Introdução

1. Necessidade de Métodos

a) Hoje, talvez como jamais no passado, são necessários métodos de evangelização bem elaborados, sob a suprema direção divina.

b) É provável que antes os delineamentos eram mais simples. Existia um método direto de evangelização, e as pessoas eram atraídas, comovidas e convertidas a Jesus Cristo.

c) As coisas se modificaram neste sentido. Hoje o indivíduo se fortaleceu consideravelmente diante da sociedade; as correntes de opinião são muito liberais em sua busca do prazer; e a fé tem sido debatida e rejeitada, sendo considerada um recurso anacrônico da debilidade humana.

d) Esta situação dificulta a obra evangélica, e exige cada vez mais do evangelista que aspire a convocar as multidões para oferecer-lhes sua mensagem de esperança. Por isso, tem hoje especial valor o conselho da pena inspirada: “Descobrir-se-ão meios para alcançar os corações.” — Evangelismo, pág. 105.

2. O Melhor Método? O Que Triunfa!

a) Não que o fim justifique os meios, mas a garantia de um método advém de sua eficácia para levar as pessoas a Jesus.

b) Alguém estava criticando os métodos de evangelização de Moody. Este respondeu: “Eu também não gosto muito deles. Que método emprega você?” “Nenhum”, respondeu o crítico. Moody disse, portanto: “Bem, então prefiro minha forma de fazê-lo a sua forma de não fazê-lo.”

c) É bela a lição do poeta Antônio Machado: “Caminhante, não há caminho; o caminho é feito andando.” Isto é, aprende-se fazendo.

d) Ellen G. White afirma: “Há necessidade de homens que…, sob a orientação divina,… inventem novos planos e métodos modernos de despertar o interesse dos membros da igreja, alcançando os homens e as mulheres do mundo.” — Evangelismo, pág. 105.

I. O Porquê de um Método

Todo método de evangelização deve justificar-se com base nas condições que seguem:

A. Sua “Circunstancialidade”

1. De acordo com o lugar.

a) Embora a mensagem deva ser a mesma para “toda nação, e tribo, e língua e povo”, não acontece a mesma coisa com a forma de apresentá-la. É o que poderíamos definir como a “circunstancialidade” da mensagem.

b) Ellen G. White escreve: “A maneira em que a verdade é apresentada, amiúde tem muito que ver com a determinação de ser aceita ou rejeitada.” — Evangelismo, pág. 168.

c) O método de apresentar a mensagem deve ser determinado pelo lugar e, portanto, pela idiossincrasia do povo.

d) Tais coisas como o nível cultural, a mentalidade (conservadora ou progressista), a economia, a climatologia, o tipo da cidade onde se deseja realizar a campanha, a ideologia religiosa predominante, etc. — tudo isso e muito mais deve ser levado em conta ao programar uma campanha.

2. De acordo com a personalidade do evangelista.

a) Sabemos que cada evangelista deve ser muito cuidadoso na escolha do método a ser seguido, e em sua capacidade de captação e aplicação dos métodos praticados por outros evangelistas.

b) A personalidade do evangelista deve determinar que tipo de evangelização deseja fazer. Quanto melhor for a simbiose evangelista/método, maiores serão as oportunidades de êxito.

c) Em síntese, poderíamos dizer o seguinte: O método não deve dominar o pregador (nem sua mensagem); e o pregador não deve passar por alto qualquer método que se lhe ofereça.

d) “Mantende os olhos fixos em Cristo. Não concentreis a atenção em algum ministro predileto, copiando-lhe o exemplo e imitando-lhe os gestos; tornando-vos, em suma, sua sombra. Não permitais que algum vos imprima seu molde.” — Idem, pág. 630.

3. De acordo com os objetivos.

a) O método para evangelizar deve tomar conta também dos objetivos que nos propomos alcançar.

b) O esforço e a inversão deverão ser diferentes de acordo com o tamanho da cidade, a duração da campanha e se esta será realizada num “território novo” ou numa cidade em que a obra já está estabelecida.

c) Quanto mais concreto for o objetivo que nos propomos alcançar, tanto maior será a motivação que assegura a realidade desse objetivo.

d) Temos comprovado que a evangelização em novos territórios incentiva fortemente, não só a equipe que realiza a campanha, mas todas as igrejas da União, que sempre têm correspondido generosamente quando lhes é solicitado apoio econômico ou humano (cedendo seus pastores).

