ERA o sábado de manhã, 18 de junho de 1966, em Detroit, Michigão. Cêrca de 12.000 pessoas estavam reunidas em Cobo Hall quando o recém-eleito presidente da Associação Geral proferiu o sermão. Foi uma mensagem muitíssimo comovente e solene, e todos os presentes prestaram
bastante atenção ao vigoroso repto apresentado — e aceitaram-no.
Dentro em pouco a reunião foi terminada e a congregação moveu-se fervilhantemente para fora, estando cada pessoa ansiosa de ir almoçar ou empreender algum outro interêsse ou compromisso que fôra providenciado anteriormente. Enquanto eu os observava dispersarem-se, veio-me à mente a pergunta: Que sucedería se créssemos realmente na gloriosa verdade da mensagem anunciada aquela manhã? Que aconteceria na igreja e no mundo se êsse grande grupo de pessoas que representava a última igreja de Deus partisse para casa e pusesse imediatamente com prática, com pessoal ardor, aquilo que tinham ouvido? Que milagres seriam realizados para Deus! Que extraordinário bem seria efetuado! Quão depressa poderia ser concluída a obra de Deus e ocorrer a volta de Jesus!
É Necessário Preparar o Coração
Que mensagem sensacional possuímos nós, e que poder ilimitado foi prometido para acompanhar nossos esforços, se tão sòmente prepararmos o caminho para o derramamento do Espírito de Deus! Êste preparo, prezados coobreiros, deve ser um genuíno preparo do coração. Um dia, quanto mais cedo melhor, precisamos conceder a Deus completo e cabal controle sôbre nossa vida, sem quaisquer reservas mentais ou tentativas de evasão. Quando isto fôr feito, cumprir-se-á a promessa do Pai. A obra prosseguirá como fogo na palha. Milhares se converterão num dia. Repetir-se-á o Pentecostes, mas com maiores demonstrações de poder, e Jesus virá.
A serva do Senhor nos deu valiosos conselhos ao nos aproximarmos do dia do Senhor:
“Foi-me mostrado o povo de Deus esperando que ocorresse alguma mudança — que um compulsivo poder dêles se apoderasse. Mas ficarão decepcionados, pois estão em êrro. Precisam agir; precisam lançar por si mesmos mãos ao trabalho, e clamar fervorosamente a Deus por um genuíno conhecimento de si próprios. As cenas que estão passando diante de nós, são de magnitude suficiente a fazer-nos despertar, levando insistentemente a verdade ao coração de todos os que quiserem escutar. A seara da Terra está quase madura.” — Test. Seletos, Vol. 1, pág. 88.
“A mensagem da próxima vinda de Cristo deve ser dada a tôdas as nações da Terra. Um esfôrço vigilante, infatigável, é exigido para vencer as fôrças do inimigo. Nossa parte não é sentar-nos silenciosos e chorar, e torcer as mãos, mas erguer-nos e trabalhar para êste tempo e para a eternidade.” — Serviço Cristão, pág. 83.
“Tudo que há no universo concita aos que conhecem a verdade a consagrar-se sem reservas à proclamação da mesma, tal como lhes foi revelada na mensagem do terceiro anjo. Aquilo que vemos e ouvimos nos conclama ao dever. A operação de instrumentalidades satânicas convoca todo cristão a permanecer em seu pôsto.” — Test. Seletos, Vol. 3, pág. 294. .
Com êstes pensamentos diante de nós, e sendo a gloriosa perspectiva da vinda de Cristo tão vividamente apresentada a nossa mente, estudemos uma oração simples, mas bela e todo-abrangente. Encontra-se no Salmo 139:23 e 24: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.”
Não Conhecemos a nós Mesmos
Uma das coisas estranhas no tocante à natureza humana é que ela não conhece realmente a si mesma. Sabemos uma porção de coisas sôbre máquinas, transportes, meios de comunicação, ciência, educação, religião e muitos outros setores correlatos. Descobrimos em anos recentes alguns dos mais bem guardados segredos da Natureza, animada e inanimada, mas não conhecemos realmente a nós mesmos. Não compreendemos plenamente certas partes de nosso caráter, e o mesmo sucede com nossos mais competentes psiquiatras. Para determinadas coisas que fazemos não conseguimos dar uma explicação satisfatória, nem sequer para nós mesmos. Proferimos amiúde palavras que nos assustam bem como aos que nos ouvem. Ficamos por vêzes um tanto desnorteados quando ouvimos nossa própria e quase irreconhecível voz dizer algo que não imaginávamos existisse em nós. Tal é a natureza do pecado, e o pecado constitui nosso grande problema. Esta deve ter sido a patética experiência de Pedro quando num momento decisivo em sua vida êle proferiu imprecações e negou a seu Mestre e Senhor.
