Orientações inspiradas que ajudam a melhorar a qualidade da nossa pregação

Não. O título desta matéria não se refere a um novo livro de Ellen G. White, embora tenha certa semelhança com alguns títulos já publicados (Conselhos Sobre Regime Alimentar, Conselhos Sobre Saúde, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, Conselhos Sobre a Escola Sabatina, Conselhos Sobre Mordomia). Porém, é verdade que seus escritos a respeito de pregação e pregadores representam material suficiente para um bom livro. Observe, a seguir, algumas de suas joias mais preciosas sobre as características da pregação efetiva.

Fundamento bíblico

“As afirmações do homem são de pouco ou nenhum valor. Deixem a Palavra de Deus falar ao povo. Deixem aqueles que têm ouvido apenas tradições e máximas humanas ouvirem a voz de Deus, cujas promessas são cumpridas em Cristo Jesus” (R&H, 11/03/1902).

Cristocêntrica

“A fim de ser devidamente compreendida e apreciada, toda verdade da Palavra de Deus, de Gênesis a Apocalipse, precisa ser estudada à luz que dimana da cruz do Calvário. Apresento perante vós o grande, magno monumento de misericórdia e regeneração, salvação e redenção – o Filho de Deus erguido na cruz. Isto tem de ser o fundamento de todo discurso feito por nossos pastores” (Evangelismo, p. 190).

Relevância

“É no trabalho fora do púlpito, entre as famílias que as mais ricas e valiosas experiências são adquiridas e que o pastor aprende como pode alimentar o rebanho de Deus, dando a cada um sua porção de alimento no devido tempo… Mas, se o pastor não visita, ele não conhecerá a condição do rebanho, não saberá quais verdades apresentar nem o que é apropriado a cada caso” (Apelo e Sugestões a Líderes, p. 18).

Praticidade

“Representações fantasiosas da verdade podem provocar um êxtase dos sentidos, mas não raro, verdades apresentadas desta maneira não suprem o alimento necessário ao fortalecimento e robustecimento do crente para as batalhas da vida. As necessidades imediatas, as provas presentes das pessoas em conflito, devem ser enfrentadas com instrução prática e sadia com base nos princípios fundamentais do cristianismo” (Atos dos Apóstolos, p. 252).

Ilustração

“Por intermédio da imaginação, [Jesus] chegava-lhes à alma. Suas ilustrações eram tiradas das coisas da vida diária, e, conquanto simples, encerravam admirável profundeza de sentido. As aves do céu, os lírios do campo, a semente, o pastor e as ovelhas – com essas coisas ilustrava Cristo a verdade imortal” (O Desejado de Todas as Nações, p. 254).

Reverência

“Os pastores não devem formar hábito de contar anedotas no púlpito; isto prejudica o poder e a solenidade da verdade que apresentam. A narração de anedotas ou incidentes que produzam riso ou um pensamento leviano no espírito dos ouvintes é severamente censurável. As verdades devem ser revestidas de linguagem pura e cheia de dignidade; e as ilustrações devem ser de caráter semelhante” (Evangelismo, p. 640).

Equilíbrio

“Como mensageiros divinamente designados, os pastores estão numa posição de extraordinária responsabilidade. Eles devem reprovar, repreender, exortar, com toda longanimidade. À semelhança de Cristo, devem agir como despenseiros dos mistérios do Céu, encorajando o obediente e advertindo o desobediente” (R&H, 11/09/1913 – grifo acrescentado).

Apelo integral

“A pregação da palavra deve apelar para a inteligência, e comunicar conhecimento, mas cumpre-lhe fazer mais que isso. A palavra do pastor, para ser eficaz, tem de atingir o coração dos ouvintes” (Obreiros Evangélicos, p. 152).

A relação entre mensagem e mensageiro é vital. A personalidade e o caráter deste exercem tanta influência sobre aquela como a condição de limpeza de um vaso afeta o conteúdo dele. Por isso, o sermão requer a existência de um pregador idôneo, capaz, adequado. Ellen White se antecipou também a tudo o que os modernos eruditos da homilética têm a dizer sobre as características do pregador. Aqui estão algumas de suas declarações.

Coerência

“Há perigo de que os pastores que professam crer na verdade presente se satisfaçam em apresentar a teoria somente, enquanto a própria pessoa não sente o seu poder santificador. Alguns não têm o amor de Deus no coração suavizando, moldando e enobrecendo a existência” (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 526).

Refinamento

“A conduta do pastor enquanto no púlpito deve ser ponderada, não descuidada. Ele não deve ser negligente com respeito à sua atitude… Deve adotar ordem e possuir refinamento no mais alto sentido… Suas palavras devem ser selecionadas e saudável sua pregação. Palavras acidentais usadas pelos pastores que não pregam o evangelho em sinceridade, devem ser para sempre descartadas” (Ibid., v. 2, p. 706, 707).

Gesticulação adequada 

“No púlpito, os pastores não têm permissão para se comportarem como atores, tomando atitudes e expressões calculadas para causar efeito. Eles não ocupam o púlpito sagrado para agir como atores, mas para ensinar verdades solenes. Há também pastores fanáticos que, na tentativa de pregar a Cristo, esbravejam, gritam, saltam, esmurram o púlpito, como se esse exercício corporal servisse para alguma coisa. Tais exibições não conferem força nenhuma às verdades proferidas. Ao contrário, desagradam homens e mulheres de temperamento calmo e visão elevada. No púlpito, é dever dos que se entregam ao ministério abandonar toda espécie de rudeza e toda conduta tempestuosa.” (Evangelismo, p. 640).

Voz agradável

“A voz é um grande poder, contudo muitos não têm treinado para usá-la em sua mais alta capacidade. Jesus é nosso exemplo. Sua voz era musical e jamais a elevava forçando em altas notas quando falava ao povo. Ele não falava tão rapidamente misturando as palavras, de modo que dificultasse a compreensão. O Mestre enunciava distintamente cada palavra, e aqueles que ouviam Sua voz podiam testemunhar: ‘Nunca alguém falou como este Homem’.” (R&H, 05/03/1895).

Objetividade

“Que a mensagem para este tempo não seja apresentada em discursos longos e elaborados, mas em práticas breves e incisivas, isto é, que vão diretamente ao ponto. Sermões prolongados fatigam a resistência do orador e a paciência dos ouvintes. Se o pregador é daqueles que sentem a importância de sua mensagem, precisa ser especialmente cuidadoso para que não sobrecarregue suas energias físicas, e dê ao povo mais do que pode reter” (Obreiros Evangélicos, p. 167,168).

A grandeza do nosso chamado e a nobreza da verdade que proclamamos nos impõem o dever de dedicar a Deus e à tarefa da pregação nada menos que a excelência. É assim que a benção divina acompanhará nossos esforços, fazendo com que frutifiquem para a eternidade.