“E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, Aquele que era, que é e que há de vir. Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que Se encontra sentado no trono, ao que vive pelo séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante dAquele que Se encontra sentado no trono adorarão O que vive pelos séculos dos séculos…” (Apoc. 4:8-10).

Tal explosão de louvor, por parte dos seres celestiais, diz muito quanto ao nosso dever de adorar a Deus. Com efeito, a Bíblia nos convida a isso. Salmos 95:6; 96:9 e Apoc. 14:7 são apenas algumas das passagens que nos induzem à adoração.

Os lexicólogos definem adoração como “a ação de reverenciar um ser com a máxima honra, considerando-O como ente divino; reverenciar e honrar a Deus com o culto religioso que Lhe é devido”. Em outras palavras, adoração é um ato no qual tomam parte uma pessoa que a oferece e outra que a recebe. É o homem quem reverencia a Deus, mediante a cerimônia religiosa que só Ele merece; não se tratando apenas de um ritual, nem formalismo, mas de uma experiência vital.

De acordo com V. C. Campbell, ‘‘a adoração é o coração da vida e a obra de uma igreja; constitui o principal recurso e a inspiração sob a qual se projeta todo o seu programa. Nela, Deus Se torna real e os valores do Seu reino passam a ser supremos. Por conseguinte, a qualidade da adoração influirá, mais que qualquer outra coisa, sobre o desenvolvimento e o ambiente espiritual da igreja”. Por sua vez, W. T. Conner acrescenta que “a primeira ocupação da Igreja não é a evangelização, nem as missões, nem a beneficência; é a adoração”.

Podemos pensar na adoração como relacionamento. Por seu intermédio a alma se vincula com o Criador, servindo de nexo comunitário entre Ele e a criatura e unindo com laços estreitos o finito com o infinito. A verdadeira adoração também é reconhecimento. Através dela obtém-se um conceito correto do que é e representa Deus. Assim Ele é reverenciado e venerado em alto grau por Sua santidade, dignidade, majestade e Seu poder. É exaltado, honrado e enaltecido por ser “o Alto, o Sublime que habita a eternidade, O qual tem o nome de Santo” (Isa. 57:15). Desse modo, adquirimos a clara compreensão joanina de que Ele é digno de “receber a glória, a honra e o poder”, porque criou “todas as coisas”, que por Sua vontade “vieram a existir e foram criadas” (Apoc. 4:11).

Adoração é ainda companheirismo, no sentido de comunhão amistosa que se realiza com Deus, em nome de Seu Filho Jesus Cristo, e mediante o poder e a obra do Espírito Santo no coração. Tiago Crane afirma que “a adoração cristã é essencialmente a comunhão da alma redimida com Deus, em Cristo. É a resposta sensível e inteligente que essa alma dá à revelação que o Pai faz no Filho por meio do Espírito Santo”. Esse companheirismo implica lealdade, devoção, amor e fervor religioso manifestos pronta e espontaneamente. É uma combinação de respeito e amor. Deus como Criador, inspira respeito. Deus como Companheiro, inspira amor. É assim que O adoramos em espírito e em verdade.

Finalmente, a verdadeira adoração é serviço. Seu propósito principal não é apenas tornar o homem receptor das bênçãos de Deus, mas levá-lo a prestar tributo a Ele. “Tributai ao Senhor a glória…” (Sal. 96:8). O homem deve oferecer seus dons ao Criador com fé sincera e total obediência. O pastor e sua congregação devem oferecer “sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (I Ped. 2:5). Por isso, oferecemos-Lhe nossa vida, incluindo nosso intelecto, nossos sentimentos, atitudes e posses. A expressão mais elevada do serviço como adoração é a entrega do próprio ser, a apresentação do nosso corpo “por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus…” (Rom. 12:1).

A verdadeira adoração não está completa com a entrega da nossa vida ao Senhor, visto que há uma dedicação ao serviço do semelhante. A congregação que adora devidamente torna-se uma rede lançada ao grande mar da humanidade. Seus resultados se revelam nos membros da igreja, com toda a clareza, em seu relacionamento mútuo e com o mundo. Como afirmou Tiago Black, “a igreja que adora deve ser a igreja que trabalha. O culto só se aperfeiçoa pelo trabalho”. – Zinaldo A. Santos