Alarmados com o que Fazemos
O antigo profeta expôs grande e trágica verdade ao dizer: “Enganoso é o coração, mais do que tôdas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” Jer. 17:9. Estas palavras são inspiradas, e devem portanto ser verdadeiras. Podemos negá-las e discutir a seu respeito, mas tôdas as intricadas maquinações da psicologia e teologia modernas não alteram êsse fato. Ficamos impressionados com isto quando refletimos nalguns dos estranhos argumentos que apresentamos para justificar nosso mau procedimento. Ficamos com freqüência alarmados e surpresos diante das coisas ilógicas que fazemos e das conclusões a que chegamos.
Disse Jesus: “Mas o que sai da bôca, vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem.” S. Mat. 15:18-20. Por esta razão, adverte o apóstolo inspirado: “Aquêle, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia.” I Cor. 10:12. E ainda mais: “Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.” Cap. 9:27.
Não se pode deixar de ficar profundamente impressionado com a trágica confissão do sábio Salomão, relatada em Cantares 1:6: “E me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence não a guardei.” A respeito de quantos ministros se poderia dizer isto com veracidade? Cuidamos afanosamente da obra do Senhor. Procuramos também cuidar da vida de nosso povo, ao mesmo tempo que nos esforçamos para trazer muitas almas preciosas ao conhecimento da verdade. Tudo isto é louvável, mas se o fazemos com risco de negligenciar “nossa própria vinha,” precisamos então dar cuidadosa atenção a nosso programa total.
Nosso Maior Perigo
“Enganoso é o coração, mais do que tôdas as coisas.” Quer dizer, não há nada mais enganoso do que o coração humano. Encontramo-nos, portanto, em grande perigo de ser enganados por êle. Esta é a única explicação para as palavras, pensamentos e ações que compõem nossa vida indigna, e por nossa própria experiência pessoal sabemos ser isto verdade. Que tal coisa ocorre mesmo com cristãos sinceros, percebe-se com clareza na penetrante análise da igreja remanescente que aparece em Apocalipse 3:17: “Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” Isto é engano honesto, mas não deixa de ser engano. Leva-nos a crer que estamos muito bem quando estamos muito mal; que temos tudo o que precisamos, quando em realidade somos indigentes; que estamos vestidos com a justiça de Cristo, quando em realidade estamos nus; que podemos ver a gloriosa luz de Sua verdade, quando em realidade somos cegos. Esta é deveras uma lamentável condição.
Todos estamos familiarizados com as palavras do último versículo do Salmo 19: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” Quantos de nós, porém, já pensamos sèriamente naquilo que está escrito nos versículos anteriores? “Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas, Também da soberba guarda o Teu servo, que ela não me domine; então serei irrepreensível, e ficarei livre de grande transgressão.” Versos 12 e 13.
Comentando esta passagem, a serva do Senhor faz as seguintes e surpreendentes declarações:
“Nenhum homem pode de si mesmo entender seus erros. … Os lábios podem exprimir uma pobreza de alma que o coração não reconhece. Ao passo que fala a Deus de pobreza de espírito, pode o coração ensoberbecer-se com a presunção de sua humildade superior e exaltada justiça.
“Só de um modo o verdadeiro conhecimento do próprio eu pode ser alcançado. Precisamos olhar a Cristo. O desconhecimento dÊle é que dá aos homens uma tão alta idéia de sua própria justiça. . . . Todavia ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Sòmente podemos consentir em que Cristo execute a obra. Então a linguagem da alma será: Senhor, toma meu coração; pois não o posso dar. É Tua propriedade. Conserva-o puro; pois não posso conservá-lo para Ti. Salva-me a despeito de mim mesmo, tão fraco e tão dessemelhante de Cristo. Molda-me, forma-me e eleva-me a uma atmosfera pura e santa, onde a rica corrente de Teu amor possa fluir por minha alma.” — Parábolas de Jesus, pág. 159. (Grifo nosso.)
“Sonda-me, ó Deus”
É portanto muito apropriado que oremos fervorosamente cada dia: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração.” Pois nos foi dada a advertência:
“Como cristãos, somos menos meticulosos na introspecção, do que em qualquer outra coisa. … O amor próprio induzir-vos-á a realizar uma obra superficial de introspecção. . . .
“‘O Senhor olha para o coração’ — o coração humano, com suas emoções opostas de alegria e tristeza — o coração errante, obstinado, que serve de habitação para tanta impureza e falsidade. Êle conhece seus motivos, suas intenções e objetivos. Ide para Êle com a alma tôda manchada assim como está. Da mesma maneira que o salmista, abri suas recâmaras ao onisciente olhar de Deus. . . . Submetei o coração para ser refinado e purificado; então vos tornareis participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. … Pertencer-vos-á a paz de Deus. Vosso nome permanecerá no livro da vida; vosso direito à herança celestial levará o sêlo real, que ninguém na Terra ousará contestar. Ninguém poderá impedir vosso caminho em direção aos portais da cidade de Deus, e tereis livre acesso à presença real e ao templo do Senhor nas alturas.” — Testimonies, Vol. 5, págs. 332 e 333.
