Ele nasceu em Jaú, Estado de são Paulo, num lar adventista. Filho do Pastor Hermínio Sarli, que também foi colportor, o Pastor Tércio Sarli for­mou-se em Teologia no Instituto Adventista de Ensino, em 1958, iniciando suas atividades ministe­riais em Belém, PA, como pastor distrital. De 1963 a 1965, foi pastor em forta­leza, CE, sendo posteriormente transferido para São Luís, MA, onde per­maneceu até 1968. Em seguida, serviu como pastor e professor no Educandário Nordestino Adventista, ENA, em Belém de Maria, PE, durante um ano. Nos anos 1970 e 1971, exerceu a fun­ção de diretor de Educação na Associação Paulista, assumindo, em 1972 a direção do Instituto Adventista São Paulo, Iasp, onde ficou até 1980. Cursou o mestrado nas áreas de Teologia e Educação, na Andrews University, nos anos 1981 e 1982, quando foi eleito presidente da Associação Paulista Central, função que exerceu durante onze anos, sendo então eleito presidente da União Central-Brasileira, onde permanece atualmente. É também graduado em História, pela Faculdade de Filosofia do Ceará, e em Pedagogia, pela Pontifícia Uni­versidade Católica de Campinas. De seu ma­trimônio com Vanira Dittmar Sarli nasceram os filhos Sandra Regina, Winston e Humberto.

Da sede da UCB, em Artur Nogueira, SP, o Pastor Tércio concedeu à revista Ministério a entrevista que segue:

MINISTÉRIO :

Como e em que circunstâncias sentiu o chama-do para ser um pastor?

PASTOR TÉRCIO:

A escolha do ministério como ideal de vida foi um processo natural. Nasci num lar adventis-ta, meu pai exerceu o trabalho da Colportagem, por longos anos, e de-pois o ministério pasto-ral; estudei no Iasp e no IAE, o primeiro e o se-gundo grau. Com toda essa influência poderosa

e professor no Educandário Nordestino Adven-tista, ENA, em Belém de Maria, PE, durante um ano. Nos anos 1970 e 1971, exerceu a função de diretor de Educação na Associação Paulista, assumindo, em 1972 a direção do Instituto Adventista São Paulo, Iasp, onde ficou até 1980. Cursou o mestrado nas áreas de Teo-logia e Educação, na Andrews University, nos anos 1981 e 1982, quando foi eleito presidente da Associação Paulista Central, função que exerceu durante onze anos, sendo então eleito presidente da União Central-Brasileira, onde permanece atualmente. É também graduado em História, pela Faculdade de Filosofia do Ceará, e em Pedagogia, pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. De seu matrimônio com Vanira Dittmar Sarli nasceram os filhos Sandra Regina, Winston e Humberto.

Da sede da UCB, em Artur Nogueira, SP, o Pastor Tércio concedeu à revista Ministério a entrevista que segue: do lar e dos colégios, a decisão acabou acontecendo muito naturalmente. Nunca pensei em seguir qualquer outra carreira.

MINISTÉRIO: Que avaliação o senhor faz de seu trabalho como presidente da UCB até aqui?

PASTOR TÉRCIO: É sempre melhor que uma avaliação dessa natureza seja feita por outros. Mas eu sinto que Deus tem abençoado ricamente o trabalho nos oito Campos de nossa União, em todos os setores. Nos dois anos já concluídos, deste período administrativo, tem havido um sensível crescimento na área educacional, com aumento considerável de escolas e de alunos, com ênfase especial para o novo internato, que começou a ser construído em Mato Grosso. No setor de saúde, foram reiniciadas as obras de construção do Hospital Adventista de Brasília, que deve começar a funcionar no próximo ano; o hospital de Engenheiro Coelho, próximo ao IAE-Ct, continua em plena edificação, e sua ala de Vida Saudável e tratamentos naturais deverá iniciar as atividades também em meados de 97. Creio ser importante fazer menção, também, ao projeto Lar de Idosos. Trata-se do plano da construção de uma instituição para pessoas idosas que precisam de um lugar agradável e apropria-do, cuidados especiais, em meio à Natureza, e dirigido e operado por pessoas habilitadas e competentes. O projeto está em andamento, e já possuímos uma área de dois alqueires e meio para isso, doada pelo IAE.

MINISTÉRIO: E no aspecto evangelístico?

