Sugestões que ajudam a aprimorar o funcionamento dos pequenos grupos

Desde cedo, o ser humano procura se identificar com um grupo. Aprendemos que, sozinho, ninguém alcança eficácia na vida. Através dos nossos relacionamentos, diálogos, participação e comunicação, compreendemos que “há sempre alguém, um referencial, um suporte, uma estrutura que nos incentiva e nos impulsiona para a realização”.1

Não é por acaso que “surgem assim, os fenômenos de grupos: pessoas que se juntam com objetivos definidos, defendendo causas, criando projetos, desenvolvendo ações sociais comunitárias, cumprindo ordens, ‘jogando conversa fora’, enfim, buscando ou desenvolvendo os mais variados objetivos”.2 Foi Deus quem colocou no ser humano esse desejo de se relacionar, pertencer, amar e ser amado, tudo isso através da convivência.

Os grandes pensadores modernos dizem que o futuro já chegou e trouxe consigo mudanças, novos conceitos, esfacelamento de alguns paradigmas e exigindo muita habilidade e agilidade nos processos da vida cotidiana. A igreja não pode ser indiferente a isso; pois, Deus, em Sua onisciência, providenciou um organismo com uma estrutura altamente eficaz, que prepara a igreja para suprir as necessidades humanas. Referimo-nos aos pequenos grupos.

Pequenos grupos como equipes

Nunca se enfatizou tanto elementos como parceria, liderança, mudanças, qualidade e motivação, como sendo importantes para a sobrevivência e o crescimento de qualquer organização. A igreja, mesmo não sendo uma empresa ou instituição humana, não pode descartar esses elementos em sua tarefa de pregar o evangelho a todo o mundo. Por isso, é necessário fundirmos a eficiência da quantidade dos pequenos grupos com a eficácia de sua metodologia, ou seja, transformá-los em equipes de trabalho.

“Especialistas em desenvolvimento humano têm afirmado que os grupos caminham juntos, mas não se afinam. Equipes compreendem seus objetivos e engajam-se em alcançá-los, de forma compartilhada. Numa equipe, portanto, há comunicação verdadeira, existe confiança mútua entre seus membros, os riscos são assumidos juntos, as habilidades de uns possibilitam o complemento das habilidades dos demais… enfim, há respeito, mente aberta e cooperação.”3

Parceria. Líderes do passado buscavam parceria e conselhos. Moisés trabalhou junto com Arão, atendeu o conselho de Jetro e aliou-se a Josué. Ações isoladas tornam mais difícil a concretização de objetivos. “A Obra não será terminada enquanto os membros não se unirem em serviço.”4 Enquanto não houver parceria íntima entre pastores e membros voluntários, o crescimento da igreja será estorvado.

Liderança. “Não são o suporte, as características, ramo de atividades, tamanho físico, quantidade de funcionários, números de clientes ou cifras da conta bancária que fazem uma empresa, instituição, entidade religiosa, agremiação ou qualquer ajuntamento de gente ser uma equipe ou ter equipes coesas, produtivas, comprometidas, bem relacionadas entre si, autodirigidas e felizes. O que faz um grupo ser uma equipe começa pelo líder. Líder que se sente responsável por quem ele cativou, que incentiva, vibra, enaltece e elogia o processo e os resultados de um trabalho realizado. Líder que compartilha, ouve, delega, agradece e parabeniza. Líder de saia ou de calça. Não importa! Líder gente, convivendo, sentindo, cuidando, gerindo e gerando novos líderes. Líderes que acreditam que o trabalho em equipe é o caminho mais eficaz para a excelência.”5

Mudanças. Mudar é desenvolver de modo responsável os preconceitos. Ninguém pode mudar externamente sem que, antes, essa mudança ocorra em seu íntimo. “As mudanças pessoais podem abranger diferentes níveis: nível cognitivo (informações, conhecimentos, compreensão intelectual), nível emocional (emoções e sentimentos, gostos, preferências), nível atitudinal (percepções, conhecimentos, emoções e predisposição para ações integradas) e nível comportamental (atuação e competência).”6

Se continuarmos andando pelos mesmos caminhos, só chegaremos aos mesmos resultados anteriores. Os pequenos grupos têm ajudado a igreja a andar por outros caminhos e, Conseqüentemente, conseguir melhores resultados. Portanto, mude.

Qualidade. Não basta alguém ser bom no que faz; tem que ser o melhor. Esse é o pensamento dos grandes competidores no mundo empresarial. A igreja não existe para competir, mas necessita melhorar constantemente a qualidade de seus relacionamentos, o atendimento coletivo e individual de seus membros e visitantes.

