A encarnação de Cristo constitui profundo mistério. Como declarou o apóstolo S. Paulo: “Grande é o mistério da piedade: Aquêle que Se manifestou em carne” (I Tim. 3:16). 

A maneira pela qual o Filho de Deus — que estivera com o Pai desde a eternidade (I S. João 1:1 e 2) e fôra o agente ativo na criação dos céus e da Terra (S. João 1:3; Col. 1:15-17; Heb. 1:1 e 2) — pôde despojar-Se de Seu enorme universo e tornar-Se uma célula pequenina no ventre de Maria, lá desenvolvendo-Se como um bebê perfeito, e no devido tempo nascer, vir ao mundo na forma e no estilo de um filho de homem (com naturezas divina e humana) está muito além de nossa mente finita compreender ou explicar. De fato, como diz a serva do Senhor: 

Ao contemplarmos a encarnação de Cristo, ficamos desconcertados diante do mistério impenetrável, fato que a mente humana é incapaz de compreender. Quanto mais refletimos sôbre isto, mais impressionante se nos apresenta o fato. Quão amplo é o contraste entre a divindade de Cristo e o frágil infante na manjedoura de Belém! Como podemos medir a distância entre o poderoso Deus e a débil criancinha? E no entanto o Criador dos mundos, Aquêle em quem habitava corporalmente a plenitude da divindade. manifestou-Se no débil bebê da manjedoura. Muitíssimo mais elevado do que qualquer dos anjos, igual ao Pai em dignidade e glória, e contudo vestindo o traje da humanidade! Divindade e humanidade combinaram-se misteriosamente, e o homem e Deus tornaram-se um. É nesta união que encontramos a esperança para a raça caída. Olhando para Cristo em humanidade, olhamos para Deus, e vemos nÊle o resplendor de Sua glória, a expressa imagem de Sua pessoa. — Signs of the Times, 30 de julho de 1896. Citado em Questions on Doctrine, págs. 647 e 648.

O raciocínio e a filosofia humanos jamais poderão decifrar o profundo mistério da encarnação de Cristo. Cinicamente Deus conhece o segrêdo. Contudo, na Bíblia e nos escritos do Espírito de Profecia, o Senhor nos deu informações que lançam luz sôbre certos aspectos dêste grandioso problema. Temos o privilégio e mesmo o dever de buscarmos essa informação, essa luz, e estudá-la. É de importância vital que o façamos, porque isto se relaciona com nossa salvação. E a investigação dêste assunto sagrado deve ser feita com reverência e sagrado temor. Devemos empreendê-la num espírito de grande humildade, e com oração sincera e fervorosa. Êste solene dever e necessidade nos são apresentados nas seguintes linhas:

A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a cadeia dourada que liga nossa alma a Cristo, e por meio dÊle nos une a Deus. Êste deve ser nosso estudo. Cristo foi verdadeiramente homem; deu prova de Sua humildade tomando-se homem. Era contudo Deus em carne. Ao analisarmos êste assunto, bem faríamos em atentar para as palavras proferidas por Cristo a Moisés na sarça ardente. “Tira a sandália de teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” Devemos fazer êste estudo com a humildade de um estudante, e com o coração contrito. O estudo da encarnação de Cristo constitui campo frutífero, que compensa o pesquisador que cava fundo em busca da verdade oculta. — Ellen G. White em Youth ’s lnstructor, de 13 de outubro de 1898. Citado em Questions on Doctrine, pág. 647.

O estudante sincero e perseverante verificará que o estudo da encarnação de Cristo, Sua morte na cruz e Sua obra sacerdotal no santuário celestial é tão compensador quão inexgotável. Por meio de Sua serva divinamente inspirada o Senhor nos assegura que:

Ao estudar o obreiro a vida de Cristo, e ao meditar no caráter de Sua missão, cada nova busca revelará algo mais profundamente interessante do que já foi desvendado. O assunto é inexaurível. O estudo da encarnação de Cristo, de Seu sacrifício expiatório e obra mediadora, ocupará a mente do diligente estudante enquanto o tempo durar. — Obreiros Evangélicos, pág. 251 (Grifos supridos).

