A. F. TARR
Presidente da Divisão Norte-Européia
No curso de ação levada aos tribunais certa vez contra uma de nossas divisões, o advogado do querelante refutou o direito da divisão de invocar as normas da Associação Geral em apoio de sua atitude. Cada divisão, argumentou êle, era uma organização separada e distinta, não controlada pelas normas da Associação Geral. Corroborou êle o seu argu-mento mediante a comparação das várias divisões mundiais com os gomos de uma laranja, sendo cada gomo independente na laranja embora formando reunidos uma unidade completa. Nosso advogado, procurando confirmar a autoridade da Associação Geral no ponto em causa, aceitou entusiàsticamente a ilustração. “Concordo,” disse êle; “os gomos da laranja verdadeiramente representam as várias divisões, mas assim como a casca da laranja une os gomos num todo completo, a Associação Geral liga as divisões entre si, numa grande organização mundial.” Êste argumento foi o fator material da vitória num caso do qual muito dependia.
Esta figura usada pelos advogados estabelece suficientemente a relação entre a organização da Associação Geral e suas Divisões — Divisões que são uma parte integral da Associação Geral, sustidas e unidas entre si por sua constituição, conselho e regulamentos.
Logo no início de nossa obra, até 1913, as divisões, como as conhecemos agora, não eram incorporadas ao sistema de organização da Associação Geral. As uniões então existentes, bem como certas destacadas missões, estavam diretamente sob a supervisão da Associação Geral. Ao intensificar-se, entretanto, a penetração da mensagem do advento em terras distantes, com o conseqüente surgimento de igrejas e a organização de novas associações, missões e uniões, tornou-se cada vez mais difícil para a Associação Geral administrar de maneira eficaz tal sistema complexo e em expansão, do ponto central. Dadas as grandes distâncias a serem cobertas, e o número limitado que a Associação Geral podia enviar, o contato pessoal com os campos estrangeiros foi-se tornando cada vez menos freqüente e mais incerto, de maneira a poder-se fazer justiça tanto às necessidades do campo como a ter-se mais íntima familiaridade que a Associação Geral necessitava ter com áreas sob sua pormenorizada administração.
Em conseqüência desta necessidade de ad-ministrar mais eficientemente uma obra em expansão, na sessão da Associação Geral em Takoma Park, em Washington, em 1913, o grande sistema de “divisões” veio à existência. Uniões e campos destacados em vários continentes ou áreas geográficas, mediante provisão da Constituição da Associação Geral, foram agrupadas, não como organizações de govêrno próprio, mas como divisões da Associação Geral.
História da Organização da Divisão da Associação Geral
Na realidade, esta não era a primeira vez que algum dos aspectos elementares de divisões tinham sido cogitados. Nos primórdios de 1903 a Associação Geral, em Oakland, Califórnia, criou, como remédio parcial para os crescentes problemas administrativos, um vice-presidente para a Europa e para a América do Norte. Ambos tinham autorização para se reunir com os presidentes de suas respectivas uniões e agir como comissão de supervisão. Em 1909 foi criada a Divisão Asiática, mas esta, como as outras, não tinha base constitucional. A Associação Geral também em 1907, em sua sessão bienal em Gland, na Suíça, e posteriormente em 1911, em Friedensau, na Alemanha, estudou a mesma necessidade, mas nenhuma organização oportuna foi contudo criada.
Em 1912, entretanto, os que tinham o encargo de uniões-associações, e uniões-missões, na Europa, prepararam um memorial que foi levado à presença do Concilio Outonal da Associação Geral nesse ano. Falava o memorial de dificuldades administrativas que o presente sistema de organização enfrentava. Essas dificuldades, afirmava o memorial, “não eram tão agudamente sentidas” na América do Norte, onde a Associação Geral podia “tratar diretamente com as associações e uniões locais. Havendo sido o problema mais tarde considerado, previu-se que condições idênticas poderiam logo surgir em outras partes do campo mundial. “As necessidades da Europa hoje,” frizava o memorial, “serão as necessidades da América do Sul, da Ásia e de outras partes do mundo de amanhã. Poderá ser apenas uma questão de tempo até que o mundo, como tal, tenha que ser inteiramente compreendido nesta organização divisional.”