B. Um Método Para Uma Missão

A evangelização em novos territórios foi ocasionada com base…

1. Na dinâmica evangelizadora das Escrituras Sagradas.

a) Quando o Mestre disse: “… até aos confins da Terra” (Atos 1:8), confiou-nos uma missão contendo elementos dinâmicos e universais na pregação do evangelho.

b) Ensinamos que “será pregado este evangelho do reino por todo o mundo”, mas, com freqüência, permanecemos circunscritos às igrejas que já temos.

c) “Até aos confins da Terra” é um convite a pôr-se a conquistar novas cidades para Cristo, a repelir a acomodação ao ambiente e às circunstâncias.

d) São Paulo, o grande evangelista, tinha uma máxima que o impeliu a uma dinâmica espetacular: “Esforçando-me deste modo por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio.” Rom. 15:20.

e) A pregação em novos territórios nunca deveria ser uma opção, mas uma necessidade fundamental para a Igreja missionária de Jesus Cristo.

2. A Voz do Espírito de Profecia.

a) São muitos os trechos em que a Sra. White escreve sobre a conveniência e a necessidade de alcançar os lugares em que ainda não penetramos com o evangelho.

b) “Como me parece ouvir a voz dia e noite: ‘Avançai; acrescentai novo território; penetrai em novos campos…, e dai ao mundo a derradeira mensagem de advertência.’ Não há tempo para perder.” — Evangelismo, pág. 61.

c) O mesmo Deus que disse: “Ide por todo o mundo”, disse agora: “Avançai.” E recomenda que não temamos fazer essa obra, porque “Os lugares em que a verdade nunca foi proclamada são os melhores para trabalhar” (Idem, pág. 21).

d) A irmã White admoesta seriamente os dirigentes da Obra a esse respeito: “Pergunto aos que têm a seu cargo nossa Obra: Por que são desprezadas tantas localidades? Vede as vilas e cidades ainda não trabalhadas…. Os anjos do Céu esperam que as instrumentalidades humanas penetrem nos lugares a que ainda não foi levado o testemunho da verdade presente.” — Idem, págs. 59 e 60.

e) Quando li: “Os pastores estão rondando entre as igrejas que conhecem a verdade enquanto milhares perecem sem Cristo” (Idem, pág. 381), compreendi para onde teria que dirigir o meu ministério: para as 22 províncias espanholas que ainda não conheciam o evangelho.

II. Campanhas em Novos Territórios

A. Sua Preparação 1. Ações Prévias.

a) Há muitas coisas que preparar quando pretendemos realizar uma campanha em “novo território’’: procurar um salão para a nova igreja, um grande salão para o “Plano de Cinco Dias Para Deixar de Fumar”, morada para os membros da equipe, publicidade (pesquisas, cartazes e impressos), providências nos meios de comunicação para contar com o seu apoio, etc.

b) É uma etapa de adaptação e conhecimento da cidade. Para evitar preconceitos religiosos, nalguns lugares evitamos anunciar nossa presença como adventistas.

c) Com isto procuramos seguir o conselho inspirado: “Devemos silenciosamente contratar o prédio, sem dizer tudo quanto pretendemos fazer. Temos que usar grande sabedoria no que dissermos, não aconteça que surjam barreiras em nosso caminho.” — Idem, pág. 75.

d) Quão importante é a prudência para realizar a obra de evangelização, quando esta é efetuada num lugar em que não somos absolutamente conhecidos!

2. O “Plano de Cinco Dias Para Deixar de Fumar”.

a) É realizado umas 10 semanas antes do início da campanha. Constitui uma das ações mais importantes para preparar e incentivar o público que assistirá às conferências.

b) Para sua realização escolhemos o maior salão público da cidade (sempre gratuito), a fim de alcançar o maior número possível de pessoas.

c) Temos notado que o programa contra o fumo é muito útil para vencer a desconfiança que as pessoas sentem em relação a tudo que é desconhecido.

d) Os lares se abrem aos membros da equipe, com grande satisfação da parte dos que se sentem beneficiados com o “Plano de Cinco Dias”. De outro modo seria muito difícil o acesso a esses lares.

