O adventistas do sétimo dia crêem que a Terra foi criada há aproximadamente 6.000 anos,1 sem contudo tentarem precisar a data exata. Consideremos a Terra como um “pequenino mundo,”2 uma “mancha de um mundo,”3 e um “átomo de mundo.”4 “Êste mundo não é senão um pequeno átomo no vasto domínio que Deus preside.”5 Além de nosso planêta, há “mundos inumeráveis,”6 “milhões de mundos,”7 “mundos incontáveis,”8 “mundos sem conta.”9
Além disso, cremos que a Terra veio à existência pelo “faça-se” divino, consoante declaração em Gênesis 1, e não por longos processos evolucionários supostos por alguns cientistas. Nosso ponto de vista se declara desta forma:
A teoria de que Deus não Criou a matéria ao trazer o mundo à existência, não tem fundamento. Na formação de nosso mundo, Deus não dependia de matéria preexistente. Ao contrário, tôdas as coisas, tanto materiais como espirituais, surgiram diante do Senhor Jeová à Sua voz e foram criadas para Seus próprios desígnios. Os céus e todo o seu exército, a Terra e tôdas as coisas que há nela, não são exclusivamente obra de Sua mão; vieram à existência pelo sôpro de Sua bôca. “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Hebreus 11:3. “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército dêles pelo espírito de Sua bôca. … Êle falou, e tudo se fêz; mandou, e logo tudo apareceu.” Sal. 33:6 e 9. (10)
Na criação da Terra, Deus não estava na dependência de matéria preexistente. “Porque falou, e tudo se fêz; mandou, e logo tudo apareceu.” Sal. 33:9. Tôdas as coisas, materiais ou espirituais, apareceram diante do Senhor Jeová à Sua palavra, e foram criadas para Seu próprio desígnio. Os céus e todo o seu exército, a Terra e tudo quanto nela há, vieram à existência pelo sôpro de Sua bôca. (11)
“A idéia errônea em que muitos incorrem, de que Deus não criou a matéria ao trazer o mundo à existência, limita o poder do Santo de Israel.”12 “A energia criadora que trouxe à existência os mundos, está na palavra de Deus.”13
Crendo embora que a Terra e os outros mundos foram criados pela ordem divina, os adventistas do sétimo dia não ensinam que todos os mundos do universo estelar foram criados ao mesmo tempo em que a Terra o foi. Isto é, não sustentamos que todo o restante do cosmos foi formado no decorrer dos seis dias da criação da Terra como se acha narrado no Gênesis capítulo primeiro. Em nosso pensar, a vasta expansão do espaço que presentemente contém as inumeráveis estrêlas e outros corpos celestes, não era sem forma e vazia até. que nos-so pequeno mundo se formasse.
Em artigo anterior intitulado “Quando Ocorreu a Queda de Satanás?”14 declaramos que a rebelião de Satanás iniciou-se muito tempo antes, e que sua expulsão do Céu ocorrera não muito antes, da criação da Terra. Cremos que era plano de Lúcifer induzir os habitantes dos muitos mundos a se juntarem à sua revolta.
As perguntas que Deus fizera a Jó para que êste respondesse indicam que outros corpos celestes já existiam quando a Terra foi criada. Dissera ao patriarca: “Onde estavas tu, quando Eu fundava a Terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? ou quem estendeu sôbre ela o cordel? Sôbre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua pedra de esquina, quando as estrêlas da alva juntamente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?” (Jó 38:4-7). Esta menção a “estrêlas da alva” regozijando-se na ocasião em que a Terra fôra criada, implica certamente que se tratava de mundos habitados que existiam antes do nascimento de nosso planêta.
Ao planejar a revolta contra Deus antes da criação da Terra, Satanás não tinha em mente limitar a rebelião exclusivamente aos anjos. Visava também os muitos mundos que Deus criara. Conquanto não manifestasse abertamente seus propósitos, no entanto dizia em seu coração: “Eu subirei ao céu, acima das estrêlas de Deus” (Isa. 14:13). Dessa forma o príncipe do mal planejou estabelecer um govêrno independente de Deus e exercer mando nos corpos celestes denominados “as estrêlas.”