“Deus requer ordem e método em Sua obra hoje, não menos do que nos dias de Israel. Todos os que estão a trabalhar para Ele devem fazê-lo inteligentemente, não de maneira descuidada, casual. Ele quer que Sua obra seja feita com fé e exatidão, para que sobre ela ponha o sinal de Sua aprovação.”7

Motivação. Durante muito tempo, estivemos liderando a igreja de forma coletiva e generalizada. Achávamos que o melhor era dizermos: vocês, ao invés de “você”; e ouvirmos: nós, em lugar de “eu”. Em termos psicológicos, isso não tem o mesmo efeito quando personalizamos o trato e as respostas. Ver a igreja como uma multidão de indivíduos faz parte da metodologia do século passado, e não produz motivação individual suficiente para termos uma congregação dinâmica, viva e feliz. Ver o indivíduo na multidão, por outro lado, faz parte do plano de Deus para este tempo e prepara a igreja para uma obra mais ampla e eficaz.

Objetivos versus propósitos

Algumas pessoas têm grande facilidade para misturar e fundir os conceitos de objetivos e propósitos. Contudo, propósitos são elementos que devem ser utilizados para se chegar aos objetivos. No caso dos pequenos grupos, os objetivos estão bem definidos: crescimento espiritual e evangelismo. Mas os propósitos precisam ficar bem claros na mente dos membros, caso contrário, os objetivos não serão alcançados.

Uma ênfase excessiva nos objetivos dos pequenos grupos, sem divulgação, acompanhamento e assimilação dos propósitos, por parte dos membros, significa colocar a igreja para cruzar um oceano em um navio sem botes salva-vidas. Isto é, sabe-se onde chegar, mas descarta-se os elementos de sobrevivência tão necessários.

Enquanto não equilibrarmos os propósitos dos pequenos grupos, não conseguiremos ver os líderes e membros cumprindo seus respectivos papéis. Como resultado, teremos uma igreja parcialmente envolvida, buscando realização e satisfação naquilo que não preenche todas as necessidades dos participantes.

Tratamento Personalizado

“As pessoas se realizam nos contextos comunitários em que estão inseridas, tanto para dar respostas às exigências profundas do seu eu social, quanto para suprir suas necessidades existenciais. Assim são elas: dependentes e carentes, revelando nos grupos em que convivem características que lhe são peculiares, como: Interesse, intenções, desejos, frustrações, expectativas, medos, sentimentos.”8

“Quanto mais a igreja cresce, mais importantes se tornam os pequenos grupos em sua função de cuidado pastoral. Eles dão o toque pessoal que todo mundo necessita, especialmente em momentos de crise.”9 Proporcionam tamanha afinidade, que facilitam o cuidado pessoal e a atenção merecida a todos os membros. E devem estar direcionados para atender os mais variados propósitos e interesses, tais como relacionamento, aprendizado e adoração.

Não podemos esquecer onde queremos chegar: crescimento qualitativo e quantitativo. Porém, afirmar que o segredo para essa conquista é a definição e utilização de um só fator como elemento facilitador, é uma atitude simplista. A igreja tem muitas necessidades a serem satisfeitas. Portanto, o caminho mais seguro é o redirecionamento, divulgação e assimilação dos propósitos dos pequenos grupos.

Antes de qualquer coisa, todo participante de um pequeno grupo precisa ter bem claras as respostas para estas perguntas: Por que os pequenos grupos existem (origem divina)? Para que existem (propósitos)? Onde (objetivos) devem chegar? Se esse tripé não estiver bem assentado e claro na mente de cada componente, toda estrutura estará comprometida. “O tempo é breve, e nossas forças têm de ser organizadas para produzirem uma obra maior.”10

A Obra não será terminada enquanto os membros não se unirem em serviço

Marcos Militão, diretor de Ministério Pessoal na Missão Costa-Norte

Referências:

1 Albigenor &. Rose Militão, Jogos, Dinâmicas & Vivências Grupais, pág. 7.

2 Ibidem.

Fela Moscovici, Equipes Dão Certo, pág. 48.

4 Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, pág. 352.

5 Albigenor & Rose Militão, Op. Cit., pág. 9.

6 Ibidem, pág. 19.

7 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 376.

8 Albigenor & Rose Militão, Op. Cit., pág. 13.

9 Rick Warren, Uma Igreja com Propósitos, pág. 396. Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 295.

10 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 295.