Existem muitas maneiras de evangelizar; mas somente uma conduz ao verdadeiro sucesso nesse trabalho
Todos nós temos amigos. São pessoas com as quais apreciamos estar, pessoas com quem gostamos de trabalhar, interagir e nos divertir, e em cuja companhia deveriamos querer viver a eternidade. Também queremos ter cada vez maior número de amigos. Na verdade, se você faz parte de comunidades virtuais como Face-book e outras, parece que eles nunca serão bastante.
Depois que uma pessoa se torna cristã, a maioria dos amigos que ela possui também é cristã. De fato, algumas pesquisas sugerem que logo nos primeiros dois anos seguintes ao do batismo de uma pessoa, a maioria dos amigos dela está na igreja. Isso pode ser bom, mas, certamente, não nos ajuda a ganhar nossos amigos para Jesus. Se todos os nossos amigos íntimos estão na igreja, então necessitamos começar a procurar e construir novas amizades com pessoas que não fazem parte da nossa congregação.
Anos atrás, Ellen G. White escreveu sua clássica definição de evangelismo, no livro A Ciência do Bom Viver, p. 143: “Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.’”
Caminho para o êxito
Essa declaração pressupõe que existem muitas maneiras de evangelizar, mas apenas uma produzirá “verdadeiro êxito”, e essa maneira é a abordagem amistosa. Assim, a inspiração indica que uma abordagem relacionai é o único método que nos garante êxito evangelístico. A fim de alcançar as pessoas, devemos construir relacionamento com elas. Isso não é um chamado a dizer às pessoas que elas estão erradas, mas um sonoro chamado ao povo de Deus, a fim de construir relacionamentos com pessoas que estão longe de Cristo.
Entretanto, Ellen White não está defendendo a amizade apenas como “gancho”. Ela defende que os adventistas tenham significativos relacionamentos com as pessoas e, como resultado desses contatos, muitas delas aceitarão a Cristo. Devemos amar incondicionalmente as pessoas, mas no processo de recepção desse amor incondicional, muitas delas acabarão conhecendo Jesus e aceitando-O como amigo e Salvador pessoal.
Foi isso que Cristo fez, declarou Ellen White. Ele misturava-Se com as pessoas, buscando o bem delas. Investiu tempo com indivíduos perdidos. Foi conhecido como amigo de publicanos e pecadores. E essas pessoas que estavam perdidas gostavam de Sua companhia. Na realidade, a maioria das pessoas que se sentiam à vontade com Jesus era constituída de pecadores. Aqueles que se consideravam “santos” não se sentiam à vontade diante dEle. Jesus estava onde os perdidos estavam. Ele frequentava suas festas e os procurava onde eles trabalhavam ou se divertiam. Embora jamais comprometesse Suas convicções pessoais, Cristo gostava de estar com homens e mulheres perdidos.
Algumas vezes, fazemos justamente o oposto ao que Cristo fez. Gastamos a maior parte de nosso tempo com os “santos”, e bem pouco tempo interagindo com pecadores. Até nos orgulhamos de nós mesmos, pelo fato de não participarmos das comemorações de nossa vizinhança, porque todo mundo consome bebida alcoólica. Ninguém precisa beber álcool, assim como Jesus não o fez nas festas a que assistiu. É esse exemplo que devemos seguir. Se não nos aproximarmos das pessoas, jamais conquistaremos o direito de partilhar Jesus com elas no tempo apropriado.
Tempo com “pecadores”
De acordo com a definição de evangelismo apresentada por Ellen White, somente nos é possível partilhar Jesus no contexto do relacionamento. Somente depois que Jesus conquistava a confiança das pessoas, ela diz, Ele as convidava a segui-Lo. Em termos práticos, o que isso significa para nós? Simplesmente isto: Não partilharemos Jesus com alguém enquanto não nos relacionarmos com ele. Por isso, convidar amigos para um pequeno grupo é muito importante. É ali, no contexto de um pequeno grupo de relacionamentos, que eles serão conquistados para Cristo.
