“Acho, como diz a Bíblia, que o fim dos tempos se aproxima e acho também que as pessoas precisam se conscientizar disso. Não sou eu a única pessoa a ter esse tipo de preocupação. Muita gente está preocupada com o fim dos tempos.”1 Essas palavras foram ditas pelo cantor popular Roberto Carlos, há algum tempo. Embora sejam desconhecidas as reais motivações de sua declaração, ela se reveste de significado na sequência dos últimos acontecimentos.

No mundo evangélico, várias afirmativas parecidas têm sido feitas. Parece que, de modo quase geral, os religiosos encontram-se atentos aos movimentos no “tabuleiro” das últimas ocorrências. Para muitos observadores, o cenário já está montado para o grande desfecho da História. Tudo seria uma questão de pouco tempo.

Há uma grande batalha diante de nós, a última luta a ser travada antes do retomo triunfal do nosso Senhor Jesus Cristo e do consequente arrebatamento dos fiéis. Esse embate final será travado não no campo militar. Não será uma luta física, mas, sim, uma grande contenda no campo espiritual. Terá que ver com decisões e tomadas de posicionamentos no âmbito religioso. O apóstolo Paulo faz alusão às nossas pequenas lutas diárias, preconizando esse conflito final: “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Efés. 6:12).

O Apocalipse, por sua vez, fala sobre a arregimentação estratégica e o alinhamento de forças para esse último embate: “Então vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande dia do Deus todo-poderoso. … Então os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (Apoc. 16:13, 14 e 16).

O encaixe da Nova Era

Como vimos em artigo anterior (Ministério, março/abril 93), nestes últimos anos um grande movimento, com raízes profundas no passado, tem cada vez mais ocupado espaço e granjeado adeptos. Através do seu amplo espectro de atuação (envolvendo as áreas política, religiosa, social, econômica, educacional, de saúde e de lazer), o Movimento Nova Era vem concentrando poder e aglutinando forças, com vistas à formação de um grande alinhamento político-econômico-religioso que lhe dê condições de alterar radicalmente o nosso planeta. Quando ouvimos ou lemos as palavras dos maiores expoentes desse movimento, enunciando os seus objetivos, vemos que ele se encaixa como luva no cenário do último conflito. Segundo a socióloga americana Marylin Ferguson, autora do livro A Conspiração Aquariana, “está-se armando uma vigorosa rede, sem lideranças, que trabalha para transformar radicalmente o nosso mundo. Os seus membros libertaram-se de determinadas concepções que marcam a mentalidade ocidental… essa rede é a conspiração suave sob o signo de Aquário.”2 Alice Bailey (1880 – 1949), uma das fundadoras do movimento, faz uma afirmação complementar bastante significativa: “Há anos eu dizia que a guerra, que viria depois desta, seria travada no campo das religiões mundiais … Ela será travada, principalmente, no campo espiritual usando as ideias. Também abrangerá o campo emocional, e isso em referência ao posicionamento de idealismo fanático dos fundamentalistas. Este fanatismo enraizado, que sempre pode ser encontrado nos grupos reacionários, irá combater o surgimento e a expansão da religião vindoura e o esoterismo… É de se esperar que eles vão lutar pela ordem vigente … eles estão se preparando para isto. A futura batalha será travada dentro das igrejas.”3

Domínio das consciências

Ao descrever o quadro dos eventos finais, tanto a Bíblia como o Espírito de Profecia falam da efervescência religiosa, da grande disseminação de enganos, de mistura com a verdade e da profusão de sinais e prodígios. Antes da vinda de Cristo existirá um estado de decadência religiosa semelhante aos primeiros séculos. Serão dias de confusão espiritual, falsas doutrinas e apostasia.4

Ellen G. White afirma: “Foram-me mostradas as heresias que haviam de surgir, os enganos que prevaleceriam, o poder de Satanás para operar milagres – os falsos cristos que aparecerão – que enganarão a maior parte, mesmo do mundo religioso, e que, se possível, desviariam até os próprios eleitos.”3

Nesse contexto, vemos que o diabo, através de todos os seus agentes, estará operando com todos os recursos possíveis, prodígios de engano, para aumentar suas possibilidades de êxito em atrair, se possível, o mundo inteiro para o seu lado. “Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos crentes. Satanás também opera prodígios de mentira, fazendo mesmo descer fogo do céu, à vista dos homens (Apoc. 13:13). Assim, os habitantes da Terra serão levados a decidir-se.”6