A Preexistência de Jesus

Ao estudarmos o assunto da encarnação de Cristo é bom aprendermos primeiramente o que Deus nos revelou, pela Sua Palavra e pelos escritos de Sua mensageira, no que concerne à existência, natureza de Cristo e Sua posição antes de Seu nascimento em Belém.

A Bíblia torna claro como cristal a verdade de que Jesus era um com Deus o Pai, no Céu, muito antes que Êle nascesse neste mundo. Os evangelhos de S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João revelam que Cristo falava freqüentemente de haver sido enviado pelo Pai, de haver descido do Céu, e de retornar ao Pai. Como exemplo, na oração pastoral de Cristo feita logo antes de Sua morte na cruz, disse: “E agora, Pai, glorifica-Me com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse (S. João 17:5). E nos primeiros versículos de seu evangelho declara S. João que Cristo (“o Verbo” como O chama) “estava com Deus” “no princípio”; que “tôdas as coisas foram feitas por Êle”; e que “sem Êle nada do que tem sido feito se fêz” (S. João 1:1-3). Uma vez que era o Criador de tudo, existiu antes de tudo. Por conseguinte, antes da criação das miríades de mundos que rolam no espaço, e dos minúsculos átomos que flutuam nos raios solares; antes da criação dos anjos e dos homens, e das criaturas viventes na Terra, no ar e no mar, Cristo existia com o Pai.

A Bíblia também esclarece que Cristo — o Ser poderoso e glorioso que existia com o Pai desde o princípio — era Deus, pois em seu evangelho afirma S. João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (S. João 1:1; ver também Isa. 9:6). Uma vez que era Deus, Êle era essencialmente o mesmo que o Pai.

As citações que seguem mostram igualmente que desde o princípio Cristo estava com o Pai, e que era Deus:

Falando de Sua preexistência, Cristo remonta o pensamento a épocas sem data. Êle nos assegura que jamais houve tempo em que Êle não estivesse em íntima comunhão com o Deus eterno. Aquêle cuja voz os judeus deviam ouvir estivera com Deus como alguém educado com Êle. — Ellen G. White, em Signs of the Times, de 29 de agôsto de 1900. Citado em Questions on Doctrine, pág. 644.

O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como pessoa distinta embora sendo um com o Pai. Êle era a glória inexcedível do Céu. Era o comandante dos sêres celestiais, e a adoração dos anjos era por Êle recebida como um direito. Isto não era uma usurpação do que pertencia a Deus. — Ellen G. White, em Review and Herald, de 5 de abril de 1906.

Cristo era essencialmente Deus, e no mais elevado sentido. Êle estava com Deus desde tôda a eternidade, Deus acima de tôdas as coisas, bendito para sempre. — Ibidem.

Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. “Quem tem o Filho, tem a vida.” I S. João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza da vida eterna para o crente. — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 395.

A Voluntária Humilhação de Cristo

Maravilha das maravilhas, o majestoso Ser que desde o princípio estava com Deus, e que era Deus (S. João 1:1) —o poderoso Deus, criador e mantenedor de tôdas as coisas (Heb. 1:3) — “se fêz carne, e habitou entre nós” (S. João 1:14)! Movido pelo Seu amor insondável pela humanidade perdida, Êle deixou Seu trono, baixou à Terra, vestiu Sua divindade com a humanidade, viveu conosco e como um de nós e morreu em nosso lugar, para que pudéssemos ter vida (S. João 10:10).

Falando desta maravilhosa humilhação voluntária do Filho de Deus, o apóstolo S. Paulo afirma: “Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fil. 2:5-8).

Impressionada com esta maravilhosa humilhação voluntária de Cristo, Ellen G. White, exclamou:

Que humildade foi esta! Impressionou os anjos. A língua jamais poderá descrevê-la; a imaginação não pode assimilá-la. O Verbo eterno consentiu em tomar-se carne! Deus tornou-Se homem! Foi uma humildade maravilhosa. — Review and Herald, de 5 de julho de 1887. Citado em Questions on Doctrine, pág. 56. (Grifos supridos.)

