O editorial: “Sobre o Aborto”, na Adventist Review de 1º de setembro perturbou-me profundamente. Para mim este artigo é sintomático de grande parte do pensamento dentro da Igreja Adventista. Ficamos tão acostumados com o pensamento secularizado deste mundo que estamos perdendo de vista as raízes bíblicas e teológicas para nosso pensamento.

“No princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gên. 1:1) e no sexto dia “criou Deus o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que rasteja pela Terra.” Gên. 1:27 e 28.

O homem é formado à imagem de Deus. Isto o distingue do resto da criação. O homem, à imagem de Deus, deve governar a Terra. O domínio sobre a Terra como expressão da imagem de Deus pressupõe, entre outras coisas, a habilidade de pensar, de lembrar, de querer, de avaliar, de amar, de cuidar.

No Novo Testamento, Colossenses 3:10 e Efésios 4:24 demonstram que a imagem de Deus abrange também o conhecimento de Deus, a justiça e a santidade. Esta imagem de Deus, embora desfigurada, degradada, por vezes dificilmente reconhecível devido à queda, sempre deve ser restaurada, mas nunca destruída voluntariamente, a não ser pelo próprio Deus, que a criou no princípio.

Depois de criar o homem e a mulher Deus disse que eles deviam reproduzir-se e povoar a Terra. Toda vez que o esperma de um homem e o óvulo de uma mulher se unem, começa o processo de recriar uma criatura singular, uma alma Vivente, uma pessoa chamada homem. O capítulo quatro descreve belamente esse primeiro ato de procriação: “Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então disse: adquiri um varão com o auxílio do Senhor.” Gên. 4:1.

Note que o próximo acontecimento mencionado após a concepção é o nascimento de um criança. Poderiam ser citados numerosos textos das Escrituras que mostram a íntima relação entre a concepção e o nascimento de uma criança, indicando que o começo dessa vida humana especial ocorreu com a concepção.

No Novo Testamento encontramos a mesma idéia, talvez expressa de maneira mais vigorosa. O anjo disse a Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus.” S. Luc. 1:31. E o anjo prossegue de modo mais impressionante: “E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.” S. Luc. 1:36.

O último texto que citamos salienta que ela “concebeu um filho”, isto é, um ser humano, uma pessoa. A concepção e o nascimento de uma pessoa não podem ser separados no pensamento hebraico-cristão. A personalidade tem início na concepção.

O estudo da palavra “ventre” na Bíblia ilustra claramente este ponto. Os escritores bíblicos entendiam que aquilo que se desenvolvia no ventre das mulheres não era algum tecido sem importância, mas pessoas, indivíduos que podiam ser consagrados a Deus e guardados por Ele, e que podiam ser designados, enquanto ainda estavam no ventre, a tornar-se os ancestrais de nações inteiras.

“Respondeu-lhe o Senhor: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço.” Gên. 25:23. Os dois fetos foram aí encarados profeticamente como povos e nações. O que foi concebido e está em desenvolvimento é muito importante. Os dois versos precedentes são também dignos de nota. Encontramos ali a concepção num versículo e a luta dos filhos no ventre, no versículo seguinte.

No livro de Juizes, capítulo 13, lemos os pormenores relacionados com o nascimento de Sansão. Um anjo do Senhor apareceu à esposa de Manoá e lhe disse que ela conceberia um filho, o qual devia ser dedicado ao Senhor, não desde o nascimento, mas enquanto ainda estava em desenvolvimento, enquanto ainda se encontrava no ventre (Juizes 13:7; cf. 16:17). E se você ler o texto atentamente, até poderá ter a impressão de que, nesse caso especial, a dedicação começou com a concepção. A mãe devia observar o voto do nazireu desde a concepção. Sansão seria consagrado desde o ventre materno até à sepultura (Juízes 13:7).

Jó também reconheceu que Deus cria as pessoas no ventre. A Bíblia não encara a formação do homem como um desenvolvimento puramente biológico, mas como um ato criador da parte de Deus. O homem recebe seu valor — e este é exatamente o contexto de Jó, capítulo 31 — do Criador. O capítulo 31 é a alegação de inocência da parte de Jó. Ele nem sequer desprezara os seus servos. E por quê? Eles haviam sido formados, como o próprio Jó, por Deus, quando ainda estavam no ventre. “Aquele que me formou no ventre materno, não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?” Jó 31:15. Deve o homem, livre, voluntária e intencionalmente, destruir a vida que Deus, após a concepção, forma e modela pelos poderes procriadores? Até mesmo os servos constituem o produto da obra criadora de Deus no ventre, e devem ser tratados com respeito.