PASTOR TÉRCIO: No que concerne ao crescimento da Igreja, propriamente dito, estes dois anos foram os mais ricos em batismos, em toda a história da nossa União. Mas é importante que se diga que esse progresso no território da UCB é resultado de três importantes fatores: primeiro, as bênçãos de Deus. Ele é o Senhor da Obra e seu supremo dirigente. Nós somos apenas mordomos. Segundo, é fruto da união de esforços dos valorosos líderes voluntários, pastores distritais, administradores, departamentais e obreiros que temos em nossos Campos e instituições. E o terceiro fator, a herança que recebemos das administrações passadas, que se destacaram pelo dinamismo, visão administrativa e realizações que constituem a base para essas significativas conquistas atuais.

MINISTÉRIO: Como vai a UCB no contexto da Missão Global?

PASTOR TÉRCIO: Em toda a União Central-Brasileira, nos Campos e instituições, há um trabalho coordenado, dinâmico e bem dirigido, com o objetivo de alcançar os municípios, e os bairros das grandes cidades, onde não temos ainda a presença adventista. Cada Campo tem seu projeto específico, como, por exemplo, o “Projeto Bandeirantes de Missão Global”, da Associação Paulista Oeste, que consiste no envio de famílias voluntárias para cidades não alcançadas pela mensagem adventista. Aí essas famílias devem iniciar o trabalho de implantação de uma igreja. Há o “Projeto Gideão”, da Associação Brasil Central, através do qual grupos especiais de irmãos de uma igreja adotam um município onde não há igreja, também para evangelização. Alguns Campos, como as Associações Paulista Sul e Paulistana, já não possuem nenhum município sem a presença adventista. Mas nem por isso o entusiasmo e o dinamismo diminuem. Obreiros e membros estão trabalhando para alcançar bairros e outras unidades populacionais. Nos oito Campos da União Central-Brasileira existem cerca de 1.125 municípios, e desses, faltam aproximadamente 300 para serem alcançados. Mas, dentro da perspectiva e do planejamento que está sendo executado, até o ano 2000, todos deverão ser atingidos, com a ajuda de Deus.

MINISTÉRIO: Quais as estratégias para enfrentar os desafios que ainda existem?

PASTOR TERCIO: A estratégia básica é uma só: o envolvimento de todos os membros da Igreja no cumprimento da missão. É a transformação de todas as nossas instituições e serviços em instrumentos de evangelização, focalizando as prioridades, ou seja, os lugares ainda não alcançados. E para isso deverão ser usados todos os recursos, humanos e tecnológicos, que Deus coloca à nossa disposição. Nessa altura, não podemos deixar de mencionar especialmente o uso do rádio e da televisão. Felizmente, a Obra, em geral, está partindo para um aproveitamento mais decisivo nessa área. Em nossa União, já temos em pleno funcionamento duas emissoras de rádio, em regiões bem populosas. Também somos beneficiários do notável trabalho que está sendo realizado pela televisão e pelo rádio, através dos programas Está Escrito e A Voz da Profecia.

MINISTÉRIO: Como o senhor vê o trabalho dos “pequenos grupos” ?

PASTOR TÉRCIO: Acredito que este é o método divino para a terminação da Obra. Já há mais de um século, Deus orientou a Igreja, através de Ellen White, sobre a eficiência desse método, mas só agora, depois que todo o mundo religioso foi despertado para tal estratégia, é que nós começamos a dar atenção devida ao que Deus falou. Mesmo assim, muitos administradores e pastores não se conscientizaram ainda da sua importância, na evangelização e no fortalecimento da igreja. Posso até enumerar algumas vantagens do método: é econômico – as reuniões são feitas nos lares, sem necessidade de gastos com aluguel ou construção de salões -, é bíblico, pois foi o método da Igreja primitiva. Também desenvolve a fraternidade entre as famílias, evangeliza a vizinhança de forma simples e eficiente, fortalece a vida espiritual dos membros. Por serem as reuniões realizadas regionalmente, entre famílias que residem próximas, facilita a assistência de todos, sem despesas de locomoção. Os participantes se edificam e animam mutuamente. As reuniões não interferem em nenhum outro programa da igreja; pelo contrário, fortalece todos os segmentos. As maiores organizações religiosas no mundo, atualmente, evangélicas, católicas e outras, têm como base de evangelização e crescimento, o funcionamento dos pequenos grupos. E esse movimento não é mais uma onda passageira. É um método para ficar e solidificar-se cada vez mais.