Deixando seu lugar na presença imediata do Pai, Lúcifer saiu a difundir o espírito de descontentamento entre os anjos. Êle agia em misterioso segrêdo, e durante algum tempo escondeu seu propósito real sob uma aparência de reverência para com Deus. Começou a insinuar dúvidas com respeito às leis que governavam os sêres celestiais, dando a entender que, conquanto pudessem as leis ser necessárias para os habitantes dos mundos, não necessitavam de tais restrições os anjos, mais elevados por natureza, pois que sua sabedoria era um guia suficiente. (15)
O govêrno de Deus incluía não sòmente os habitantes do Céu, mas de todos os mundos que Êle havia criado; e Lúcifer concluiu que, se êle pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também levar todos os mundos. (16)
Isto é parte da resposta à pergunta: Por que Deus não destruiu Lúcifer imediatamente após ter êle começado a rebelião? “Os habitantes do Céu, e dos mundos, não estando preparados para compreender a natureza ou conseqüência do pecado, não poderiam ter visto então a justiça de Deus na destruição de Satanás.”17
Embora não fôsse destronado, Satanás foi expulso do Céu. Esta expulsão ocorrera antes da criação da Terra. “Os anjos no Céu lamentaram o destino dos que haviam sido seus companheiros na felicidade e na glória. Sua perda foi sentida no Céu. O Pai consultou Seu Filho a respeito de imediatamente executar o propósito de criar o homem para habitar a Terra.”18
Lúcifer desejava ser o primeiro no Céu. Dessa forma introduziu êle o pecado no universo. Entrando no Jardim do Éden após sua expulsão do Céu, foi bem sucedido em enganar nossos primeiros pais. Desde então, reclamou como seu êste mundo. (19)
“Como os habitantes de todos os outros mundos, êle [o homem] deveria ser sujeito à prova de obediência; mas nunca é uma coisa forçosa.”20 Até que deixasse de provar fidelidade sob a prova da obediência, o homem era feliz no lar edênico, onde estudava as maravilhosas obras de Deus no mundo natural. “A glória de Deus nos céus, os mundos inumeráveis em suas ordenadas revoluções, ‘o equilíbrio das grossas nuvens,’ (Jó 37:16) os mistérios da luz e do som, do dia e da noite, tudo estava patente ao estudo de nossos primeiros pais.”21
Quando os adventistas do sétimo dia se tornaram amplamente conhecidos, há algumas décadas, pela sua forte oposição às investidas dos advogados da teoria da evolução em desacreditarem o relato da criação da Terra como está em Gênesis 1, repetíamos freqüentemente a declaração divinamente inspirada de que “em seis dias fêz o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo que nêles há, e ao sétimo dia descansou” (Êxo. 20:11; 31:17). Considerando que a batalha contra o evolucionismo era travada principalmente sôbre o assunto da origem da Terra e das criaturas que há nela, pouco ou nada se dizia em relação ao restante do universo. Daí alguns, mesmo em nossas fileiras, terem suposto que a declaração da Escritura de que “em seis dias fêz o Senhor os céus e a Terra, o mar, e tudo que nêles há,” significa que todo o espaço cósmico e “tudo que nêles há” foram criados em seis dias, nos mesmos em que a Terra fôra criada.
Sendo um jovem ministro naquela ocasião, tornei-me um tanto perplexo em meu estudo de Gênesis 1 e outras passagens bíblicas relacionadas. Conquanto estivesse fortemente convencido de que todo o universo material viera à existência pela divina ordem da Criação e não por algum processo a longo prazo, contudo não podia crer que todo o universo estelar fôra criado nos seis dias em que a Terra o fôra. “É possível,” perguntava-me a mim mesmo, “que nosso Criador, o imortal, eterno e onipotente Deus, existia só e num vácuo até que criasse a Terra há aproximadamente 6.000 anos? Estaria eu enganado se admitisse, ao debater o assunto com pessoas inteligentes, que a origem dos outros corpos celestes tenha antecedido a da Terra em milhões ou mais de anos?
Assim, sentei-me um dia e fiz uma lista dos principais ministros e professores adventistas do sétimo dia que se destacavam entre nós como estudantes da Bíblia, especialmente os mais notáveis na defesa da doutrina do criacionismo contra as hipóteses do evolucionismo. Escrevi uma carta a cada um dêles, e expus minha perplexidade e minhas perguntas. Tôdas as cartas foram respondidas, e sem exceção cada resposta tornava claro que seu autor não cria que todo o universo cósmico fôra criado nos seis dias em que o mundo fôra feito. Cada remetente concordava que sem dúvida muitos dos corpos celestes vieram à existência muito antes que fôsse criado nosso pequeno mundo. As palavras “céu” e “céus”, na narrativa da criação da Terra, eram entendidas como se referindo primacialmente ao céu ou ar atmosférico que envolve o globo terrestre.
