Meu coração bateu um pouco mais depressa quando nosso ônibus entrou na pequena cidade a poucos quilômetros ao norte de Detroit, Michigan. Viajando pelo meio de transporte mais barato que conseguiu, fui ter uma entrevista pessoal com o décimo sexto homileticista, eleito por seus pares como o mais notável dos professores de pregação da América — pesquisa para a minha dissertação de doutorado sobre o ensino da pregação. Reuel Howe, diretor do Instituto de Estudos Pastorais Avançados, era o próximo na minha lista.
Logo eu estava parado na rodoviária, segurando meu caderno de entrevistas de dez páginas com uma das mãos e com a outra o gravador, na esperança de que Howe não tivesse esquecido sua promessa de enviar alguém para encontrar-me.
Um homem alto, despretencioso, provavelmente com seus avançados 50 anos, aproximou-se e se identificou. Fiquei ao mesmo tempo preocupado e lisonjeado. O próprio Howe havia vindo! A hora que gastamos conversando em seu carro e as duas horas da entrevista em seu escritório, serviram para mudar minha compreensão a respeito da pregação.
Eu havia gasto centenas de horas em aulas de comunicação — algumas das quais no Seminário Garrett, e a maioria na Universidade Noroeste. As palavras usadas foram “diálogo” e “dinâmica de grupo.” Howe ajudou-me a relacionar toda essa teoria com a vida prática da congregação local. Comecei a entender a absoluta necessidade do diálogo na igreja em geral, e na pregação em particular.
Aprendemos mais e mantemos diálogo mais estreiro com a igreja. A pesquisa de comunicação ensina constantemente que devem existir duas maneiras de comunicação: de realimentação, caso deva existir entendimento e aceitação máximos, e de internalização. Mas o diálogo não desenvolve apenas nossa compreensão de contéudo; compreendemos melhor os outros e a nós mesmos, depois de ter partilhado nossas idéias e sentimentos.
Todo pastor deseja que os membros de sua igreja se sintam unidos a ele e uns com os outros. Ocorre essa união, essa comunhão de espírito cresce, quando as pessoas dialogam franca e repetidamente. Howe insistiu: “O diálogo é para o amor, o que o sangue é para o corpo. Quando a corrente sanguínea pára, o corpo morre.”1
A igreja deve usar repetidamente o método do diáologo. O cristianismo não tem estado alheio à importância do diálogo. A maioria dos sermões que Jesus e os apóstolos pregaram fora, ou precedidos ou seguidos pela conversação. Só depois que as escolas de oratória do Ocidente adotaram a mensagem do evangelho, a oratória substituiu a conversação. Em décadas recentes, a Escola Sabatina vem desempenhando um papel importante ao manter as pessoas unidas para estudo da Bíblia e o diálogo. E em sua ênfase constante sobre a amizade doméstica e os grupos de estudo da Bíblia, muitas igrejas estão revivendo a discussão de grupo.
Especialmente na religião, onde a teoria deve sempre estar combinada com a experiência, a discussão de grupo é um excelente meio de ensino. Uma das melhores maneiras de as pessoas aprenderem o cristianismo é através das experiências de seus pares — por meio do diálogo.
Deve então a discussão de grupo substituir a pregação? Esta sugestão favorece duas espécies de considerações: Primeiro, enquanto grupos ideais proporcionam meio ideal de partilhar o cristianismo, todos os que já tomaram parte nas discussões de um pequeno grupo na igreja, sabem que há poucos grupos ideais.
Segundo, embora o diálogo seja um meio ideal de aprender, a pregação é muitas vezes uma forma melhor de motivar. E por mais importante que seja o aprendizado, a maioria dos cristãos necessita mais ser motivada do que ensinada. Os adoradores vêm à igreja tanto para aprender o que jamais souberam, como para ser motivados a fazerem o que já sabiam que deviam fazer. A pregação ainda é necessária — especialmente a espécie de pregação que se baseia no princípio diagonal.
A pregação deve usar sempre o princípio dialogai. Ocorre o diálogo quando cada participante tanto fala como escuta. Embora a pregação seja basicamente um método monológico de comunicação, a grande contribuição de Howe foi ressaltar que ela pode e deve seguir o princípio do diálogo. A pregação dialógica ocorre quando os pregadores falam às pessoas apenas depois que as ouviram. Quando eles ouvem suas queixas, sentem-lhes as frustrações e procuram andar em seus sapatos, então seus sermões fazem aquelas perguntas e procuram aquelas respostas que satisfazem as necessidades de seus ouvintes.
Howe resume: “Quão trágico que eles (os pregadores) não entendam as intenções, os pensamentos, as perguntas, o intelecto, os interesses e o estímulo de suas congregações, a fim de prepararem e pregarem seus sermões; e que seus sermões, longe de serem a grande produção do momento, são apenas uma contribuição preliminar para os sermões que são formados no interior de cada ouvinte quando este corresponde mais do que aos próprios intentos, aos intentos do pregador.”2
Em outro artigo, sugerimos algumas respostas excitantes à pergunta: “Como posso tornar minha pregação mais dialógica?”
Floyd Bresee
- 1. Miracle of Dialogue (Nova Iorque: The Seabury Press, 1963), pág. 3.
- 2. Idem, pág. 145.