O ano de 1993 foi designado como o “Ano do Pastor”. Durante este período, a Igreja escolheu homenagear e reafirmar o valor do pastorado. E eu fico muito feliz por isso. Acredito mesmo que devemos aproveitar toda oportunidade para enaltecer e apoiar o pastor.

Entretanto, em meio a toda demonstração de afirmação, é importante não esquecermos a outra metade da equipe ministerial – a esposa do pastor. Duvido que em algum tempo, pelo menos muito breve, seja estabelecido um ano em sua homenagem. Poucas vezes nós reconhecemos a valiosa contribuição que a esposa do pastor presta à igreja onde serve lado a lado com ele.

Assim, com isso em mente, deveríamos aproveitar a oportunidade e celebrar também o “ano da esposa do pastor”. E comecemos no lar! Que acha você, pastor, de tornar-se uma ajuda satisfatória para sua esposa? É possível fazer isso, auxiliando-a e empenhando-se em satisfazer as necessidades dela também. Por experiência própria, sei perfeitamente que aquilo que plantarmos colheremos. E isso é bíblico. Se você dedicar esforços e energias extras para tornar mais feliz, tranquila e segura a sua esposa, você experimentará o chamado “efeito bumerangue” e receberá muitas bênçãos. Pense desta maneira: você pode afirmar-se em seu trabalho, ao procurar afirmar sua companheira de ministério.

Se você deseja colocar em prática algumas ideias, qualquer esposa de pastor poderia dar-lhe uma lista detalhada de suas necessidades pessoais. Mas, vamos considerar, em linhas gerais, algumas áreas nas quais podemos tomar este um melhor ano para nós – as esposas dos pastores.

Vivendo à sombra

Viver com um “homem santo” não é uma posição confortável no mundo. Usualmente os pastores estão recebendo reconhecimento da parte dos membros, por causa dos seus estimulantes sermões, alvos alcançados, boa administração financeira, ou bem ministrados seminários e classes de estudos. Sua esposa necessita também desse reconhecimento. Faça isso verbalmente diante da igreja, sempre que tiver oportunidade. Valorize-a publicamente. Ouvir que o assado ou a torta que preparei estavam realmente deliciosos, possivelmente não construa tanto minha alta estima como ouvir meu esposo expressar à congregação o crédito por alguma ideia que lhe dei para um sermão, ou mesmo uma ilustração. Isso constrói minha confiança e toma a sombra um pouco mais aquecida.

Reconhecimento e apoio trabalham juntos. Quando sua esposa ouve críticas picantes a seu respeito, da parte de membros covardes o suficiente para não falar diretamente com você, ela o defenderá com a ferocidade de uma mamãe tigre. Faça o mesmo por ela. Se os membros acham-na aquém das expectativas, eleve-a. Defenda-a. Se você discorda de alguma coisa que ela disse ou fez, converse com ela em particular.

Jamais esquecerei de uma fatídica manhã de sábado quando em nossa igreja estava sendo projetada alguma coisa sobre trabalho missionário, no período entre a Escola Sabatina e o Culto Divino. De vez em quando as portas se abriam. Então, o barulho da congregação e de muitas crianças impossibilitava as pessoas que estavam sentadas mais ao fundo de ouvirem a apresentação.

Recrutei a força de dois diáconos e responsabilizei-me pela guarda das portas, mantendo o excesso de barulho confinado ao hall de entrada. Subitamente, enquanto o povo chegava e mais de cem adoradores, que aguardavam expectantes, sobrepujavam a capacidade da pequena dependência, a voz de Jim, meu esposo, ecoou: “O que está acontecendo? De quem foi esta ideia confusa?” Sem recuar, procurei explicar que nós estávamos tentando limitar a confusão ao hall, para evitar que o distúrbio impedisse as pessoas que se encontravam no santuário de ouvirem o que lá se passava. Em resposta ao seu protesto, insisti que nós deixaríamos a porta fechada até que a apresentação terminasse. Nesse momento, senti um silêncio entre a multidão, como se ela descobrisse que era muito mais interessante observar como Jim e eu discutiríamos os prós e contras da minha iniciativa. Posteriormente soube que a maneira de nos relacionarmos foi fartamente degustada no jantar de várias famílias naquele sábado.

Prioridade à família

Naturalmente as emergência acontecem, e os pastores estão sempre sobrecarregados. Eles são extremamente responsivos às situações de crise vividas por outras pessoas. No entanto, nem tudo no trabalho pastoral é uma emergência. Por exemplo: uma reunião de diáconos convocada apressadamente porque o irmão José não pode comparecer num outro dia, apenas para discutir um novo serviço de remoção do lixo; ou o emprego de boa parte da noite, preso ao telefone, acalmando a irmã Francisca que não gostou do jeito country da música apresentada na igreja.