3. A Visitação.

a) A média da assistência ao curso contra o fumo, em nossas campanhas, é de 800 a 1.000 pessoas, o que significa o mesmo número de lares e famílias.

b) A visitação é, em minha opinião, a etapa mais importante da campanha, incluindo as conferências.

c) Temos comprovado que quando essa obra de visitação é bem realizada, interessando as pessoas nas partes seguintes de nosso programa, o resultado final está praticamente assegurado.

d) A referida visitação é realizada com revistas (de saúde e missionárias) e com diversos cursos que conduzem, progressivamente, para o curso de Bíblia.

e) Paralelamente, os sete membros da equipe realizam uma pesquisa pública (2.500 a 3.000 lares) que anuncia e prepara o segundo “Plano de Cinco Dias” e as conferências.

f) Com este trabalho que dura cerca de nove semanas, é produzido um fichário que passará a ser o coração da campanha.

B. A Campanha de Evangelização

1. Uma semana decisiva.

a) Trata-se da primeira semana da campanha propriamente dita. Se o primeiro “Plano de Cinco Dias Para Deixar de Fumar” foi realizado no fim do mês de outubro, o segundo ocorrerá na terceira semana de janeiro.

b) Se o primeiro “Plano de Cinco Dias” é realizado num salão público, o segundo será realizado no salão-igreja preparado para isso.

c) Se o primeiro “Plano de Cinco Dias Para Deixar de Fumar” foi isolado de qualquer outra atividade pública, o segundo será seguido por toda a programação que completa a campanha de evangelização (conferências, cursos de saúde e lar, investigação bíblica, etc.).

d) Paralelamente ao segundo “Plano de Cinco Dias”, a equipe realiza a entrega pessoal de um convite para as conferências que ocorrerão em seguida. É o público que se “acrescentará” quando, ao terminar o plano contra o fumo, diminui a assistência.

2. Superando os preconceitos.

a) Só poderemos consegui-lo com uma temática cuidadosamente escolhida, capaz de atrair pelo interesse geral de seu conteúdo.

b) Como a equipe deve orar para que o Senhor ajude a evitar qualquer erro que favoreça a ação opositora da parte de Satanás!

c) O povo deve ver em nós pessoas amigas, verdadeiramente interessadas em seus problemas pessoais e familiares. Depois escutarão as palavras do evangelho sem reticências.

d) Disse a Sra. White: “Ao trabalhardes em um novo campo, não penseis ser o vosso dever declarar imediatamente ao povo: Somos adventistas do sétimo dia; cremos que o dia do descanso é o sábado; acreditamos que a alma não é imortal. Isso havia de levantar uma formidável barreira entre vós e aqueles a quem desejais alcançar.” — Evangelismo, pág. 200.

3. Duração da campanha.

a) Quando não se conta com a base firme de uma igreja já estabelecida, deve-se ter especial cuidado para não precipitar-se na decisão daqueles que serão seus “membros iundadores” e as colunas da igreja nascente.

b) Isso não se consegue num curto período de tempo. Provavelmente dependa também do lugar. Em nossas campanhas empregamos nove meses, que se estendem desde a chegada da equipe até a organização da nova igreja.

c) Cada membro da equipe se desloca com sua família, e seus filhos, graças à duração da campanha, podem fazer no colégio um curso completo.

d) A campanha de evangelização é utilizada também como um curso teórico-prático, de aprendizagem para os três aspirantes ao ministério que participam da campanha e de reciclagem para os três veteranos que também fazem parte da equipe.

Conclusão

1. O método de evangelização utilizado deve estar condicionado por sua “circunstancialidade”, de acordo com o lugar, a personalidade do evangelista e os objetivos que nos propomos alcançar.

2. A evangelização em novos territórios é estimulada pelas Escrituras Sagradas e pelo Espírito de Profecia.

3. Este tipo de evangelização requer especial preparação e cuidado. É a prática do conselho divino: “Sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.”

4. Trabalhar em novos territórios é mais que uma opção; é uma ordem divina a que devemos obedecer iniludivelmente.

Aplicação

1. Uma obra para o êxito.

a) O delineamento divino (Apoc. 14:6 e 7).

b) A garantia divina (Isa. 55:10 e 11).

2. O apreço do Céu.

a) “Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz.” Isa. 52:7.

b) “Quando passares pelas águas Eu serei contigo.” Isa. 43:2.

Apelo e Promessa

1. “Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus.” Isa. 40:9.

2. A promessa permanece: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” S. Mat. 28:20.

JUAN LOZANO, evangelista da União Espanhola