Levareis aproximadamente 20 minutos para ler este artigo. Ele não é um postulado científico saturado de raciocínios abstratos; antes é a descrição experiencial e prática de como saber quando nossa personalidade está em desarmonia com a realidade imediata (a vida presente) e especialmente com a mediata (eterna).

Nos escritos do Espírito de Profecia lemos que “dia a dia, estais edificando caráter para o tempo e a eternidade”.’ Visto que personalidade e caráter são, em certa medida, a mesma coisa, é importante interessar-se por saber qual é sua origem, estrutura e função. Se a experiência é um prenúncio do que sucederá, bom número dos leitores descobrirão, ao ler este artigo, que:

  • 1. Não tinham uma idéia bem clara do que, em si, é o caráter e a personalidade.
  • 2. Não sabiam fazer distinção entre caráter, personalidade e temperamento.
  • 3. Não concebiam a idéia de que, em mais de uma ocasião, a “transformação” de alguns aspectos do caráter não ocorre necessariamente na igreja ou de joelhos, ao lado de uma cama.
  • 4. A cognição ampla deste interessante tema e das soluções que oferece pode servir para extinguir para sempre os sentimentos de culpabilidade que surgem quando não podem deixar de funcionar em forma grata e doce perante os de fora, ao passo que nos círculos íntimos e com os familiares eles se conduzem de modo censurável.

Para entender devidamente este importante assunto da personalidade e do caráter, precisamos de uma definição destes termos, e também do vocábulo “temperamento”, que tem estreita relação com as funções e os atos de nossa personalidade e caráter.

Personalidade é definida como “a forma característica em que uma pessoa se conduz; o padrão de conduta profundamente gravado que uma pessoa desenvolve, tanto consciente como inconscientemente, como também seu estilo de vida ou maneira de ser ao adaptar-se a seu ambiente.”2

(Cumpre notar que cada disciplina tem uma definição um tan-to diferente do que é personalidade. Como a maioria dessas definições são acentuadamente ontológicas, escolhemos a definição que reúne elementos comuns a todas as ciências e que servem de orientação a este artigo. Assim, a definição de personalidade, como as de temperamento e caráter, assumem a conotação clínica que adquirem em psicologia e psiquiatria. À guisa de ilustração, diremos que a antropologia define a personalidade tomando como base a adaptação do indivíduo aos valores centrais e universais de sua cultura. )3

Temperamento é a combinação de traços inatos que afetam subconscientemente a conduta do indivíduo. Visto que estes traços ou característicos estão organizados em forma de genética, com base na nacionalidade, raça, sexo e outros fatores hereditários, o temperamento de uma pessoa é tão difícil de ser predito como as medidas do corpo, a cor dos olhos ou da pele, etc.

O caráter é o que poderíamos chamar de temperamento natural do indivíduo, com as modificações produzidas pela criação, pela educação e também pelas atitudes, crenças, princípios e motivações.4 Isto indica que o ambiente

  • — cultural, social ou religioso
  • — no qual nos desenvolvemos, também exerce uma influência (positiva ou negativa) na formação e orientação de nosso caráter.

É significativo que Ellen G. White disse isto muito antes que os cientistas pudessem descrevê-lo dessa maneira. “O poder mental e moral que Deus nos tem dado não constitui o caráter. Estes são talentos que nós temos que aperfeiçoar e que, se forem devidamente aperfeiçoados, formarão um caráter adequado ou correto. Um homem pode ter na mão uma preciosa semente; essa semente não é, porém, uma horta. A semente tem de ser plantada antes que se converta numa árvore. A mente é o jardim; o caráter é o fruto. Deus nos deu as nossas faculdades para que as cultivemos e desenvolvamos. Nosso próprio procedimento de-termina nosso caráter.”5

Visto que este artigo recebe principalmente uma orientação clínica, vejamos a distinção que a psiquiatria faz entre os termos caráter e personalidade. “Os vocábulos caráter e personalidade se referem ambos ao conjunto das características de conduta básicas e distintivas do indivíduo e podem ser utilizados de modo intercambiável. ”6 E então é acrescentada uma declaração que lança luz sobre a distinção que temos de fazer entre esses dois termos de acordo com a função que exercem: “O primeiro [caráter] é mais usado para designar o que um indivíduo é na realidade, ao passo que o segundo [personalidade] implica o que parece ser para os outros.”7

