“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda;” S. Mat. 24:15.

Muitos estudiosos das Escrituras se embaraçam com esta “abominação da desolação” ou “abominação assoladora” — terrível acontecimento predito por Daniel, e mencionado por Jesus nos evangelhos sinóticos. As bases preditivas dêsse evento estão em Dan. 9:27; 11:31; 12:11. No primeiro • passo, aludindo ao concêrto por uma semana, e à cessação do sacrifício na metade da semana, diz o vidente que viria o assolador sôbre a asa das abominações, ligando-as com guerra. No segundo texto, a abominação desoladora se liga a uma profanação do santuário e da fortaleza (muros da cidade de Jerusalém). No último, há referência a um período de tempo que decorre da extinção do contínuo à imposição da abominação desoladora. Sendo ponto controvertido o sentido de contínuo, bem como a interpretação do período  mencionado, não entraremos em pormenores neste verso. A “abominação” em aprêço foi citada por Cristo no texto que encima êste estudo, e também em S. Mar. 13: 14 e S. Luc. 21:20.

Diremos, de início, que, nas Escrituras Sagradas, abominação significa a mais repulsiva aversão de Deus pelos ídolos e práticas pagãs. Mas a “abominação” acima referida é “assoladora”, ruinosa, arrazadora, de grande amplitude, de modo mesmo a subverter o culto implantado por Deus. A profecia da “abominação da desolação” teve duplo cumprimento:

1o. Jesus a aplicou à destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos, comandados por Tito, no ano 70 A.D. Sabemos que a soldadesca infrene destruiu inteiramente o templo, profanou-o, e os estandartes de Roma, com suas figuras idolátricas, foram arvorados em terra santa. Nessa ocasião milhares de judeus foram torturados, e outros milhares mortos com requintes de perversidade. O sangue humano formava correntes líquidas, escoando-se pelos sulcos do solo. A Palestina ficou ASSOLADA e deserta, princípalmente a Judéia. Os judeus sobreviventes foram levados para Roma, alguns foram lançados às feras, e outros dispersos por tôda a Terra, como vagabundos sem lar. Tal foi um dos cumprimentos da profecia da “abominação da desolação,” que determinou o fim de Israel como nação. O paganismo a assolou completamente.

2o. Cremos, porém, como ocorre com a predição de S. Mat. 24, que esta profecia é de duplo cumprimento. O primeiro, como foi dito, ocorreu em relação aos judeus. O outro cumprimento se deu em relação aos cristãos. Considerando que a abominação se relaciona com a remoção (ou substituição) do “contínuo sacrifício” e também com um período de 1.290 anos (Dan. 12:11), admitimos que êste segundo cumprimento ocorreu com a obra demolidora do grande poder apóstata que, iniciando-se em 508 A.D. (quando se firmou a supremacia do papado no Ocidente) até 1798, REMOVEU o verdadeiro culto, instituindo, em lugar dêle, um sis-tema eivado de crenças pagãs, degenerando na grande apostasia. Além dessa “assolação” de ordem espiritual, verificou-se em boa parte daquele período, durante os 1.260 anos, a feroz perseguição da Idade Escura. A igreja fiel estêve no deserto. Foi movida guerra contra os santos. Esta “abominação da desolação” substituiu o paganismo no poder temporal.

Os adventistas, por razões óbvias, rejeitam o ensino da teologia popular que afirma ser esta abominação a invasão e conseqüente profanação do templo judaico por Antíoco Epífano no ano 170 A.C. aproximadamente, e isto pelo fato de ter êle pôsto um ídolo no lugar sagrado. A mais séria objeção contra esta tese é que a abominação referida, qualquer seja ela, ocorreu depois da primeira vinda de Cristo. Cristo alude a ela como fato futuro. Como poderia cumprir-se em Antíoco? — A. B. Cristianini.

O Ciúme e a Suspeita Produzem Desunião

“Coisa alguma tanto retarda e entrava a obra em seus vários ramos, como o ciúme e as suspeitas e desconfianças. Isto revela dominar a desunião entre os obreiros de Deus. O egoísmo, eis a raiz de todo mal.” — Evangelismo, pág. 633.