O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos Seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória.” (Col. 1:26 e 27).

A palavra “glória” é uma das grandes palavras da revelação divina, e sugere uma relação de conhecimento e compromisso. Conhecimento, porque está diretamente relacionada com a expressão visível da presença de Deus; de como Se revela ao ser humano por meio de seus atos poderosos, na criação e na redenção. E compromisso, devido ao fato dessa revelação não ser limitada a nós. Temos que transmiti-la aos semelhantes, como missão de vida e de serviço.

Conforme usada nas Escrituras, no Velho e Novo Testamentos, a palavra “glória” tem sugerido o entendimento de pelo menos três formas pelas quais se expressa: como glória humana, revelando jactância ou pretensão de ser algo importante naquilo que faz para satisfazer o ego pecaminoso; como glória mundana, expressão maior daquilo que representa a Satanás e sua artificiosa maneira de iludir os incautos com o efêmero prazer das mundanidades e do pecado; e como glória divina, na forma de uma irradiante luminosidade ou esplendor, que atribui à visível manifestação do poder de Deus.

De maneira muito especial, isso foi relevante na vida e no ministério de Jesus. Des-de o Seu nascimento, passando por Sua juventude, seu ministério, paixão e morte perto de Jerusalém, essa glória, embora velada pela humanidade, vez por outra aflorava magnificamente (Mat. 29:18; João 17:5; Atos 7:2; Apoc. 4:11).

No Velho Testamento, com freqüência, o uso da palavra “glória” (kabod) é aplicado a Deus, estando seu significado associado à honra, esplendor e reputação. Mais tarde, desenvolveu um sentido de presença visível ou manifestação divina que os judeus chamaram de shekinah. No Novo Testamento, a palavra destaca-se como a visível glória (doxa), como expressão da íntima essência e caráter de Deus, e como o absoluto louvor, no sentido de tributar-Lhe a glória devida.

Nos dois Testamentos, o termo é aplicado à manifestação de Deus em favor da humanidade caída, que teve seu clímax na presença visível de Jesus. A espontaneidade da manifestação dessa glória está na operação do Seu poder em favor de outros, através da vida e ministério de Cristo. Por ocasião do Seu nascimento, os pastores viram a glória de Deus (Luc. 2:20), o mesmo acontecendo com as pessoas que presenciaram a cura do paralítico em Cafarnaum e na reação das multidões que testemunharam outros milagres (Mar. 2:12; Mat. l5:31). A glória de Deus foi vista na ressurreição do filho da viúva de Naim (Luc. 7:16) e por ocasião da restauração da vista ao cego de Jericó (Luc. 18:43).

Na criação e na redenção

Como foi visto, o substantivo glória está intimamente associado à revelação e manifestação de Deus. E Ele repartiu Sua glória ao criar o Universo, de modo particular, ao criar o homem à Sua imagem e semelhança. O homem e a mulher foram envolvidos pela glória divina, em sua existência edênica, revelando assim o caráter insuspeitável do Criador, diante do Universo. Criados à imagem de Deus, homem e mulher estavam, como nenhum outro ser, condicionados a revelar o caráter de Deus.

A santa iluminação que envolvia o primeiro casal refletia, assim, o caráter divino. A isso se referiu Paulo quando disse: “… o homem é a imagem da glória de Deus” (I Cor. 11:7). Escrevendo aos romanos, o após-tolo também explicou os resultados nefastos do pecado na vida de Adão e Eva, e, por extensão, em todos os seus descendentes: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rom. 3:23).

Na redenção, a glória de Deus foi repartida com maior desenvoltura, adquirindo um novo desígnio. Está intrinsecamente ligada ao poder transformador de Cristo e de Sua palavra. NEle e em Sua obra salvadora, temos a maior manifestação da glória divina. Ele veio para glorificar o Pai e revelar Sua glória, repartindo-a com todos. Fez isso com Seus discípulos, quando no Tabor repetiu a experiência de Moisés no Sinai séculos antes (Mat. 17:1 e 2). Pela Judéia e Galiléia, Ele a distribuiu no atendimento prestimoso aos cansados, famintos e doentes. Repartiu com eles a Sua glória levando-os a compreendê-la como uma manifestação viva e luminosa de Seu caráter. Era o unigênito de Deus, cheio de graça e de verdade, e “vimos a Sua glória” (João 1:14). Agora, a glória do Senhor era manifestada mais uma vez de modo diferente daquele em que o fora no princípio. Estava exemplificada na vida de uma pessoa, a pessoa do Filho de Deus, Cristo Jesus.

