Em geral o pastor-evangelista tem que contar com o talento local, tanto para o diretor dos cânticos, como da música especial. Muitas de nossas igrejas possuem talento excelente que está ali adormecido. Precisa êle ser descoberto, animado e estimulado. Algumas vêzes os resultados nos surpreenderão.
Se tendes na vossa igreja um bom irmão leigo que demonstra possuir talento para diretor de cânticos, animai-o. Mostrai-lhe que êle será o vosso auxiliar. Aconselhai-o a vestir-se com asseio e ter boas maneiras. Dizei-lhe que deverá andar com os sapatos engraxados, a roupa bem passada a ferro e o cabelo bem penteado. Instruí-o a falar com clareza e distinção.
Na hora dos cânticos, deverá êle fazer mais do que simplesmente anunciar um hino após outro. Aconselhai-o a não falar demais, mas, por outro lado, animai-o a dizer uma frase ou duas para produzir maior animação em cada hino. Algumas vêzes um texto bíblico será muito proveitoso. Por exemplo, “Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12), poderá ser lido em ligação com o hino N°. 200 do Hinário Adventista, “Minha Fé Bem Segura Está”. O mesmo texto poderá ser usado precedendo um solo, dueto ou quarteto, do hino “A Fé de Nossos Pais”, ou semelhante. Sempre poderá ser encontrado um passo bíblico para qualquer hino ou canto.
Se o membro leigo sabe marcar tempo, aconse-lhai-o a fazer movimentos delicados. Evite êle todo ridículo. Seja êle o líder, e não mero acompa-nhador. Nada mais ridículo há do que um diretor de canto amador a espera do acompanhador para começar a dirigir a congregação com o instrumento e, então, pôr-se a “bater no ar” a batuta.
Se não houver entre os membros da igreja nenhuma pessoa realmente capacitada para marcar o tempo, escolha-se para prostar-se perante o público quem melhor o faça. Não fará êle o papel de diretor da música. Será quem dirige o breve serviço de canto anterior à pregação. O pastor-evangelista deve, juntamente com êle, escolher prèvia-mente os hinos a serem cantados. Por sua vez, êle deverá pôr-se de acôrdo anteriormente com o pianista, ou organista, quanto à marcação do tempo de cada hino. O acompanhador, então, dará início com o instrumento. O diretor simplesmente fará um gesto para todos começarem a cantar ao mesmo tempo. Seja breve o serviço de canto. Um período de quinze minutos é suficiente. Conquanto êsse dirigente não seja um maestro, deve êle, porém, ser capaz de marcar o tempo. Poderá dirigir um bom serviço de canto e apresentar música especial, com simplesmente ser um mestre de cerimônias jovial e correto.
O uso de projetar os hinos numa tela é inovação útil, para o serviço do canto.
Se o pastor-evangelista atua como dirigente do serviço de canto, deverá êle poupar a voz cantando em suave falsete, e não a plenos pulmões. Dessa maneira a bôca se abre para pronunciar as palavras, mas a voz é poupada. Nestes casos deverá o pastor-evangelista pedir ao acompanhador que toque com mais energia para não tornar-se notório que está poupando a voz. A postura ereta, porém mantendo a respiração normal, mas profunda, conservará a voz para o sermão.
A Direção da Música Especial
Se possuís na igreja um talento com perspectiva de bom desenvolvimento, tomai tempo para ensiná-lo e estimulá-lo. Ou, talvez, vossa espôsa ou a organista possam fazê-lo. Sobretudo cuidai de que os cantores tenham boa dicção. Estudai com êles a significação ampla do solo, dueto, etc. Quando estudadas separadamente as palavras, como um poema, ao serem cantadas serão mais bem compreendidas.
Haverá trechos que devam ser cantados em ritmo mais acelerado, outros, com mais suavidade e, ainda outros, com mais vivacidade e até forte. Orientai os cantores nesse sentido. Em geral, os cantores evangélicos cantam devagar demais e negligentemente. Haja energia e vivacidade no canto. Os solistas, em geral, cantam devagar, ao passo que os quartetos têm a tendência de apressar o ritmo.
Os cantores evangélicos também têm o hábito de demorarem-se demasiadamente nas notas agudas, muito embora as palavras dessas notas não tenham a importância máxima. Vigiai essa falta. Se as notas mais agudas coincidirem com as palavras de de menos importância, convidai o cantor para não deter-se nelas. Talvez, com prejuízo da exibição da própria voz, deva êle dar mais efeito a notas mais graves, mas que recaiam sôbre palavras importantes, às quais deverá dar mais ênfase.
Muitos cantores, quando cantam, têm aparência solene demais ou muito triste. Tratai de que, ao cantarem, dêem à face a expressão correspondente às palavras que proferem. Alguns cantos são ale-gres, e outros, solenes.
Em geral, não deverão os cantores cantar mais que duas estrofes do hino. Há a tendência de que os hinos evangélicos, quando muito longos, se tornem cansativos para o auditório, a menos que haja uma boa interpretação. Pedi aos cantores que, dentre as estrofes, escolham as duas mais apropriadas, em vez de, por fôrça do hábito, cantarem a primeira e a última.
Bons discos gramofônicos poderão ser um auxílio valioso numa série de conferências pequena. A própria música especial poderá ser apresentada nessa forma. Ela se tornará mais interessante se disserdes algumas palavras apropriadas acêrca do canto, antes de mencionardes o nome bem como o executante. Se, por exemplo, o disco fôr “A Santa Cidade”, lereis Apoc. 21:1-5, e direis umas palavras que ajudem o público ouvinte a pensar na mensa-gem do canto. A escolha dêsses discos deverá recair sempre sôbre os religiosos, de preferência aos clássicos. Todo negociante do ramo ajudará a es-colher os mais apropriados. Se a vossa igreja não possui órgão ou harmônio, discos de boas peças de órgãos poderão ser executados enquanto a congregação entra e se acomoda.
Talvez haja na vossa comunidade um cantor doutra igreja que se disponha a auxiliar-vos. Se essa pessoa fôr cristã genuína, podereis aceitar a sua ajuda. Deveis, porém, certificar-vos de que o cantor é pessoa convertida, e não quer cantar meramente para exibir-se.
Entretanto, se tentastes tôdas as possibilidades e contudo não conseguistes cantores, e não vos dispuserdes a usar discos gramofônicos, não consin-tais em que essa circunstância vos impeça de realizar uma série de conferências. Podereis, sem música especial e sem cantores, dirigir uma ótima série de reuniões. Simplesmente cantai um hino inicial, juntamente com o auditório e, no momento oportuno apresentai o tema da reunião, pois o Senhor vos abençoará. Aconselhável, também, é apresentar o tema na forma de estudo bíblico em classe conjunta. Duma coisa podereis estar certos: Quer pregueis a mensagem ou a ensineis com simplicidade e amor às almas no coração, alguns haverá que a aceitarão. Isto é, sempre, uma recompensa satisfatória apesar da falta de equipamento e talento.
B. G.