Consolar os tristes, inspirar confiança e ânimo aos abatidos e serenidade e esperança aos angustiados, eis uma parte essencial e urgente do ministério evangélico, de pastores e leigos, em horas de crescente dor e angústia.

Há ao redor de nós homens e mulheres que sofrem. Choram a morte de seres amados. Sentem-se sós. Portam enfermidades incuráveis ou esgotadoras, ou as observam em seus familiares, penalizados. Lutam com a pobreza. Não possuem suficiente pão nem abrigo para os filhos. Ou mortificados por um sentimento de frustração ou de culpa, enfrentam a vida como uma decepção mais do que como uma oportunidade. E não poucos consideram a morte como uma libertação.

Com o sentido social da vida, com interesse e esperança na prosperidade das nações e no bem-estar dos povos, muitos homens de bem arrostam desilusões e sofrem quebrantamento do coração.

É verdade que a ciência e a técnica provêem cada vez mais e melhores recursos para a comunidade e bem-estar da humanidade. A cultura, a indústria, o comércio, tudo pareceria augurar um crescente progresso de nossa civilização. Mas a estabilidade das nações está cada vez mais comprometida. O mundo continua enfermo. As enfermidades que determinaram a queda das civilizações e dos impérios que floresceram no passado se generalizam e se agravam aceleradamente em nossos dias.

A responsabilidade moral está em crise. A veracidade, a honestidade, a justiça, a lealdade aos princípios, ao próximo, às instituições e a Deus, são sacrificadas no altar da ambição, da sensualidade e do prazer; no altar de um falso conceito de justiça, de independência e liberdade do egoísmo em todas as suas formas. E homens e nações marcham para a ruína.

Em face da apostasia e da ruína iminente de seu povo, Jeremias exclamava, como homem público de humana sensibilidade: “Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo”. Jer. 8:21. “Ah! meu coração! meu coração! Eu me contorço em dores”. Jer. 4:19. Lamentava a decadência do Egito, então uma grande nação, com as palavras: “Debalde multiplicas remédios, pois não há remédio para curar-te”. Jer. 46:11. E da grande Babilônia declarou profeticamente: “Repentinamente caiu Babilônia, e ficou arruinada”. Jer. 51:8. Qual seria sua dor ou exclamação em nossos dias, em face da enfermidade moral de homens e nações e a próxima destruição dos impenitentes?

Quão grande é a necessidade atual de verdadeiros consoladores! Os tristes e sofridos necessitam mais do que resignação. Necessitam do bálsamo da saúde e da esperança. O remédio de seus males e sofrimentos para cura imediata, e a certeza de que todos os males que não se eliminam agora, desaparecerão quando Cristo vier em glória.

O “Pai de misericórdia e o Deus de toda consolação” (II Cor. 1:3), diz: “Consolai, consolai o meu povo”, outorga o perdão e anuncia logo a manifestação de Sua glória com o primeiro advento de Cristo (Isa. 40:1 e 5). E mais. Em Seu amor infinito, dá o Seu Filho unigênito, e com Ele todas as coisas, para nossa salvação e felicidade (S. João 3:16; Rom. 8:32).

E Jesus, o grande Consolador, pela boca do profeta anuncia Sua missão: “O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-Me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados (…) a consolar todos os que choram”. Isa. 61:1-3.

Cristo veio como “a consolação de Israel” (S. Luc. 2:25) e da humanidade enferma. Ungido por Deus “com o Espírito Santo e com virtude”, Jesus “andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele”. Atos 10:38.

Sarava os enfermos, consolava os tristes, – alentava os abatidos, alimentava os que necessitavam de pão, libertava os endemoniados, perdoava os pecadores, animava as mães, abençoava as criancinhas, devolvia o gozo aos enlutados.

E antes de partir prometeu enviar-nos “outro Consolador” que estivesse para sempre conosco, “o Espírito de verdade”, que conosco estaria residindo para sempre, e acrescentou: “O Consolador, o Espírito Santo (. . .) vos ensinará todas as coisas”. Guiará os perdidos ao arrependimento e à paz do perdão, ao conhecimento de toda a verdade, a Cristo o Salvador (S. João 14: 26; 16:8 e 13; 15:26).

O Pai, o Filho e o Espírito consolam também guiando à vitória, ao triunfo final do bem sobre o mal, ao mundo renovado, onde “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor”. Apoc. 21:4. Onde os moradores terão “alegria perpétua (. . .), gozo e alegria, e a tristeza e o gemido fugirão”. Isa. 35:10.

Rodeados de homens e mulheres que necessitam consolo, esperança e ânimo, como filho do “Deus de toda consolação”, seguindo o exemplo de Jesus, o grande Consolador, e possuídos do outro Consolador, o Espírito Santo, consolemos com “a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”. II Cor. 1:4. Esta é parte vital de nossa missão cristã. •