Quando vejo o campo sem arar, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Quando vejo a injustiça, a corrupção, a exploração do fraco, quando vejo o prepotente, pedante, enriquecer-se à custa do ignorante e do pobre, do operário e do camponês carente de recursos para defender seus direitos, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Quando vejo a idosa esquecida, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Quando vejo o moribundo em sua dolorosa agonia, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Quando olho um jovem, anteriormente forte e decidido, agora embrutecido pela droga e pelo álcool, quando vejo titubeante o que era, antes, uma inteligência brilhante transformada em farrapos sem rumo nem destino, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Quando aquele garoto me pede para comprar seu jornal, o doce de sua miserável cesta, quando o vejo dormindo, tiritando de frio sob a marquise, com o frágil corpo coberto por alguns jornais, quando seu olhar me pede um carinho, quando o vejo sem esperança, vagueando na companhia de um vira-latas, me pergunto: Onde estão as mãos de Deus?
Certo dia, Lhe perguntei diretamente: Onde estão Tuas mãos, Senhor, para lutar por justiça, dar carinho, conselho ao abandonado, libertar a juventude das drogas, para dar amor e ternura aos esquecidos? Depois de um longo silêncio, O ouvi responder? “Não percebes que és Minhas mãos? Dispõe-te a usá-las para o que foram feitas: dar amor e alcançar estrelas.”
Cristo ilustrou esse princípio. Certo homem ia de Jerusalém para Jericó e teve que passar por uma região deserta. Ali, foi assaltado, despojado de todo elemento de valor, deixado ferido e quase morto.
Foi nessas circunstâncias que apareceu um sacerdote que apenas lhe dirigiu um olhar. Como a lei sacerdotal indicava que se alguém tocasse um corpo morto não podia atuar, durante algum tempo, nas cerimônias religiosas, preferiu atender aos reclamos cerimoniais em vez de socorrer o necessitado.
Pouco depois, aproximou-se um levita. Acostumado a ensinar os outros a fazer o bem, ele bem conhecia seu dever. Tinha gravado na pulseira ou no colar o princípio de amar a Deus e ao semelhante, porém não o tinha internalizado no coração. Comportou-se desonesta e covardemente, cuidou de sua pessoa e evitou o moribundo.
Também passou por ali um samaritano, que figurava entre os mais desprezíveis naquela comunidade. Compadeceu-se do ferido, não lhe perguntou se era judeu ou não. Judeus e samaritanos não se falavam e, talvez, em outras circunstâncias, o tivesse desprezado e seguido seu caminho. Também não avaliou os perigos a que provavelmente se expunha. Colocou seu tempo, recursos e habilidades à disposição do necessitado, providenciando-lhe os primeiros socorros. Cobriu-o com as próprias vestes.
Para curar e refrigerar o ferido, usou a porção de azeite e vinho que levava consigo. O animal em que viajava serviu de ambulância para transportar o pobre homem até um lugar onde o abrigou numa hospedaria. Pagou a diária e ainda fez provisão adicional. Caso fossem necessárias mais despesas, ao regressar, o bom samaritano tudo pagaria.
Quem é o próximo? Até o doutor da lei o entendeu. Não mencionou o nome da nacionalidade, mas reconheceu que “o próximo” foi aquele que agiu com misericórdia. Em geral, pensamos que o próximo é o outro. Porém, a Bíblia ensina que eu sou o próximo, o que está mais perto do outro.
Assim, a pergunta: “Quem é o meu próximo?” está para sempre respondida. Cada um de nós é o próximo de todo aquele que necessita de empatia. Essa é a essência do nosso ministério. Devemos estar a serviço do próximo, amá-lo e amar a Deus, motivados pelo mandato bíblico. Vivamos amando, servindo, levando esperança e salvação, agradecidos pelo imenso privilégio de ser as mãos de Deus.