Não sei se todos conhecem Arquipo e sua escola. Na Epístola de S. Paulo a Filemom, êle o chama de “companheiro de lutas.” (1) Na carta aos Colossenses, êle lhe envia uma mensagem especial nos seguintes têrmos: “Também dizei a Arquipo: atenta para o Ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires.” Esta mensagem bem pode ser apenas para alentar o jovem obreiro, a fim de cumprir o seu ministério,, mas também pode ser uma advertência para não se absorver em outros negócios fora daquilo que êle recebeu “no Senhor.”

Seria o caso de Arquipo achar pouco ser um ministro de Jesus Cristo? Pretendería êle ser igual a S. Paulo, alcançar ser membro do sinédrio ou um diploma de advogado ou outro título? Ou será que dedicava apenas uma parte do tempo ao Ministério e a outra em atividades marginais? Seja estímulo ou advertência, algo São Paulo tinha em mira ao enviar tão positiva mensagem. Assim mesmo, êsse curioso personagem conseguiu fazer escola com apreciável número de discípulos, aos quais, S. Paulo se dirige nesta sua advertência. Realmente S. Paulo podia com acêrto falar disto, pois êle tinha por maior estima o vitupério de Cristo do que todos os títulos que havia alcançado anteriormente.

Nas epístolas nunca se intitulou: “Ex-membro do Sinédrio, ex-aluno do grande Gamaliel, ex-fariseu, advogado ou coisa que o valha! Não, sua apresentação sempre era: “Apóstolo de Cristo Jesus.” Isto era sua glória, sua preocupação, sua tarefa, sua vida. O demais êle considerava “perda” e de nenhum valor, face à eternidade. Vejamos o maravilhoso conceito de Paulo com referência às conquistas alcançadas aqui: “Ainda que também podia confiar na carne: se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu. Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu. Segundo o zêlo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda tôdas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de tôdas estas coisas, e as considero como estêrco, para que possa ganhar a Cristo.” (3)

Eis as duas escolas. Para Arquipo, que necessitava de estímulo a fim de que não negligenciasse o chamado divino, talvez houvesse a necessidade de algo mais à altura do reconhecimento do mundo. Para Paulo, a única paixão se centralizava em conhecer a Cristo e propagar a mensagem da cruz que era “escândalo para os judeus, loucura para os gentios” . . .

Meu companheiro no santo ministério: A que escola deves pertencer? Ê Cristo o centro da tua vida? do teu trabalho, da tua glória? Estás procurando aquilo que para Paulo era “perda”? Perda de tempo, da realidade, de visão, e talvez, se não houver conversão, da eternidade.

Não poderás satisfazer os dois senhores ao mesmo tempo. S. Paulo escreve: “Uma coisa faço.” Jesus foi possuído de um único desejo: “Vivia para abençoar a outros.” E nós ministros temos uma coisa a fazer: “Encaminhar os perdidos aos pés da cruz de Jesus Cristo.”

O demais é “perda” de tempo, de visão, e da realidade do tempo em que vivemos.

Lembra-te, amigo pastor, da mensagem de São Paulo a Arquipo.

Bibliografia:

  • 1. Filemom 2
  • 2. Col. 4:17
  • 3. Fil. 3:4-8
  • 4. I Cor. 1:23