Será lícito desejar ser um obreiro de êxito? S. Paulo recomendava a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem ide que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim. 2:15. Esta é uma recomendação para fugir da mediocridade e para ser um obreiro responsável e irrepreensível, e que efetua as coisas com esmero; em outras palavras: para ser um obreiro de êxito.

Ellen G. White, no livro Serviço Cristão, declara o seguinte: “Verdadeiro êxito, seja em que ramo de trabalho for, não é resultado do acaso ou do destino. É a operação da providência de Deus, a recompensa da fé e da prudência, da virtude e da perseverança. … Deus dá oportunidades; o êxito depende do uso que se faz delas. … Se [os obreiros] confiam em Deus quanto a graça e forças, hão de ser bem sucedidos. … Quando Deus abre o caminho para a realização de determinada obra, e dá certeza de êxito, o instrumento escolhido tem que fazer tudo que estiver a seu alcance para produzir o prometido resultado. O sucesso será proporcional ao entusiasmo e à perseverança com que o trabalho é levado a cabo. … O êxito não depende tanto de talento, como da energia e da boa vontade.” — Páginas 258-264.

Nesses parágrafos é claro o ensino de que o obreiro deve aspirar a ter êxito, por meio das qualidades positivas e da entrega completa a Deus.

Em que consiste o êxito? Fundamentar-se-á em escalar posições na administração? Em obter abundantes resultados numéricos? Em ter bom nome e boa fama?

Na Bíblia são mencionados dois homens que inequivocamente tiveram êxito segundo Deus. De João Batista, disse o próprio Jesus: “Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista. ” No Velho Testamento encontra-se o que Deus mesmo disse de Jó: “Observaste o Meu servo Jó? porque ninguém há na Terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.” Jó 2:3. O estranho de ambos é que Deus e Cristo os declararam grandes e bem sucedidos quando um estava arruinado, e o outro, morto. Certamente, aos olhos humanos, tanto Jó como João haviam fracassado; para Deus, porém, eles ha viam alcançado o mais alto grau de êxito. Qual a razão? Porque ambos haviam posto inteiramente sua confiança em Deus, haviam cumprido fielmente a missão que o Senhor lhes designara e nunca puseram em dúvida os planos de Deus para suas vidas.

Quando Deus abre o caminho para a realização de determinada obra, e dá certeza de êxito, o instrumento escolhido tem que fazer tudo que estiver a seu alcance para produzir o prometido resultado.

João nunca transpôs os estreitos limites do deserto. Mas Deus tinha uma missão para ele num tempo determinado, num lugar determinado e com uma mensagem determinada. João cumpriu cabalmente a missão que lhe foi confiada. Sabia qual era seu lugar. Não procurou exaltar-se a si mesmo. Quando Cristo chegou, imediatamente Lhe deu a honra e o lugar que Lhe correspondiam, anunciando com sinceridade e nobreza: “Convém que Ele cresça e que eu diminua. ” À medida que diminuía aos olhos humanos, crescia à vista de Deus.

Amiúde encontramos obreiros frustrados pelo que julgam ser falta de êxito. Um deles disse: “Quase todos os meus companheiros progrediram. São departamentais, presidentes, gerentes; e eu continuo sendo um simples pastor!” Outras vezes, bons pastores manifestam a ansiedade de saltar de uma vez para o setor administrativo, que eles julgam ser a demonstração de “terem alcançado êxito”. Por certo, quando o Senhor chama alguém para desempenhar a função de administrador, esse indivíduo deve fazer tudo que estiver ao seu alcance para ser um administrador de êxito. No entanto, se o Senhor mantém a outros no pastorado, é porque deseja que tenham êxito nesse trabalho

Outra idéia exótica é que se alguém “teve êxito” e foi nomeado administrador, deve continuar indefinidamente em linha ascendente, “escalando posições”, para ser considerado obreiro de êxito. Algumas comissões até “inventam cargos” para aqueles que não foram reeleitos, porque não podem ser “degradados ou rebaixados”. Creio sinceramente que jamais alguém deve sentir-se rebaixado por trabalhar na obra pastoral, a qual é a obra básica a que é chamado o pastor. Uma nomeação administrativa é de caráter absolutamente temporal e transitório. Uma vez coberto o período, se os irmãos acharem conveniente chamar a outra pessoa, o natural é retomar ao normal, isto é, à obra pastoral. Alguém duvidaria de que S. Paulo foi um obreiro de êxito? Entretanto, jamais ocupou um cargo administrativo: sempre foi um pastor e um evangelista.