Paulo falou do “mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações” (Col. 1:26). A palavra mistério, aqui, tem o sentido de revelação do propósito de Deus no sentido de salvar o homem, que era figuradamente entendida nos sacrifícios e ofertas, desde as ofertas de Caim e Abel, passando por Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Todos entenderam a forma do evangelho nas ofertas sacrificais. Por isso, todos fomos resgatados pelo precioso sangue de Cristo e não por prata, ouro ou pedras preciosas. Nada podia impedir a Deus de derramar Sua glória para restaurar o ser humano como resultado de Sua recriação por meio do evangelho em símbolos, compreendido e aceito pela fé.

Abraão viu a glória do Senhor no mistério do sacrifício de seu filho, no Moriá. Cristo recebeu a glória de Seu Pai a fim de reparti-la com Seus filhos. Repartiu vida e salvação, e todos os que nEle crêem recebem a mesma porção de glória para dividir com outros, até que o mundo seja inundado por ela. Sua vida sem pecado foi escondida num invólucro de carne humana, mas sem o pecado da natureza humana. Apenas o tipo de natureza humana já despida da glória edênica, mas agora restaurada por Ele.

Com Israel e as nações

Com a saída de Israel do Egito e sua peregrinação pelo deserto, compreendemos como Deus revela Sua glória de maneira mais excelente para o Seu povo. O Egito conheceu o lado da glória divina que destrói o ímpio e seu pecado. Mas Israel conheceu o lado redentivo dessa glória. Sua revelação em cada passo da caminhada pelo deserto, até o final triunfante, foi muito importante ao determinar o destino da nova nação que seria o modelo para o mundo. Os deuses de pedra ou pau, de ouro ou prata, não podiam contestar a manifestação poderosa do Deus dos hebreus.

A glória do Senhor manifestava-se na nuvem (Êxo. 16:10). Repousou no Monte Sinai (Êxo. 24:16). Foi revelada a Moisés, na fenda da rocha (Êxo. 33:18), e foi impressa em seu rosto (Êxo. 34:35). Encheu o tabernáculo do deserto, anunciando a augusta presença do Senhor entre Seu povo (Êxo. 40:34). Foi vista na oferenda de sacrifícios (Lev. 9:23 e 24) e na dedicação do templo (I Reis 8:11).

Esses exemplos de revelação da glória de Deus na experiência de Israel, está no contexto maior da manifestação de Sua presença e a revelação de Sua vontade na condução de Seu povo escolhido. Israel não pode-ria duvidar do poder divino em sua jornada feliz. As promessas de Deus estavam vinculadas à permanência de Sua glória entre a nação israelita (Salmo 104:31).

A manifestação da glória do Senhor estava ligada ao conhecimento de Deus que se-ria levado a todas as nações da Terra (Salmo 96:3; Eze. 39:21). A salvação de todos os povos da Terra estava bem fundamentada na revelação da glória divina a todos eles. Israel seria a reunião de todas as nações da Terra para a glória do Senhor e Seu Messias (Hab. 3:3).

As profecias que assinalaram um reino de paz e prosperidade para Israel estavam diretamente condicionadas à obediência ao concerto que fora feito entre Deus e Seu povo peculiar. O Senhor tirou os israelitas da escravidão do Egito a fim de que pudesse torná-los um povo zeloso e de boas obras, cujo objetivo maior em sua vida fosse a glorificação do Seu nome. Essa iniciativa divina de-termina todo o esboço de um plano estabelecido no sentido de anunciar a todas as nações da Terra a bondade e misericórdia de Deus (Deut. 6:13; Jer. 31:31 a 33).

