“Os céus por Sua palavra se fizeram, e pelo sopro de Sua boca o exército deles” (Sal. 33:6)
Uma interpretação literal do primeiro capítulo de Gênesis afirma que um Deus pessoal criou a Terra e a vida em seis dias consecutivos de 24 horas. Nesse relato, encontramos um Deus agindo de modo muito semelhante a um pai amoroso. É nessa moldura que o Senhor cria um ambiente de beleza e segurança para Seus filhos.
Para algumas pessoas, o relato de Gênesis é simbólico, ou mitológico, e os seres humanos evoluíram durante longos períodos, ou eras, através de um processo gradual que pode ter começado com uma célula viva que aparentemente se alojou em um lodaçal e, a partir daí, desenvolveu-se durante milhões de anos, até se tornar o sofisticado e complexo sistema humano que hoje conhecemos.
Um indivíduo que tem vivenciado uma experiência com Deus como um Ser amoroso pode achar muito difícil conciliar esse Deus com um processo impessoal, desenvolvido ao acaso, que acaba em trevas e morte para todos. Uma premissa básica para o evolucionismo teísta – defensor do conceito segundo o qual Deus usou a evolução para criar vida – é que Ele foi dependente da morte como parte do processo evolucionário. Nesse caso, Deus, não Satanás, é a fonte de morte. Mas, por que deveria um Deus de amor escolher milênios de brutais e cruéis sofrimento, trauma e morte, como meios de criação?
Ciência e interpretação
As Escrituras são claras a respeito da criação e da morte; mas qual é a opinião da ciência? Tanto a criação como a evolução podem ser apoiadas por consideráveis dados complexos. A diferença básica entre os dois paradigmas é como os dados são interpretados. Vejamos alguns exemplos:
O relatório fóssil. Os fósseis usualmente são encontrados em uma acomodação de camadas de rochas, uma camada sobre a outra. A acomodação é algo parecido com um livro histórico, com as páginas mais velhas no fundo. O fóssil acontece em uma ordem específica nessa seqüência de rochas. As camadas mais baixas são, na maioria das vezes, invertebrados marinhos. Mamíferos e pássaros não aparecem até muito mais acima, na seqüência rochosa, e os seres humanos são encontrados somente nas rochas mais jovens; ou seja, aquelas que se encontram no topo. Em outras palavras, mariscos, lesmas e estrelas-do-mar foram fossilizados primeiro, e os seres humanos foram fossilizados somente no fim da seqüência.
Na interpretação evolucionista dos dados, as estrelas-do-mar aparecem no relatório fóssil antes dos seres humanos, porque elas evoluíram 500 milhões de anos antes deles. Diferentes animais foram sepultados e fossilizados enquanto elas evoluíam, e não houve seres humanos até que quase todos os outros grupos animais tivessem aparecido.
A visão criacionista, entretanto, observa os dados e diz que os seres humanos e outros grandes tipos de animais foram criados na mesma época das estrelas-do-mar. Porém, quando o dilúvio teve início, as estrelas-do-mar e outros animais que viviam nos mares foram mortos e sepultados nas camadas mais baixas das rochas. Os seres humanos, por sua vez, viviam na terra, em diferentes áreas do planeta, e sobreviveram até perto do fim do dilúvio, quando então foram sepultados nas camadas mais altas das rochas.
A seqüência dos fósseis não registra uma seqüência de evolução; na verdade, mostra quando diferentes grupos de animais morreram e foram sepultados no catastrófico dilúvio global. Pelo fato de não termos respostas para todas as perguntas e, Conseqüentemente, não podermos fornecer uma explicação absolutamente completa, criacionistas e evolucionistas encontram alguma dificuldade para explicar todos os detalhes da questão.
Problemas dos evolucionistas. A maioria dos grupos de animais ou plantas não está reunida no registro fóssil pelas séries evolutivas intermediárias, como era de se esperar, segundo esse paradigma.
Problemas dos criacionistas. Uns poucos grupos de fósseis tendem a parecer bons evolutivos intermediários. Também é difícil explicar como os diferentes grupos de animais acabaram sendo arranjados em uma seqüência tão detalhada nas rochas. Por que as águas do dilúvio carregaram uns poucos ratos para a orla marítima e os sepultaram com as estrelas-do-mar?
Dados radiométricos. No processo de acomodação das camadas de rochas, certos materiais radioativos são mais abundantes nas rochas mais velhas, as inferiores, e menos abundantes nas camadas superiores. Nestas, esse material tem-se transformado, ou reduzido, através do tempo, em uma forma que não é radioativa. Essa mudança radioativa leva um longo período – milhares de anos para o carbono 14, e milhões para outros elementos.
