A pergunta: “Que é a verdade?” (Jo 18:38), feita por Pilatos a Cristo, sempre ecoou na mente de homens e mulheres empenhados na busca de certeza e rumo para a vida. E, ao longo da História, não
lhes faltaram opções de definição nem sugestões de como e onde encontrá-la. Na Idade Média, por exemplo, quem desejasse conhecer a verdade deveria buscá-la junto ao clero. Com o advento da Reforma, a verdade passou a ser vista como bem acessível a qualquer pessoa que a pesquisasse nas Escrituras.
Em seguida, como se sabe, as revoluções filosófica e científica descartaram a autoridade dessas fontes para definir e apontar a verdade, atribuindo a possibilidade de sua descoberta à razão humana e à ciência. Assim, o mundo entrava no período moderno da civilização, em que a ciência se tornou a medida de todas as coisas, estando pretensamente destinada a resolver os problemas do mundo. Ela exploraria os recursos do planeta em benefício do ser humano e na construção de um mundo melhor. Com o passar do tempo, surgiram outras propostas com o objetivo de levar o ser humano à plenitude da felicidade, em um mundo de justiça e paz. Socialismo, existencialismo, capitalismo e outros “ismos” são alguns exemplos. Porém, desiludido pela falácia de todas elas, eis o homem, hoje, empenhado em construir sua própria verdade, relativa e pluralista, divorciada de valores absolutos. Chegamos assim à era pós-moderna.
Para a igreja em sua missão, representa sério desafio esse conceito de ver- dade relativa, composta de “muitas verdades” ou “pela verdade de cada um”, ajustável a situações, conveniências e gostos pessoais. Ele ameaça a fé, gera incerteza e constrói resistências. Contudo, novos desafios também abrem por- tas para novas oportunidades e não devem ser temidos. O Senhor da História pode revertê-los em instrumentos para reavaliação de nossas prioridades e como incentivo à elaboração de métodos que despertem a geração atual para a relevância do evangelho na experiência humana.
Depois de tudo, é importante lembrar que desafios religiosos, culturais, políticos, intelectuais, sociais ou econômicos jamais representaram obstáculo à atuação do Espírito Santo. Nos dias apostólicos, a mensagem que os primeiros cristãos proclamavam suscitou reações: “É loucura!”, diziam os intelectuais gregos. “É escandalosa!”, vociferavam os religiosos judeus. “Estão transtornando o mundo!”, queixavam-se autoridades políticas. Mas a mensagem do Cristo crucificado, ressurreto e prestes a vir era, como ainda é e sempre será, a resposta para os dilemas humanos. O próprio adventismo não surgiu no vácuo da História. Deus suscitou esse movimento com a missão de proclamar Cristo e Seu “evangelho eterno”, numa época em que também proliferavam tendências políticas, intelectuais, sociais e religiosas diversificadas. Não há o que temer!
Zinaldo A. Santos