O Concilio Outonal de 1912 considerou favoràvelmente o memorial e recomendou que fôsse transferido para a sessão da Associação Geral a ter lugar no ano seguinte. Nesta sessão foram tomadas as seguintes deliberações:
“1. Que em resposta ao memorial submetido pelos irmãos europeus ao Concilio Outonal de 1912, adotamos o plano geral da organização de importantes territórios e grupos de uniões em divisões da Associação Geral, e que esta forma de organização divisional seja efetuada nos vários campos na medida em que as condições da obra o requeiram.
“2. Que a representação numérica básica das divisões-associações e divisões-missões seja o solicitado pela Constituição da Associação Geral.
“3. Que os fundos gerais para missões da divisão seja relatado trimestralmente ao tesoureiro da Associação Geral, e sejam incluídos no balanço financeiro da Associação Geral.
“4. Que se dêem nesta conferência os passos no sentido da organização da Divisão Européia, com uma constituição em harmonia com as provisões da Constituição da Associa-ção Geral.”
Esta resolução, por estranha coincidência, foi apresentada à Associação Geral a 21 de maio, exatamente cinqüenta anos após haver a própria Associação Geral ter sido organizada em 1863. Foi no dia seguinte que a decisão foi tomada e adotada a Constituição governativa e os regulamentos. Nessa mesma sessão da Associação Geral foi organizada a Divisão Norte-Americana e a Divisão Asiática. Foi autorizada também a organização da Divisão Sul-Americana “em tempo e lugar que lhe (à Comissão da Associação Geral) parecesse aconselhável.”
Há presentemente treze divisões. As datas de suas respectivas organizações, como constituídas no presente, são:
Divisão Norte-Americana
” Sul-Americana
” Sul-Asiática
” do Extremo Oriente
” Sul-Africana
” U. S. S. R.
” Australasiana
Interamericana
” Norte-Européia
” Sul-Européia
” Central-Européia
” Chinesa
” Oriente Médio
Administração das Divisões
A administração das divisões tem sido grandemente padronizada segundo o modêlo da Associação Geral. Seus oficiais compreendem: um presidente, um secretário e um tesoureiro. O presidente é também um dos vice-presidentes da Associação Geral, sendo responsável, juntamente com seus oficiais associados, pela administração da obra na divisão que preside. Êsses oficiais, juntamente com os secretários departamentais da divisão, os secretários e o secretário da Associação Ministerial, são eleitos pela Associação Geral em sessão. São êles membros tanto da divisão como da Associação Geral, bem como os presidentes de uniões em cada território. Outras pessoas, incluindo-se chefes de instituições divisionais, podem ser eleitos membros da Comissão da divisão, mas tais membros não passam por isto a pertencer à Comissão da Associação Geral.
A Comissão de cada divisão constitui a autoridade administrativa da Associação Geral para o território dessa divisão, provendo a Constituição e os regulamentos da Associação Geral que “ações tomadas pelas comissões das divisões pertinentes à administração de negócios nos campos das divisões serão considerados finais, admitidos que estejam em harmonia com os planos e estatutos da Associação Geral, como se encontram na Constituição e regulamentos, e nas ações de sua Comissão Executiva por ocasião de Concílios Outonais regulares.” (General Conference By-Laws, Art. XI, séc. 3.)
Pertence à responsabilidade das divisões representar a Associação Geral amplamente e promover todos os seus alvos e objetivos no território de sua administração. Devem representar anualmente perante a Associação Geral as necessidades de suas várias organizações, e receber da Associação Geral verbas para distribuição dentro do seu território. O chamado para missionários e outros obreiros dentro do seu território é também da responsabilidade das várias divisões, e tais chamados, juntamente com a liberação de tais obreiros, devem ser tratados com a Associação Geral através da Comissão de cada divisão.
