É interessante comparar expectativas com realidades. O que nós esperamos e o que recebemos das pessoas é, com freqüência, muito diferente. E os pastores não são imunes ao desapontamento em relação às expectativas que nutrem em seu relacionamento com as pessoas. Na realidade, eles provavelmente sofram muito mais que outros indivíduos, ao tratarem com seus colegas.

Por que isso acontece? Por que deveria uma pastor falhar em corresponder à expectativa do outro? Afinal, eles servem ao mesmo Senhor e trabalham para a mesma Igreja. Não deveriam, porventura, ter aspirações iguais? Não raro, pastores que trabalham juntos enfrentam essa intrigante questão. Aspirantes e seus supervisores muitas vezes caem nesta armadilha e experimentam grande frustração. E como poderia ser diferente? Sem compreender o que esperar um do outro, eles têm pouca esperança de sobreviver e prosperar juntos.

Minhas aspirações

Ao ponderar sobre minhas expectativas a respeito do meu supervisor, a primeira coisa que me vem à mente é a imagem de um conselheiro. De início, devo dizer que não estou sugerindo que ele tenha que ser um “velho sábio”, alguém de cuja força e guia eu possa depender à medida que cresço e aprendo. É essencial que ele possua um senso de auto-revelação honesta. Necessita partilhar lições aprendidas da experiência pessoal, quer sejam vitórias ou derrotas.

Eu preciso ver sua vida além do púlpito, além do confinamento da igreja e suas funções.

Eu espero encontrar sempre um amigo em meu conselheiro. Pastores que trabalham juntos necessitam de apoio e encorajamento mútuos. Competência também é importante, a fim de que eu saiba que posso contar com sua experiente orientação. Além disso, ele deve estar pronto a inspirar meu crescimento, desafiando minha criatividade, fazendo-me sair do status quo, do lugar comum.

Dividindo responsabilidades

O aspirante ao ministério espera receber inspiração, e ter desafiada sua criatividade, por parte do pastor conselheiro.

Dentro desse relacionamento de trabalho, no ministério da igreja, estarei sempre pronto para ser desafiado por meu conselheiro, e sentir sua confiança em mim, ao designar-me tarefas de responsabilidade. Não ao ponto de que eu seja esmagado pelo peso de todo o trabalho; nem ínfimas e raras o suficiente para que eu me sinta constrangido. Mas na medida exata, para que eu esteja sempre buscando a excelência.

Como deveriam ser divididas as responsabilidades da igreja? Isso requer diálogo, de modo que os deveres unam talentos e interesses, ao mesmo tempo em que provêem desafios que estimulam ao crescimento. Os supervisores não deveriam designar aos aspirantes, tarefas das quais eles mesmos não gostam. Por exemplo, eu não sou um criado pessoal, contratado para limpar os pratos, cortar a grama ou lavar o carro. Essas não são tarefas que ajudam meu crescimento pastoral.

Necessito de tarefas que possibilitem uma gama de oportunidades para dar uma contribuição positiva à vida da igreja. Necessito de que meu supervisor partilhe a missão da Igreja comigo. Quero aprender como gerir e ad-ministrar os negócios da igreja, sem ser um apaixonado pelo trabalho burocrático. O verdadeiro ministério tem lugar somente quando eu estou envolvido pessoalmente com o povo a quem eu posso ajudar.

Franqueza e liberdade

Depois que os deveres pastorais sejam divididos, estou pronto a ser avaliado regularmente. Essa avaliação deve ser feita num clima de franqueza. Não deve ser pintado um quadro róseo que ignore minhas áreas de dificuldades. Mas também não deve ser realizada num ambiente brutal, destruidor de minha identidade ou me desencorajando. A avaliação vinda de um bom conselheiro chama a atenção, inspira, corrige as faltas e aguça as habilidades.

Mais importante, necessito de liberdade para ser a pessoa que Deus criou e planejou que eu fosse. Ele me deu talentos que são meus, unicamente. Meu conselheiro não deve tentar duplicar-se dentro de mim. Portanto, preciso ter liberdade para discordar, mostrar opções, e ter idéias diferentes. Um supervisor deve alimentar a liberdade e a individualidade, lembrando que grande parte do meu apoio a ele será o reflexo de como ele me apóia.

Finalmente, necessito ver a Jesus no trato que meu conselheiro dispensa aos membros da igreja, aos líderes do Campo e a mim mesmo.