Quando o Pastor Artur Daniells, um dos mais brilhantes líderes da Igreja, cumpriu 21 anos como presidente da Associação Geral, foi. substituído e nomearam-no para organizar a Associação Ministerial. Em vez de pensar que havia sido “degradado”, ele se pôs a trabalhar com um empenho assombroso, realizando uma obra gigantesca quase até o último dia de sua vida.

Sente-se frustrado? Crê que está realizando uma tarefa muito humilde? Ouça o que diz a inspiração: “Pode-se encontrar verdadeira excelência na mais humilde sorte. As mais modestas tarefas, desempenhadas com amorável fidelidade, são belas aos olhos de Deus. ”

— Serviço Cristão, pág. 264.

As Divisões Interamericana e Sul-Americana têm aproximadamente dois mil pastores e obreiros evangélicos. Estes abnegados obreiros têm a seu cargo quase um milhão de membros

— uma média de 500 membros por obreiro evangélico. Além disso, repousa sobre eles a responsabilidade de evangelizar 360 milhões de pessoas. Precisam velar por todo o programa denominacional em suas respectivas igrejas. Cada pastor deve ser um administrador, pregador, instrutor bíblico, visitador, professor, conselheiro, financista, executivo, teólogo, líder, promotor .. ., além de esposo e pai. É esta uma obra pouco importante? O Senhor o torna responsável de que seus membros e suas igrejas sejam “sem mácula, nem ruga”, de que seus membros “representem o caráter de Cristo”, e de que o evangelho seja conhecido até o último rincão de seu distrito. É esta uma obra de pouca transcendência?

A obra na qual o Senhor o colocou é importante, e Ele o convida a ter êxito no trabalho que lhe foi confiado.

A obra na qual o Senhor o colocou é importante, e Ele o convida a ter êxito no trabalho que lhe foi confiado. Pode elevar-se ali aos mais altos níveis de excelência e ter um êxito clamoroso ante os olhos do Senhor.

Quando eu era um jovem aluno noColégio do Chile, um dos empregados mais modestos era o chefe da carpintaria; no entanto, influiu decisivamente em minha vida e me ajudou a tomar a decisão de dedicar-me ao ministério Sei que influiu na vida de muitos outros jovens. Provavelmente quase ninguém se lembra dele; creio, porém que no Céu será galardoado como um obreiro de êxito. Certamente era a tais obreiros que se referia o Espírito de Profecia ao dizer: “Os mais humildes obreiros, em cooperação com Cristo podem tocar cordas cujas vibrações ressoarão até aos extremos da Terra e ecoarão harmoniosamente através dos séculos eternos.” — Idem, pág. 257

Quando você, querido companheiro, ler estas linhas, talvez esteja trabalhando no distrito mais longínquo de seu Campo, para não dizer na selva ou nas montanhas. Talvez seja o pastor de uma pequena igreja, ou o professor de uma modesta escola, ou o colportor numa remota e pobre aldeia.

Mas o Senhor o chamou a esse lugar Ele tem uma missão para você. Espera que realize seu trabalho com dedicação, consagração e amor. Talvez ninguém veja nem aprecie seus esforços, mas há Alguém que os vê e aprecia. Aí onde você está, onde o Senhor o pôs, Ele o chama para que trabalhe de tal maneira que obtenha êxito e que se possa dizer a seu respeito: “Muito bem, servo bom e fiel;. . . entra no gozo do teu Senhor.”

“Se nos entregarmos completamente a Deus, e seguirmos Sua direção em nosso trabalho, Ele mesmo Se responsabilizará pelo cumprimento. Não quer que nos entreguemos a conjeturas sobre o êxito de nossos esforços honestos. Nem uma vez devemos pensar em fracasso. Devemos cooperar com Aquele que não conhece fracasso.” — Idem, págs. 261 e 262.