Nessas questões e em muitas outras, a Comissão da divisão, estando muito mais próxima de seus problemas que poderiam possivelmente estar os escritórios da Associação Geral, constituem hoje um laço de união muito importante na administração de nossa obra mundial. Êles estão aptos a se manterem constantemente alerta quanto às condições prevalecentes em seus vários terriórios. Es-tão em posição de observar as necessidades de auxílio — auxílio espiritual, econômico e administrativo. Podem manter um justo equilíbrio entre os seus respectivos campos, oferecendo auxílio especial onde êsse auxílio parece ser mais necessário, e progredindo em tôdas as frentes tão uniformemente quanto seja consistentemente possível.
Com um corpo de experientes obreiros, departamentais e executivos, podem distribuir auxílio em breve prazo a sessões de uniões e locais, a reuniões do campo, comissões, institutos e convenções, e a instituições médicas e educacionais. No caso de reuniões de importância das comissões de uniões e mesas educacionais, no país ou em áreas missionárias, a representação da divisão se faz presente sempre que possível. Por intermédio de tais representações, tanto a divisão como as comissões das assembléias reunidas são grandemente beneficiadas: as comissões pelos conselhos de homens familiarizados com problemas correntes e semelhantes em outros campos, e a divisão pela compreensão mais ampla das tarefas à mão, e das necessidades correntes e não raro crescentes com respeito ao pessoal, às finanças e outros aspectos vitais por programa da união.
Administração Divisional das Uniões
O maior número de divisões compreende certa soma de uniões. Cada união, por sua vez, e algumas vêzes cada associação local ou missão dentro da união, representará certo número de países, nacionalidades e línguas. Representantes dessas diferentes nacionalidades se encontram em concílios bienais da divisão, em institutos e convenções departamentais, em sessões locais ou de uniões, ou ainda em mesas de instituições, e em suas várias comissões. Anualmente êles distribuem suas limitadas dotações orçamentárias e sacrificados planos para enfrentar outras especiais necessidades. Sôbre a divisão recai a grande tarefa de partilhar as responsabilidades no sentido de unir essas inúmeras nacionalidades num maravilhoso companheirismo internacional que muitas vêzes é mais íntimo e mais perdurável que os laços de família.
Cada divisão é responsável pelo estabelecimento e administração de um fundo para o cuidado de seus obreiros enfermos e idosos, fundo não provido de outra forma. Êste fundo deve ser administrado em harmonia com os princípios estatuídos no Plano de Sustento da Associação Geral. A aplicação dêsse fundo deve ser feita pela comissão da divisão segundo o seu arbítrio.
O aval da divisão deve ser outorgado para a organização dentro de seu território de qualquer nova associação ou missão e para quaisquer ajustamentos territoriais em associações locais ou missões existentes. Quando se decide organizar alguma nova união-associação, ou união-missão, ou ajustar o território de uniões existentes, deve-se buscar primeiro o aval da Associação Geral. Tal administração assim em cooperação preserva a unidade.
A comissão da divisão usualmente ao tempo de seus concílios bienais elege o presidente, o secretário-tesoureiro e o auditor das uniões-missões. No caso de sessões de uniões-associações, o presidente da divisão funciona como presidente da comissão especial indicada para escolher as comissões habituais, servindo também normalmente como presidente da comissão de nomeações. É seu dever em todo o tempo apresentar-se como conselheiro para com os oficiais de uniões e missões destacadas, bem como para com os que ocupam cargos de departamentos da divisão ou instituições.
intimamente associado com o presidente em tôdas as suas tarefas estão os seus oficiais, o secretário e o tesoureiro, e em alguns casos seus assistentes. É dever dêsses oficiais promover a obra de acôrdo com os planos e processos adotados pela comissão da divisão. O tesoureiro é considerado responsável pela manutenção em dia do sistema de contabilidade da divisão, de maneira que as anotações financeiras refletindo adequadamente as atividades das respectivas organizações possam ser apresentados mensalmente ao presidente e a outros que as requeiram.
