“Como pastor do rebanho, ele [o ministro], deve cuidar das ovelhas e cordeiros, procurando os perdidos e extraviados, e levando-os novamente para o aprisco. Ele deve visitar toda família, não somente como hóspede para fruir-lhe a hospitalidade, mas para averiguar as condições espirituais de cada membro da familia. Sua própria alma deve achar-se possuída do amor de Deus; então, mediante bondosa cortesia, é-lhe possível achar caminho ao coração de todos, e trabalhar com êxito por pais e filhos, rogando, advertindo, animando, segundo o caso o exigir.” — Evangelismo, págs. 346 e 347.

“Meu pastor e eu recentemente estivemos fazendo algumas visitas aos lares de nossos membros,” escreveu-me o primeiro ancião de uma de nossas grandes igrejas, “e verifiquei que nosso povo está literalmente morrendo de inanição por falta de visitas pastorais — a bondosa visita do pastor do rebanho.”

“Uni-me à igreja adventista em 1932,” disse-me outro dia um amigo, “e durante todos estes anos jamais tive uma visita pastoral. Seria realmente confortante saber que o pastor está interessado em nosso bem-estar espiritual, embora ele nos veja na igreja cada semana.”

Todos temos ouvido queixas semelhantes, e sabemos que não se trata de criticismo, mas expressões reais de corações ansiosos por auxílio espiritual. Que podemos nós, como pastores, fazer para amenizar essa necessidade espiritual? A maioria de nossos pastores de igreja estão hoje sobrecarregados com muitas responsabilidades. Cada um tem de ser ao mesmo tempo evangelista, administrador, construtor, tesoureiro, relações públicas e pastor. Tenho servido como pastor tanto de igrejas grandes como pequenas e conheço alguns dos problemas que enfrentais. Sei também por experiência própria quanto nossos membros necessitam de conselho e orientação espiritual em seus lares. Fui encorajado por uma carta a mim dirigida por um membro leigo recentemente. Este líder não somente pedia auxílio como fazia também algumas preciosas sugestões.

“É minha convicção,” diz este ancião de igreja, “que os pastores devem ser aliviados do fardo de campanhas especiais e das ofertas financeiras, que devem ser tarefa para os leigos. Para que isto seja bem sucedido, é preciso que a Mesa do campo aceite o trabalho dos leigos. Por exemplo, nosso alvo evangelístico em minha igreja é de 14 mil dólares. Se levantássemos somente 12 mil, e fosse necessário que se fizesse um prolongamento da campanha, isto devia ser feito pelos leigos em funções, em vez de colocar-se esta nova carga sobre o pastor.

“Se como leigos pudéssemos aliviar o pastor dos encargos acima mencionados,” continuou o missivista, “nossos ministros teriam então tempo para fazer aquilo para que foram ordenados como ministros de Deus. Isto resultaria em grande número de nosso povo mantendo-se fiel em vez de afastar-se de nós. Que maior tarefa evangelística podemos desejar?”

Evangelismo e Visitação

Quando presidente de um campo local, recebi uma ocasião uma interessante carta assinada por vários membros de uma de nossas igrejas. Eles tinham um pastor encarregado — um obreiro que cuidava bem das necessidades espirituais de seu rebanho. Ele os havia “treinado” bem. Este grupo de membros da igreja estava ansioso que seu pastor dirigisse uma série de conferências em sua comunidade, mas também sabiam que havia uma campanha — a recolta — que estava para começar. “Deixem que nosso pastor pregue a mensagem em nossa cruzada evangelística,” eles diziam, “e nós, os membros, faremos a campanha da recolta.” A Mesa do campo concordou em aceitar a palavra deles. O pastor fez uma frutífera série de conferências, e os membros cumpriram a sua palavra; alcançaram o alvo da recolta que lhes fora proposto!

Esta experiência sugere que os deveres do pastor incluem a pregação evangelística, e quando a igreja está ocupada cuidando de seus próprios departamentos e campanhas, o pastor está livre para promover o aumento do número de membros da igreja. Exatamente como equilibrar o seu tempo entre a pregação evangelística e a visitação pastoral, eis um dos desafios para o pastor.

Como pastores e líderes no campo devemos continuamente estar inspirando e instruindo nossos membros na arte de levar as responsabilidades, de modo que tenhamos mais tempo para pregar a mensagem e visitar os lares de nosso povo, levando-lhes conselho espiritual e encorajamento. Um programa cuidadosamente planejado de visitas aos lares de nossos membros tornaria nossa pregação e instrução muito eficazes!

“ELE DEVE VISITAR CADA FAMÍLIA”

Quando nossos crentes estão assim interessados e desejosos de visita pastoral que se propõem assumir responsabilidades de ordinário atribuídas ao pastor, não devíamos fazer todo esforço a fim de dar a esta atenção pessoal a mais alta prioridade em nosso planejamento?