Esta é uma distinção muito significativa, pois em geral as pessoas nos julgam pela personalidade, ou seja, pelo que “parecemos ser”. No entanto, “o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”.8 “O ‘coração’ diz respeito ao intelecto, às inclinações e à vontade. ”’ Como podemos notar, Deus vê mais além dessa capa de santidade e Se interessa pelo caráter, pelo que somos na realidade. Ellen G. White o expressa numa linguagem mais determinante ainda quando nos diz que a aparência não é uma evidência positiva do caráter. 10

Personalidade, então, em certa medida, é uma adaptação ao ambiente em que vivemos; é uma expressão exterior do que somos, e não necessariamente uma expressão real do que somos. Caráter, por outro lado, é a expresão do que somos realmente. Amiúde nos encontramos com pessoas que encobrem ou escondem, detrás de uma “personalidade” (fachada) prazenteira, um caráter débil e enfermiço. Indivíduo genuíno é aquele que mantém uma relação muito estreita entre a personalidade (conduta overt) e o caráter (conduta covert). Cum-pre notar que uma pessoa pode ser genuína (ter uma relação estreita entre sua personalidade e seu caráter) e ter mau caráter (isto é, mau caráter e má personalidade, pois não esconde ou controla seu gênio). Essa atitude é a que comumente designamos como “mau temperamento”, e se não for controlado, especialmente durante a formação do indivíduo, o mau temperamento conspira contra a formação do caráter. Ellen G. White o expressou desta maneira: “Todo ato da vida, por mais insignificante, tem sua influência na formação do caráter. Um caráter bem formado é mais precioso que as possessões mundanas; e moldá-lo é a obra mais nobre em que os homens se possam empenhar.”11

Para o cristão que considera esta vida como o laboratório em que Deus nos colocou para purificar a fórmula de nossa existência, o caráter, deve ser revelador descobrir a importância de saber o que em si é o caráter. Este é um assunto de capital importância, pois o caráter é a única coisa que levaremos para a eternidade; portanto, necessitamos saber muito bem que é o caráter, como se forma e que podemos fazer para melhorá-lo.

Ao examinar a Figura 1 pode-mos notar como na primeira etapa da vida (0-1 ano de vida) a criança não faz distinção entre a conduta overt e a covert. Ela pode fazer suas necessidades nas fraldas ou no chão. Ao passar para a próxima etapa (1-3 anos), a criança aprende a distinguir entre o que pode fazer em público e o que

ou ambos, tem agradável personalidade exterior, mas um caráter enfermiço, ela também aprenderá a fazer este jogo e desenvolverá dois níveis de conduta bem distintos.

Os poucos estudos que se pôde fazer desse fenômeno social indicam claramente que as crianças que crescem num lar assim podem chegar a ter êxito em seu trabalho ou em sua vida social, mas em geral têm dificuldades no matrimônio. O mais significativo, porém, é que também podem ter sérios problemas para manter estreita e significativa relação com Deus. Melhorar o caráter — mais do que para os outros — é uma luta constante e algo penoso para elas.

O quadro de crescimento e desenvolvimento do ser humano divide o desenvolvimento fisico e emocional do indivíduo em sete etapas. Estas são usadas como base para este artigo. O leitor notará como a influência dos pais no desenvolvimento do caráter de uma criança começa bem cedo na infância. Mas o que aqui é denominado “Período Crítico” (entre a 3ª e 4ª etapas) deve ser cuidadosamente considerado pelo leitor. É a essa altura que a criança aprende a valorizar a importância de uma bela personalidade; é dever dos pais mostrar-lhe que o mais importante é desenvolver um bom caráter.

Notemos como em alguns casos, especialmente quando se deu muita ênfase a melhorar a personalidade, o caráter não somente fica estagnado, mas também perde, como os anos, algo do estado ou condição original. Por outro lado, quando se dá ênfase ao desenvolvimento de um bom caráter, a personalidade também se beneficia.

