O que o pastor deve fazer para levar sua mensagem ao coração infantil

Preparar um sermão e apresentá-lo com entusiasmo à congregação, certamente não significa novidade para nenhum pastor. Afinal, ele costuma pregar várias vezes durante a semana e, sob certo aspecto, é conhecido como o “profissional” da pregação. Contudo, pregar um sermão atrativo, que também preencha as necessidades das crianças, tem sido o grande desafio para muitos pastores. E não são as crianças parte do rebanho que o Senhor nos confiou para cuidar e alimentar? Que qualidade de atendimento estão elas recebendo?

O próprio Senhor Jesus é um exemplo do trato que um líder espiritual deve dispensar às crianças. Ellen White comenta, no livro O Desejado de Todas as Nações, à página 511: “Aonde quer que fosse o Salvador, a benevolência de Seu semblante, Sua maneira suave e bondosa conquistavam a confiança dos pequeninos.” O que havia na pregação de Jesus que, quando Ele falava, as crianças corriam para escutá-Lo e, mesmo que o sermão demorasse, elas nem percebiam o tempo passar? Que atrativo havia em Sua mensagem que era capaz de levar um garoto a se esquecer de comer o lanche preparado pela mãe? Aqui está a resposta:

“Nos meninos que foram postos em contato com Ele, viu Jesus os homens e mulheres que haviam de ser herdeiros de Sua graça e súditos do Seu reino, e alguns dos quais se tomariam mártires por amor dEle. Sabia que essas crianças haviam de ouvi-Lo e aceitá-Lo como seu Redentor muito mais facilmente do que o fariam os adultos, muitos dos quais eram os sábios segundo o mundo e os endurecidos. Em Seus ensinos, descia ao nível delas. Ele, a Majestade do Céu, não desdenhava responder-lhes às perguntas e simplificar Suas importantes lições, para lhes atingir a infantil compreensão. Implantava no espírito delas as sementes da verdade, que haveriam de brotar nos anos vindouros, dando frutos para a vida eterna.” – O Desejado de Todas as Nações, págs. 512 e 515.

Necessidades e direitos

A Declaração dos Direitos da Criança afirma que “toda criança tem direito à comida, roupa, educação e saúde”. Diante disso, precisamos responder às seguintes perguntas: Quais são os direitos das crianças no contexto da Igreja? Sabemos que elas também possuem necessidades espirituais e que a Igreja tem um papel importante a desempenhar nesse sentido. No entanto, como estamos nós suprindo essas necessidades?

A Igreja, na verdade, desenvolveu vários programas voltados para as crianças. Entre eles podemos relacionar a Escola Sabatina, o Clube de Desbravadores, a Escola Cristã de Férias, classes bíblicas e outras atividades. Mas se nos detivermos para refletir na influência do culto e da pregação na vida dos nossos meninos e meninas, concluiremos que eles estão recebendo pouco benefício. É verdade que, para compensar essa limitação, algumas igrejas têm incluído em sua liturgia um espaço determinado para a adoração infantil. Contudo, esse esforço não substitui o dever que têm os líderes espirituais de proverem suficiente participação das crianças nos serviços sabáticos, e alimento para todas as faixas etárias da igreja, por meio da pregação.

O que fazer

Por que será que alguns pregadores apresentam certa limitação na administração desse assunto? Seria porventura a falta do devido treinamento para falar a linguagem das crianças? Desejo partilhar aqui algumas sugestões que podem ajudá-los a direcionar suas mensagens também para o público infantil da igreja.

Inclua as crianças. A melhor maneira de cativar a atenção e preparar o coração das crianças para a mensagem que será apresentada no culto é incluí-las na programação, convidando-as a dar as boas-vindas ao público, anunciar um cântico, ler um texto da Bíblia ou proferir uma oração. Essa é uma atitude muito importante para as crianças, pois lhes confere um sentimento de inclusão no serviço litúrgico, e que é útil ao seu desenvolvimento na comunidade. Dessa maneira, elas crescem familiarizadas com a idéia de que o culto é uma experiência solene, agradável, da qual elas também participam.

Evite sermões longos. Quando a mensagem é longa, mesmo que seja direcionada às crianças e seja apresentada numa linguagem apropriada, elas assimilarão muito pouco. As crianças possuem uma capacidade de concentração bastante reduzida. Ao evitar pregar sermões longos, estaremos contribuindo para a reverência e promoveremos melhores resultados na retenção do aprendizado. Somos advertidos de que “os que dão instruções à infância e à mocidade devem evitar observações enfadonhas. Falar com brevidade, indo direto ao ponto, terá uma feliz influência”. – Orientação da Criança, pág. 495.

Use palavras simples. Crianças e adultos preferem ouvir uma linguagem simples, quando lhes são apresentadas verdades bíblicas. Não complique. Evite usar termos teológicos e palavras rebuscadas. Pratique o método de Cristo que, “em Seus ensinos, descia ao nível” das crianças. Facilite a compreensão do que é difícil ser entendido.

Apresente ilustrações atrativas. As crianças apreciam ouvir ilustrações nas quais elas possam se identificar com a história e seus personagens. Esse é um método que funciona em qualquer situação. Além de chamar a atenção delas para o assunto, faz com que a mensagem seja mais facilmente compreendida.

Destaque as lições espirituais. Toda mensagem apresentada deve ter uma lição que fale diretamente ao coração das crianças. Cerimônias especiais realizadas na igreja, tais como batismo, ceia, casamento e outras, também podem ser aproveitadas para comunicar lições espirituais à mente infantil. Lembre-se: em todo culto existem crianças prontas para aceitar a Jesus como Salvador. Um convite pessoal dirigido especialmente a elas produzirá surpreendentes resultados.

Pastores, professores e demais líderes da igreja podem não alcançar a perfeição neste assunto, mas podem facilitar e encurtar o caminho através do qual o amor de Deus flui para atingir o coração de muitas crianças. Este não é apenas um desafio. Acima de tudo, é um privilégio seu, pastor.

Raquel Arrais, Diretora do Ministério da Criança e do Adolescente na Divisão Sul-Americana