Que impressionante declaração é essa, e que bênçãos maravilhosas foram prometidas aos que proferem sinceramente essa oração!
“Prova-me e Conhece os Meus Pensamentos”
Êste pedido é muitíssimo solene e nunca de-ve ser proferido a menos que sejamos genuinamente sinceros. Não penseis que semelhante oração ficará sem resposta. Poderemos estar literalmente solicitando perturbação, pois o que dizemos realmente é: “Submete-me a qualquer prova; examina-me através de quaisquer meios que escolheres. Descobre meus pensamentos
mais secretos, e por mais difícil que seja, revela-os claramente a mim. Envia então o que fôr necessário a fim de que eu me tome uma habitação para Teu santo Espírito e esteja devidamente preparado para Teu reino eterno.”
Há alguns textos que precisamos focalizar sob êste aspecto, para nos mostrarmos fiéis e pre-parados. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a Sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos Céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que o valor da vossa fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.” I S. Ped. 1:3-7.
“Meus irmãos, tende por motivo de tôda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” S. Tia. 1:2-4.
O Propósito de Tudo Isso
Êste é, pois, o propósito de tudo isso. É o que abrange a nossa oração: “Prova-me e conhece os meus pensamentos.” Eis uma das mais confortadoras declarações de todos os escritos da serva do Senhor:
“Alma alguma é abandonada por Deus, entregue a seus próprios caminhos, enquanto houver qualquer raio de esperança quanto a sua salvação. ‘O homem se desvia de Deus, não Deus do homem.’ Nosso Pai celestial acompanha-nos com apelos e advertências e afirmações de compaixão, até se tomarem de todo inúteis posteriores oportunidades e privilégios.” — O Maior Discurso de Cris-to, pág. 81.
Disse alguém: “Os males que vemos, os mistérios de profunda e longa tristeza, o sombrio enigma da tolerância para com a injustiça, têm todos uma solução. Êste mundo estranho e perverso é apenas a escola de nosso Pai . . . Em-bora não possais discernir todos os motivos ocultos para Seu estranho proceder no período de prova, confiai e obedecei, e na vida futura . . . tudo se tornará claro e correto.”
É esta uma lição essencial que todos nós devemos procurar aprender com afinco. Meu pai era comandante de navio e muitas vêzes ausentava-se longo tempo de casa. Desde o momento em que êle partia, aguardávamos ansiosamente seu regresso. Havia poucas coisas que papai Setembro-Outubro, 1967 receava, mas havia algo que era constante fonte de preocupação para êle. Não era o nevoeiro, a chuva, a neve, o vento ou as ondas, mas a completa calmaria. Quando êle voltava a salvo, nossa família cantava com emoção um hino que falava dos benefícios das tormentas, tristezas e provações que nos impelem para mais perto do lar. Por intermédio delas nosso caráter se desenvolve para o reino dos Céus.
Eliminai os Ídolos
“Vê se há em mim algum caminho mau.” Isto apela para minuciosa investigação de tôda espécie de ídolos, sentimentos de perversidade, egoísmo, falsidade, desonestidade para com Deus ou os homens, impureza de pensamentos ou palavras, manifestações de ódio — que é assassínio, desobediência a qualquer ordem dada por Deus, ou outro tipo qualquer de condescendência com o mal. E por que se deve fazer essa investigação minuciosa? A resposta encontra-se em Testemunhos Seletos, Vol. 2, pág. 71: “Agora é o tempo de preparar-nos. O sêlo de Deus ja-mais será colocado à testa de um homem ou mulher impuros. Jamais será colocado à testa de um homem ou mulher cobiçosos ou amantes do mundo. Jamais será colocado à testa de homens ou mulheres de língua falsa ou coração enganoso.”
Lemos em Hebreus 4:12: “A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.”
Seremos julgados por nossos motivos. Isto é levado mais em conta por Deus do que aquilo que fazemos ou dizemos. Seremos condenados ou justificados diante dÊle pelo mal ou bem que pretendíamos realizar, mas que as circunstâncias nos impediram de fazer. “Todos têm o importante dever de familiarizar-se com o teor de sua conduta diária e os motivos que impelem suas ações. Precisam inteirar-se dos motivos especiais que originam determinadas atitudes. Cada ato de sua vida é julgado, não pela aparência exterior, mas pelo motivo que o instigou.” Testimonies, Vol. 3, pág. 507. (Grifo nosso.)