A voluntária humilhação de Cristo ocorreu muito antes de tomar a natureza humana:

Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça havia sido enfraquecida por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da operação da grande lei da hereditariedade. — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 33.

Nesta citação nossa atenção é levada para o triste fato de que o pecado exerce efeito degenerescente sôbre a raça humana. Ao ser criado era Adão de estatura majestosa, com fôrça e vitalidade correspondentes. Lemos:

Ao sair Adão das mãos de seu Criador, era de nobre estatura e simétrica beleza. Era mais do que o dôbro de altura do que os homens que presentemente vivem na Terra, e era bem proporcionado. Seus traços eram perfeitos e belos. — The Spirit of Prophecy, Vol. 1, pág. 25.

Tais não eram a estatura, o vigor e a perfeição da raça humana quando Jesus nasceu no mundo. Quatro milênios de reiterada violação das divinas leis da natureza haviam reduzido gradualmente a estatura e debilitado o vigor e a plástica do corpo humano. Nervos e músculos foram enfraquecidos através de séculos de condescendência. Permitindo que a lei da hereditariedade operasse em Sua encarnação, Jesus, pelo lado materno, herdara um corpo comparável em estatura ao corpo dos homens de seu tempo, sujeito às enfermidades e fraquezas dos demais homens. Com relação a êste ponto, Isaías, falando profèticamente de Jesus na Terra, declara que Êle era “homem de dores, e experimentado nos trabalhos” (Isa. 53:3 e 4). Referindo-se a esta declaração, diz S. Mateus a respeito de Jesus: “Êle tomou sôbre Si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças” (S. Mat. 8:17). A tradução de Weymouth reza: “Êle tomou sôbre Si as nossas fraquezas, e levou a carga de nossos males.” Assim neste sentido o segundo Adão não era fisicamente idêntico ao primeiro. E é também neste sentido de depreciação em estatura e vitalidade que Cristo pela lei da hereditariedade tomou sôbre Si “nossa natureza caída” (O Desejado, pág. 78), “nossa natureza em condição de degenerescência” (Signs of the Times, 9 de junho de 1898).

Cristo Sem Pecado

Pelo fato de ter Cristo vestido Sua divindade com a humanidade e suportado enfermidades físicas e fraquezas da humanidade, alguns são inclinados a crer que Êle veio ao mundo com propensão pelo pecado, como todos os demais filhos de Adão. Cremos ser isto contrário à informação que nos é dada pela Bíblia e pelos escritos do Espírito de Profecia. Observemos cuidadosamente a seguinte declaração da pena inspirada:

Sêde cuidadosos, excessivamente cuidadosos, no deter-vos sôbre a natureza humana de Cristo. Não O apresenteis diante do povo como homem com propensão pelo pecado. Êle é o segundo Adão. O primeiro Adão foi criado puro, ser não pecaminoso, sem uma mancha de pecado sôbre si; tinha a imagem de Deus. Podia cair, e o fez por meio da transgressão. Pelo pecado sua posteridade nasceu com a inerente propensão da desobediência. Jesus Cristo, porém, era o Filho unigênito de Deus. Tomou sôbre si a natureza humana, e foi tentado em todos os pontos em que a criatura humana o é. Êle podia ter pecado; podia ter caído, mas em momento algum houve nÊle alguma propensão para o mal. Fôra assaltado com tentações no deserto, como Adão o fôra no Éden. — The SDA Bible Commentary, Ellen G. White, sôbre S. João 1:1-3, 14, pág. 1128.

Há, na citação acima, vários pensamentos que se destacam:

  • 1. O primeiro Adão fôra criado puro, ser sem pecado, sem mancha alguma de pecado sôbre si.
  • 2. Devido ao pecado de Adão, sua posteridade é nascida com a inerente propensão para a desobediência.
  • 3. Jesus Cristo —o Filho unigênito de Deus, e segundo Adão — veio ao mundo, como o fêz o primeiro Adão, sem nenhuma propensão maligna. “Não O apresenteis diante do povo como homem com propensão para o pecado.”

