A figura do pastor é, indubitavelmente, mais que apropriada para descrever o relacionamento que deve existir entre os líderes da Igreja e os membros. Nela está implícita a ideia de proteção, guia, cuidado, provisão, ensino, cura, salvação, vigilância, etc. Como se pode ver, os deveres de um pastor para com o rebanho são muitos.

Ao estudarmos a experiência dos pastores orientais com seus rebanhos, podemos notar que as ovelhas são criaturas frágeis e indefesas. Ao contrário de outros animais, que podem proteger-se, a ovelha não tem meios de defesa. Corre, portanto, o perigo de ser atacada e destruída por algum animal selvagem da floresta. É aí que se evidencia a necessidade de um pastor que esteja sempre alerta, destemidamente. Ainda jovem, Davi salvou uma ovelha de um leão e outra de um urso.

O Pastor Roy Allan Anderson, em seu livro O Pastor Evangelista, observa que “quando Jesus disse: ‘Eu sou a porta’, referia-se a bem conhecido costume desses homens corajosos. Geralmente o curral de ovelhas era uma estrutura muito humilde, com apenas uma entrada. Uma abertura na parede servia de porta e janela, deixando entrar tanto a luz como o ar. Quando as ovelhas eram abrigadas no aprisco para passar a noite, costumava o pastor deitar-se atravessado na soleira da porta, tornando-se, por assim dizer, uma porta viva. Nenhum ladrão ou fera poderia atacar o rebanho sem o conhecimento do pastor. Nem tampouco poderia qualquer ovelha escapar do redil, a não ser que passasse sobre o seu corpo. Que belo símbolo do cuidado e da responsabilidade sentidos pelo verdadeiro pastor! Tornava-se ele uma barreira viva entre o rebanho e o inimigo”.

Os perigos que ameaçam hoje o rebanho do Senhor, não são poucos nem insignificantes. Um descuido pode ser eternamente fatal a uma ovelha. O inimigo é descrito como um “leão que ruge, procurando alguém para devorar” (IS. Ped. 5:8), atemorizando com fúria. Outras vezes, no entanto, aparece como “anjo de luz”, tentando seduzir com bajulações, quando lhe é conveniente mudar de tática. Portanto, a vigilância é uma virtude necessária.

O pastor deve manter os olhos vigilantes para detectar a aproximação do perigo. Com efeito, a ideia de vigilância pastoral é bem clara na Bíblia: “A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel…” (Eze. 33:7). Depois de falar aos anciãos de Éfeso, advertindo-os no sentido de que “lobos vorazes” entrariam na igreja e não poupariam o rebanho, o apóstolo Paulo conclui: “Portanto, vigiai…” (Atos 20:29-31). Às vezes, o pastor oriental construía uma torre e a certos intervalos, durante o dia, subia e perscrutava a paisagem para ver se havia perigo iminente. Vigiar, é uma parte vital da obra do pastor.

É muito interessante notar que o pastor deve vigiar não apenas pelo rebanho, mas também por si mesmo: “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina…” disse Paulo a Timóteo (I Tim. 4:16). Esse conselho foi dado no contexto da introdução de heresias, “ensinos de demônios” na igreja, aos quais o jovem pastor deveria combater, “como bom ministro de Cristo Jesus, alimentando com as palavras da fé e da boa doutrina…” (I Tim. 4:1 e 6).

Ao entregarmos mais uma edição de Ministério, estamos seguros de que os assuntos veiculados trarão subsídios para enfrentarmos, com êxito, os perigos que nos ameaçam, como pastores e como Igreja. O inimigo está irado, porque sabe que “pouco tempo lhe resta”. E age sutilmente, porque, imagina, assim poderá apanhar-nos desprevenidos. Não podemos vacilar. Escudados por Jesus, o Supremo Pastor, não vamos vacilar.

Obedeçamos ao conselho de Paulo: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue.” (Atos 20:28). — Zinaldo A. Santos