O livro do Apocalipse, ao apresentar os eventos finais, coloca diante de nós a atuação de poderes hostis ao povo de Deus. Após a tomada de decisão, quando todas as pessoas se posicionarão de um dos dois lados da contenda, será movida fortíssima perseguição aos fiéis a Deus e a Sua Palavra. Entre os poderes opressores comandados pelo dragão, contra o povo de Deus, encontram-se a besta que emerge do mar (símbolo de Roma papal) e a besta que emerge da terra (símbolo dos Estados Unidos da América do Norte).

Quanto à confirmação da identidade da segunda besta, Ellen G. White é clara: “Que nação do Novo Mundo se achava em 1798 ascendendo ao poder, apresentando indícios de força e grandeza, e atraindo a atenção do mundo? A aplicação do símbolo não admite dúvidas. Uma nação, e apenas uma, satisfaz às especificações desta profecia; esta aponta insofismavelmente para os Estados Unidos da América do Norte”.7 É afirmado que a segunda besta “exerce toda a autoridade da primeira besta, na sua presença…” (Apoc. 13:12) Essa colocação deixa claro que o poder religioso, simbolizado pela primeira besta, encontraria total respaldo na segunda besta ao exercer as suas atividades no campo espiritual; a segunda besta viria a ser promotor e agente da primeira nos seus negócios. Durante o clímax do seu poderio, a primeira besta exerceu autoridade sobre vasta área, tanto em matéria religiosa como política. E agora, no final da história, quando a sua “ferida mortal” estiver totalmente curada, ela voltará a dominar o cenário (Apoc. 13:3 e 12).

Formando a imagem

Como vimos, o poder de influência e intimidação da primeira besta deriva do forte apoio que lhe é prestado pela segunda besta. Esta fará com que “a Terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada. Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à Terra, diante dos homens” (Apoc. 13:13). “Não se acham aqui preditas meras imposturas. Os homens são enganados por sinais que os agentes têm poder para fazer, e não pelo que pretendam realizar.”8

Não podemos esperar que os sinais ou milagres mencionados ocorram até que tenha sido restaurado o poder da Igreja-Estado. Isso acontecerá como resultado da completa cura da “ferida mortal”, quando o papado voltará a ter o mesmo poderio que exerceu no passado, no período de 538 a 1798 d.C. O autor da Lição da Escola Sabatina do 39 trimestre de 1989, Carl Coffman, afirmou: “Atualmente estamos vendo certos acontecimentos que convergem para esse ponto. O Movimento Nova Era, o misticismo oriental, o espiritismo e o espiritualismo estão contribuindo para levar o mundo à aceitação dos enganos de que fala Apocalipse 13”.9

“A imagem da primeira besta seria uma organização que operasse mais ou menos de acordo com os mesmos princípios que os da organização representada por essa besta. Entre os princípios de acordo com os quais atuava a primeira besta, pode ser mencionado o uso do poder secular para apoiar instituições religiosas. Como imitação disso, a segunda besta repudiará seus princípios de liberdade. A Igreja induzirá o Estado a impor os seus dogmas. O Estado e a Igreja se unirão, e o resultado será a perda da liberdade religiosa e a perseguição das minorias dissidentes.”10 Como nos lembra apropriadamente Uriah Smith, “os governos podem guerrear contra outros governos, para vingar alguma afronta, real ou imaginária, ou para adquirir território e estender o poder; mas os governos não perseguem ninguém por causa da sua religião, a não ser instigados por algum sistema religioso oposto ou hostil.”11

O poder da besta semelhante a um cordeiro pressionará as pessoas em todas as partes da Terra no sentido de adorarem à primeira besta, cujo poder terá sido restaurado. Ela imporá supremo respeito por Roma papal e exigirá que todos os habitantes da Terra prestem culto de acordo com os ditames papais.12

“A profecia aponta aí para a aprovação de alguma medida religiosa, cuja observância seria considerada um ato de adoração, pois que o adorador, observando-a, reconhece a autoridade da primeira besta em assuntos de religião.” 13

Agente catalisador

Existe uma expressão, no campo da Química, que com frequência é empregada figurativamente para ilustrar o controle ou velocidade de qualquer atividade. Trata-se do termo catalisar, que, especificamente, significa “acelerar ou retardar uma ação química”.14 Elemento catalisador, por inferência, seria o agente que estaria no comando de um processo, provocando-o, acelerando-o, retardando-o ou incentivando-o. Carl Coffman faz uma inquirição oportuna: “Quem, finalmente, dominará os poderes representados pela besta semelhante a leopardo e a besta de dois chifres (o falso profeta), e será a fonte desses prodígios enganosos?”15

A Bíblia responde a essa indagação: “Então vi sair da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs; porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande dia do Deus todo-poderoso” (Apoc. 16:13 e 14).