Incluídas na instrução que Deus tem dado aos pastores estão estas palavras: “Ele deve visitar cada família.” Esta é uma tremenda tarefa, especialmente para pastores com grandes congregações. É necessária uma cuidadosa distribuição do tempo. O estabelecimento de prioridades e a consideração de cada momento é a única esperança de poder alguém enfrentá-la. São necessários muitos meses. Certamente requer perseverança, mas paga a pena.

Organização para Visitas

Quando jovem pastor de uma igreja de novecentos membros, eu enfrentei o problema de visitação aos lares dos membros. Com a cooperação da comissão da igreja, resolvemos o problema satisfatoriamente pela organização do campo da igreja (o território da igreja) em distritos, entregando a cada diácono e cada diaconisa visitação de rotina. Os anciãos da igreja voluntariamente aceitaram o privilégio de visitar interessados novos e outras visitas mais difíceis. E eu, como pastor, que fiz? Fiz três coisas: visitei os lares a mim indicados pelos diáconos, diaconisas e anciãos. Fiz visitas aos hospitais. Assumi a tarefa de visitar sistematicamente todos os membros no período de um ano e tanto. Foi uma compensadora experiência para todos nós.

Essas visitas de casa em casa não devem degenerar em mera visitação social. Visitas sociais seriam o caminho mais fácil de seguir. Leiamos de novo o texto acima de Evangelismo, o propósito da verdadeira visita pastoral! Se perdermos de vista tais objetivos, falharemos em nosso impacto espiritual sobre os membros da igreja.

“O pastor encontra uma infinita variedade de temperamentos; e é seu dever familiarizar-se com os membros das famílias que lhe escutam os ensinos a fim de compreender os meios que melhor os hão de influenciar na devida direção.” — Obreiros Evangélicos, pág. 338.

Como podemos pregar para ajudar o povo sem estar em seus lares? Usualmente não há tempo ou oportunidade nos sábados para que abram o coração conosco e nos comuniquem os seus problemas. Como podemos saber quando encorajar, quando e como admoestar, quando confortar, quando procurar convencer,, a menos que estejamos bem perto de nosso povo?

“É altamente importante que o pastor prive muito com seu povo, ficando assim familiarizado com os vários aspectos da natureza humana. Ele deve estudar as operações da mente, a fim de adaptar seus ensinos à inteligência dos ouvintes. Aprenderá assim aquela grande caridade que habita unicamente nos que se dão a um atento estudo da natureza e necessidades dos homens.’’ — Idem, pág. 191.

A mensageira do Senhor resume o desafio e a recompensa da visitação pessoal de casa em casa, nas seguintes palavras inspiradas:

“O seu trabalho (do pastor) não é meramente ficar atrás de uma escrivaninha. Apenas começou aí. Deve ele entrar nos lares das diferentes famílias, e aí levar a Cristo, aí levar os seus sermões, conduzindo-os em suas ações e suas palavras. Ao visitar a família ele deve informar-se de suas condições. Não é ele o pastor do rebanho? A obra de um pastor não é feita na escrivaninha. Ele deve falar com todos os membros do rebanho, com os pais e com os filhos, para saber a condição de ambos. O pastor deve alimentar o rebanho sobre o qual Deus o constituiu bispo. Seria agradável entrar em casa e estudar. Mas se fazeis isto em detrimento da obra para a qual Deus vos comissionou, errais. Jamais entreis no lar de uma família sem convidá-los a todos para que curveis a cabeça e oreis juntos antes de sair. Indagai da saúde de suas almas. Que faz um médico competente? Ele se informa das particularidades do caso, e então procura administrar os remédios. Da mesma forma deve o médico da alma indagar das enfermidades espirituais com que os membros do seu rebanho são afligidos, e então sair para o trabalho, a fim de administrar os remédios devidos, pedindo ao Grande Médico que venha em seu auxílio. Dai-lhes a ajuda de que necessitam.” — Testimonies, Vol. 2, págs. 618 e 619.

Por que não falar sobre os problemas e os desafios com os líderes de vossa igreja? Certamente encontrareis alguns prontos e dispostos a assumir algumas atividades pastorais rotineiras, de modo que tenhais mais tempo para pregar a mensagem evangelisticamente e justamente muito importante, e assim possais levar bênçãos aos lares de nossos membros mediante visitação pessoal e espiritual.

“Essas visitas de casa em casa não devem degenerar em mera visitação social. Visitas sociais seriam o caminho mais fácil de seguir.”

Os meses frios de inverno podem prejudicar a marcha da evangelização.