O salmista também testifica que é Deus que sustém a vida no ventre materno. “Por Ti tenho sido sustentado desde o ventre; Tu és aquele que me tiraste das entranhas de minha mãe. O meu louvor será para Ti constantemente.” Sal. 71:6.

Isaías reconhece que Deus forma a humanidade no ventre. Ele compara os deuses dos povos vizinhos com Yahweh e declara: “Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e sozinho espraiei a Terra.” Isa. 44:24.

Outro grupo significativo de textos fala de indivíduos que foram chamados por Deus enquanto ainda se achavam no ventre materno. No Salmo 139:16 Davi testifica: “Os Teus olhos me viram a substância ainda informe, e no Teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” De acordo com isso, Deus registrara a Davi num livro antes mesmo que ele nascesse! Jeremias também atesta a presciência de Deus: “Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e antes que saísses da madre, te consagrei e te

constituí profeta às nações.” Jer. 1:5. O apóstolo Paulo fala de uma presciência similar em Gálatas 1:15.

Talvez o exemplo mais impressionante para demonstrar a importância que Deus atribui aos fetos se encontre nas histórias relatadas em S. Lucas 1. Embora essa passagem trate de duas gestações extraordinárias, os versos 41 e 44 dão margem a reflexões.

Maria, cheia do Espírito Santo, foi visitar Isabel quando esta estava grávida de seis meses. Com a chegada de Maria, “a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou possuída do Espírito Santo”. João, que seria “cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (v. 15), tornou-se sensível ao Espírito Santo quando ainda era um feto. Sua reação não consistiu apenas nos movimentos normais de uma criança por nascer, mas Isabel testificou: “A criança estremeceu de alegria dentro em mim.” V. 44. A inferência é que esse profeta que ainda não havia nascido já era um indivíduo capaz de mostrar-se sensível ao Espírito de Deus.

A idéia do aborto é tão estranha ao pensamento judaico-cristão que nem sequer é mencionada nas Escrituras, com exceção de Êxodo 21:22 e 23; porém, mesmo esta passagem trata de um caso excepcional em conexão com um ferimento acidental de uma mulher grávida. Ele dá, porém, alguns vislumbres da maneira como um feto é encarado por Deus. “Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juizes lhe determinarem. Mas se houver dano grave, então darás vida por vida.” A palavra traduzida por “dano grave” é ‘ason, que Gesênio define como se referindo especialmente a um acidente fatal. Em vista do respeito do Antigo Testamento pelos nascituros, creio que a passagem devia ser interpretada deste modo: Se a mulher envolvida estivesse numa etapa avançada de gravidez (do sétimo mês em diante), quando a possibilidade de perder um filho é muito maior do que na primeira parte da gravidez, nessas circunstâncias, e fosse ferida e abortasse, e a criança sobrevivesse — isto é, o acidente não fosse fatal — então só teria de ser paga uma multa, reconhecendo a absoluta proteção que devia ser prestada às mulheres grávidas e que elas não deviam sofrer dano em circunstância alguma. Se, porém, a criança nascesse muito cedo e não sobrevivesse ou ficasse tão ferida no acidente que chegasse a morrer, devia então ser imposta a antiga lei de vida por vida. Assim, até a vida incipiente é protegida pelos estatutos antigos.

Além desse texto um tanto difícil sobre o aborto, há outras passagens que mostram que as nações circunvizinhas não tinham tão elevado respeito pela vida em formação. Elas até ousariam abrir as mulheres grávidas pelo meio, a fim de apoderar-se dos nascituros e destruí-los. Esses atos são apresentados nas Escrituras como terríveis crueldades, pois revelam total desrespeito pela vida em formação. Ver Isa. 13:18; Osé. 13:16; II Reis 8:12; 15:16-18.

O profeta Amós torna a demanda contra o aborto ainda mais clara. Nos capítulos 1 e 2, ele profere juízos sobre seis vizinhos de Israel e Judá. A razão do juízo sobre Amom é apresentada vividamente: “Assim diz o Senhor: Por três transgressões dos filhos de Amom, e por quatro, não sustarei o castigo, porque rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus próprios termos.” Amós 1:13. Esse ato terrível era apenas uma transgressão punível naquele tempo? Por que Deus o destacou? Não foi para indicar o total desrespeito dos amonitas pelas mulheres grávidas e pelas vidas em formação?