Se levarmos em conta que a personalidade só nos serve para ser aceitos nesta vida (60 a 100 anos), se toma mais notória a importância de desenvolver o caráter, o qual nos acompanhará por toda a eternidade.


Como se Desenvolve a Personalidade?

Idealmente a personalidade e o caráter deveriam formar-se e desenvolver-se de modo paralelo. Desafortunadamente, muitos indivíduos — e nós ministros não somos uma exceção — bem cedo na vida começam a desenvolver uma “personalidade profissional” altamente aceitável e funcional que os ajuda a abrir caminho. O problema consiste em que, quando se dá muita ênfase a refinar a personalidade, com freqüência se descuida ou se deprecia o caráter.

Quando isto sucede, nossa conduta overt (nossa relação com a sociedade em que trabalhamos) se refina ou se ajusta a um grau aceitável e funcional, ao passo que a conduta covert (geralmente no lar e outros círculos privados) não evolui muito e com o tempo se torna reprovável. Transforma-se na válvula de escape pela qual o indivíduo dá saída à tensão e às frustrações que absorveu ou interiorizou paciente e mansamente, enquanto “manifestava” uma personalidade aceitável e funcional.

Quando essa conduta artificial é mantida por muito tempo, o indivíduo desenvolve “dupla personalidade”. Preocupou-se tanto por refinar sua personalidade que essa conduta ideal se separou a tal ponto de sua conduta real (caráter) que se tornou muito difícil juntá-las. Esta situação, que comumente chamamos de dupla personalidade ou ambigüidade, nada mais é que a descrição, em linguagem leiga, de um indivíduo que refinou (ajustou ou adaptou) sua personalidade às exigências do ambiente e manteve o caráter sob pressão para deixá-lo expressar-se num ambiente (lar, amigos?) em que sua conduta não o envergonhe tanto ou não ponha em perigo seu trabalho e sua imagem. A pena inspirada expressao numa linguagem bem clara ao dizer que o homem amiúde perde de vista o desenvolvimento do caráter em seu interesse por-melhorar a aparência exterior.12

Lamentavelmente, o espaço e os objetivos atribuídos a este artigo não nos permitem considerar a estreita relação que existe entre a conversão, a santificação e o caráter. Se o fizéssemos, poderíamos notar que muitas vezes nos encontramos com pessoas que sofrem por não poderem controlar ou modificar certos aspectos de seu caráter, apesar de orações e jejuns. A explicação, em numerosos casos, é que certos componentes do caráter são herdados, outros são adquiridos durante o processo da enculturação.*

Como o indivíduo não está consciente das causas ou da origem dessas “debilidades do cará-ter”, elas escapam a seu controle, e, por motivos que não podemos entender, Deus nem sempre as transforma por meio de um milagre. Quando isto sucede, com a ajuda de um bom clínico podem ser identificados esses aspectos negativos do caráter, auxiliando assim o indivíduo a superar ou corrigir essas deficiências. Um clínico perspicaz poderá descobrir excessos na personalidade e, amiúde, total negligência no desenvolvimento do caráter.

O caráter tem como base de seu desenvolvimento a soma dos traços fixos e modos habituais de responder ou reagir do indivíduo. Assim, se uma pessoa tem o que comumente chamamos “debilidades de caráter”, que em psiquiatria são denominados “transtornos do caráter”, é muito importante que o paciente o saiba, para que desenvolva sua conduta levando em conta essas deficiências ou limitações. Não sabê-lo afeta consideravelmente sua capacidade de crescimento e maturidade e tomará mais difícil a adaptação ao ambiente. Isto nos leva à pergunta que certamente está na mente de todos os leitores: Que são transtornos do cará-ter?

