“— Quê? Outro alvo?”

“— Não, meu estimado colega. Não se preocupe. Ninguém lhe pedirá contas deste alvo. No entanto, todos notarão a diferença se o alcançou ou não.”

As linhas anteriores bem poderiam ser o início de uma conversação numa reunião ministerial, quando se fala de alvos e objetivos, pois alguns (espero que sejam poucos) tendem a protestar contra os alvos.

Pois bem, hoje quero conversar com você sobre o alvo mais agradável que já conheci: o plano de leitura para o ano. Apesar de todas as vantagens do sistema, nem todos estão convencidos a seu respeito. Por isto abrigo a esperança de estimular cada um à conquista deste alvo no novo ano.

A desculpa mais freqüente no tocante ao assunto, é: “Não tenho tempo!” Ao examinar, porém, a forma em que gastamos o tempo de cada dia, compreendemos que os hábitos de vida são os responsáveis.

Não me refiro nestes parágrafos à leitura” cotidiana da Palavra de Deus e dos escritos da serva do Senhor, pois são indispensáveis e básicos. Nunca entre num programa de leitura, a menos que esta prioridade seja cumprida. Quado falo de leitura, faço alusão a outras fontes de conhecimento e informação. A pena inspirada nos dá um dos conselhos mais brilhantes que consegui encontrar para aumentar nossa capacidade de leitura. A instrução consiste em ter sempre um livro à mão, ao viajar, ao esperar a realização de um encontro, a partida do trem ou do ônibus, o início de uma reunião, etc. (Parábolas de Jesus, págs. 343 e 344.)

Os que levamos a sério esse conselho temos comprovado sua eficácia ao possibilitar que leiamos milhares de páginas, enquanto nas mesmas circunstâncias tantos outros simplesmente perdem esses preciosos minutos. A leitura é um hábito a mais, e, como tal, pode ser adquirido ou abandonado com a aplicação da vontade. Talvez sua aquisição possa iniciar-se cultivando o costume de levantar quinze minutos mais cedo, a partir da manhã seguinte à leitura destas linhas. Afinal de contas, não será um grande sacrifício. Contudo, esse quarto de hora diário se converterá no fim do ano em nada menos que um pouco mais de noventa horas.

O mais importante do plano é, porém, que depois de algumas semanas, o indivíduo se terá habituado a ler cada dia certo número de páginas, e logo descobrirá que está dedicando à ampliação de seus conhecimentos mais de quinze minutos diários. Imagine Quanto poderá abranger quando desenvolver um sistema de leitura bem estruturado! Cada página que for lida desencadeará uma torrente de idéias e pensamentos que tomarão mais rica sua vida social, seu trabalho, suas relações públicas, e estimularão seu pensamento criador e a suavidade de suas apresentações.

Se deseja tomar-se um bom leitor ou reforçar esse hábito que talvez não tenha sido tão brilhante em sua vida, sugiro que pense hoje mesmo nas regras seguintes:

1. Elabore uma lista de livros que prenderam sua atenção e programe sua leitura para os próximos seis ou doze meses (esta faceta de sua vida também merece planejamento).

2. Destine uma parcela de seu orçamento à aquisição de livros e revistas — não importa que a quantia seja pequena, mas faça-o sistematicamente.

3.  Consiga o cartão de leitor da biblioteca pública de sua localidade. Este serviço é gratuito e porá ao seu alcance bons livros.

4. Quando visitar seus amigos, dê uma olhadela em sua biblioteca. A maioria deles estarão dispostos a partilhar seus livros com você; mas, se tomar livros emprestados, trate-os como propriedade alheia. Não os sublinhe, nem escreva na margens, e jamais olvide o lugar de onde os tomou emprestados. Sir Walter Scott dizia: “Descobri que muitos amigos meus, embora sejam péssimos matemáticos, são excelentes guarda-livros.”

5. Torne-se amigo dos proprietários ou administradores de livrarias. Conseguirá descontos significativos. Dê-lhes exemplares de O Atalaia, de Vida e Saúde ou de Mocidade, e terá uma ponte amistosa. Cada mês, ao entregar a revista pessoalmente, terá oportunidade de passar os olhos sobre as últimas publicações. É provável que o livreiro lhe empreste alguns volumes de sua biblioteca pessoal.

6. Recorde sempre que não é a quantidade de leitura que importa, e, sim, a qualidade da mesma. Leve isto em conta ao planejar o ano de leitura.

7. Inclua em seu programa não somente a leitura informativa, mas também o aprendizado de novas matérias. Este último talvez requeira mais esforço, mas compensa (o cultivo de uma predileção pode desenvolver-se estudando o tópico).

Finalmente, faço algumas considerações sobre o próprio processo da leitura, a fim de torná-lo mais agradável e abarcante:

1. Embora a leitura rápida seja recomendável em muitas circunstâncias, não se prive do prazer da leitura que requer meditação e se realiza sem afobação. Há obras saboreadas com deleite ao Serem lidas sem pressa.

2. Ler um livro não significa seguir a seqüência de páginas e capítulos. É possível lê-lo por etapas, sem seguir a ordem prescrita pela paginação. Muitas vezes nesse tipo de leitura determinamos a necessidade de lê-lo todo em forma contínua ou colocá-lo em terceiro ou quarto lugar na lista de prioridades;

3. É conveniente sublinhar os parágrafos que nos pareçam mais destacados e originais (sempre que o livro seja de nossa propriedade). Além disso, deveríamos fazer apontamentos, em cartões, de idéias-chaves para o arquivo, a fim de saber exatamente onde encontrar a fonte quando prepararmos algum artigo, conferência, sermão, etc. Ter muitos livros e não dispor de um guia que nos forneça informações precisas, pode fazer com que percamos muitos tempo valioso, quando menos dispusermos dele.

4. Não se entusiasme com as enciclopédias. Para consultas enciclopédicas, use as que se encontram nas bibliotecas públicas, em colégios ou universidades de sua localidade. Em geral, são muito custosas e a quantidade de informações sobre determinados tópicos é muito breve. O caso é diferente com enciclopédias especializadas, as quais têm magnífico material.

5. Cultive o hábito de partilhar seus achados de bons livros com seus amigos e companheiros de trabalho. Lembre-se de que falar de livros é um bom ponto de partida para cultivar amizades.

6. Quando empregar idéias textuais ou material completo extraído de outros autores, dê o crédito ao escritor, quer ao fazer conferências ou escrever artigos. Evite o plágio. Quanto mais seleto for o seu auditório, tanto mais rapidamente notarão a originalidade de suas idéias ou a apropriação indevida de pensamentos alheios, dando a impressão de serem próprios.

Decida agora mesmo adotar um novo sistema de leitura, e minhas felicitações por esse primeiro passo!

Elabore uma lista de livros que prenderam sua atenção e programe sua leitura para os próximos seis ou doze meses (esta faceta de sua vida também merece planejamento).

Consiga o cartão de leitor da biblioteca pública de sua localidade. Este serviço é gratuito e porá ao seu alcance bons livros.

R. H. Maury, Presidente da União Colombo-Venezuelana