Se alguém decidir testemunhar “de porta em porta”, deve fazê-lo com o propósito de, primeiramente, construir relacionamentos com as pessoas. Isso significa que não precisamos partilhar Cristo na primeira vez que batemos a uma porta, mas, em vez disso, procurar encontrar algum ponto em comum, fundamentados no qual devemos desenvolver o relacionamento com a pessoa. Sendo formado esse relacionamento, podemos convidá-la para nosso pequeno grupo e, desse modo, o relacionamento se desenvolverá. Uma vez que seja estabelecido o relacionamento de alguém conosco e com outros amigos da igreja, será mais fácil partilhar a mensagem de esperança que nos é tão querida.
Mas, de que maneira podemos nos relacionar com as pessoas? Investindo tempo e interagindo com elas. Algumas vezes, isso pode ser arriscado, assim como foi arriscado para Jesus vir à Terra com o propósito de Se relacionar conosco. Assim, devemos ir às pessoas, alcançando-as onde elas estão, traduzindo o evangelho para a cultura delas, ao mesmo tempo em que nossa vida reflete a graça transformadora de Cristo Jesus. O resultado será que elas alimentarão o desejo de ter o que nós temos.
Não nasci em um lar adventista do sétimo dia, mas em uma família batista. Meu pai era implacavelmente contra o fato de eu me tornar adventista. Apesar disso, fui batizado aos 17 anos. Quando o pastor adventista foi me visitar, meu pai tentou evitá-lo, fugindo para o porão de nossa casa, onde ele estava construindo um barco. Assim que terminou de falar comigo, mesmo sem me pedir permissão, o pastor abriu a porta do porão e desceu para falar com meu pai. Não disseram uma palavra sequer sobre a Bíblia; apenas se tornaram amigos. O pastor sabia que meu pai gostava de pescar, e lhe disse que gostaria de pescar com ele algum dia. Meu pai aceitou alegremente a sugestão e, finalmente, foi pescar com o pastor adventista, líder de uma igreja que ele desprezava. Como resultado, depois de algum tempo, meu pai acabou se tornando colportor adventista. Tudo isso aconteceu porque um pastor convidou meu pai para uma pescaria.
Se aquele pastor não resistisse à tentação de dar um estudo bíblico, meu pai teria dito um enfático “não”; mas não pôde resistir a um convite amigável. Existem muitas pessoas como meu pai, que nunca serão atraídas por meio de estudos bíblicos, por mais importante que seja isso, e mesmo considerando que posteriormente irão estudar a Bíblia. Mas, essas pessoas serão ganhas se tomarmos tempo para construir um relacionamento com elas.
Passo a passo
Notemos como se desenrola o processo do evangelismo da amizade:
♦ Pense nas pessoas que você conhece e que não são cristãs ou adventistas. Faça uma lista com o nome dessas pessoas.
♦ Olhe a lista e escolha três ou quatro pessoas como objeto de sua atenção missionária. Você não pode focalizar todo mundo de uma vez. Como você pode escolher as pessoas que deverá focalizar? Avalie a receptividade delas naquele momento.
“Se não nos aproximarmos das pessoas, jamais conquistaremos o direito de partilhar Jesus com elas no tempo apropriado”
Pessoas que atravessam crise na vida, normalmente, estão mais abertas ao evangelho em relação àquelas cuja vida é agradavelmente estável.
♦ Ore em favor dessas pessoas. Faça delas o objeto de suas orações. Coloque o nome delas em um cartão e ponha esse cartão no espelho do banheiro, a fim de lembrar de orar em favor delas, mesmo enquanto você se olha no espelho pela manhã. A ideia é orar regular e enfaticamente em favor das pessoas que foram selecionadas.
♦ Pratique algum gesto de amor e bondade para com as pessoas que você escolheu. Isso deve ser fundamentado nas necessidades das pessoas, não suas necessidades. O evangelho é partilhado melhor através de atos de amor e bondade. Foi esse o exemplo que Jesus nos deu, durante Seu ministério, e que devemos seguir.
♦ Fortaleça seu relacionamento com a pessoa. Você pode fazer isso
compartilhando alguma atividade com ela. Encontre alguma coisa que lhes seja comum, assim como o pastor adventista fez com meu pai. Desfrutar juntos uma refeição sempre ajuda a solidificar amizades.
