R. R. FIGUHR

Presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia

O OBJETIVO da reforma pró-saúde é a boa saúde. “Desejo que te vá bem em tôdas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma,” escreveu o fiel João. Êle cria na reforma pró-saúde e sem dúvida nela cria conscienciosamente. Percebia a relação íntima existente entre o bem-estar físico e a prosperidade espiritual. Portanto, insistia com todos os crentes para que buscassem viver de maneira tal que promovesse a boa saúde. Quase não se concebe que quem julga e condena outros por não viverem exatamente em consonância com suas próprias idéias, possa andar na trilha correta. O crítico nunca desfruta prosperidade espiritual, nem conhece a verdadeira alegria de viver.

Poucos assuntos há em que exista mais ampla divergência de opinião e prática entre nós, do que no ponto por nós chamado reforma pró-saúde. Conseqüentemente, não existe outro assunto que requeira mais paciência e tolerância, do que êste. E como líderes na causa de Deus e pastôres do rebanho, devemos tratar de guiar e inspirar nossos membros no tocante aos princípios da saúde e na educação pró-saúde.

Provàvelmente mais pessoas têm sido taxadas de fanáticas ou excessivamente liberais no assunto do comer, do que em qualquer outro. Isto procede, em parte, de pessoas que impõem a outras suas próprias normas de comer e beber. Faz muito tempo, o apóstolo Paulo, referindo-se a êste mesmo assunto, perguntou: “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Em seguida, acrescenta: “Para seu próprio senhor êle está em pé ou cai.” (Rom. 14: 4). Dir-se-ia que o Senhor tenha deixado ampla margem na aplicação pessoal dos princípios do regime alimentar. Muita instrução é fornecida, que abrange diferentes circunstâncias, bem como dife-rentes capacidades digestivas. O homem de digestão boa, robusta e saudável dificilmente está capacitado para estabelecer uma norma para a pessoa de digestão fraca. Infelizmente, isto ocorre, às vêzes. Recentemente nos chamou a atenção o caso de um de nossos jovens que serve na Armada. Enfraquecera êle até quase às portas da sepultura ao buscar seguir conscienciosamente certo regime de alimentação que lhe fôra apresentado por algum zeloso, mas sem dúvida desorientado maníaco em alimentação. Que dano irreparável foi assim infrigido à reforma pró-saúde! Uma pessoa teria declarado: “Pretendo ser um reformador do regime alimentar, mesmo que morra na tentativa!”

Por outro lado, alguém, no esfôrço de evitar o extremismo e ser taxado de fanático, envereda pelo outro extremo e torna-se excessivamente liberal. Isto, também, é de deplorar-se. Muito mais deplorável, porém, é a atitude de um pequeno grupo — felizmente pequeno — que amesquinham a reforma pró-saúde e dela zombam. Ridicularizam, até, os que buscam seguir conscienciosamente o que consideram ser a instrução a nós ministrada. Esta atitude é, sem dúvida, mais deplorável, quando a pessoa que ridiculariza é um ministro. Não devemos nós respeitar as pessoas conscienciosas? Não devemos deixar de reconhecer que, por intermédio da mensageira do Senhor, nos foi dada instrução abundante neste sentido, cuja totalidade tem que ser tomada em consideração no planejamento pormenorizado de uma norma de proceder. Se acontece que alguns põem mais ênfase num ponto que noutro, e nos pareçam estar ligeiramente desiqui-librados, devemos, não obstante, respeitar-lhes a sinceridade.

Quão certo é que se o diabo não nos pode reter presos ao gêlo da indiferença (descuido e liberalismo), busca atirar-nos nos fogos do fanatismo! Existe um caminho médio e razoável delimitado para nós neste assunto do viver sadio. Busquemos nêle andar.

Êste assunto do viver saudável inclui muito mais do que meramente eliminar da alimentação uns poucos itens. Muita instrução nos foi dada, por exemplo, quanto aos males da alimentação fraca e desequilibrada, que é um assunto da máxima importância. Também para certas combinações prejudiciais nos foi chamada a atenção. Existe, também, o assunto do sono e do repouso devido como salvaguarda da saúde. Os princípios da verdadeira reforma pró-saúde são extremamente amplos e incluem muito mais do que em geral pensamos que incluam. Atendem êles a todo caso e circunstância. Caso a reforma pró-saúde fôsse hoje praticada sàbiamente e amplamente, o estado de saúde dos adventistas em geral seria muito superior ao da média dos indivíduos. Seria motivo de comentário científico no mundo. Infelizmente assim não é. Dar-se-á o caso de ser a nossa interpretação demasiado estreita, e nossa compreensão restrita demais? Talvez tenhamos pôsto ênfase nos pontos mínimos e descuidado os máximos. Na qualidade de obreiros, ajudemos nosso povo a estudar a maneira de comer para alcançar tanto a saúde física como espiritual.

Qual deve ser a atitude do ministro para com êste asunto importante? Não deve êle primeiramente reconhecer os amplos princípios expostos nas Escrituras e apresentados pela mensageira do Senhor? Por que não fazer nós mesmos cuidadosa e conscienciosa experiência, reconhecendo que nem todos terão exatamente a mesma reação? Somos todos muito diferentes uns dos outros, diferentes demais para buscarmos, todos, comer as mesmas coisas. Experimentando, porém, podemos definir o que nos é melhor, e então adotá-lo. Sobretudo, não demos a impressão de que o reino de Deus consista maiormente em comida e bebida. É, também, justiça e paz e júbilo no Espírito Santo.