Israel seria o centro da Terra, e, por sua presença mediadora nos negócios do mundo, este gozaria paz permanente. Três palavras resumiríam o processo divino da grandeza de Israel e transformaria a nação na glória de Jeová: prosperidade, longevidade e sanidade. Não existiríam pobres, nem velhos, nem pecadores. Os três sinais devastadores do pecado na vida humana, desapareceríam num longo processo de educação e redenção. A nação seria o modelo para todos os povos, e a glória do Senhor enchería a Terra (Jer. 33:9; Isa. 43:7; Sal. 97:6).

Um reino teocrático foi organizado. O desenvolvimento desse plano estava em curso, e por meio dos reis de Israel Deus iria ensinar as nações ao redor o Seu caráter expresso na vida da nação e impresso na vida de cada fiel testemunha Sua. A prosperidade chegou ao auge, nos dias de Salomão. A glória do Senhor foi manifesta na dedicação do templo, e parecia que o favor divino jamais seria afastado da comunidade. Reis e rainhas vieram de longe para prestar homenagens ao reino de Salomão e descobriram porque a nação era tão próspera. Como Israel não teria problemas econômicos, as demais nações desejariam imitar sua mordomia fiel, na prática da devolução de dízimos e ofertas.

Mas este clima de prosperidade, em vez de reverter a imoralidade e o pecado, desenvolveu um espírito de idolatria e pecaminosidade muito mais acentuado do que o que se observava entre outras nações ao seu redor. O enfraquecimento moral da nação gerou disputas internas e alimentou as ambições de conquistas das nações pagãs.

Uma revolução interna cindiu o reino de Israel em duas casas: a casa de Israel, com 20 reis da dinastia rebelde, princípalmente Jeroboão; e a casa de Judá, com 20 reis da dinastia davídica em sua maioria.

A primeira casa real foi para o exílio da Assíria em 722 a.C., e a segunda casa real de Judá, para o cativeiro babilônico em 586 a.C. Sendo destruído o templo, símbolo da presença de Jeová e revelação de Sua glória para todos os povos, a cidade de Jerusalém, de onde Deus prometera que Sua glória não seria retirada, estava agora em ruínas. E em todo o serviço de culto a Jeová, desapareceu o processo de educação por meio dos símbolos litúrgicos. A nação exilada e espalhada convivería agora com outros sistemas de culto idólatra, que representavam a glória efêmera dos ídolos. Todo o plano divino de redenção do mundo por meio de Israel foi revertido. Nada podia ser feito com toda a nação no exílio. O plano abortara. Não havia um povo próspero, nem longevo, nem santo. Tudo perdido. O que parecia ser uma longa noite de cativeiro, que durou 70 longos anos, transformou-se num grande desafio. Deus instou Seu povo a mudar a situação. Havia uma esperança. Ele não muda, e não poderia deixar Sua glória ir ao pó.

As promessas divinas estavam de pé, caso a nação recobrasse o são juízo e iniciasse uma obra de reavivamento e reforma, em cumprimento das palavras dos profetas: “Consolai, consolai o Meu povo … Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniqüidade está perdoada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor … Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se manifestará…” (Isa. 40:1 a 5).

Deus, misericordiosamente, estava concedendo uma oportunidade a Israel, através do Messias. Era uma mensagem de conforto, na qual o objetivo mais importante era a restauração da vida nacional. Perdão, expiação e redenção eram as expressões que ditavam a nova ordem de Deus em relação a Seu povo. Seria suscitada uma voz clamando por um novo caminho pelo deserto: o caminho da santidade que fora retido pela transgressão nacional.

Os engenheiros reais deveriam aterrar os vales, destituir as orgulhosas montanhas, endireitar o que estava tortuoso e aplanar o que era áspero. Essa obra seria feita por Deus, por intermédio do Messias. Era uma obra espiritual. Então se veria novamente a glória do Senhor manifestando-se no meio do Seu povo. Novamente, Deus repartiría Sua glória com Israel restaurado para alcançar todas as nações.

