A visão do Getsêmani,

Eu hei de a conservar sempre diante de mim,

E não permitirei que ela desvaneça!

Já, um dia,

Farta de lutas e desesperada, lembrei:

Irei ao Getsêmani!

Resoluta, num raio de memória, os séculos retrocedí, E da cidade murada de Jerusalém,

Caminhei ao frio luar daquela trágica noite.

O emaranhado caminho ao hôrto Palmilhei, à pressa, ansiosa, Como quem foge do inimigo.

Com as mãos tapei firme os ouvidos,

Para não escutar os clamores do tentador.

Corri, corri até que o silêncio do hôrto me envolveu, E meus pés alcançaram o terreno sagrado….

Ah!. ..

Jesus, a suar gôtas de sangue —

Que espetáculo!

é, contudo, esta visão amarga, bem o sei, O eficaz remédio para minha alma.

Quando glórias mundanas me acenam,

Quando a vaidade ensaia sua dança na alma, Quando o orgulho assoma o seu pico,

Quando o mundo do meu redor convida para seus [deleites,

Quando tudo isto que são trevas parece radiante, — Nada como a visão do Getsêmani!

O escuro e triste Getsêmani,

Eis meu conforto,

Eis a fôrça para abater o poder do inimigo!