A revista Newsweek publicou recentemente um estudo sobre o clero norte-americano, feito pelo sociólogo John Koval, da Universidade de Notre Dame. Nesse estudo ele estima que um de cada quatro padres da Igreja Católica está pronto para deixar os votos, e um de cada oito pastores protestantes está pensando seriamente em resignar o seu pastorado. (Newsweek, “Clergy Under Stress,” janeiro de 1971.) Enquanto os padres católicos visivelmente estão assoberbados com inúmeros problemas, não sendo o celibato o menor deles, o clero protestante está aflito pela “necessidade de mais dinheiro,” e o “aparentemente fútil e ineficaz trabalho da igreja.”
É uma grande tarefa a terminação da obra.
O estudo de Koval dá ênfase ao fato de que os clérigos não perderam a fé em seus credos, mas sentem-se frustrados com a pouca esperança de sua missão.
O desespero está em voga. A última década tem visto homens em todos os setores da vida crispando as mãos como crianças encenando uma representação infantil. Muito freqüentemente este estado de ânimo alcança as fileiras do ministério adventista, e está ameaçando infiltração maior.
A idade não é salvaguarda em nenhuma direção. Faz pouquíssimo tempo chegou-nos a triste nova de que um jovem amigo nosso havia perdido o ânimo e deixado a obra. Algumas vezes pessoas mais velhas, depois de longos anos de experiência, solicitam uma licença que, bem entendida, é na realidade uma ausência permanente.
A tentação de ir ao desânimo, como um vírus incontrolável, parece estar em toda parte — no estudo, quando a sós, o pastor pondera este problema, nas comissões executivas há graves dilemas desafiando solução, e até mesmo nas reuniões de obreiros, quando uma voz amarga, desencorajada, se faz ouvir, chega a turbar os poucos momentos de desfruto do companheirismo nos grupos.
Otimismo, uma Necessidade
Com efeito, este comportamento fútil envolve elementos bastantes para que nos acautelemos. Um obreiro pode começar mostrando tolerância com os seus sentimentos ao olhar a quantidade estarrecedora de trabalho a ser feito em seu próprio campo ou em seu distrito. Permite-se ele o pensamento de quão pouco realizou no decorrer do dia que lhe pareceu tão curto, e diz a si mesmo: “Que adianta?”
O obreiro hoje tende a computar os muitos quilômetros que é forçado a viajar, o tempo que passa longe de sua família sacrificando-se, a perda de repouso e relaxação que sofre, e é tentado a dizer: “Para que continuar. Posso ganhar mais dinheiro e ajudar melhor a igreja como um bom membro leigo. Talvez até eu pudesse viver mais longamente!” Nesses momentos ele chega a não dar muito valor a sua credencial de obreiro, que significa a prova de sua sagrada vocação.
Um pastor pode observar o mundanismo, ou mesmo o pecado aberto, que absorve a muitos de seus membros, e então perguntar-se: “Afinal, tudo quanto tenho pregado de nada adiantou?”
Nosso irmão fútil vê um grande abismo entre a primeira visão que teve da obra de salvar almas em seu ministério e muitos dos atuais deveres que avidamente lhe absorvem o tempo. Sua cabeça está zonza com planos e reclamos dos vários departamentos da igreja, até que finalmente exclama: “Não passo de um promotor, de um planejador de campanhas!”
Atenção para o Perigo
Que tal espírito de futilidade exista, é um grave perigo, mas a verdadeira tragédia seria não ver o que isto representa na realidade — o esquema de Satanás para destruir o ministério. É o mesmo assalto que levou Jonas a embarcar com sua bagagem para Társis. É a tática que persuadiu João Marcos a deixar o campo missionário, que conduziu Elias ao ponto mais baixo em sua experiência. Mas a serva do Senhor nos diz que há um modo de vencer:
“Para o desalentado há um seguro remédio — fé, oração e trabalho. Fé e atividade proverão segurança e satisfação que hão de aumentar dia a dia. Estais tentados a dar guarida a sentimentos de ansiedade ou acérrimo desânimo? Nos dias mais negros, quando as aparências parecem mais agressivas, não temais. Tende fé em Deus. Ele conhece vossas necessidades, possui todo o poder. Seu infinito amor e compaixão são incansáveis. Não receeis que Ele deixe de cumprir Sua promessa. Ele é eterna verdade. Jamais mudará o concerto que fez com os que O amam. E concederá a Seus fiéis servos a medida de eficiência que suas necessidades demandem.” — Profetas e Reis, págs. 164 e 165.
Que maravilhosa promessa de vitória!
É possível que passemos demasiado tempo pensando sem oração, e mais tempo olhando o trabalho do que trabalhando? Um homem ocupado não tem tempo para ficar desanimado. Sua própria utilidade é um antídoto para uma atitude de futilidade.
Temos Este Poder
Se falsos pastores a quem falta o Espírito e o poder de Deus estão deixando sua função, lembremo-nos então de que o Espírito Santo está bem entrincheirado no campo da verdade e toda a Sua força está ao nosso lado para capacitar-nos a terminar a obra.
Certo, sentimo-nos inundados pela magnitude da obra. Parece que quanto mais nos aproximamos do fim, mais o trabalho aumenta. Nossas igrejas e nosso povo estão enfrentando novos problemas hoje, os quais recaem pesadamente sobre os pastores e aumentam-lhes o fardo. A fim de enfrentar os processos sempre mutáveis da civilização atual, a obra de Deus está constantemente expandindo os seus velhos métodos e suplementando-os. Isto multiplica sobremodo a obra a ser feita. Em face de tudo isto, cada um de nós precisa sujeitar sua própria vontade. Que propósito ficaria servido se deixássemos o trabalho? Quanto isto realizaria? O obreiro fiel vê a enormidade da obra a ser feita como a própria razão para permanecer em seu posto. Nunca houve maior oportunidade de ser ele usado. Nunca a causa de Deus precisou tanto dele.
Embora o apóstolo Pedro estivesse falando do chamado cristão em geral, as palavras de sua segunda epístola são muito aplicáveis ao ministério:
“Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois, desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II S. Ped. 1:10 e 11.
Já se passaram mais de vinte anos desde que eu e meu marido aceitamos este chamado. Tem havido tempos probantes quando somente o Céu podia ver o caminho de saída para nós. Tem havido semanas e meses de duro labor físico, mas a mão de Deus tem-se mostrado constante para levar-nos ao triunfo e ao sucesso. Nós o vimos no início; ele ainda se estende para nos ajudar. Com a ajuda de Deus não deixaremos nosso posto de dever agora, e não o faremos nunca!
Nosso alvo não deve ser um simples número: deve ser: TERMINAR A OBRA.