Esse plano foi interpretado erroneamente pelos líderes israelitas; e, quando a “voz do que clama no deserto” – João Batista – apareceu, às margens do Jordão, pregando o arrependimento em virtude da chegada do reino de Deus, foi silenciada pela prisão e morte. E o Messias, que viria para efetuar uma obra de salvação, ajuntando em tomo de Si todo o Israel, foi condenado como blasfemo e perigoso revolucionário, crucificado como um malfeitor da pior estirpe. Havia um dito em Israel segundo o qual a sua glória era o Messias. Agora, estando Ele na cruz, icabod, onde está a glória?

Com os olhos humanos, seria difícil vislumbrar a glória de Israel com o seu Messias pregado na cruz. No entanto, a cruz, símbolo do autoritarismo, do poder diabólico e destroçador de esperanças, transformou-se no maior sinal do favor divino, não apenas para Israel, mas para o mundo. A grande milícia estava finda, e a obra da expiação longamente esperada por Israel havia chegado finalmente a bom termo. “E agora, estava a morrer o Senhor da glória, o Resgate da raça”, diz Ellen White (O Desejado de Todas as Nações, pág. 752). Ao exclamar “Está consumado”, a obra de salvação estava concluída e a glória de Jeová, mais uma vez, repartida.

No mesmo instante do angustiado grito do Filho de Deus, o sacerdote, no santuário, tentava imolar o cordeiro pascal, mas o inesperado acontece. A Terra se sacode nos estertores da paixão por seu Criador, o véu do templo se rasga por inteiro, como por mão invisível, expondo à multidão de adoradores o interior do lugar antes cheio da presença divina. “Ali habitara o shekinah. Ali manifestara Deus Sua glória sobre o propiciatório” (Idem, pág. 757). O sacerdote, surpreendido pela cena que então presencia, não percebe que o cordeiro escapara e o sacrifício do animal acabava ali, naquele momento. O verdadeiro sacrifício estava acontecendo apenas a poucos metros dali. A glória do santíssimo havia desaparecido, pois a glória do Santo dos Santos estava sendo irradiada da cruz, nas gotas de sangue derramadas pela humanidade pecadora.

A partir daquela tarde memorável, o mundo não seria mais o mesmo. O longo cativeiro do pecado havia acabado. Raiava a era da libertação dos pecados para a humanidade e a glória perdida por Adão, no Eden, havia sido finalmente restaurada completa-mente, e todos os que a desejassem, deveriam crer nAquele que entregava ali Sua vida. “Foi feito o grande sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o santíssimo. Um novo, vivo caminho está para todos preparado.” (Ibidem).

Um soldado ainda Lhe abriu o lado com uma lança. Era como se fosse uma repetição da experiência de Adão no Jardim do Eden, quando teve seu lado aberto, e tirada uma costela da qual Eva fora formada. Adão repartiu sua glória com a mulher que Deus lhe dera. Semelhantemente, Jesus repartiu Sua glória com a Igreja, Sua noiva.

Ao nascer a Igreja, o novo Israel, como uma nova nação espiritual, sob a liderança de outros doze homens, não mais eram os doze filhos de Jacó, mas eram os doze apóstolos que fundaram uma nova comunidade de salvos e santos para revelação da glória de Jeová, tendo em Jesus o centro do pro-grama. Era o reino de Deus sendo estabelecido para repartir Sua glória a todos os habitantes do mundo, pela disseminação do evangelho pregado sob a influência poderosa do Espírito Santo (I Tim. 3:15; I Ped. 2:9; Apoc. 5:9).

Com a Igreja

 A princípio, Israel revelou a glória de Deus. No entanto, algo saiu errado. Não da parte de Deus, mas por motivos que a própria nação deveria confessar. Israel trocou a glória do Senhor pela glória do quase nada ou do nada vale, os ídolos (Jer. 2:11). Deus mesmo havia confessado não repartir Sua glória com falsos deuses (Isa. 42:8).

O Senhor tem ciúmes de Sua glória, pois é a expressão de Si mesmo. Seu caráter está vinculado à manifestação de Sua glória. Ela é mais que uma manifestação luminosa de fogo consumidor, ou quaisquer outras manifestações exteriores. É Sua santidade revelada na vida de Seu povo. É a imagem de Deus impressa na imagem do homem redimido e salvo por meio da Palavra e do Seu Espírito.