No caso de divisões estrangeiras beneficiárias do excesso da Oferta do Décimo Terceiro Sábado, é a comissão da divisão — operando em primeiro lugar por intermédio de seus oficiais e o secretário do departamento da escola sabatina da divisão — que toma a res-ponsabilidade de preparar e apresentar ao campo mundial material oportuno e inspirador sôbre o seu território, e especialmente sôbre os projetos escolhidos para serem beneficiados. É também privilégio da divisão em todo o tempo providenciar para que o progresso da obra em seu território seja relatado à Associação Geral e ao campo mundial, bem como a seus próprios membros. É especialmente vantajoso que os campos locais, dentro do território da divisão e além, sejam mantidos informados do progresso que encorajará seus generosos e não obstante inquiridores ofertantes das missões.
A divisão deve estar constantemente alerta sôbre possíveis perigos sob condições ràpidamente mutáveis, dando inteligente e oportuno conselho para enfrentar êsses perigos. Deve ela guiar sàbiamente e não impertinentemente suas uniões na formulação e aceitação de medidas para um curso de ação que pode, do ponto de vista de uniões de situação melhor localizadas, não ser discernido como sendo para o seu próprio interêsse individual, mas que de um ponto de vista mais amplo pode ser visto afinal como benéfico para ambos e para a obra em geral.
A divisão deve, em todo o tempo, inspirar todos os seus líderes e obreiros em todo o seu campo para um sincero apoio de todo o objetivo denominacional, tanto no que respeita à vida cristã como no mais agressivo programa evangelístico em todos os seus aspectos.
Responsabilidades Espirituais da Liderança na Divisão
Transcendendo a todo e qualquer dever e relação está a responsabilidade espiritual que a liderança de cada divisão deve sentir pelos milhões ainda não advertidos dentro do seu território, e pelos muitos milhares de membros que olham por conselho e guia e por bom exemplo dos que servem em tão grande porção da vinha do Mestre. Do líder espiritual divinamente indicado no antigo Israel foi dito: “Arão levará os nomes dos filhos de Israel … sôbre o seu coração … para memória diante do Senhor continuamente.” Embora Arão ministrasse em favor de tão grande multidão, sua devoção devia ser constante e de coração no interêsse de cada indi-víduo entre o povo a que servia.
Hoje os que levam responsabilidades nas organizações da divisão são também servos de muitas pessoas. Seu serviço, também, deve ser prestado com abundante amor por aquêles a quem servem. Nenhum exercício de responsabilidade oficial, não importa quão eficientemente possa ser desempenhado, pode tomar o lugar desta vital relação no trato as almas dos homens. Interêsse pessoal, estima própria e desconsideração por iguais direitos de outros precisam, acima de tudo o mais, ser evitados. A influência do ato mais trivial, não raro passado por alto em outros, podem ser sobremodo amplificados nos líderes da divisão, produzindo incalculável prejuízo ao rebanho.
A determinação tantas vêzes expressa por nossos primeiros pioneiros, “gastar-se e se deixar gastar no serviço do mestre,” precisa encontrar realidade prática na liderança que prestamos hoje. Tal determinação num líder de divisão será multiplicado mil vêzes ao invadir os canais denominacionais: da divisão para as uniões, das uniões para as associações locais, das associações para as igrejas, e das igrejas para os corações de muitos milhares de membros espectantes e respondentes.
A fim de que esta experiência possa ser desfrutada por cada obreiro em cada divisão, citamos a afirmação de Frederico Lee em Review and Herald, de 22 de dezembro de 1955: “Não é tanto por grande fôrça física ou habilidade escolástica ou vantagens materiais que devemos orar. É antes isto: ‘Senhor, faze de nós homens cujo espírito não esmoreça quando o prosseguir é difícil, que continuarão a avançar quando o sucesso parece impossível, que não sacrificarão nenhum princípio por lucro momentâneo, que não permitirão que qualquer atração marginal os desvie do caminho do dever; homens que inspirem os que não possuem inspiração, que renovem a confiança no desiludido, e pelo poder de uma vida piedosa ganhem almas para Cristo.’”
Divisões dirigidas por homens tais estarão poderosamente à altura das expectativas de Deus e do homem na suprema tarefa que está diante de nós, qual seja a de preparar o povo para a gloriosa breve volta de nosso Senhor.