Num ponto sòmente havia alguma diferença de opinião expressa entre os remetentes das cartas. Alguns pensavam que o relato da Criação como está em Gênesis 1, relacionava-se antes de tudo com a origem da Terra e não ao restante universo estelar. Outros pensavam que a descrição da Criação provàvelmente inclui todo o sistema solar ao qual pertence a Terra, porque o registro do Gênesis fala não apenas do Sol e da Lua mas também “as estrêlas” (Gên. 1:16).
Embora o relato da criação da Terra mencione o Sol, a Lua e “as estrêlas,” não podemos ainda falar em caráter definitivo a respeito da idade da Terra em relação à idade do restante do sistema solar. Contudo, a idéia de que todo o sistema solar possa haver sido criado no sexto dia do período da criação da Terra merece consideração. Nos tempos em que as Escrituras foram escritas costumava-se geralmente falar dos planêtas visíveis do sistema solar simplesmente como “estrêlas” ou “estrêlas errantes”. Ainda comumente falamos delas como “estrêlas da noite” e “estréias da manhã.” Afirma Ellen G. White que “a Lua e as estréias de nosso sistema planetário resplandecem pela luz refletida do Sol.”22 Pela palavra “estréias” nesta passagem ela quer significar os orbes planetários que, não irradiando luz própria, brilham pelo refletir a luz que recebem do Sol. Assim há a possibilidade de que a expressão “e as estréias” em Gênesis 1:16 pode referir-se aos planêtas de nosso sistema solar.
Em resumo, conquanto seja verdade que os adventistas do sétimo dia firmemente sustentam que a Terra foi criada pela ordem divina no período de seis dias há aproximadamente 6.000 anos, não argumentamos que todo o universo cósmico tivesse origem naquela ocasião. Há a possibilidade de que o restante de nosso sistema planetário fôsse então trazido à existência. Contudo, não falamos dogmàticamente sôbre êste ponto. Outros corpos celestes existiam antes que nosso mundo fôsse criado. Não nos abalançamos a dizer quão mais idosos são do que a Terra, porque as Escrituras não nos diz especificamente quando foram criados. Muitos dêles podem ter milhões de anos a mais do que o pequeno planêta que habitamos.
BIBLIOGRAFIA
1 – O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 310; Fundamentais of Christian Education, págs. 22 e 23; O Conflito dos Séculos, págs. 10, 561, 599, 708, 711, 726; Patriarcas e Profetas, pág. 67; Testimonies, Vol. 3, pág. 138.
2 – O Desejado de Tôdas as Nações, págs. 13 e 18; Patriarcas e Profetas, pág. 74.
3 – Parábolas de Jesus, pág. 176; O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 264.
4 – Conselhos aos Professores, pág. 60.
5 – Testimonies to Ministers, pág. 324. (Ver também Parábolas de Jesus, pág. 190.)
6 – Educação, pág. 21; Patriarcas e Profetas, pág. 44.
7 – Santificação, pág. 77; Testimonies, Vol. 4, pág. 653.
8 – Santificação, pág. 75.
9 – Conselhos aos Professores, pág. 60; Educação, pág. 99; O Conflito dos Séculos, pág. 702.
10 – Testemunhos Seletos, Vol. 3, págs. 259 e 260.
11 – A Ciência do Born Viver, pág. 366.
12 – Ellen G. White em Signs of the Times, 13 de março de 1884.
13 – Educação, pág. 126.
14 – The Ministry, janeiro de 1959, págs. 43 e 44.
15 – Patriarcas e Profetas, pág. 27.
16 – Idem, pág. 32. (Ver também O Conflito dos Séculos, pág. 538.)
17 – Patriarcas e Profetas, pág. 33. (Ver também O Conflito dos Séculos, págs. 538 e 539.)
18 — The Story of Redemption, pág. 19.
19 – Ellen G. White em Signs of the Times, de 10 de junho de 1903, pág. 2.
20 – Patriarcas e Profetas, pág. 359.
21 – Idem, pág. 44 (Ver também Educação, pág. 21.)
22 – Educação, pág. 14; Obreiros Evangélicos, pág. 50.