Quando ocorre um desastre espiritual na vida de um pastor, nota-se que geralmente são três as principais causas. Elas são mencionadas no livro escrito aos hebreus, capítulo 12:15 e 16: “Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados; nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.”

Amargura

Pode uma pessoa que trabalha com as coisas espirituais viver amargurada? Que prejuízos ocorrem quando isso acontece? Não apenas famílias e relacionamentos são afetados, mas também a Igreja é grandemente prejudicada. Por isso a Bíblia adverte: “não haja alguma raiz de amargura.”

O dicionário define amargura como “angústia”, “dor moral”, “aflição” e “azedume”. Ellen White lembra que “amargura e animosidade devem ser banidas da alma, se queremos estar em harmonia com o Céu”. – O Desejado de Todas as Nações, pág. 310. Esse senti-mento começa no coração e, como um câncer, se espalha rapidamente conta-minando a pessoa toda. Ela é como uma raiz enterrada sob a superfície, que, a princípio, pode não ser notada, mas produz grandes estragos. Insatisfação, ciúmes, inveja, descontentamento e crítica são alguns dos seus sintomas.

Uma pessoa demonstra falta de espiritualidade e destrói seu potencial para o trabalho quando acaricia tal sentimento no coração. Muitas vezes, por um desgosto no trabalho ou no relacionamento com alguém, a amargura domina as ações e palavras de uma pessoa. Como resultado, ela passa a desferir críticas e acusações contra uma congregação ou sua liderança. Muita gente boa já foi contaminada por esse sentimento maléfico.

Impureza

A impureza tem feito muitas vítimas no ministério pastoral. Como qualquer outra pessoa, líderes espirituais também precisam ser cuidadosos com os pensamentos imorais. A Bíblia afirma: “Nem haja algum impuro e profano.” Essa advertência é válida especialmente para pastores, pois não é pelo fato de lidarem com assuntos espirituais que estão imunes à imoralidade. A Palavra de Deus fala de “coração que maquina pensamentos viciosos, pés que se apressam a correr para o mal” (Prov. 6:18). Isso é uma verdade, pois o comportamento é fruto dos pensamentos.

Ninguém se toma um fracasso moral da noite para o dia. O aviso de Paulo na primeira carta aos Coríntios (10:12) merece cuidadosa atenção: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” A impureza tem a sutileza de alojar-se no coração e produzir resultados desastrosos na vida das pessoas. Fugir dela (I Cor. 6:18) é um mandamento bíblico para todos. O pastor precisa entender que é alvo predileto de Satanás; porque ele sabe do prejuízo que a Igreja e a família sofrem quando alguém cai nessa cilada.

Cobiça

O problema de Esaú foi que ele vendeu algo que não deveria vender. Sua integridade, sua herança e reputação foram desprezadas. Esaú se tornou um exemplo para aqueles que, em todas as épocas, por cobiça, invertem os valores da vida, trocando o espiritual pelo material e valorizam mais o estômago do que a alma. Cobiça, avareza, ganância e desonestidade são tentações tanto para o rico como para o pobre.

A orientação bíblica, contida em Hebreus 13:5, ainda é válida para hoje: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes…”. Deus abomina a avareza. Ela é uma porta para outros pecados. Estar contente com o que se tem é um dos segredos da felicidade. Isso não significa que Deus seja contra o progresso, mas, sim, contra o sacrifício de valores e princípios na corrida para ele. Muitas pessoas dariam tudo para reconquistar a boa reputação que perderam por tão baixo preço.

Essas armadilhas têm sido trágicas para muitos pastores, suas famílias e seus relacionamentos. Tenhamos cuidado com as ciladas de Satanás. Sua intenção final é arruinar-nos. Destruir-nos é sua mais alta prioridade. Não permitamos que o sonho de uma família feliz, de um ministério pastoral abençoado e de uma eternidade no Céu seja destruído de maneira tola. Busquemos ao Senhor a cada dia e peçamos-Lhe sabedoria para ser pastores segundo o coração de Deus (Jer. 3:15).

Sejamos sábios e estejamos atentos às emboscadas do inimigo. Então façamos da nossa família e do nosso trabalho para Deus nossa alegria maior.