(Conclusão)

Parakletos

Esta palavra grega significa: PARA (ao lado de); KLETOS (alguém chamado). No Novo Testamento só João a emprega (S. João 14: 16, 26; 15:26; 16:7 e I S. João 2:1), sendo que quando aparece no seu evangelho é traduzida para Consolador. Os pais latinos, porém, traduziram-na para Advogado. Parakletos é “uma pessoa chamada ou enviada para assistir alguém, um advogado, alguém que pleiteia a causa de outrem.” (Analytical Greek Lexicon — Harper, pág. 303.)

Diz Froom que “na Grécia e em Roma, durante o tempo do Novo Testamento, o advogado ajudava seu cliente de duas maneiras diferentes: algumas vezes ele falava no tribunal, pleiteando por seu constituinte; em outras vezes o advogado simplesmente preparava-o no que devia falar por sua defesa. Assim é Cristo, nosso advogado para com o Pai, e o Espírito Santo conosco. Desta forma Cristo pleiteia por nós, e o Espírito Santo faz o mesmo por Cristo em nossos corações.” — The Coming of the Comforter, Leroy E. Froom, págs. 38 e 39.) •

Deve-se notar que a palavra Parakletos é masculina, e não pode referir-se à uma influência abstrata — o sentido básico de Parakletos é “um ajudador,” uma pessoa que é chamada para determinado fim. (Ver SDABC, Vol. 8, pág. 485.)

“O termo Parakletos jamais foi traduzido por ‘conforto’ e sim ‘Confortador,’ pois só assim expressa trabalho de pessoa. Quando Jesus disse que mandaria o Seu Espírito, não quis dizer o espírito pessoal, à parte de Sua pessoa, mas o Vigário, o Consolador ou ‘o outro Consolador,’ indicando a outra pessoa da Divindade.” — Antonio Neves de Mesquita, A Doutrina da Trindade no Velho Testamento, pág. 37).

Froom, citando a opinião de estudiosos do assunto, diz que o termo PARAKLETOS melhor seria traduzido se o fosse para Advogado. “É a mesma palavra usada para Cristo com referência ao Seu trabalho junto ao Pai: ‘Filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Porém se alguém pecar, temos um Advogado (Parakletos) com o Pai; Jesus Cristo, o Justo.”’ I S. João 2:1. — The Coming of the Comforter, Leroy E. Froom, pág. 38. Froom ainda diz: “A idéia de personalidade domina na construção gramatical das sentenças. Vinte e quatro vezes em S. João 14, 15 e 16, os pronomes ELE, O, LHE, O QUAL, ocorrem, aplicados ao Espírito Santo. Não que os Seres da Divindade sejam masculinos contrastados com femininos, porém pessoais contrastados com os impessoais.” — Idem, pág. 45.

Revela-nos ainda a Escritura que o Espírito Santo pratica atos de uma pessoa, logo não pode ser uma influência, mas sim uma pessoa. O Espírito Santo:

  • 1. Move-Se — Gên. 1:2
  • 2. Ensina — S. Lucas 12:12
  • 3. Convence — S. João 16:8
  • 4. Fala — Atos 8:29
  • 5. Intercede — Rom. 8:26
  • 6. Guia, ouve — S. João 16:13
  • 7. Pode ser tentado pelo homem — Atos 5:9
  • 8. Emociona-Se — Efés. 4:30
  • 9. Tem o Seu nome entre os de outras pessoas — Atos 15:28.

A Bíblia expressamente chama o Espírito Santo de Deus (Atos 5:3 e 4). E os atributos e obras de Deus são atribuídos a Ele. Atributos:

  • 1. Vida — Rom. 8:2
  • 2. Verdade — S. João 16:13
  • 3. Amor — Rom. 15:30
  • 4. Santidade — Efés. 4:30.

Obras:

  • 1. Criação — Gên. 1:2
  • 2. Regeneração — S. João 3:8; Tito 3:5
  • 3. Ressurreição — Rom. 8:11.

Portanto, pelo exposto, o Espírito Santo está no mesmo plano da Divindade. Ele é a terceira pessoa da Trindade.

Outro Consolador (S. João 14:16)

Em língua grega há duas palavras que são traduzidas para OUTRO. São elas: ÁLLOS e ÉTEROS. Kerr assim se expressa sobre o assunto:

“Mas há diferença em várias passagens. ALLOS = Outro (numericamente); Éteros = Outro (diferente); ALLOS, outro da mesma qualidade; ÉTEROS, outro de natureza diferente, contrária. A. T. Robertson insiste nesta distinção em Gál. 1:6, onde Paulo não admite dois evangelhos lícitos ou toleráveis (OUK ESTIN ÁLLO), mas classifica o “evangelho” judaizante como ÉTEROS (radicalmente diferente do único e verdadeiro evangelho).” — Gramática Grega — Guilherme Kerr, pág. 295.

Ele Convencerá:

“O termo “convencerá” é um termo legal. Lembremo-nos novamente que o termo mais adequado para designar o Espírito Santo é o de Advogado, e então não nos será difícil compreender o termo “convencer.” O trabalho do advogado de acusação é fazer a acusação do réu, com as provas em mão. Se bem o fizer, o júri se pronunciará contra o réu e este ficará convicto, “convencido” da razão da sua condenação. Esta é a idéia que João nos dá.” — Teologia Bíblica do Novo Testamento, A. B. Langston, pág. 151).

