W. E. MURRAY

(Presidente da Divisão Sul-Americana)

UM dos problemas mais graves que nossa organização tem que enfrentar é o das apostasias da verdade divina. Êstes problemas também incluem, até certo ponto, os que faltam sistematicamente aos cultos, bem como os desaparecidos.

Quando algum membro da igreja adventista é excluído de seus registos, devido à falta de cumprimento de suas normas, êste fato causa uma má impressão entre os crentes. Às vêzes o excluído fica amargurado, descontente e queixoso e, com suas observações e críticas, faz muito mal entre vizinhos e amigos. Esta atitude fàcilmente cria um preconceito na mente dos que não são crentes. Mais adiante, se ali chega algum colportor, instrutor bíblico ou pregador para interessar na verdade os conhecidos, sempre se lembrará êle do que foi dito pelo apóstata. A impressão de um procedimento tal cria também ambiente mau na própria igreja. Sobretudo nos de experiência espiritual frouxa, êste fato não causa impressão desejável. Perde-se, também, o que se havia investido em orações, trabalhos, pregações e outros aspectos. Perde-se, também, o que êsse membro teria podido fazer na igreja. Estas perdas são de considerável importância e nem um minuto devemos deixar de pensar em fazer alguma coisa para melhorar esta situação. Os pastôres da igreja, os administradores dos campos locais, bem como os demais obreiros que têm que ver diretamente com êstes assuntos, deveriam meditar nos possíveis planos tendentes a evitar, pelo menos em parte, a perda de membros de nossas igrejas.

Creio que seria mais fácil evitar êstes casos se pensássemos nos motivos que os causam. Por um lado está a falta de estudos bíblicos e o descuido da oração pessoal. Às vêzes é a crítica da parte de outros membros da igreja. Noutros casos é a falta da âncora da fé e a fôrça resultante do profundo conhecimento das doutrinas e crenças, o motivo da apostasia. O amor do dinheiro é outra das possibilidades. O amor do mundo e dos prazeres do século, podem também constituir motivos para isso. Em fim, pode haver muitas causas para a apostasia e cada ministro e administrador deve pensar na maneira de evitá-las. A igreja perde muito com as apostasias e devemos resolver o problema com descobrir as causas do mesmo para extirpá-las pela raiz.

O apóstolo São Paulo teve que lutar com êstes mesmos problemas. A seguir vai uma lista parcial do que êste grande homem fêz para manter as igrejas animadas e evitar as apostasias:

  • 1. Não cessou jamais de orar pelo povo de Deus, e êste sabia que o apóstolo estava orando em seu favor.
  • 2. Aproveitou cada ocasião para demonstrar seu apreço pelas coisas boas que os irmãos das igrejas faziam. Não lisonjeava as pessoas, mas demonstrava-lhes seu sincero apreço. Aos irmãos de Tessalônica lhes disse que sempre se lembrava de seu “trabalho da caridade”. (I Tess. 1:3.) Também demonstrou seu apreço para com os Colossenses pelo amor que professavam por todos os santos. (Col. 1:4.)
  • 3. Era muito cuidadoso em não apenas ensinar as verdades do Evangelho, mas em repeti-las me-diante suas epístolas e exemplo pessoal, do que dão fé seus escritos aos crentes de Corinto e Galácia.
  • 4. Ao finalizar suas viagens missionárias, São Paulo voltava para “confirmar” as igrejas. Há tam-bém outros ensinos valiosos que podemos tirar da maneira de proceder dêste grande apóstolo, que nos serão muito úteis em nossa luta contra o problema que nos preocupa.

Os missionários verão grandemente facilitada a solução dêste problema se forem cuidadosos em visitar os membros indiferentes da igreja. O pastor deve possuir um sexto sentido que lhe faça ver estas coisas ao visitar os membros que têm certas tendências para a indiferença. O pastor fará bem em exortar estas pessoas tanto em seus sermões como nas visitas que lhes faça, contra qualquer possibilidade que poderia resultar do afastamento da igreja. Devemos ter sempre um cuidado especial em instruir os conversos, antes de batizá-los, em tôdas as doutrinas e práticas da igreja. Boa regra é animar os membros a praticar a religião por algum tempo antes de batizá-los. Deveriamos reconhecer, também, que os membros novos necessitam de um período de confirmação na igreja. O pastor bem fará com dar instruções aos novos para que tomem parte em tôdas as atividades da igreja e participem de tôdas as suas reuniões.

Por outra parte as reuniões da igreja deveriam alcançar certas normas de perfeição e solidez espiritual. Há certos temas que deveriam ser apresentados no transcurso do ano para firmar os membros na verdade e guiá-los na vida espiritual. Devería-mos formar em cada membro da igreja a consciência de ser êle guardador de seu irmão. (Gên. 4:9) Tome cada um interêsse em animar e ajudar os membros novos.

Nada há que mais contribua para evitar as apostasias do que o estudo da Bíblia e a oração particular. Se cada um estudasse sua lição da escola sabatina todos os dias, receberia lições valiosíssimas para entesourar. A irmã White nos diz na página 366 do livro O Evangelismo, o seguinte: “Muitos se desviarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores. Patriarcas e Profetas e O Conflito dos Séculos são livros especialmente próprios para os que chegaram de pouco à fé, para que sejam firmados na verdade.”

Não deveriamos perder de vista a importância de nossas revistas que trazem artigos de valor espiritual, bem como informam do progresso da obra de Deus em outros lugares. Cada família teria que ler nossas revistas, inclusive as publicações para os jovens e as crianças.

Muitas vêzes as pessoas indiferentes e apóstatas me mencionaram no decorrer de uma conversação, quanto à sua vida espiritual, o seguinte: “Não tivemos a Ceia do Senhor por tanto tempo!” Creio de todo o coração que um dos valores da vida cristã consiste em tomar parte na Santa Ceia. Êste é um culto da igreja que provàvelmente nos aproxima mais de Deus e nos prepara para o Seu reino. Não o descuidemos, pois, e vejamos que os membros de nossas igrejas dela participem.

Como ministros e obreiros evangélicos tratemos de evitar, no que fôr possível, que nossos membros de igreja se tornem indiferentes e espiritualmente frios. Estudemos a fundo as causas das apostasias e façamos esforços para remediá-la pela graça de Jesus Cristo.