A bendita verdade de que Cristo veio ao mundo sem mancha de pecado sôbre Si é reforçada nas seguintes citações:

Êle nascera sem mancha alguma de pecado, mas veio ao mundo da mesma maneira que a família humana. — Carta 97, 1898. Citado em Questions on Doctrine, pág. 659.

Êle [Cristo] devia assumir Sua posição de cabeça da humanidade tomando a natureza do homem mas não a sua pecaminosidade. — The SDA Bible Commentary, Ellen G. White Comments, sôbre Heb. 2:14-18, pág. 925.

Êle foi um poderoso suplicante, não possuindo as paixões de nossa natureza humana caída, mas rodeado das mesmas enfermidades, tentado em todos os pontos como nós o somos. — Testimonies, Vol. 2, pág. 509. (Itálicos supridos).

Êle é um irmão em nossas enfermidades, não possuindo porém semelhantes paixões. — Idem, pág. 202. (Grifos acrescentados).

Sôbre êle não havia mancha alguma de corrupção. — Citado em Questions on Doctrine, pág. 61.

Êste fato de suma importância de que Cristo era santo e sem pecado desde o nascimento é claramente ensinado na Bíblia. Ao anunciar a Maria o nascimento de Jesus, o anjo Gabriel O chamou de “o Santo que de ti há de nascer” (S. Luc. 1: 35). O apóstolo S. Paulo declara que Cristo “não conheceu pecado” (II Cor. 5:21), e que Êle era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Heb. 7:26). Pedro fala dÊle como “um cordeiro imaculado e incontaminado” (I S. Ped. 1: 19). E o próprio Jesus disse: “Quem de vós Me pode convencer de pecado?” (S. João 8:46).

Tivesse Jesus vindo ao mundo com uma mancha de pecado, com inclinações e propensões para o mal, e teria estado, como todos os filhos de Adão (ver Rom. 5:12), debaixo da condenação da morte devido Sua situação deplorável, e portanto necessitado de expiação. Agradeçamos a Deus, que tal não foi o caso!

Cristo tomou sôbre Si a forma do homem pecador, vestindo Sua divindade com a humanidade. Era, contudo, santo, como Deus é santo. Foi o portador do pecado, não necessitando de expiação. Tivesse Êle uma nódoa de pecado, e não podia ser o Salvador da humanidade. Um com Deus em pureza e santidade, pôde fazer propiciação pelos pecados do mundo. — Ellen G. White, em The Youth’s lnstructor, de 21 de setembro de 1899.

A expressão “Cristo tomou sôbre Si a forma do homem pecador” não deve ser entendida como Jesus vindo ao mundo com mancha de pecado. Possuía Êle a forma de um homem, mas, como já estudámos e as citações que fizemos o confirmam, não teve Êle nenhuma mancha de pecado.

Da mesma forma, a expressão de Paulo “Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado” (Rom. 8:3) não deve ser interpretada como significando que Deus enviara Seu Filho em carne pecaminosa. A semelhança é um símile, uma comparação, uma aparência externa, como o definem os dicionários, e não algo absolutamente igual. Uma fotografia de determinada pessoa, por exemplo, é a semelhança da aparência exterior de quem se deixou fotografar mas não igualmente aquela pessoa. Assim ocorre com a carne de Cristo. Assemelhava-se à carne dos homens no meio dos quais viveu, mas achava-se livre de qualquer laivo de pecado.

Se Jesus tivesse vindo ao mundo, de algum modo manchado e poluído de pecado não poderia ter voltado para o Pai sem morrer. O fato de que pôde voltar ao seio do Pai sem morrer constitui prova de que era puro e santo, isto é claramente afirmado na seguinte referência a Cristo no Getsêmani:

Na balança oscilava a sorte da humanidade. Cristo ainda podia, mesmo então, recusar beber o cálice reservado ao homem culpado. Ainda não era demasiado tarde. Poderia enxugar da fronte o suor de sangue, e deixar perecer o homem em sua iniqüidade. Poderia dizer: Receba o pecador o castigo de seu pecado, e Eu voltarei a Meu Pai. — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 517.

