(Continuação do Número Anterior)

PERGUNTA 37

Em face de tôdas as referências à vinda, aparecimento ou volta do Senhor, e diante da inexistência de qualquer afirmação acêrca de dois acontecimentos distintos, certo o pêso da prova fica com os que querem dividir essas várias referências à vinda, em duas fases separadas pelo período do anticristo. E o advogado do ponto de vista “pré-tribulacionista” não tem clara evidência escriturística quanto a uma vinda preliminar, para reunir os santos antes da tribulação do último dia e uma vinda com os santos depois da tribulação, em glória e para flamejante vingança contra o anticristo e os ímpios. Não só não há indicação dessas duas vindas diferentes, como há, sim, específica evidência escriturística em contrário.

4. “PAROUSIA” Exige o Real e Pessoal Aparecimento de Cristo. — A palavra parousia tem sentido distinto, e pode encontrar seu cumprimento tão-sòmente na real e visível presença do indivíduo a que se refere. É o que se pode ver no uso de parousia no Nôvo Testamento, diferente do uso que se refere à segunda vinda. Assim é empregado referindo-se à vinda de Tito (II Cor. 7:6); à vinda de Estéfanas (I Cor. 16:17); e à vinda de Paulo (Filip. 1:26).

Há um exemplo em II Cor. 10:10, onde lemos acêrca da “presença do corpo” (parousia) do apóstolo Paulo. Não há motivo para compreender mal o sentido dessa palavra. É claro, definido, concludente. Deissmann (Light From the Ancient East, págs. 272 e 382) mostra que parousia (“presença,” “vinda”) era o têrmo técnico para significar a chegada pessoal de um potentado ou seu representante.

As Escrituras ensinam claramente (I Cor. 15:23) que “os que são de Cristo” ressuscitarão “na Sua vinda” (a palavra aqui usada é parousia). Noutra parte a parousia do Filho do homem é descrita por um símbolo muito visível, o relâmpago que atravessa todo o céu (S. Mat. 24:27). Nada existe de secreto acêrca des-sa espécie de parousia. (O argumento em favor de uma vinda secreta de Cristo, baseado nessa palavra grega, foi desabonado mesmo por alguns autores pré-tribulacionistas.) Mas a evidência não repousa sôbre a mera escolha de palavras.

5. Não Há Lugar Para o “Arrebatamento” Secreto Como Fase Separada do Advento. — — Quando Jesus voltar, não virá sòzinho. Sêres celestiais constituirão o cortejo triunfal que com Êle virá. Disse Jesus: “O Filho do homem virá . .. com os Seus anjos” (S. Mat. 16:27). Marcos a êstes se refere como “santos anjos” (S. Mar. 8:38); Paulo, como os “anjos do Seu poder” (II Tess. 1:7); e Mateus cita as próprias palavras de nosso Senhor, dizendo que “todos os santos anjos” acompanhá-Lo-ão na Sua volta (S. Mat. 25:31). Que galáxia de glória celestial, formada não só pelas hostes angélicas, mas por Cristo mesmo, vindo “na Sua glória, e na do Pai” (S. Luc. 9:26). Quem poderá imaginar a cena! Com miríades de miríades e “milhares de milhares” (Apoc. 5:11), dêsses mensageiros da glória, que cortejo de majestade sem paralelo! Que revelação da refulgente glória do Eterno!

Há notável semelhança entre os acontecimentos descritos em vários registos paralelos da segunda vinda, particularmente em relação com a ressurreição dos mortos e a trasladação dos justos vivos. Diz Paulo: “O mesmo Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus” (I Tess. 4:16), e arrebatará os Seus, ao Seu encontro. Òbviamente, é êste ajuntamento dos santos da Terra que é descrito, em têrmos semelhantes, pelo próprio Jesus: “Verão o Filho do homem, vindo sôbre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E Êle enviará os Seus anjos, com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (S. Mat. 24:30 e 31). E notemos que é o soar da “trombeta” que conclama os “mortos” (I Cor. 15:52), quando “os que são de Cristo” “serão vivificados,” “na Sua vinda” (vs. 22 e 23). Esta seleção dos justos dentre as vastas multidões da Terra é feita em base individual. Cristo mesmo descreveu essa divisão dos habitantes da Terra em duas classes distintas, pela simples declaração: “Será levado um, e deixado o outro” (S. Mat. 24:40).

À luz dessas considerações, não encontramos apoio para a teoria do arrebatamento secreto, mantida por alguns.

  • 6. O Advento e a Tribulação Final. — O “ajuntamento” da igreja a Cristo em relação ao tempo do anti-cristo e da tribulação é estudado em linguagem literal e explícita na segunda carta de Paulo aos tessalonicenses, que foi escrita para corrigir o mal-entendido quanto ao que êle dissera em sua primeira carta, acêrca da volta de Jesus a fim de ressuscitar os mortos e trasladar os vivos justos. Em sua segunda epístola diz êle aos cristãos tessalonicenses que Deus recompensará seus perseguidores com tribulação, e as vítimas dessas perseguições com descanso, “quando do Céu Se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do Seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.” II Tess. 1:7 e 8. De nôvo encontramos as duas classes: A igreja encontra livramento na ocasião em que Cristo vem com chamejante vingança dos adversários (dÊle e da igreja). Demais, Paulo os instruiu acêrca da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” e da “nossa reunião com Êle.” II Tess. 2:1. A instrução é “no que diz respeito à vinda,” e não diz pela vinda e reunião, ou em nome delas. Que outra coisa poderia êle ter significado por “nossa reunião com Êle” senão a mesma reunião dos santos que êle descrevera em sua primeira carta e que êles evidentemente haviam entendido mal — a vinda em que “seremos arrebatados” para junto de Cristo, isto é, o “arrebatamento” de I Tess. 4:16 e 17? Acêrca dêsse assunto êle roga a seus leitores que não se movam fàcilmente nem se perturbem acêrca da iminência da vinda do dia de Cristo, “porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia, e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição.” II Tess. 2:1-3. Paulo então diz aos crentes tessalonicenses que o dia da vinda de Cristo para reunir os santos* — a vinda acêrca da