De acordo com a interpretação evolucionista dos dados, os materiais radioativos indicam que as rochas mais velhas têm centenas de milhões de anos. Conseqüentemente, as formas de vida fossilizadas naquelas rochas também possuem essa idade.
Para a interpretação criacionista, entretanto, a vida na Terra existe há apenas milhares de anos. Isso significa que a mudança radioativa ocorreu a uma velocidade muito maior do que pensam os cientistas.
Problemas para os evolucionistas. Algumas evidências nas rochas parecem requerer um período muito mais curto para a formação do nosso mundo. Por exemplo, em muitos casos de dados radiométricos para as rochas, como tal método de datação é compreendido, seria necessário que a superfície terrestre tivesse ficado exposta por milhões de anos, com pouca ou nenhuma erosão do solo e das rochas. Isso não acontece na natureza hoje. O que normalmente ocorre é que, com o passar do tempo, rios e cursos d’água provocam erosão no solo, formando montes, vales e cânions. Isso parece indicar que o método radiométrico de datação está errado.
Problemas criacionistas. Os processos físicos da radioatividade têm sido analisados extensivamente, e ainda não sabemos o que poderia fazer com que os “relógios” radiométricos fossem tão errados como requer o paradigma criacionista. Seguramente, um criacionista pode sugerir que esses fatores desconhecidos, ainda por serem descobertos, responderão às questões radiométricas pendentes.
Leis naturais e desígnio
Muitos cientistas aceitam o paradigma do naturalismo, que nega qualquer ação sobrenatural na História. O naturalismo é um paradigma controlador na ciência moderna. Todas as coisas são compreendidas como estando em funcionamento apenas pela lei natural. Nenhum tipo de milagre deveria, jamais, ser usado para explicar os dados observados. Entretanto, no caso de aceitarmos essa limitação, porventura haveria suficiente espaço para uma explicação adequada, completamente plausível?
Vamos tomar um exemplo: um automóvel funciona pela operação da lei natural. Não acreditamos que haja espíritos sobrenaturais dentro do motor, impulsionando os pistons. Mas seria essa uma boa razão para negar a possibilidade de que seres inteligentes estiveram envolvidos na origem do carro?
Agora, pensemos na célula humana. Proteínas são como tijolos necessários Existe algum meio pelo qual uma máquina possa usar as leis da natureza a fim de produzir informação original, significativa, em um livro? Não. A informação é produto da inteligência. Nenhuma lei indica se B deveria vir antes de M, ou S depois de L. A ordem das letras e palavras em um livro resulta apenas do pensamento inteligente.
à construção de toda célula do organismo. Elas são longas cadeias de pequenas moléculas chamadas aminoácidos. Um aminoácido é uma combinação particular de carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio. Se misturarmos esses elementos sob as condições certas, as leis da química produzirão neles uma combinação que resultará em aminoácido. Quer isso dizer que a vida poderia facilmente começar por esse processo?
Para responder, devemos também considerar o conceito de “informação”, que é uma forma de expressar idéias. Por exemplo, as palavras escritas por um poeta constituem-se informação. Ou poderiamos descrever informação como sendo instruções técnicas, precisas, sobre como fabricar um automóvel. Existe alguma lei natural capaz de produzir informação em um livro de poesia ou em um manual de instruções de automóvel?
O papel em um livro é reunido por uma aplicação particular das leis químicas; mas as palavras e as sentenças — a informação – contidas nesse livro não resultam de leis naturais. A informação é resultante de pensamento e iniciativa inteligentes. Por que isso é importante? Porque a vida está baseada em informação particular.
Aproximadamente 20 diferentes aminoácidos reunidos, como elos de uma cadeia, formam uma proteína. Se fazemos uma proteína a partir de uma série de aminoácidos, as letras que a representam poderiam parecer isto: ADGOCITBLERACKBNSK – e essa é uma das identificações mais fáceis. A tarefa específica do aminoácido em uma proteína é determinada pela seqüência de aminoácidos, tal como a seqüência das letras determina o significado de uma sentença. Compare a informação contida nestas duas seqüências de letras: 1) RFOBROIBPO-DEMOF; 2) DEUS AMA VOCÊ. A diferença de significado é simplesmente tremenda, não é verdade?
Assim, a função de uma proteína também é determinada por sua seqüência de aminoácidos. Mas nenhuma lei da natureza contém a informação sobre que seqüência de aminoácidos deveria existir em qualquer proteína. A seqüência de aminoácidos é informação e não está determinada por lei natural. Sabe a célula viva como fabricar a proteína correta? Em seu DNA, a célula contém instruções que falam exatamente que seqüência de aminoácidos fará a proteína correta. Onde o DNA conseguiu essa informação? Nenhuma lei natural dita a informação para o DNA ou a proteína – ela tem de ser inventada. A diferença entre processos governados pela lei natural e a informação constitui-se uma chave para entendermos o que é a vida.
