A psicologia do universitário necessita ser estudada e compreendida. A pena inspirada nos deixou êstes conselhos: “Lidar com o espírito humano é a maior obra que já se confiou ao homem” — Obreiros Evangélicos, pág. 117. “Aquêle que procura transformar a humanidade deve compreender êle próprio a humanidade” — Educação, pág. 78. E a Palavra de Deus aconselha: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas, e cuida dos teus rebanhos” Prov. 27:23.
Tornar-se-ia tarefa difícil pretender trabalhar com um potencial humano como o que constitui os universitários adventistas, sem conhecer a fundo sua natureza humana. “É mais difícil atingir o coração dos homens hoje em dia, do que foi há vinte anos” — Evangelismo, pág. 178. (Escrito em 23 de abril de 1908). Passaram-se 63 anos desde que foram expressas estas palavras inspiradas, e se então era difícil alcançar os corações, o que será hoje quando o pecado fêz mais complexa a vida humana? Estimula-nos saber que “Jesus buscava um caminho em direção a cada coração” (Palabras de Vida del Gran Maestro, pág. 13).
Quanto mais nos aproximarmos da vida e dos métodos de Cristo, mais êxito alcançaremos em nosso trabalho em favor dos universitários. Jesus foi o maior psicólogo que o mundo já conheceu, porque “não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque êle mesmo sabia o que era a natureza humana” (S. João 2:25). “Jesus estudava e vigiava o rosto de seus ouvintes. . . lia todo coração, tocava-o e despertava as simpatias” — Obreiros Evangélicos, págs. 98, 113, 220 e 127. Atuava em cada um conforme seu temperamento e caráter. Necessitamos estudar e conhecer mais de perto a metodologia de Jesus, e, então, nosso trabalho produzirá melhores resultados.
“A obra de Cristo foi, em grande parte, constituída de entrevistas pessoais. Tinha fiel consideração pelo auditório representado por uma única alma. . . . ” — Mensagens aos Jovens, pág. 201.
Assim como nos dias de Cristo as pessoas se sentiam cativadas porque Jesus as distinguia interessando-se pelas necessidades individuais e criando assim um clima propício para o diálogo, a juventude universitária de nossos dias sente-se atraída a quem lhes demonstre interêsse em manter o diálogo cordial que expresse comunicação de uma alma a outra alma. Nossa juventude, especialmente, necessita simpatia, compreensão, companheirismo, e quando a fibra sensível é tocada, encontra-se uma resposta favorável.
O conselheiro espiritual e amigo dos universitários, necessita depender muito de Deus, passar muito tempo sôbre seus joelhos e ao mesmo tempo manter um nível intelectual ao tom de suas responsabilidades, pois “o espírito culto é a medida do homem” — Conselhos aos Professores. . ., pág. 428. Necessitamos ir aonde êles estão, para que êles venham para onde devem estar.
Devemos ter sempre em mente que o jovem que vai à universidade enfrenta uma série de problemas de todo tipo. Deixa seu lar para viver distantes de seus pais, familiares e amigos. Interna-se em um mundo nôvo, cheio de surprêsas: métodos de vida diferentes do habitual, ambiente nôvo, professores e colegas novos. Passa a ser uma pessoa independente. Tentações talvez não imaginadas o espreitem, correntes filosóficas estranhas a seu pensamento e forma de vida e mil atrações se lhe deparam na nova vida, a universitária. Tudo isto e muito mais deve-se ter em conta ao trabalhar por êles e com êles.
“A simpatia é a originadora da prestatividade eficaz” — Educação, pág. 269. Quanto necessitamos desta graça divina! Que resultados maravilhosos se alcançam quando se transmite esta virtude que brota de uma alma que ama e anela projetar-se aos demais! Isto é captado como por ondas invisíveis mas reais e o coração cede maravilhosamente ao poderoso influxo do amor e da compreensão.
Captado êsse apreço e respeito necessário, é admirável ver como o coração se abre e se verte a torrente de energia criadora, com seu engenho e graça, que inflama a igreja, dando origem a novas formas de trabalho, com resultados nunca imaginados. A juventude universitária gosta de participar no planejamento e execução do trabalho missionário ou de qualquer outra índole, e quando se sente parte integrante da igreja, é capaz de realizar emprêsas que requeiram esforço verdadeiro. As igrejas de Córdoba, ao contar com uns 90 universitários, julgaram conveniente organizar o Centro Universitário Adventista: seu presidente faz parte da comissão da Igreja Central. Isto foi de positiva ajuda, pois a juventude não gosta muito de receber diretrizes sôbre algo já estruturado, mas lhe encanta e entusiasma o fato de preparar, criar, proporcionar idéias, ser parte integrante da equipe que planeja as tarefas a serem realizadas.