* Sustentar que “aquele dia,” e “O dia de Cristo” se refiram à vinda visível, depois da revelação do anti-cristo, ao passo que a “vinda” e a “reunião” da igreja sejam o “arrebatamento” que precede a revelação do anticristo — isto seria o mesmo que fazer Paulo dizer: “Ora, rogo-vos, acêrca do acontecimento A, que não vos perturbeis acêrca do acontecimento B, que transcorrerá sete anos mais tarde.” Isso reduziría a um contra-senso a sua explanação. qual se perturbavam porque não haviam entendido direito a Paulo — não viria senão depois da revelação do homem da iniqüidade. Isto aqui está claro, mas Paulo prossegue.

Êsse homem da iniqüidade, diz a profecia, se assentaria no “santuário de Deus” e pretendería ser adorado como se fosse Deus — êsse mesmo poder, cremos, perseguiría os santos e traria a grande tribulação de 1.260 dias — e será destruído “pelo esplendor da Sua vinda.” (vv. 4 e 8). É óbvio que seja a quem fôr que se refira a frase “aquêle que agora o detém” (v. 7), o afastamento que permitirá a revelação do anti-cristo não pode ser igualada à reunião da igreja de Cristo com Êle, à qual Paulo aqui se refere como vindo depois da “apostasia” e da revelação do homem da iniqüidade. E é igualmente óbvio que o anticristo tem de preceder, e não seguir, à reunião dos santos com Cristo, por ocasião de Sua vinda. Usando outras palavras: Se a vinda de Cristo, que destrói o anticristo, segue à revelação do homem da iniqüidade, e se a reunião dos santos cristãos por ocasião da vinda de Cristo também segue à revelação do homem da iniqüidade, então, na ausência de uma explícita declaração da Escritura, não existe razão concebível para que não se refiram à mesma vinda.

Isto está de acordo com a declaração de Paulo, de que a vinda que há de trazer descanso, ou alívio (Trad, atualizada), é a vinda que trará vingança aos inimigos de Deus; com a descrição de João, da vinda do Rei, que abrange os juízos sôbre o animal, o falso profeta e o dragão, assim como a primeira ressurreição; e com a declaração de Jesus, de que Sua vinda com rijo clangor de trombeta, para juntar os Seus escolhidos, segue à tribulação. E tôdas as passagens harmonizam com as repetidas referências de Jesus a Sua vinda (sempre no singular).

Logo, os adventistas do sétimo dia crêem na evidência escriturística de que haverá uma visível, pessoal e gloriosa segunda vinda de Cristo.

  • 7. Profecias Acêrca do Anticristo Cumpridas Antes do Advento. — Os adventistas, em comum com quase todos os reformadores protestantes, reconhecem o poder papal como o grande anticristo dos séculos, pois que satisfaz as especificações escriturísticas da “ponta pequena” de Daniel 7 e do ser (ou “bêsta”) de Apoc. 13.

Os que assumem quer a atitude pretérita quer a futurista, são incapazes de reconhecer o verdadeiro anticristo, ao efetuar êle a sua obra. Desalertados todos em relação a seus esquemas nefandos, procurará êle enganar o mundo todo; tanto assim que os homens acabarão declarando: “Quem é semelhante à bêsta? quem poderá batalhar contra ela?” e “tôda a Terra” se maravilhará “após a bêsta.” Apoc. 13:4 e 3.

À obra do anticristo será pôsto um têrmo pelo segundo advento de nosso Senhor. Lemos em II Tess. 2:3 de um ser denominado “homem do pecado” (ou “da iniqüidade” — Trad. Atualizada). Lemos, no v. 4, de suas pretensões blasfemas, no v. 9 de seus sinais e prodígios de mentira. Mas a Palavra de Deus diz inequivocamente que êle será aniquilado “pelo esplendor da Sua vinda” (vinda de Cristo). II Tess. 2:8. Mesmo que se combinassem tôdas as organizações da apostasia, com tôdas as suas obras ímpias, suas atividades chegariam ao fim, por ocasião do retôrno de nosso Senhor (Apoc. 19: 19 e 20).

8. O Segundo Advento Assinala o Princípio do Período Milenial. — O período milenial é mencionado positivamente em Apoc. 20, sob a expressão “mil anos.” Os vv. 4-6 falam da primeira ressurreição. “Viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.” Apoc. 20:4. Os que tiverem parte nela são chamados “bem-aventurados e santos.” Mais, serão “sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Êle mil anos.” A ressurreição dos santos, ensinada em I Cor. 15 e I Tess. 4, tem lugar por ocasião da vinda de nosso Senhor. E visto como os assim ressurgidos reinarão “com Cristo durante mil anos,” é claro que essa ressurreição assinala o princípio do período milenial. Sendo que os restantes dos mortos (os ímpios) “não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Apoc. 20:5), é também evidente que essa segunda ressurreição marca o final do período de mil anos. (Para maiores considerações sôbre o milênio, ver perguntas 38 e 39.)