Transtornos do Caráter

“Transtornos do caráter são padrões de conduta e de vida fundamentalmente aceitáveis ao indivíduo mas produtores de conflito com os outros.”13 Em geral, o indivíduo, por si mesmo, não pode modificar os transtornos do caráter. Estes constituem o resultado de causas que em parte são genéticas ou constitucionais e em parte emocionais ou do desenvolvimento. Referindo-se a todos estes fatores presentes nas crianças, a pena inspirada escreveu: “Elas herdaram o caráter imperfeito dos pais, e a disciplina doméstica não foi de nenhuma eficácia na formação do caráter correto.”14

Isto no revela que crescemos com eles. Se o indivíduo procura desenvolver uma personalidade aceitável, como por si mesmo não pode modificar seus traços de caráter, uma das primeiras funções será “esconder” ou compensar esses transtornos ou limitações do caráter que não são aceitáveis no meio em que vive ou que não deseja que os outros vejam. No entanto, essas características em geral se “filtram” e até se entrelaçam com a conduta overt (personalidade). Em outros casos, o indivíduo tem de compensar as limitações que esse transtorno do caráter ocasiona em sua personalidade, tomando muito difícil a integração** de um ou outro.

A psiquiatria reconhece 12 tipos (classes) de transtornos do ca-ráter: 1) caráter esquizóide, 2) obsessivo-compulsivo, 3) histérico, 4) anti-social, 5) passivo-agressivo, 6) masoquista, 7) paranóide, 8) ciclotímico, 9) explosivo (ou epileptóide), 10) astênico, 11) inadequado e 12) emocional instável.15 A falta de espaço não nos permite definir e explicar cada um. Não obstante, seria bom ler alguma coisa sobre este assunto para descobrir em que medida nossa capacidade profissional e interação social podem ser afetadas por um transtorno do caráter do qual não estamos cientes.

Tratamento dos Transtornos do Caráter

Infelizmente, o indivíduo que tem transtornos do caráter raramente está ciente de seu problema; vive pensando que a culpa “está com os outros”. A explicação, segundo a psiquiatria, se baseia no fato de que “suas vias distorcidas com sua família e com seus companheiros causam mais problemas para os outros do que para eles mesmos”.16 Em 1881 a serva do Senhor havia antecipado essa descoberta científica: “Dia a dia a estrutura do caráter vai crescendo, embora o seu possuidor não esteja ciente disso.”’7

Noutras palavras, eles percebem os transtornos como “injustiça” ou como problemas que ocorrem fora deles; portanto, é difícil fazer com que sintam necessidade de meios terapêuticos. Em geral, para que seja produzida essa necessidade, o indivíduo tem de ser confrontado com o seu problema. De modo empático mas firme, deve-se fazer com que veja os conflitos que suscita e a necessidade de buscar ajuda para identificar a causa específica, conquanto seja muito provável que ele se sinta totalmente justificado em suas ações e respostas que ocasionam dificuldades. Desafortunadamente, as pessoas com transtornos do caráter têm tão baixa tolerância para com a ansiedade ou o sofrimento que, como resultado da confrontação, ou devido a alguma outra causa, rejeitam a terapêutica. O leigo interpretará este sintoma clínico como “insegurança” ou “falta de maturidade para aceitar a crítica”.

Os pastores que chegam a ter crises por causa desses transtornos, geralmente seguem uma das seguintes vias: 1ª A mais comum: seu caráter tem tanta dificuldade para acomodar-se numa igreja, que depois de muitas transferências, eles acabam indo para uma pequena igreja, mudam de atividade ou saem da obra. 2ª A segunda alternativa pode limitar o impacto que seu transtorno do caráter pode exercer em sua personalidade, desenvolvendo assim uma personalidade funcional que os torna aceitáveis, podendo até alcançar posições administrativas. Primeiro a família e, às vezes, os subalternos sentem o impacto do que é seu verdadeiro caráter. 3ª Por último, seu transtorno pode afetá-los de tal modo que desenvolvem uma porção de sintomas que acabam por manifestar-se numa neurose franca, com diversas conseqüências para sua vida e para sua família. Como podemos ver, os indivíduos que têm transtornos do caráter podem atravessar a vida sem buscar ajuda, levando avante suas funções; e, nesse processo, continuam causando sofrimentos aos outros e a eles mesmos, sem ter conhecimento de seu problema. Referimo-nos a isto no começo deste artigo, quando dissemos que alguns aspectos do caráter nem sempre podem ser alterados freqüentando a igreja ou orando ao lado da cama.