Todos os textos mencionados até agora lançaram alguma luz, direta ou indiretamente, sobre o assunto do aborto, mas ao procurar saber a vontade de Deus a esse respeito não devemos passar por alto o fundamental princípio subjacente do respeito pela vida, segundo é expresso no sexto mandamento: “Não matarás.” Êxo. 20:13. Este mandamento não é bem claro e explícito por si mesmo? Ele inclui a proteção dos nascituros? Não é bem claro pelos textos considerados até agora que os escritores bíblicos incluíam os fetos nessa proteção? No fruto do ventre eles viam pessoas individuais, dirigentes da Causa de Deus, ancestrais de povos e nações.

Alguns poderão argumentar que o mandamento em seu engaste original fala sobre assassinar, não sobre matar. Mas não é isto exatamente o que encontramos nos casos de aborto, em que crianças em desenvolvimento, ainda no ventre materno, inocentes e indefesas, são mortas? Isso não é uma das formas mais brutais de assassínio? Sabemos de casos em que a vida foi tirada nos tempos do Antigo Testamento, mas isto sucedeu apenas porque as pessoas se opuseram obstinadamente às claras instruções do supremo Deus. Mas o bebê em formação ainda não cometeu intencionalmente nenhum ato errado. Ele nem sequer pediu para vir à existência, e, no entanto, sua vida em desenvolvimento não é respeitada, e em muitos países ele não tem direito algum no primeiro trimestre de seu desenvolvimento.

Os Dez Mandamentos, é claro, dizem muito mais do que o leitor casual pode esperar. O sexto mandamento não abrange apenas o direito de viver, mas nos incumbe de poupar, proteger e guardar a vida humana. João Calvino comenta em seus famosos Institutes of the Christian Religion: “O sentido desse mandamento é que, visto que o Senhor ligou todo o gênero humano por uma espécie de unidade, a segurança de todos deve ser considerada como confiada a cada um. Em geral, portanto, é proibida toda violência e injustiça, e toda espécie de dano que cause sofrimento ao corpo de nosso próximo. Por conseguinte, devemos fazer fielmente o que estiver ao nosso alcance para defender a vida de nosso próximo, promover tudo que contribua para sua tranqüilidade, estar atento para afastar o dano e, quando vier o perigo, ajudar a removê-lo.”1 Calvino expressa um fato que poucos cristãos contestam: Toda a família humana tem a mesma origem e de algum modo todos estamos ligados um ao outro. Todos os homens, de acordo com Jesus, são nosso próximo. E a criança por nascer não é o próximo mais chegado à mãe?

Comentando sobre o sexto mandamento, Ellen White escreveu: “Todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida; o espírito de ódio e vingança, ou a condescendência de qualquer paixão que leve a atos ofensivos a outrem, ou nos faça mesmo desejar-lhe mal (pois qualquer que aborrece seu irmão é homicida); uma negligência egoística de cuidar dos necessitados e s-fredores; toda a condescendência própria ou desnecessária privação, ou trabalho excessivo com a tendência de prejudicar a saúde — todas estas coisas são, em maior ou menor grau, violação do sexto mandamento.”2

E, naturalmente, Jesus mesmo amplificou o significado desse mandamento. No Sermão da Montanha Ele aguça os sentidos e nos conduz a mais profunda compreensão da lei. Jesus não diminui os reclamos da lei. Não! Ele radicaliza os reclamos dos Dez Mandamentos, para que incluam as palavras e os pensamentos, o ponto de partida de toda transgressão da lei. E com essa radicalização Ele atinge a todos nós. Ninguém pode colocar-se diante de Deus e dizer: “Sou inocente.” Todos nós somos imperfeitos e pecaminosos, mas isto só amplia o respeito pela lei e aprofunda o apreço da graça insondável. Leia a questão do aborto à luz de S. Mateus, capítulo seis, e notará como Jesus deseja que nos apoderemos do espírito da lei, e não apenas da letra. Segundo disse João Calvino, “esse mandamento, portanto, proíbe o assassínio do coração e requer o sincero desejo de preservar a vida de nosso irmão”.3

De acordo com o espírito da lei, devemos preservar a vida — também a vida, a verdadeira vida, que ainda não está plenamente desenvolvida e ainda não viu a luz do dia. Jesus não reduz a lei, mas a amplia, e isso também significa uma ampliação da compreensão da vida, incluindo a concepção, o ponto de partida de uma criatura singular, formada à imagem de Deus, cuja vida ninguém deve tirar.