Falhando Israel, o problema foi resolvido através da encarnação do próprio Filho de Deus. É assim que O vemos como Homem de dores e Salvador da humanidade. O Filho de Deus viria como Homem para repartir a glória do Pai entre os homens. Algo novo estava acontecendo.

O Messias nascera em Belém, ocultando a glória do Senhor na simplicidade de um bebê, oriundo de pais pobres. Ali estava a glória de Deus, velada para a compreensão do novo Israel que estava surgindo (Prov. 25:2). Era o mistério encoberto desde a antiguidade, mas agora revelado em toda a sua plenitude. No cântico de Simeão, essa revelação foi percebida tornando-se mais coerente com aquilo que falaram todos os profetas do passado (Luc. 2:32). A glória do Messias estava em Sua pobreza e maneira altruísta de viver em favor dos homens e mulheres pecadores do mundo.

No deserto, o próprio Satanás tentava reclamar a adoração de Cristo, supostamente baseada no “poder” e na “glória” tomados de Adão por meio do engano e da mentira. A glória do mundo, satânica, é efêmera e desagregadora quanto aos interesses eternos.

Na encarnação, a glória que o Salvador tivera com o Pai, antes da criação do mundo foi encoberta (João 17:5). Foi a tentativa de usurpação dessa glória que ocasionou a rebelião no Céu, transferida para a Terra numa forma tão destruidora que, somente como Deus idealizou, seria possível fazê-la voltar a ser uma prerrogativa da humanidade por meio de Cristo.

“Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua glória?” (Luc. 24:26). Essa é uma das mais significativas declarações de Jesus após Sua morte. O ato de entrar em Sua glória significa Sua mais completa aceitação por Deus e o Universo não caído, após executar o plano de redenção na cruz. Deus o exaltou acima de todas as potestades no Céu e na Terra. Pelo pecado, o homem ficou destituído da glória de Deus (Rom. 3:23). Pela redenção, essa glória foi restaurada (Rom. 9:23). Pela Igreja, a glória foi revelada ao mundo (Efés. 3:21). Pelo evangelho, a glória de Deus é manifestada agora (I Tim. 1:11). Somos partícipes da glória que há de ser revelada em toda a sua plenitude (I Ped. 4:13; 5:1 e 4). Assim como fomos chamados para Sua glória, somos, hoje, pela redenção e pregação do evangelho, a glória do Senhor manifesta a todos os habitantes da Terra (I Ped. 5:10).

Estamos todos repartindo a glória de Deus por meio da pregação do evangelho, que inclui a revelação dessa glória como a essência do relacionamento de Seu povo remanescente, no tempo do fim (Apoc. 14:7). Isso significa a vindicação de Seu caráter mais uma vez por meio de Seu povo redimido, o que somente será possível permanecendo em Cristo (João 15:5), fazendo Sua vontade (I Cor. 10:31), enfim, nascendo de novo (João 3:5).

A Igreja é essa nova revelação da glória de Jeová e de Cristo. O arrependimento, a confissão, o novo nascimento, o testemunho pessoal, são os elementos visíveis dessa glória agora revelada por meio do evangelho (Rom. 1:16 e 17). A pregação alcançaria a todos os gregos e bárbaros, romanos e judeus. Não haveria mais barreiras que não pudessem ser transpostas ou derribadas.

Em tudo e por todos

Avista de um Deus de glória, não poderiamos viver sem a revelação dessa glória na vida de todos nós. A glória do Senhor, que a princípio estava vinculada à revelação de Seu caráter, de uma forma mais clara, na vida da nação judaica, nos ritos do santuário, tanto no deserto como no templo, foi finalmente revelada em Cristo. Seres humanos e instituições humanas são passíveis de falha em revelar ou expressar tal glória. Por isso, em Cristo essa realidade tomou-se vitoriosa. Deus foi glorificado no Filho, e partilha Sua glória com todos os que dEle se aproximam e reclamam a salvação pela fé.

