(Isa. 35:3-10)

Por que pregamos o Evangelho? Será para aumentar o número de membros da Igreja Adventista? Para alcançar alvos? Para fazer proselitismo?

O Evangelho pode ser pregado por. ‘‘inveja e porfia” ou “de boa mente,” “por amor” (Filip. 1:15 e 16). Pode ser pregado por ser esse o nosso trabalho ou por ser um “fogo ardente introduzido em nossos ossos” que não podemos deixar de transmitir. Os que têm dado a vida pela pregação, ou têm desafiado as oposições, têm-no feito porque estavam conscientes do que a mensagem significava para os que a ouviam; além do mais, porque estavam plenamente seguros do prejuízo que sofreriam os que não a aceitassem, fosse por preferência própria ou por desconhecimento.

O Evangelho de Cristo é hoje a solução dos problemas, como o foi através de todos os séculos. O mundo de hoje, altamente tecnificado, tem tão grande necessidade do que é de real valor, como o mundo dos primeiros séculos. O labor do ministro de Deus hoje, não é simplesmente fazer prosélitos, mas sim comunicar ao mundo o poder, a presença e a salvação que provêm de Deus.

Conseguir cabalmente este ideal não é fácil. O pregador deve ser uma mistura de profeta apocalíptico e mensageiro evangélico; ou de João Batista e João evangelista. Deve falar de Deus como fogo consumidor, e Deus de amor; deve repreender e ao mesmo tempo dar esperança; castigar, e deitar azeite sobre a ferida; falar da destruição do dia de ajuste de contas e do bálsamo benfazejo que emana da cruz de Cristo; da “bondade e severidade de Deus” (Rom. 11:22).

Manter o equilíbrio é o segredo da pregação de êxito. Pregador de êxito é aquele que faz ver ao ouvinte o negror de seu pecado, a profundidade do abismo em que caiu, mas que ao mesmo tempo lhe estende o elemento purificador e redentor, capaz de insuflar-lhe nova vida, e uma escada para que abandone para sempre o poço. Por outras palavras, é o que sempre dá esperança, paz, “novo cântico,” alegria de viver, orientação, tendo às vezes de chegar a isso por caminho penoso e difícil.

Um mal mais ou menos comum, todavia, é a apresentação de mensagens negativas, às vezes em tom enfermiço — mensagens que não saciam os famintos da congregação, e não lhes outorgam forças renovadoras para continuar a luta pela vida. O perigo é confundir consagração com tristeza, reavivamento com lágrimas. É certo que as lágrimas e as tristezas devem acompanhar algumas vezes o processo doloroso do reconhecimento do pecado, mas nenhum pecador deve ser enviado de volta para a rua, sem antes ver a clara luz do perdão, a salvação e a paz em Cristo. Também é certo que às vezes as lágrimas são revelação da alegria que experimenta alguém que fez uma grande descoberta. Lembramo-nos do caso daquela mãe que chorou copiosamente ao receber são e salvo o filho que ela julgara vítima de terrível acidente. Temos também visto ouvintes chorarem ao contemplar a grandeza do sacrifício de Cristo através de uma pregação inspirada. Não o faziam por compaixão para com o Mestre, mas sim de alegria ao saber que tudo isso representa a sua salvação, e ao dar-se conta de que o desespero e o vazio que os acompanharam em épocas anteriores não tinham razão de ser, já que Cristo provera a solução ao seu grave problema.

Talvez o tipo de pregação que apresentamos revele nosso estado de ânimo. Quem é pessimista sem dúvida apresentará mensagens pessimistas. Quem é positivo revelará sua fé e confiança através de uma pregação positiva. É por isso que o pregador deve primeiro experimentar a teoria do que prega, para que sua palavra tenha profundidade e seja incisiva. Não convencerá a ninguém da realidade do perdão, o pregador que sinta na consciência o peso de faltas não corrigidas. O sermão sobre a necessidade do desprendimento e da abnegação dos que aguardam a Cristo, não chegará ao coração do ouvinte se o pregador viver para juntar posses terrenas. Não poderá pregar gozo, paz e felicidade o pregador que tenha amarguras interiores, nem o amor ao próximo aquele que tenha ciúmes do progresso alheio e cultive egoísmo e inveja.

Virá à consciência do ouvinte a transformação se o pregador, falando da conversão, revelar através de sua vida pública e particular que algo sobre-humano se operou em seu ser. Demonstra então que vive para amar, e fala de experiências vividas e conhecidas por seu auditório.

O mundo carece hoje do espírito de João Batista, para desmascarar a Babilônia e seus pecados: isto é parte importantíssima da mensagem dos três anjos. Mas o mundo precisa também de pregadores que falem da realidade da paternidade de Deus, da certeza do perdão, da convicção da breve volta de Cristo, das bênçãos que a vida cristã proporciona, enfim, de pregadores que dêem aos ouvintes uma razão gloriosa para viver e superar seus problemas e lutas.

Desejamos cumprir esta tarefa organizadamente mediante uma das semanas de colheita 1972. Demos-lhe o título de SEMANA DO OTIMISMO. O alvo é aproximar-se do desesperançado com esperança, do sofredor com o bálsamo que cura, do desanimado com ânimo. O âmago de nossa pregação durante aqueles dias baseia-se no espírito daquelas declarações inspiradas: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” S. Mat. 11:28. “Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os mancebos certamente cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.” Isa. 40:30 e 31. “Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos O verão, e temerão, e confiarão no Senhor.” Sal. 40:3. “Não temerás espanto noturno, nem seta que voe de dia.” Sal. 91:5. “Far-me-ás ver a vereda da vida; na Tua presença há abundância de alegrias; à’ Tua mão direita há delícias perpetuamente.” Sal. 16:11.  “… Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” S. João 10: 10.

Esta espécie de pregação exige muito preparo. Não só o preparo dos sermões, mas também o preparo do próprio pregador, para que possa falar de coisas que veio a conhecer por experiência própria. Sugerimos que se termine a leitura destes períodos com um auto-exame: Como é minha vida cristã? Estou pregando de coisas que conheço por havê-las vivido, ou são elas simples teorias, lidas nos livros? Estou certo de haver experimentado uma conversão genuína? É a religião para mim a “pérola de grande preço?” Ou estou neste caminho porque as circunstâncias nele me colocaram? Posso eu, como ministro, impressionar o povo como alguém que crê sinceramente no que prega?

Se nossa experiência cristã é a que devia ser, a pregação trará fruto, e ao terminarmos nossas mensagens da Semana de Otimismo, nossos ouvintes serão levados a dizer: “Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.” Zac. 8:23.