A profecia é clara. Espíritos de demônios dominarão esses poderes e serão a fonte da operação de prodígios. O espiritismo moderno originou-se nos Estados Unidos em 1848, por meio da família Fox, em Hydesville, Nova Iorque. A partir daí, ele desenvolveu-se cada vez mais até transformar-se num gigantesco movimento mundial. “O espiritismo… que teve ingresso nos centros científicos, invadiu igrejas e alcançou favor nas corporações legislativas e mesmo nas cortes reais, esse grande engano, não é senão o reaparecimento, sob novo disfarce, da feitiçaria condenada e proibida na antiguidade”.16

Fonte de promoção

O Movimento Nova Era tem sua origem e base de sustentação no espiritismo. Nele encontramos das atividades ritualísticas mais antigas do paganismo às mais recentes práticas e crenças das novas correntes esotéricas; das mais chocantes e bizarras cerimônias, e cultos como os rituais de magia negra com sacrifícios humanos, às mais refinadas e atraentes práticas espíritas, tais como parapsicologia, energização, teosofia, ufologia, neurolinguística, etc. “Esta nova religião recorre a todas as fontes de ocultismo que sempre foram conhecidas pela humanidade”.17

A Bíblia afirma claramente que “são espíritos de demônios” que estariam no controle de todas essas movimentações dos últimos dias como condutores do processo que visa preparar o mundo para a implantação de um governo mundial, o reinado do anticristo. O espiritismo, como foi visto, é esse elemento de aglutinação entre as forças que operam no sentido de estabelecer as condições propícias à formação da imagem da besta e ascensão de um líder que procurará impor uma nova ordem sócio-político-econômico-religiosa no mundo.

Segundo Marco André, “existe um movimento de proporções mundiais preparando esse caminho por intermédio da mistificação. As barreiras do ceticismo têm caído e um número cada vez maior de pessoas aderem às crenças místicas. As organizações esotéricas têm arrebanhado um número sempre crescente de novos adeptos, acusando um crescimento sem precedentes”.18

Carl Coffman corrobora essa mesma visão: “O Movimento Nova Era, com suas raízes no ocultismo e no misticismo oriental, impregna todos os níveis da sociedade, influenciando as pessoas nos negócios, nos serviços de saúde, na educação e nos entretenimentos. Não é de admirar que Deus nos advirta da queda de Babilônia e apele para que Seu povo se retire dela (Apoc. 18:4 e 5)”.19

O Dr. Siegfried Schwantes é taxativo ao afirmar: “Trata-se de um movimento ao mes-mo tempo político, filosófico e religioso que visa entregar o planeta à direção de Lúcifer”.20

O clímax do engano

Descrevendo os acontecimentos finais que precedem o retorno de Jesus à Terra, Ellen White alerta para a explosão do espiritismo, sob todas as formas e disfarces, afirmando que ele “está prestes a cativar o mundo. … Um poder sobre-humano está operando de várias maneiras, e poucos têm a ideia do que será a manifestação do espiritismo no futuro.”21 Ela menciona ainda que o “ato culminante no grande drama do engano” será quando “o próprio Satanás personificará a Cristo”.22

Não temos a menor dúvida em afirmar que o Movimento Nova Era está trabalhando de forma direta e intensiva no cumprimento dessa profecia. Entre seus objetivos está a implantação de uma nova liderança espiritual. O novo líder, o avatar da Era de Aquário, é chamado Lord Maitreya, o instrutor ou Mestre Saint Germain. Worls Goodwill, destacado adepto da Nova Era, falando sobre o avatar, diz que “hoje o reaparecimento do instrutor do mundo – o Ungido – é esperado por milhões… O instrutor mundial vindouro estará preocupado não com o resultado ou erros passados e insuficiências, mas, sim, com as necessidades de uma nova ordem mundial e com a organização da estrutura social”.23