A glória é a revelação do caráter de Deus: santidade, bondade, misericórdia, amor, justiça. A essência de Sua natureza é entendida como Sua glória, e a todos está disponível. Em Jesus, podemos ser participantes dela e, por Ele, poderemos reparti-la com a humanidade. Finalmente, a glória divina, tem aplicação dupla: um fogo consumidor do pecado; e uma manifestação de claridade que ilumina e confirma a presença de Deus entre o Seu povo. A glória divina, como um fogo consumidor, foi vista na experiência de Sodoma e Gomorra (Gên. 19:24); na rebelião de Coré, Datã e Abirão (Núm. 16:35); por ocasião da apostasia de Nadabe e Abiú (Lev. 10:1 e 2); e será evidenciada na destruição final do pecado e pecadores (Apoc. 20:9 e 14).

Em sua forma prodigiosa e exuberante, ela pôde ser vista nas montanhas de Horebe (Êxo. 3:2), na sarça que ardia sem se consumir diante de Moisés; numa nuvem de fogo no deserto, que iluminava a noite como labareda de fogo, para guiar a trilha do povo de Deus (Êxo. 13:21); no interior do Santo dos Santos, no Santuário, por ocasião do julgamento do povo israelita no Dia da Expiação; sobre a Arca da Aliança, conhecida como Propiciatório, e o shekinah, quando Deus Se manifestava aceitando Seu povo (Lev. 16). Houve ainda a poderosa demonstração, na experiência do Pentecostes, capacitando a Igreja para a evangelização do mundo (Atos 2:3; Luc. 3:16). E a simbologia da purificação do caráter, por meio das aflições (I Ped. 1:7).

Pela aceitação do evangelho de Cristo, somos feitos a “esperança da glória” do Senhor. NEle, esperamos a manifestação da glória que transformará não apenas nosso caráter, mas também nosso corpo “num abrir e fechar de olhos” (I Cor. 15:52; I Tess. 4:16 e 17). O Senhor, ao repartir Sua glória com Seu povo, estará revelando o Seu caráter, salvando pecadores.

No deserto, Satanás ofereceu a glória do mundo e dos homens em troca da adoração de Cristo; no Tabor, Cristo revelou Sua glória aos discípulos, velada pela humanidade. No templo, Ele aparece expulsando os irreverentes cambistas, irradiando glória de Seu rosto, como a ira de Deus ao pecador. Em Seu ministério, por onde quer que andasse, curava as pessoas de suas enfermidades, e assim repartia a glória do Pai com todos. Finalmente, na cruz, aconteceu o clímax da revelação da glória de Deus, na morte do Seu Filho Cristo Jesus.

Subiu ao Céu e, entronizado diante de Deus, recebeu a glória de um vencedor. Agora, no Santuário, oferece Seu sangue redentor aplicativo ao remanescente crente e fiel, no julgamento e apagamento dos pecados dos Seus filhos; e na descrição maior da revelação de Sua glória, que mais uma vez será presenciada por ocasião do Seu retomo glorioso à Terra, o segundo advento.

Deus convida o Israel moderno a fim de que construa sua vida, de fé em fé, sob a irradiante glória que emana do Gólgota. E, uma vez banhado nessa glória, possa entrar ainda pela fé diante do trono imarcescível de glória, onde o Senhor pleiteia por todos os que se submetem à Sua revelação.

A glória divina expurgará para sempre o pecado da vida do crente, tornando-o livre para vindicar o caráter de Seu criador, por meio de sua vida de testemunho e fidelidade. Isso está no contexto da expiação como um processo divino na revelação do mistério que esteve oculto, pelos séculos antigos, mas agora é revelado na vida da última geração de santos, numa experiência de fiel relacionamento com Ele. Todos verão a glória divina revelada na vida do fiel remanescente.

A glória do Senhor será para o crente a certeza de sua completa restauração e eterna redenção. Ela estará, finalmente, impressa na vida de todas as fiéis testemunhas do Senhor. Mas a glória irradiada da face de Cristo será a maior alegria para o Universo redimido. O pecado para sempre destruído. “Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado.” – O Grande Conflito, pág. 383, (edição condensada).