Nosso corpo é feito de inumeráveis “máquinas”, como o coração e milhares de outros mecanismos microscópicos moleculares em cada célula. A operação de cada um desses mecanismos é governada por leis naturais incompreensíveis. Mas as instruções que permitem ao corpo fazer todas essas pequenas “máquinas” são informações que não são geradas por leis naturais.
A vida só pode existir por causa da informação que controla a manufatura de milhões de partes de alguma coisa viva. Quando estudamos a fabricação e o funcionamento de um automóvel, compreendemos que as instruções para a formação de todas as suas partes são resultado do esforço inteligente de um inventor. Ora, uma informação muito mais complexa do que essa é responsável pela formação de um ser vivo. Não seria isso indicador de que a origem desse ser dependeu de um Inventor inteligente?
Origem das principais formas de vida
Tendo em mente a possibilidade de que a vida foi criada, alguém pode perguntar-se: como surgiram as diferentes formas de vida? Depois de Deus haver criado os primeiros microorganismos vivos, com toda a informação para produzir mais coisas vivas, é possível que o processo evolucionário e seleção natural mude-os gradualmente para diferentes tipos de vida?
As coisas vivas mudam. Mesmo um criacionista deve reconhecer que têm ocorrido transformações dentro dos grupos que foram criados. A ciência também chama esse tipo de mudança de evolução (microevolução). Mas a evolução também tenta explicar quão completamente novos tipos de animais ou plantas podem surgir. O que implicaria a evolução de um invertebrado para mamíferos de sangue-quente que têm existência curta? Certamente, isso requereria o desenvolvimento de nova informação para o DNA, instruções para a formação de um esqueleto, pulmões, cérebro e outros novos órgãos que não existiam antes. Seria necessária a adição de muitos novos capítulos de informação precisa para o “manual de instruções” de formação da vida.
Se não houve ação inteligente na designação de coisas vivas, todos esses volumes contendo novas informações teriam de surgir gradualmente, através de mudanças resultantes de transformações casuais no DNA, chamadas mutações, e através da seleção natural. Podemos nós provar que isso é impossível de acontecer? Não. Ninguém pode provar o que pode ter acontecido há muito tempo. Podemos apenas explorar as possibilidades. A evolução de nova informação começa com mutações que transformam nucleotídeos em DNA, que pode modificar um aminoácido em uma proteína (“mudando as letras” em nossa simples proteína).
No modelo evolucionista, essas mudanças aconteceriam ao acaso – o processo de mutação não conhece o que é necessário ao animal. O naturalismo assume que as mutações ao acaso e a seleção natural produzirão tudo o que será necessário a ele. Será isso real? Será que esse processo desenvolverá novos e complexos órgãos, que não existiam antes, ou poderiam as mudanças casuais finalmente se mostrarem destrutivas?
Se alguns caribus (espécie de rena canadense) no Alaska são muito vagarosos para escapar de um lobo, a seleção natural os eliminará bem como a sua descendência. Alguns cientistas crêem que a seleção natural pode eliminar somente esses seres mais frágeis, mas será incapaz de produzir qualquer novo órgão ou tipo de vida animal. Na verdade, a ciência ainda não demonstrou a existência de um processo genético capaz de desenvolver qualquer novo tipo básico de vida.
O lugar da fé
Embora abundantes evidências favoráveis à criação sejam apoiadas por estudos científicos, tanto para os criacionistas como para os evolucionistas, muitas questões permanecem sem respostas. O que deveríamos fazer se não temos respostas para todas as perguntas? A solução para esse impasse depende da nossa experiência pessoal com Deus. Indubitavelmente, Ele deseja que o crente pense, analise, pesquise, busque e procure fazer descobertas. Mas o ponto básico é: Confiamos nEle e em Sua Palavra? Cremos que Ele sabe muito mais do que nós sobre história antiga, desde que já existia antes de o mundo ser formado? “Onde estavas tu, quando Eu lançava os fundamentos da Terra?” (Jó 38:4).
No relato da criação, aparece repetida sete vezes a expressão: “E assim se fez.” E podemos juntá-la à declaração de Cristo, quando anunciou Seu retorno à Terra: “Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito” (João 14:2). Se as origens da Terra e da humanidade fossem diferentes do que nos mostra o relato bíblico, certamente Cristo nos teria dito.
Cindy Tutsch, Diretora associada do Patrimônio White, na Associação Geral da IASD
Leonard Brand, Professor de Biologia e Paleontologia na Universidade Loma Linda, Estados Unidos