Como lembra Marco André, eles fazem uma importante distinção entre Jesus e o Cristo (Lord Maitreya) que voltará. O cristo que eles estão anunciando e levando milhões de pessoas a aguardá-lo. Benjamim Creme, que se diz porta-voz do Maitreya, explica essa distinção dizendo que Jesus é um discípulo de Maitreya. Dessa forma, Jesus teve o Seu momento de Cristo, todavia não o é mais.24

A preparação do mundo, o condicionamento das pessoas através de mensagens diretas e subliminares, está em curso há dezenas de anos. As peças se encaixam com precisão. O cenário final já está praticamente montado e o protagonista maior na obra do engano está sendo anunciado como estando prestes a assumir o papel que lhe cabe nestes últimos dias. A presença do chamado Fator Lúcifer, dentro do Movimento Nova Era, é um dos maiores indicativos dessa realidade.

Durante o II Congresso Holístico Internacional, ocorrido em julho de 1991, em Belo Horizonte, MG, Carlos Byngton afirmou que Lúcifer não é um ser maligno. Segundo Byngton, o cristianismo cometeu um grande engano em atribuir caráter maligno a Lúcifer.25 Essa afirmação está de acordo com o que Alice Bailey dizia: “Lúcifer é o dono e senhor da humanidade”.

George King, o inglês que é a luz orientadora da Sociedade Aetherius, sediada em Los Angeles, afirma ter entrado em contato com o “Mestre Jesus”, e com uma multidão de inteligências espaciais. Ele prediz que “um novo mestre virá, em breve e publicamente, … em um disco voador”.27

Conclusão

Ao Jesus proferir o Seu sermão profético, ocasião em que enunciou os eventos finais que precederiam Sua segunda vinda, Ele destacou de forma especial a obra do engano nos últimos dias. Alertou quanto aos falsos cristos e falsos profetas. Com efeito, eles já estão agindo. O claro cumprimento dos sinais mencionados por Cristo é o maior indicativo de que Seu retomo está prestes a ocorrer.

Que essa constatação nos leve a considerar mais atentamente a advertência que fez nosso Salvador: “Assim também vós, quando virdes todas estas coisas, sabei que o fim está próximo, às portas” (S. Mat. 24:33).

Referências

1. Jornal Correio Braziliense, 9 de dezembro de 1986, pág. 21.

2. Gerhard Sautter, A Nova Era à Luz do Evangelho, pág. 99.

3. Alice Bailey, The Eternalisation, págs. 453 e 454.

4. Sônia Gazeta, A Nova Era e os Últimos Eventos da História do Mundo, pág. 2.

5. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 414.

6. —————-, O Grande Conflito, pág. 617.

7. Idem, idem, pág. 439.

8. Ellen G. White, História da Redenção, pág. 395.

9. Carl Coffman, Lição da Escola Sabatina, 39 Trimestre de 1989, pág. 50.

10. SDBAC, vol. 7, págs. 821 e 822.

11. Uriah Smith, As Profecias do Apocalipse, pág. 199.

12. Carl Coffmann, Op. cit., pág. 46.

13. SDBAC, vol. 7, pág. 821.

14. Francisco da Silveira Bueno, Novo Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, Edições Fortaleza, 1972.

15. Carl Coffman, Op. cit., pág. 49.

16. Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 562.

17. M. Basiléia Schlink, Nova Era à Luz da Bíblia, pág. 15.

18. Marco André, Nova Era, págs. 60 e 61.

19. Carl Coffman, Op. cit., pág. 92.

20. Siegfried Júlio Schwantes, BISE, vol. 3, nº 1, janeiro de 1993, pág. 19.

21. Ellen G. White, Evangelismo, págs. 602 e 603.

22. —————-, O Grande Conflito, pág. 629.

23. Don Bel, A Rede Cresce, pág. 4.

24. Marco André, Op. cit., págs. 53 e 58.

25. Idem, idem, págs. 48 e 49.

26. Siegfried Júlio Schwantes, Op. cit., pág. 21.

27. Russel Chandler, Compreendendo a Nova Era, Bompastor Editora, 1993, pág. 115.

ELIZEU C. LIRA, Redator na Casa Publicadora Brasileira