Em resumo, podemos dizer que os transtornos do caráter se manifestam em forma de desajustes da integração social ou cultural nos acontecimentos específicos de relação com os outros, geralmente aqueles que fazem parte de nosso círculo mais íntimo. Muitos indivíduos, especialmente os que têm alguma orientação religiosa, escondem esses problemas sob uma capa de santidade ou interiorizam sua reação, por ser “próprio” ou “correto” para o cristão. Isto confere uma auréola de superficialidade à personalidade do indivíduo, geralmente perceptível ao olhar clínico; e, se a pessoa está sob pressão, também mostrará o que é na realidade, mesmo aos que não são versados em psicologia.

Como Melhorar a Personalidade do Pastor

Como o leitor poderá notar, gastamos bastante tempo para definir os termos e conceitos relacionados com a personalidade. Também nos esforçamos por descrever as conseqüências patológicas do mau caráter ou personalidade. Explicar como tratar esta “enfermidade” (a psiquiatria aceita esses transtornos como enfermidade com a qual muitos indivíduos aprendem a viver) requereria outro artigo; precisaríamos conhecer de que transtorno do caráter sofre o indivíduo e considerar então o pro-cesso para seu tratamento eficaz.

Achamos prudente, portanto, pospor esse assunto e restringir-nos a estimular cada pastor, professor ou dirigente que lê este artigo a dar uma olhada introspectiva e retrospectiva em sua vida, para que nossos defeitos de caráter não debilitem o progresso da obra de Deus.18 Meticuloso e sincero estudo de nossa conduta overt e covert nos permitirá ver quanto nos resta fazer em favor de nosso caráter. Reconsideremos mentalmente co-mo nos conduzimos em público e em particular. Você é alguém que confunde franqueza com grosseria ou falta de sensibilidade? Reage unicamente ao ditame de seus sentimentos, sem importar-se de que esteja ferindo os sentimentos dos outros? É admirado pelos de fora, ao passo que os de dentro se ressentem de sua conduta particular?

No fim deste artigo encontrará um quadro clínico em que se retratam cuidadosamente as qualidades próprias de uma pessoa que está vivendo e refletindo em sua interação social as qualidades e a conduta próprias de uma pessoa amadurecida, que resultam quando um cristão está conseguindo (note que isto é progressivo e constante, não absoluto) uma modificação positiva em sua personalidade e caráter. Se depois de lê-lo julgar que es-tá refletindo em sua conduta diária os conceitos expostos nesse quadro, ajoelhe-se, dê graças a Deus e prossiga no mesmo caminho. Se, porém, sentir que es-te artigo como que rasgou a cortina da superficialidade com que por anos vinha cobrindo seu verdadeiro caráter, ajoelhe-se e peça perdão a Deus, rogando também que Ele lhe dê forças para reconhecer suas debilidades. Recomece então a carreira em direção ao alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Seus familiares e amigos ficarão agradecidos e, o que é mais im-portante, você estará tomando as medidas necessárias para que Cristo sele seu passaporte de entrada no Céu, não com tinta, mas com Seu sangue, que “nos purifica de todo pecado”.19 Afinal de contas, Ele é a única pessoa que pode moldar e modificar a própria base de nosso caráter.20

Critérios Para Avaliar a Maturidade Emocional

  • 1. O indivíduo emocionalmente amadurecido aceita suas limitações.

A pessoa amadurecida tem um senso realista do que pode e não pode fazer. Geralmente está contente por ser a pessoa que é, e aproveita ao máximo seus talentos e possibilidades.

  • 2. O indivíduo emocionalmente amadurecido é diligente e produtivo.

A pessoa amadurecida não se considera uma vítima passiva das circunstâncias, e, sim, como alguém que domina os acontecimentos e modela o ambiente. Encara o seu trabalho como im-portante meio de expressão pessoal e como auxílio para o seu desenvolvimento. Procura viver da maneira mais cabal e criativa possível.