MINISTÉRIO: Como funciona um “pequeno grupo”?

PASTOR TÉRCIO: O programa é simples, e pode facilmente ser dirigido por irmãos de nossas igrejas. Sua essência é o estudo da Bíblia, o louvor, o testemunho e a oração. Durante a semana, os pequenos grupos se reúnem. Aos sábados, e em datas especiais, acontece o encontro de todos, na grande congregação, a igreja, para celebração das bênçãos recebidas e para o louvor e adoração a Deus. É o círculo ideal da vida da igreja. Mas é necessário que esse trabalho seja realizado de forma correta, bem orientada, a fim de que produza os resultados esperados. O Departamento de Ministério Pessoal da Divisão Sul-Americana fornece todas as orientações necessárias.

MINISTÉRIO: Alguns Campos especificam um método de trabalho, ao qual se dá especial ênfase num ano. O senhor não acha que deveria haver abertura para utilização de várias estratégias? Afinal, nem todo método funciona bem em todos os lugares.

PASTOR TÉRCIO: Na verdade, a Igreja nunca teve e nunca terá apenas um método de trabalho. Mas, de acordo com as circunstâncias, a época e o contexto social, uma maneira de trabalhar se torna mais eficiente, mais oportuna e mais produtiva. No entanto, há certas classes de pessoas que serão alcançadas mais facilmente por determinada forma de evangelização, não convencional. Em resumo, todos os métodos disponíveis devem ser colocados em prática pela Igreja, no cumprimento de sua missão. Cada membro deve se envolver na grande tarefa, de acordo com os dons e as habilidades que Deus lhe deu.

MINISTÉRIO: Parece que as grandes concentrações evangelísticas, de uma semana, estão tomando o lugar do evangelismo público tradicional. Esse modelo já não serve?

PASTOR TÉRCIO: Uma concentração evangelística de uma semana não significa que todo o processo evangelístico foi restringido a esse período. O que existe é um programa que foi realizado durante vários meses de semeadura e cultivo, por parte de obreiros e igrejas. A programação de uma semana é a colheita, realizada por algum evangelista experiente, que tem como objetivo levar à decisão pessoas que estavam estudando a Bíblia. É verdade que pode haver conversão como fruto de apenas uma semana de pregações, e até de uma só pregação, mas não é a regra. A ordem natural e bíblica é a semeadura, a germinação, o crescimento e, finalmente, a colheita, tudo no tempo determinado. E, em matéria de evangelismo público, o princípio é o mesmo: o resultado que mais firmemente permanece é o de um trabalho paciente, cultivado com amor, solidificado pelo relacionamento do evangelista, dos obreiros bíblicos e dos membros da igreja, com os novos conversos. Aí entra o importante princípio da força persuasiva da amizade e do amor fraternal. Em face disso, juntamente com os demais métodos evangelísticos, o evangelismo público tradicional sempre continuará a ter o seu lugar e a sua importância dentro do pro-grama da missão da Igreja.

MINISTÉRIO: Por que, na sua opinião, a margem de participação individual nas atividades missionárias, ainda não é satisfatória?

PASTOR TÉRCIO: Em primeiro lugar, muitos dos que estão dentro da igreja, e até engajados no ministério, não são realmente convertidos. Como no Israel antigo, hoje também existe uma “mistura de gente”, que faz parte da comunidade religiosa por outras razões, que não o novo nascimento. É no meio desses que estão os críticos, os que semeiam discórdia entre os irmãos, os maledicentes, os ociosos, os que dão mau testemunho e trazem opróbrio à Igreja. É claro que esses nunca irão participar genuinamente da missão, a menos que um dia se convertam. Em segundo lugar, muitos cristãos sinceros não participam dos esforços missionários simplesmente porque não sabem, não aprenderam, não foram treinados. Segundo Ellen White, “muitos teriam vontade de trabalhar, se lhes ensinassem a começar. Necessitam ser instruídos e animados. Toda igreja deve ser uma escola missionária para obreiros cristãos. E não somente deve haver ensino, mas trabalho real, sob a direção de instrutores experientes”. O que se deve fazer, pois, para melhorar essa situação, é ensinar os nossos ir-mãos a descobrirem quais os seus dons espirituais, e, então, animá-los e inspirá-los para o trabalho. E a alegria que eles encontrarão no serviço de Deus é a garantia de que, daí em diante, nunca mais deixarão de participar.

