa história, nossas doutrinas, nossa experiência e nosso futuro glorioso.

Estamos identificados com o Apocalipse no seu sentido escatológico e de urgência. Desde o berço, nossa pregação teve sentido escatológico; e continua tendo. Fomos considerados como derrotistas. Continuamos, mais do que nunca, escatológicos; continuamos com o crescente sentido de urgência, sentido este que é repetido nas frases seguintes:

  • — ‘‘As coisas que brevemente devem acontecer”.
  • — “Porque o tempo está próximo”.
  • — “Eis que venho sem demora”.
  • — “Eis que presto venho”.
  • — “Porque próximo está o tempo”.
  • — “Eis que cedo venho”.
  • — “Certamente venho”.

O apóstolo sentiu-se tão impregnado com o sentido adventista de urgência do Apocalipse, que termina acrescentando uma curta oração bem adventista: “Ora vem, Senhor Jesus”.

Nossa segunda identificação com a Revelação de Jesus Cristo está logo no verso seguinte. Identificamo-nos aí com o que temos de mais ligado com a nossa pregação — a segunda vinda do Senhor. Este tema se repete no cap. 6:16 e no 14:14.

A terceira identificação doutrinária adventista com o Apocalipse, refere-se ao descanso semanal. Apoc. 1:10 — o Dia do Senhor, o sábado do descanso. Encontramos também o decálogo, no santuário aberto, e ali a arca do testemunho. Vemos, pelo dom de profecia, o quarto mandamento com brilhante luz. Devido a nossa identificação com o decálogo e com o descanso sabático, somos objeto da ira do Dragão (Apoc. 12:17).

No capítulo 10, encontramos nossa história, nossas raízes, nosso glorioso passado. Aí temos Filadélfia, a história do doce-amargo. Ali nascemos! Nossas raízes são confiáveis. “De todos os movimentos religiosos desde os dias dos apóstolos nenhum foi mais livre de imperfeições humanas e dos enganos de Satanás do que o do outono de 1844.” — CS, pág. 460, edição de bolso. Nossa história, nossas doutrinas são apocalípticas. No capítulo 13, encontramos as coligações ecumênicas que culminarão com a intolerância e o decreto de morte contra os “hereges” adventistas.

Apocalipse 14 sintetiza nossa mensagem — temer a Deus, dar-Lhe glória, adorá-Lo, preparar-se para o juízo.

Apocalipse 18! O chamado para a aceitação destas três mensagens. O Apocalipse descreve nossa experiência de perseguição. A pena, o castigo, será a pena máxima — a morte.

Nossa história, nossas doutrinas, nossa experiência passada, presente e futura, encontramo-las no Apocalipse. Encontramos também na revelação do Apocalipse o futuro glorioso que nos aguarda. Os vitoriosos das coligações ecumênicas que ocultamente se vêm processando e que publicamente já são manifestas. Sim, os vitoriosos da besta, sua imagem e número, são vistos no Mar de Vidro; são vistos com vestes brancas, mais brancas que a neve e a lã; são vistos com palmas nas mãos, vistos com o Cordeiro em turísticas viagens pelo Universo. “Seguem o Cordeiro para onde quer que Ele vá” (Apoc. 14). Estaremos na capital do Universo, na praça, no rio, junto ao trono, vendo o rosto do amorável e doce Salvador.

Nosso futuro glorioso está no Apocalipse. Nossa intimidade com os segredos, com o simbolismo do Apocalipse, é tão íntimo que o temos transformado em um programa de estudos. Partindo de um ou mais versos do Apocalipse, podemos contar ao mundo e, especialmente na América do Sul, nossa história, nossas doutrinas, nossa experiência e nosso futuro, e esta intimidade com o Cristo glorioso ali mostrado é tão grande que nós, os adventistas, criamos o curso bíblico chamado Seminário “As Revelações do Apocalipse”.

São 24 fascículos em forma de perguntas e respostas. O Apocalipse é uma poderosa ferramenta missionária. O mesmo Apocalipse termina no seu último capítulo, verso 17, dizendo: “O Espírito e a esposa dizem vem, quem ouve diga vem”. São milhares, muitos milhares, mesmo na América do Sul, ouvindo a voz do Espírito e o chamado da noiva; estão dizendo a milhares de pessoas: “Vem”.