O Espírito Santo Identificado com Jeová

Em Jer. 31:33 e 34 lemos: “Mas este é o Concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR (JHVH): Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. . . diz o Senhor (JHVH).” Ainda Heb. 8:8-10. Agora, pois, compare com Heb. 10:15 e 16: “E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Este é o Concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o SENHOR. Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos . .. .”

Três Pessoas Distintas

Dizer que a Trindade são apenas “modos” de manifestação de uma ÚNICA pessoa não é verdade, porque a Bíblia realmente nos mostra Três Seres que formam a Divindade. Em S. João 14:16 lemos: “E ELI rogarei ao PAI, e Ele vos dará Outro CONSOLADOR. …” Não é necessário esforço para ver aqui três pessoas.

O profeta Isaías, em seus escritos, várias vezes fala da Trindade: “Chegai-vos a MIM, ouvi isto. . . e agora, o SENHOR JEOVÁ Me enviou o Seu ESPÍRITO.” Isa. 48:16. A tradução Figueiredo sobre este verso em nota de pe de página diz: “Esta cláusula mostra que quem aqui fala de si, não é Isaías, como querem os rabinos, mas o Filho de Deus, anunciando a Sua encarnação.” (Bíblia Sagrada, Versão Clássica do Pe. Antonio Pereira de Figueiredo, vol. III, pág. 136).

Podemos ver ainda a Trindade na visão de Isaías (Isa. 6:1-10): “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao SENHOR (ADONAI).

Santo, Santo, Santo é o SENHOR (JHVH) dos Exércitos. . . os meus olhos viram o rei, o SENHOR (JHVH) dos Exércitos. . . . Depois disto ouvi a voz do Senhor (ADONAI) que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui envia-me a mim. Então disse Ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; não venha ele a ver com os seus olhos, e a ouvir com os seus ouvidos, e a entender com o seu coração, e a converter-se, e a ser sarado.”

Não nos baseamos no triságio (a palavra santo repetida três vezes) para afirmar que naquela visão encontramos a Trindade. No verso 8 está a forma plural: “Quem há de ir por NÓS?” E isto é importante para o nosso estudo. Argumentar, dizendo que ali está a forma plural porque Isaías se acha associado, não é verdade porque noutras ocasiões, quando não só o ser humano estava presente mas até anjos, a forma PERMANECE no singular, como por exemplo: Gên. 18:21 e 22. Por quê? A razão é que em Gênesis só um membro da Trindade está presente, enquanto que na visão de Isaías aparecem os três. Podemos provar isto? Sim.

Quanto a Deus o Pai estar na visão, é ponto pacífico. Todos aceitam que sim. O que é preciso é mostrar que Jesus e o Espírito Santo ali Se encontravam.

Jesus Estava Ali

No Evangelho de S. João 12:36-41, lemos: “Estas coisas disse Jesus; e, retirando-Se, escondeu-Se deles. E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nEle. . . . Por isso não podiam crer, pelo que Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e Eu os cure. Isaías disse isto quando viu a Sua glória e falou dEle.”

O Espírito Santo Estava Ali

Quem afirma isto é o apóstolo Paulo, falando inspiradamente, em Atos 28:25-27: “Bem falou o ESPÍRITO SANTO a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis. Porquanto o coração deste povo está endurecido, e com os ouvidos ouviram pesadamente, e fecharam os olhos, para que nunca com os olhos vejam, nem com os ouvidos ouçam, nem do coração entendam, e se convertam, e Eu os cure.”

Unidade de Deus

Com esta tripersonalidade divina a Bíblia não ensina o triteísmo, mas sim o monoteísmo. Vejamos assim Deut. 6:4, conhecido por SHEMA (é a palavra OUVE com que se inicia aquele texto): “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” Sobre este assunto A. B. Christianini diz: “No texto citado, a palavra “único,” ou melhor, “um” é echod e NÃO INDICA uma “unidade absoluta” em muitas passagens através do Velho Testamento, e muitas vezes indica a “unidade composta,” e isto constitui antes um argumento em favor da Trindade da Divindade (Jeová). Por exemplo, em Gên. 2: 24 está: “deixa o homem pai e mãe, e se une a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” No hebraico está bosor ECHOD. Por certo que isto não significa que no casamento os esposos se tornam uma pessoa, mas se tornam um na unidade de sua substância e, aos olhos de Deus, são considerados uma pessoa. Notemos bem que isto é verdadeira unidade, contudo não uma “unidade solitária,” mas uma “unidade composta.” Citemos outro exemplo: Os doze espias que Moisés enviara a Canaã, voltaram trazendo um enorme cacho de uvas (heb. eschol ECHOD). Núm. 13:23. Ora, desde que haveria centenas de grãos de uvas nesta única haste, por certo que não se tratava de uma unidade solitária ou absoluta, contudo a palavra echod é aí empregada para descrever o cacho. É conclusivo que as uvas eram consideradas uma no sentido de serem da mesma origem, o que prova tratar-se de uma unidade composta.” — Radiografia do Jeovismo, pág. 189.

“É bem certo que nenhuma língua ou religião tem termos suficientes e modos claros de apresentar os termos da proposição. É certo que três pessoas humanas têm unidade específica de natureza e essência, enquanto as três pessoas divinas têm unidade numérica de essência, isto é, têm a mesma essência. A pluralidade da divindade não é pluralidade de essência, mas pluralidade de hipóstasis. Mais ainda, a natureza divina não é abstrata, como a definem as gramáticas, mas unidade orgânica.” — Antonio N. de Mesquita, A Doutrina da Trindade no Velho Testamento, pág. 36.

Portanto, nunca procuramos defender a idéia de que há três pessoas unidas em uma só, como um corpo e três cabeças.