Êste trecho revela não sòmente o fato de que Cristo não possuía o pecado inato ou poluição pela qual devesse morrer em favor da humanidade perdida. Podia decidir-Se a retornar ao Pai sem precisar passar pela morte, e deixar os pecadores condenados a perecerem em seus pecados. Graças a Deus, porém, Êle não preferiu agir desta forma. Em virtude de Seu amor imorredouro pelos Seus filhos desobedientes, Êle escolheu assumir a culpa de seus pecados, e morrer na rude cruz em lugar dêles. Não podia salvar-Se a Si mesmo se quisesse salvar os outros. Portanto depôs Sua própria vida a fim de que outros pudessem viver. Foi uma escolha voluntária. Ofereceu-Se, caro leitor, para que tu e eu pudéssemos viver.

Não raro, quando se demonstra que Jesus veio a êste mundo sem propensão alguma para o pecado, há os que indagam: “Como então podia Êle ser tentado?” A resposta é simples: Êle foi tentado da mesma maneira como Adão o foi. Adão fôra criado puro e santo, sem inclinação alguma para o pecado, e contudo foi tentado. Foi tentado e caiu. Jesus, do mesmo modo, podia ser tentado. Tão tremenda foi a tentação que Êle “resistiu até ao sangue” (ver Hebreus 12:3 e 4). Êle, porém, não caiu. E nisto reside nossa esperança de vida eterna.

Comentando estas verdades vitais, afirma Francisco D. Nichol:

Adão, no Éden, possuía uma natureza humana, a qual desde o primeiro momento de sua existência, era suscetível ao pecado. Adão, porém, no Éden achava-se inocente até o dia em que exerceu sua vontade em direção ao caminho errado e atraiu o pecado para o seu seio. . . .

Nosso pai Adão perdeu a batalha com o tentador, não porque tivesse um coração “desesperadamente mau” — saíra perfeito das mãos do Criador — mas por ter exerci • do erradamente sua livre vontade e atraíra a maldade para seu coração. E nós, filhos seus, temos seguido os seus passos. Cristo, o “último Adão,” venceu a batalha contra o tentador, e nós, por meio de seu perdão e fôrça prometidos, também podemos vencer. Cristo podia ter perdido, mas venceu. Nisto reside o surpreendente contraste. . ..

Cristo venceu apesar do fato de ter tomado a “semelhança da carne do pecado,” com tudo que isso implica de efeitos funestos e degenerescentes provindos do pecado e que se manifestam no corpo e no sistema nervoso do homem e também os maus efeitos do ambiente — “de Nazaré pode sair coisa que seja boa?”

Em outras palavras, os adventistas crêem que Cristo, o “último Adão” possuía, pelo lado humano, uma natureza semelhante a do “primeiro Adão,” — uma natureza livre de qualquer nódoa profanadora de pecado, mas suscetível de apreender o pecado, e que esta natureza fôra depreciada pelos efeitos ruinosos de quatro mil anos de invasão do pecado no corpo do homem, em seu sistema nervoso e no ambiente . ..

Com satisfação damos grande honra a Cristo, sem atribuir-Lhe qualquer mancha de pecado, crendo que, embora pudesse Êle exercer Sua livre vontade para pecar, não o fêz; que não obstante sentisse tôda a fôrça da tentação, como o sentimos, Êle pôs Sua vontade ao lado do Pai em vez de render-se ao maligno. A tentação assaltou-O mas não encontrou acolhida no Seu coração. Dis-se Êle: “Aproxima-se o príncipe dêste mundo, e nada tem em Mim.” S. João 14:30. Êle amou a justiça e aborreceu a iniqüidade (Heb. 1:9). Nesse sentido, achava-Se Êle completamente “separado dos pecadores.” Heb. 7:26. Aceitamos sem reservas as palavras da Santa Escritura que dizem que Cristo “não conheceu pecado.” II Cor. 5:21. — Answers to Objections, págs. 392 e 393.