A voz de meu pai libertou-me de um pesadelo. E que pesadelo! Para onde quer que eu me voltasse, via números. Acima de mim, à minha direita e à esquerda; na frente e atrás. Números! Números! Números! Toda tentativa de fugir era inútil. Eu estava numa armadilha.

Mas a voz de meu pai anunciava que era hora de acordar. Naquele tempo eu costumava acordar tarde; não era o primeiro a pular da cama. Contudo, naquela manhã, especialmente, saudei com alegria sua ordem para levantar, livrando-me do pesadelo.

Aquele pesadelo era compreensível. Alguns meses antes, eu tinha começado a trabalhar como contador de uma grande empresa em Nova Iorque. Como o membro mais novo da equipe, minha responsabilidade era registrar os lançamentos no livro-caixa principal. Na verdade, eram dois grandes livros, e meu trabalho era transferir para eles números de vários relatórios. Essa tarefa ocupava pelo menos uma semana, o que significa que durante esse período eu só via números. Naquela noite específica, os números se tornaram meus inimigos. Na verdade, meu pai disse que, antes de me chamar, ele me ouviu mencionando números em voz alta.

Pastores trabalham com pessoas, mas também não podem evitar números. Quantos membros tem sua igreja? Quantos vão aos cultos? Quantos novos membros foram agregados? Sua igreja tem orçamento? Qual é seu alvo de batismos? Números, números e mais números. Eles estão sempre nos rodeando e não querem se afastar.

Porém, são eles inimigos? Certamente, os números de que gostamos não são. Se o salário aumenta mais que o esperado, gostamos do número maior.

Jesus gostava de números. Em Lucas 15:3-6, Ele nos ensina que 99 e 1 são números significativos; mas, estranho como possa parecer, entre os dois, o número 1 é ainda mais significativo. Aliás, Cristo tinha uma afinidade especial pelo número 1, quer se tratasse de uma moeda aparentemente insignificante (Mar. 12:42) ou de uma criancinha (Mat. 18:2). Em Mateus 16:21, Ele nos lembra que 3 é um número importante, pois, no terceiro dia, Ele ressuscitaria.

Os números não deveriam nos assustar, desde que eles, isoladamente, não são o centro da questão. Se corrermos atrás dos números pelos números, jamais experimentaremos a alegria do pastorado. Por outro lado, se compreendermos que os números podem ser símbolos daquilo que realmente importa — os filhos de Deus – eles se tornarão nossos amigos. O foco deve ser sempre as pessoas.

Eu tinha aproximadamente 13 anos, quando pela primeira vez recebi estudos de uma instrutora bíblica. Semana após semana, Gertrude Battle, uma idosa senhora estudava a Palavra de Deus comigo. Pouco antes daqueles estudos, nossa família tinha chegado da Alemanha para os Estados Unidos, e eu tinha uma compreensão limitada do inglês. Às vezes eu achava difícil entendê-la, mas posso dizer que ela era perseverante em seu interesse por mim.

A irmã Gertrude sempre queria saber sobre minha escola, família, e se eu gostava do meu novo país. Embora eu ainda não fosse batizado, ela não agia como se estivesse desperdiçando seu tempo comigo.

Quantas pessoas você batizou até hoje? Muitas, você dirá. Isso é maravilhoso, desde que elas saibam que você tem interesse pessoal na vida delas. Quanto tempo você emprega estudando a Bíblia? Uma, duas, três ou mais horas, você dirá. Mas o que a Palavra tem feito por você? Como administrador, quantos pastores você recebeu em seu Campo nos últimos dois anos? Cinco, seis, ou mais, você dirá. São eles, hoje, tão importantes para você como quando os chamou?

Números são parte da nossa vida, mas eles não devem governá-la. Devem ser o que são – símbolos de quão importantes nós somos para Deus e quão importantes outras pessoas são para nós.

Nikolaus Satelmajer, editor de Ministry

“O importante não é o alvo numérico em si, mas o que ele representa