  • 3. O indivíduo emocionalmente amadurecido pode renunciar a prazeres de curta duração em troca de objetivos de longa duração.

A pessoa amadurecida exerce razoável controle sobre seus desejos e emoções. Quando alguma satisfação imediata poderia prejudicar seus planos de longo alcance, ela é capaz de disciplinar-se suficientemente para abandoná-la. Não é, porém, uma pessoa que se controla em demasia. Não deseja nem requer autodisciplina sobre-humana; apenas o suficiente para viver ditosamente.

  • 4. O indivíduo emocionalmente amadurecido mantém relações satisfatórias com os outros.

A pessoa amadurecida pode estabelecer diversas espécies de relações com outras pessoas, sem receio ou tensão. Tem amigos onde trabalha. Pode sentir profunda afeição e solicitude pelas pessoas que lhe são chegadas. Vive em harmonia com os outros e encara suas relações como algo que aumenta consideravelmente o valor de sua vida.

  • 5. O indivíduo emocionalmente amadurecido é flexível sob a tensão.

A pessoa amadurecida pode adaptar-se a condições cambiantes. Consegue suportar pressões, como trabalhos urgentes e novos métodos de serviço, sem ficar irritada ou frustrada. Quando um aperfeiçoamento recente no âmbito do trabalho toma ineficaz sua atuação costumeira, fazendo com que se sinta insegura e ansiosa, ela não procura lidar com a insegurança desprezando a inovação e persistindo em sua atuação antiquada. Antes encara a inovação de maneira realista e enfrenta sua insegurança adaptando sua atuação para que nova-mente se tome eficaz.

  • 6. O indivíduo emocionalmente amadurecido não é propenso a excessiva preocupação, a dúvidas pessoais irrealistas, nem a devaneios exagerados ou a de-pressão.

A pessoa emocionalmente amadurecida não é um super-homem. Quando há boas razões para que se sinta mal, ela sente-se mal. Mas, em geral, não se sente assim sem motivo. Pode ter devaneios em determinadas ocasiões, mas não substitui a realidade da vida por devaneios. Quando um empregado passa demasiado tempo se preocupando ou fazendo castelos no ar, ou se fica tão deprimido que seu trabalho é gravemente prejudicado, sem que haja alguma coisa em seu ambiente atual que justifique es-se procedimento, talvez esteja enfrentando graves problemas emocionais. Tal indivíduo deve ser encaminhado a um psicólogo ou a uma clínica psiquiátrica, para tratamento.

* Enculturação é o processo pelo qua] o ser humano se adapta a sua cultura e aprende a cumprir ou levar a cabo as funções de sua posição e o papel que lhe é designado por essa cultura.” — Diccionario de Antropologia.

** A organização útil e a incorporação de informações, novas ou antigas, como também de experiências e capacidades emocionais, na personalidade ou caráter.

Bibliografia

  • 1. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 440.
  • 2. Psychiatric Glossary.
  • 3. Culture and Personality, 2ª ed., A.F.C. Wallace Random House, Nova Iorque, 1961, pág. 8.
  • 4. Comprehensive Textbook of Psychiatry, vol. 1, pág. 650.
  • 5. Testimonies, vol. 4, 606.
  • 6. Manual de Psiquiatria, F. Salomón e V. Patch, Editorial El Manual Moderno, S.A., México II, D. F., 1976, pág. 299.
  • 7. I Samuel 16:7.
  • 8. SDA Bible Commentary, vol. 2, pág. 529.
  • 9. Testimonies, vol. 1, pág. 322.
  • 10. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 602.
  • 11. Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 105.
  • 12. Manual de Psiquiatria, F. Salomón, pág. 141.
  • 13. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 173.
  • 14. Manual de Psiquiatria, págs. 141-145.
  • 15. Idem, pág. 145
  • 16. Testimonies, vol. 4, pág. 606.
  • 17. Idem, vol. 2, pág. 639.
  • 18. I S. João 1:7, ú.p.
  • 19. Fundamentos da Educação Cristã, pág. 279.