A dinâmica de grupos produziu frutíferos resultados. Gostam de se agrupar em equipes por afinidade de gostos, de ideais, de inquietudes, e é notável ver os resultados que se obtêm.
Anima-os que se os tomem em consideração, e prestam então um serviço variado e eficaz. A crise de fé em nossa juventude é dessa forma superada, dando lugar a uma fé vigorosa e firme. Responsabilidades dentro da igreja, tais como de anciãos, diáconos, secretários-missionários, diretores ou professores da Escola Sabatina e dos Missionários Voluntários, relações públicas, pregadores leigos, A Voz da Mocidade, A Bíblia Fala e outras atividades, muitas delas planejadas pelos próprios jovens, podem ser desempenhadas com tôda eficiência por êles. Necessitamos colocar responsabilidades sôbre seus ombros com base na consagração, confiança e eficiência.
As mesas-redondas onde se analisam temas de seu interêsse e preocupação são de muito valor. Gostam que se lhes fale com franqueza. Necessitam conhecer que existe uma plataforma livre para expressar suas idéias em forma respeitosa e cordial. Querem ser ouvidos e compreendidos, e aos adultos nos toca a tarefa de guiá-los e aconselhá-los. Nossa juventude tem boas intenções, mas às vêzes possui má base, má formação, informação errônea ou parcial, e portanto, gosta de que haja informação e discussão sólida e construtiva.
A inibição, o retraimento, a falta de interêsse por parte de certo setor, deve ser levada em consideração e procurada uma solução particular para cada problema. Devem se sentir integrados intelectual e emocionalmente, e os resultados serão maravilhosos. A participação vem como conseqüência de haver descoberto talentos e habilidades não conhecidas e de conferir responsabilidades adequadas a êles. Não lhes agrada a rigidez, mas a amplitude de critério e deve haver uma combinação de aprendizagem e ação; preparação e execução desenvolvidos em um ambiente de confiança mútua e afetuosa camaradagem que se ligue intimamente.
O Senhor deseja que os jovens atinjam o “mais elevado grau de excelência. Deseja que alcancem o mais alto lance da escada, para que daí penetrem no reino de Deus.” — Mensagens aos Jovens, pág. 162. Se o conselheiro universitário tem sempre presente êste desejo do Senhor, planificará seu trabalho tendo muito em conta êste maravilhoso potencial humano que Deus colocou em suas mãos, e tratará de inspirar e aconselhar de tal maneira que todo o conhecimento adquirido pela juventude em sua passagem pela universidade, não levará outro objetivo que o de se preparar para esta vida e para a vindoura. Animará e orientará de tal maneira que o jovem, dentro e fora da universidade, terá sempre em mente que o Senhor o colocou em situação de privilégio, outorgando-lhe a responsabilidade de compartir sua fé cristã com professores e alunos, demonstrando-lhes por preceito e exemplo, a solidez dos princípios que sustenta.
Durante sua permanência na universidade, será conveniente promover visitas a nossas instituições, para vincular estreitamente a nossa juventude com os interêsses e necessidades da Obra. Tudo o que se faça neste sentido obterá os melhores dividendos. Nossa organização necessita de jovens consagrados e talentosos, e ficamos contentes em saber que existem instituições nossas que estabeleceram um sistema de bôlsas e ajudas para jovens promissores. Que o Senhor nos abençoe ricamente e nos ilumine em relação ao trabalho com nossa querida juventude, que constitui o melhor capital que possuímos e a maior esperança de nossa igreja.
ENCONTRO DE UNIVERSITÁRIOS ADVENTISTAS
Entre os dias 10 a 13 de junho do presente ano, realizou-se no Instituto Adventista del Uruguay uma interessantíssima reunião de estudantes, organizada pelo CUAM (Centro Universitário Adventista de Montevidéu). Participaram dêste conclave os universitários da cidade e como convidados especiais representantes dos centros afins de La Plata e Buenos Aires, além de alunos dos cursos superiores do Colegio Adventista del Plata.
A nota original desta reunião foram os temas discutidos: Reavivamento ou Reforma, o Espírito Santo, o Santuário e Seu Significado para a Igreja Remanescente e Métodos de Trabalho Missionário dos Universitários.
Coube-nos a satisfação de compartir todo o tempo das reuniões com o grupo, além de colaborar com a organização do certame e escolha dos temas a serem tratados. A opinião final foi unânime de que a reunião tinha deixado marcas indeléveis na consciência de cada rapaz ou môça participante.
Em uma hora de perigos para nossa juventude, perigos que se tornam mais graves para os que freqüentam as universidades, como igreja devemos procurar uma alimentação espiritual mais sólida para êles. Recomendamos com empenho a realização dêsses encontros.