Quando ocorrem conflitos de atividades, parece que as necessidades e os planos da família do pastor são as coisas que mais fácil e primeiramente devem ser canceladas. Muitas vezes nós tentamos ser compreensivos, muito embora o coração esteja magoado. Pense na mensagem que você comunica a seus familiares quando eles são retirados da sua lista de “deveres” sempre que “algo importante” aparece de última hora. É sua família a entidade mais dispensável e de menor importância para você? Nossa tendência é relegar as coisas consideradas menos importantes em favor daquilo que acreditamos ser altamente significativo.

É essa a mensagem que você deseja dar à sua esposa e a seus filhos? De vez em quando tente fazer de outra forma. Mostre-nos que somos, depois de Deus, o elemento mais importante em sua vida. Dispense alguém, ou cancele algo – pelo menos algo que não seja tão urgente. Deixe sua esposa saber que seu tempo com ela e com os filhos é uma prioridade para você. E, pelo exemplo, deixe os membros da igreja saber que a assistência à família deve ter prioridade acima de outros planos.

O voluntário mais solicitado

Resguarde o tempo e as energias de sua esposa de serem reclamados para preenchimento de cada cargo que ninguém aceitou. Conquanto a esposa do pastor deva ser um exemplo de vida cristã ativa, lembre-se de que ela também pode ficar abatida. O cuidado de crianças pequenas e ao mesmo tempo o encargo de outras mil responsabilidades, absorvem seu tempo. Ela possui apenas as mesmas 24 horas diárias franqueadas a qualquer outra pessoa. Deixe bem claro para os membros da igreja que você não espera que sua esposa seja responsável por tudo.

E enquanto você trabalha, conduzindo a congregação sob controle nesse assunto, ela não deve sentir-se ferida ao ter de reavaliar suas próprias expectativas. Também não a responsabilize automaticamente de secretariar todo o seu trabalho, fazer boletins, levar recados à igreja, porque você está “muito ocupado”, esquecendo-se de que ela também atua como sua guardadora pessoal de mensagens. Aliás, se ela permanece em casa a maior parte do tempo, convém ter uma extensão telefônica para recebimento de recados. Oriente os membros no sentido de ligarem em horários pré-determinados, caso necessitem tratar de assuntos rotineiros.

Mantenha-a informada

Eu não gosto de ser a última pessoa a saber que a irmã Joana ganhou um novo bebê, que a Comissão aprovou o plano de redecoração da sala do Jardim da Infância, que o irmão Antônio está seriamente enfermo no hospital, ou mesmo que o irmão Roberto fez implante de cabelos. É desconcertante para sua esposa ir à igreja no sábado pela manhã, encontrar-se com o povo, falar a respeito das “últimas novidades”, e descobrir que não sabe nada do que já são “águas passadas”. A última coisa que você deve fazer, depois de um longo dia de trabalho, é contar-lhe os diversos acontecimentos. Lembre-se de que as mulheres gostam de ouvir notícias sobre as pessoas as quais elas amam.

Talvez você deva rabiscar algumas coisas importantes, interessantes ou engraçadas para partilhar. Aquilo que às vezes parece trivial para você, pode ser muito interessante para sua esposa. Partilhe as boas coisas com ela, não exatamente o fato de que o chefe dos diáconos queixou-se mais uma vez que alguém deixou as portas da igreja abertas. Repito: depois de um dia de trabalho, há muita coisa gostosa para conversar.

Tente estas “surpresas”

Ofereça-se para ficar com as crianças, a fim de que sua esposa possa descansar ou passear um pouco. Providencie o banho e a alimentação das crianças antes que ela chegue. E não espere até que ela esteja completamente exausta, para oferecer-lhe alguma ajuda.

• Complete um trabalho do qual ela particularmente não gosta. Diga-lhe algo, como: “Eu sei que você gosta de janelas limpas e brilhantes, mas não gosta de subir na escada para fazer esse trabalho. Cuidarei disso como um presente para você”.

• Planeje uma data que ela especialmente aprecia. Quem sabe, uma data que esteja relacionada com o período de namoro. Contrate uma babá e assuma completamente a responsabilidade pela noite. Melhor ainda, torne regulares tais ocasiões, a menos que alguma emergência obrigue o adiamento – não o cancelamento.

• Se ela necessita sair com o carro, esteja certo de que ele está limpo e em ordem.

• Aconteça o que acontecer, encontre uma maneira de dar-lhe um presente de você. Sua energia, seu tempo, você mesmo!

Se você deseja que 1993 seja realmente o “Ano do Pastor”, tente implementar essas ideias gerais e, como o pão lançado sobre as águas, a recompensa virá com um centuplicado reconhecimento a você!

SHARON CRESS, Coordenadora da AFAM internacional