Nossos motivos, nossas verdadeiras intenções, nossas razões secretas são, pois, as partes fundamentais de nossa vida. Produzirão nossa elevação ou queda. À luz destas declarações, é possível portanto ser efetivamente correto, mas moralmente errado. Também é possível ser efetivamente errado, mas moralmente certo. “O motivo puro santifica o ato.” — A Santificação, pág. 9.
Entrega Completa
“Guia-me pelo caminho eterno.” Isto denota completa e irrestrita submissão à vontade divina. Significa renunciar a todos os desejos e interêsses egoístas. O resultado será uma vida controlada e orientada por Deus, o que constitui o princípio básico do viver cristão. Mas o caminho eterno é a senda de sacrifício e abnegação. É o único caminho verdadeiro, pois foi palmilhado por Cristo.
Um dos maiores problemas que enfrentamos como cristãos, é colocar-nos numa posição de tão completa submissão à vontade revelada de Cristo que sigamos prazerosamente Suas pegadas tanto no caminho delineado no evangelho, como nas veredas mais recentes indicadas pela mensageira do Senhor.
Como cristãos, aceitamos com prontidão o que não exige real sacrifício, renúncia ou abnegação, mas relutamos tràgicamente em aceitar o que vai de encontro a nossa maneira de viver ou a nossas próprias opiniões. Por exemplo, a maioria dos cristãos afirmam aceitar a garantia do amor de Deus, a história de Belém, a vinda dó Senhor e a vida futura, a doutrina do batismo, a importância e o privilégio da oração, a necessidade de observar a regra áurea. Mas quando é salientada a fiel observância do verdadeiro sábado, o dever de dar o dízimo, a total abstinência de alimentos, bebidas e prazeres prejudiciais, e outras verdades grandiosas, êles se rebelam.
Quanto a nós, talvez a dificuldade não consista nestas coisas, mas sim em recusar seguir a clara e bela luz que fulge para esta igreja nos escritos do Espírito de Profecia. Aceitamos alegremente o que não requer muita abnegação, sacrifício ou reforma; recuamos, porém, diante daquilo que Deus revelou em Sua bondade e amor, mas que se opõe a nossos desejos, opiniões e preconceitos pessoais. Todavia, se entregarmos a vida inteiramente ao Senhor e estivermos dispostos a segui-Lo, Êle realizará uma obra completa e nos guiará em todo o sentido.
Êle Conhece o Caminho
“Guia-me pelo caminho eterno.” Isto traz à lembrança o belo quadro do Bom Pastor e Suas ovelhas. Êle conhece os perigos, sacrifícios e abnegações. Conhece as dúvidas e outros terríveis inimigos que enfrentamos. Conhece os lugares áridos e solitários ao longo do caminho. Conhece o caminho. Êste está assinalado por Seu próprio sangue. Mas, graças a Deus, Êle sabe também onde se encontra a água refrigerante, o bom alimento, os pastos verdejantes, o precioso conforto, abrigo e segurança. É o caminho da cruz.
Há uns cinco anos tive o privilégio de escalar o monte Rainier, e esta experiência não sòmente foi interessante mas desafiadora. Estabeleceram-se dois acampamentos nessa escalada, que merecem ser mencionados devido aos nomes e às experiências relacionadas com êles. O primeiro é o Acampamento da Aflição, situado mais ou menos a 3.000 metros de altura. Alcançamos-no com facilidade, mas recebeu aquêle nome porque a escalada dos próximos 400 ou 500 metros era a mais difícil e perigosa da excursão tôda. E assim, enquanto descansávamos neste acampamento, fomos informados das aflições que se achavam à nossa frente. O segundo acampamento ficava mais ou menos a 4.000 metros de altura, e chamava-se Acampamento Conforto. Fôra eregido no outro lado dos lugares mais difíceis que atravessamos. Havendo transposto aquelas dificuldades e contemplando o belo cume coberto de neve, tivemos o privilégio de desfrutar o conforto dêste acampamento. Ainda precisávamos escalar uns 600 metros, mas a parte mais penosa já ficara para trás, e a essa altura tínhamos a certeza de que nosso guia nos conduziria em segurança até o alto da montanha.
Estamos hoje no Acampamento da Aflição. Os dias futuros estarão repletos de dificuldades, provações, perseguições e perplexidades que nos submeterão a severa prova. Mas além do Acampamento da Aflição situa-se o Acampamento do Conforto, que Deus providenciou para aquêles cuja fé permanece firme e forte. Êle é nosso guia. Conduz-nos pelo caminho eterno, através da cruz.
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.” Sal. 139:23 e 24.
Minha oração em favor do ministério total da igreja é que conheçamos essa entrega que nos levará a fazer diariamente esta prece, e que experimentemos a abundante alegria de vê-la atendida.
LUZ DlVINA ______________
A luz da Natureza, a luz da ciência e a luz da razão são apenas trevas em comparação com a luz divina que fulge sòmente da Palavra de Deus.
— J. K. LORD