Finalmente, ao apresentar uma argumentação baseada na Bíblia, contra o aborto, chegamos ao âmago do evangelho. A boa nova da Bíblia é que Deus ama, cuida e salva. Ele demonstrou isto por meio do ato da encarnação: Deus tornando-Se homem na pessoa de Jesus Cristo. Lemos sobre tais coisas como a concepção de Cristo, Seu desenvolvimento no ventre de Maria, um pouco sobre a Sua infância e então os anos de ministério entre o Seu povo. Deus identificou-Se com a humanidade para que ela pudesse sentir, experimentar e compreender a justiça, a misericórdia, o amor, a longanimidade e a bondade de Deus. Ele não somente está interessado na humanidade como um todo, mas em você e em mim, e em cada indivíduo da raça humana. Essa identificação total do Filho do homem com todo homem e mulher dá a cada pessoa a garantia de seu valor. Deus põe o Seu “carimbo” em cada um de nós, dizendo-nos: Você tem muito valor à Minha vista, tanto valor que morri por você, para que pudesse viver no presente e no porvir.

Jesus Cristo é o Deus que desceu até à mais baixa das criaturas humanas. Os Evangelhos apresentam um quadro completo desse Deus que identifica. Ele identificou o filho pródigo que causou muita aflição e mágoa ao pai, e cuidou dele. Não teria sido melhor se esse rapaz nunca houvesse nascido? Não! Não depois que Deus penetrou em sua vida, dando-lhe uma significação completamente nova.

Deus Se identificou com a mulher que se encontrou com Jesus junto ao poço de Jacó. Quem a concebeu? Quem permitiu que ela visse a luz do dia? Que houve de errado na sua formação? Estas perguntas não são feitas nem respondidas pela Bíblia. Mas o relato descreve claramente a mudança na vida dessa mulher quando ela descobriu que Deus ama e cuida. Deus Se identificou com o paralítico junto ao tanque de Betesda. Não há nenhuma discussão filosófica sobre se não. teria sido melhor que esse homem nunca houvesse nascido. Não! Jesus Se interessou por esse homem e o curou, dando-lhe nova vida. Jesus até Se identifica com o escravo, estando disposto a lavar os pés de Seus próprios discípulos, ilustrando assim, entre outras coisas, o que significa cuidar, amar e servir. Ninguém era demasiado indigno para receber Sua atenção. Jesus pode identificar-Se com cada pessoa em todas as situações. Ele, como Senhor ressurreto, Salvador e Sumo Sacerdote, oferece Sua ajuda à humanidade sofredora. E, na maioria das vezes, quer prestar Sua ajuda por meio do Seu braço estendido: Seus seguidores, a Igreja.

A Igreja muitas vezes tem deixado de ajudar as pessoas em necessidade. Se a Igreja disser “não” ao aborto, poderemos esperar então que os membros desta Igreja vivam de acordo com o solícito, amoroso e prestativo espírito do Senhor. Então estaremos dispostos a ajudar nas diversas situações que trazem sofrimentos, transtornos e privações a indivíduos e famílias. E mesmo que os seguidores de Cristo não correspondam plenamente a sua responsabilidade, toda pessoa aflita, sofredora, oprimida, negligenciada e mal compreendida deve saber que Cristo depôs Sua vida por essa espécie de pessoa, ou pelas pessoas em formação. Cristo não veio salvar os perfeitos, os justos, os autossuficientes, mas os que estão em grande necessidade. Devemos procurar evitar o sofrimento, especialmente na vida dos outros, mas não se isto requer transgredir deliberada, intencional e compenetradamente um dos mandamentos de Deus. Se a transgressão e o sofrimento estiverem em oposição um ao outro, sempre devemos escolher o sofrimento, junto com Cristo, o qual sofre conosco.

Este é, portanto, o fundamento bíblico imediato que o cristão deve levar em consideração ao pensar no aborto. Para mim a Bíblia não é neutra, mas diz muita coisa sobre o aborto. A Bíblia nunca poderá ser neutra em questões de vida e morte.

DR. RICHARD MULLER, professor de Bíblia em Vejlefjord Hojere Skole, Daugard, Dinamarca

Referências

1. John Calvin, Institutes of the Christian Religion. II, 8 e 39.

2. Patriarcas e Profetas, pág. 316.

3. John Calvin, loc. cit.