♦ Apresente a pessoa a outros adventistas. Por exemplo, talvez você não seja grande pescador; então, convide alguém na igreja que goste desse hobby para lhes acompanhar. Esse acompanhante ajudará a fortalecer o relacionamento. Como resultado, a pessoa conhecerá dois adventistas, em vez de apenas um. Quanto mais irmãos a pessoa conhecer, maior será a chance de ela se tomar membro da igreja.
♦ Convide a pessoa para assistir a eventos da igreja. De fato, esses eventos dependerão do nível em que ela se encontra na caminhada espiritual. Ela pode não estar pronta para assistir a certas programações internas, mas você pode convidá-la para um acampamento, um piquenique, ou apresentação musical. Enquanto a pessoa assiste aos eventos disponíveis, ela começa a conhecer mais pessoas adventistas. Finalmente, apreciará estar com os adventistas. Em algum momento nesse processo, você pode convidá-la para seu pequeno grupo, onde a amizade pode ser aprofundada e crescer.
♦ Ouça e responda às perguntas que a pessoa fizer. Enquanto assiste ao pequeno grupo, a pessoa começará a fazer perguntas que podem levar ao estudo bíblico.
♦ Batize o novo converso. Quando a pessoa aceita a mensagem bíblica de Cristo e dá totalmente a Ele o coração, deve ser batizada e se tornar parte da família adventista.
♦ Discipule o novo converso, de modo que a pessoa se torne um discípulo reprodutor. Então, o círculo continuará, à medida que o novo crente também construir relacionamentos com outras pessoas que necessitam de salvação.
Esse é o simples processo do evangelismo da amizade. Lembre-se de que, segundo Ellen White, esse método de desenvolver relacionamentos com as pessoas, conquistando assim o direito de partilhar o evangelho com elas, é o único método que produzirá verdadeiro sucesso no evangelismo. Acaso, temos algum argumento contrário a isso?
Esse método está vinculado muito intimamente aos pequenos grupos. Enquanto cada membro de um pequeno grupo alcança pessoas e desenvolve com elas esse tipo de relacionamento salvador, e as convida para o pequeno grupo, o próprio grupo crescerá e se multiplicará. O resultado será a rápida expansão do reino de Deus e poderá ser abreviado o dia em que Jesus virá buscar Seus amigos para levá-los ao eterno lar.
Comece agora
Eu pastoreava a igreja de Spokane, Washington, quando um casal me procurou no escritório. Informaram-me que tinham uma filha morando naquela área e desejavam que convidássemos os filhos dela para nossa Escola Cristã de Férias. Concordei, e dei o endereço da senhora à líder da ECF. Isso aconteceu quando a programação já estava em andamento, de modo que ela colocou o nome de lado, esqueceu-se, e a família somente foi encontrada depois que a programação terminou.
Sentindo-se culpada pelo esquecimento, a professora foi visitar a família. Lá encontrou uma mulher bêbada, cujos filhos menores viviam correndo pela vizinhança. O filho primogênito, de 17 anos, vivia com a namorada na própria casa. Em vez de voltar, nossa professora fez amizade com a mãe que, posteriormente, recebeu estudos bíblicos e foi batizada em uma campanha evangelística. Meses depois do batismo, uma vizinha resolveu visitá-la, e comentou sobre a mudança que todos observavam na vida dela. A mulher falou sobre o que Cristo tinha feito em sua vida, e a vizinha ficou muito impressionada com o relato. Tempos depois, ela e o esposo também receberam estudos bíblicos e foram batizados. O filho da mulher e a namorada dele também foram influenciados, estudaram a Bíblia, se casaram e foram batizados, assim como outros vizinhos. Aproximadamente 25 pessoas foram batizadas como resultado daquele trabalho.
Por que não começar esse processo agora? Olhemos ao nosso redor. Que pessoa Deus nos está indicando a fim de construirmos com ela um relacionamento redentor? Escolhamos nosso grupo e comecemos os dez passos do processo, de acordo com o que foi indicado neste artigo. Não demorará muito, e essas pessoas farão parte de um pequeno grupo, da igreja e, mais importante, estaremos ligados pela eternidade.