MINISTÉRIO: Como presidente de União, o que o senhor espera de seus auxiliares diretos e dos pastores distritais?

PASTOR TÉRCIO: Que cada um cumpra o seu dever. Cada departamental, cada administrador, cada pastor distrital, tem o seu trabalho definido. A sua responsabilidade. E todos devem exercer a sua função como co-obreiros de Deus, com dedicação, com alegria e crescente eficiência. Para isso, contam com a promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Em primeiro lugar, devem buscar o poder de Deus, pois sua missão não é de natureza humana. Depois, devem se esforçar ao máximo para que possam corresponder ao que Deus lhes confiou. E, mais um ponto importante, cada obreiro, seja qual for sua função, deve ter seu círculo de liberdade para desempenhar o trabalho de acordo com sua individualidade e a inspiração e orientação que Deus lhe concedeu. É verdade que existem as diretrizes que a Igreja estabelece, para um trabalho harmonioso, na mesma direção. Mas isso não impede de o obreiro usar sua própria indumentária, e suas próprias armas, como fez Davi, e não ter que usar obrigatoriamente a armadura de Saul. Os administradores não devem fazer de seus obreiros meros executores de seus planos e de sua vontade. Devem procurar o equilíbrio nessa questão, pois dela depende, freqüentemente, a felicidade ou a frustração do obreiro, no seu ministério. Costumamos ter como lema, no trato administrativo com nossos obreiros, o seguinte princípio de Rupert Meldenius: “Nas coisas essenciais, unidade; nas coisas não essenciais, liberdade; em tudo, caridade.”

MINISTÉRIO: Por falar em pastor distrital, quais as características de um pastor de sucesso, em sua opinião?

PASTOR TÉRCIO: Em primeiro lugar, é preciso bastante cuidado em definir sucesso no trabalho pastoral. Não se pode medir o êxito de um pastor pelo tamanho de suas realizações ou pelos resultados numéricos. Às vezes, grandes realizações podem estar ligadas ao sucesso, mas não obrigatoriamente. Se analisarmos a vida e o trabalho de Noé, Moisés, Elias, Paulo, e outros personagens bíblicos, tornar-se-á muito difícil julgá-los apenas pelos que eles conseguiram em resultados mensuráveis. No entanto, todos eles, à vista de Deus, realizaram sua obra. Em todos eles, houve uma característica comum, que deve destacar também todo pastor de hoje, digno desse título. É o princípio mencionado pelo apóstolo Paulo: “Ora, além disso o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (I Cor. 4:2). Fidelidade no cumprimento da missão. Equilíbrio em tudo; amor pelas ovelhas de seu rebanho e cuidado incessante por elas; interesse na salvação das ovelhas que ainda não estão no redil do Senhor; devido preparo dos sermões, para que suas pregações sejam alimento nutritivo e não palha; vida devocional consistente; cuidado por sua própria família, respeito para com seus companheiros de trabalho. E que não seja dado à crítica e à maledicência. Que seja pontual e organizado; um cristão verdadeiro, e que faça de Deus a sua força. Essas são características de um genuíno pastor. Ou de um pastor de sucesso.

MINISTÉRIO: Como vê a Igreja e o ministério adventista neste final de século?

PASTOR TÉRCIO: Não faz diferença se a Igreja está no começo ou no final de um século ou de um milênio. Os princípios são os mesmos. Os segredos da vida cristã verdadeira são os mesmos. A missão é a mesma. Os homens são os mesmos. “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente.” É claro que cada época tem seus desafios próprios. Mas se a Igreja for fiel a Deus e à Sua Palavra, enfrentará os desafios com fé e confiança no seu grande líder, Jesus.

MINISTÉRIO: Qual, a seu ver, a maior necessidade da Igreja e do ministério, nos dias atuais?

PASTOR TÉRCIO: Guardar-se da corrupção do mundo, e gastar mais tempo com Deus, na leitura de Sua Palavra e na oração. O restante virá como resultado natural.

MINISTÉRIO: Uma mensagem especial para os leitores da revista.

PASTOR TÉRCIO: Apresento-lhes, como ideal de vida, o lema que inspirou Guilherme Carey, o pai das missões modernas: “Fazei grandes coisas para Deus, esperai grandes coisas de Deus.”