Deus tirou do Egito “com mão forte” a igreja do deserto e a guiou até à Terra Prometida. A igreja da restauração, “a boa mão de seu Deus”, conduziu satisfatoriamente desde Babilônia até Jerusalém. Dos apóstolos, os fundadores com Cristo e dirigentes da igreja cristã primitiva, declara a inspiração que “a mão do Senhor estava com eles”. E do movimento adventista, a igreja remanescente, pode afirmar-se com indubitável segurança e corações agradecidos que a mão de Deus o ergueu e conduziu até agora, guiando-o até seu triunfo final e completo.

Mediante circunstâncias providenciais, a mão do Senhor guiou o povo de Israel através de uma coluna de fogo durante a noite e uma nuvem durante o dia. “O anjo de sua face”, “em seu amor e em sua bondade os redimiu, e os vestiu, e os ergueu todos os dias do século”; e o maior dos profetas antigos foi o seu dirigente visível. “Mas o Senhor por meio dum profeta fez subir a Israel do Egito, e por um profeta foi ele guardado” (Oséias 12:13).

Muitos foram os recursos que a divina Providência enviou para que Israel saísse do Egito no dia designado e chegasse a salvo em Canaã; para que a seu tempo e com êxito ocasionasse o retorno dos cativos a Jerusalém sob a direção de Zorobabel; e para que no tempo e lugar exatos se desenvolvesse a igreja cristã; como foram o Descobrimento da América, a Reforma do Século XVI, a Revolução Francesa e a independência das colônias americanas — especialmente as do Norte — como também a fundação das sociedades bíblicas, feitos históricos que prepararam o cenário e o tempo do movimento adventista.

Isto foi, não obstante, o cumprimento das profecias e a intervenção pessoal dos profetas, o que revelou de maneira evidente que a mão de Deus dirige os grandes movimentos religiosos de inspiração divina.

“E aconteceu que, passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito” (Êxo. 12:41).

No ano 536 A.D., no final dos setenta anos preditos por Jeremias (25:11 e 12) e mencionados por Daniel (9:2), regressaram os cativos de Jerusalém sob a direção de Zorobabel.

E “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho”. Ao iniciar-se a septuagésima semana de Daniel (9:24-27), no ano 27 A.D., o Salvador foi ungido; foi crucificado no ano 31, e no ano 24, ao término das setenta semanas, o evangelho começou a ser pregado aos gentios de forma nova e poderosa.

Deste modo, no fim dos 2.300 anos preditos no capítulo 8 de Daniel, surgiu o movimento adventista. Lacunza na América do Sul, Gaussen na França e Suíça, Bengel na Alemanha, Hentzepeter na Holanda, Irving na Inglaterra, Wolff no Egito, Abissínia, Palestina, Síria, Persia, Índia e outros países; Guilherme Miller, José Himes, Josias Litch, Carlos Fitch, Tiago White, José Bates e outros na América do Norte, pregaram então com poder e fervor a proximidade do segundo advento de Cristo. Alguns deles, especialmente na América do Norte, criam que o acontecimento teria lugar primeiramente em 22 de abril de 1844, e logo depois em 22 de outubro desse mesmo ano. Mas ficaram desapontados.

Não era a igreja adventista do sétimo dia, o movimento que passou pelo desapontamento de 22 de outubro de 1844. Mas indubitavelmente a mão de Deus esteve nele. Desenvolveu-se de acordo com a profecia do capítulo 10 de Apocalipse e contribuiu decididamente para o nascimento e organização da igreja remanescente: uma igreja profética, com a fé Cristocêntrica, baseada na permanente e sólida Palavra de Deus, uma igreja movida pela esperança da breve volta de nosso Senhor Jesus Cristo, e auxiliada pelo Espírito de Profecia.

Depois que o grande desapontamento quase desintegrou e dissolveu o movimento adventista, Deus estendeu novamente Sua mão com redobrada graça e poder. Como o divino Oleiro, ajuntou os pedaços, remodelou o corpo da Sua igreja, iluminou-a com novas revelações de Sua vontade e a ergueu com a força de Seu braço, para guiá-la nos caminhos de “toda nação, tribo, língua e povo”, a fim de iluminar a Terra com a glória da última mensagem de misericórdia e salvação.

Em dezembro de 1844, Ellen Gould Harmon recebeu sua primeira visão. Algum tempo, Guilherme Foy e Hazen Foss tiveram praticamente a mesma visão, mas negaram-se a expô-la. Se a tivessem relatado, teriam preservado do escárnio a muitos. Mas ao tempo exato, a mão de Deus ergueu a Sua mensageira escolhida. Depois que a grande desilusão separou a palha do trigo, e os melhores grãos estavam dispostos a alimentar-se da Palavra de Deus e respirar a atmosfera da oração, foi necessário um profeta mediante o qual o Senhor proporcionasse alimento, conselho e repreensão a Seu povo.

O Dom de Profecia, manifestado em Ellen G. White, desde o princípio cumpriu o propósito divino. Devagar mas progressivamente foi aceita pelos adventistas. Fortaleceu seu enlanguescente valor e fé.

Nos anos de 1845 e 1846, mais que em qualquer outro tempo, enfrentaram-se manifestações de fanatismo: falsos conceitos de santidade, demonstrações físicas da suposta presença do Espírito, culto à ociosidade, falsa humildade, determinação de novas datas para a segunda vinda de Cristo, e outras extravagâncias. (Veja em Ellen G. White, Mensageira da Igreja Remanescente, págs. 70-72.)

Contribuiu para o desenvolvimento e unidade das doutrinas da igreja, confirmando as conclusões às quais chegaram, com fervorosa oração, os estudos das Escrituras Sagradas, no que tange à segunda vinda de Cristo, à guarda dos mandamentos de Deus, dentre os quais o quarto, às três mensagens angélicas de Apocalipse 14, ao ministério de Cristo no santuário celestial, à mortalidade da alma, à justificação pela fé. — Idem, págs. 73-88.

Da mesma forma o Espírito de Profecia contribuiu para o desenvolvimento de ordem da igreja, sua organização, seu plano de trabalho e seu avanço até aos confins da Terra, através do tempo, em suas diferentes atividades.

Em 1848, a irmã White disse a seu espôso que devia imprimir um periódico, que seria pequeno de inicio, mas que dêsse comêço brotariam caudais de luz que circundariam o mundo. (Veja Vida e Ensinos, cap. 22.) Mais tarde deu conselhos sôbre a fundação de casas publicadoras e a publicação de livros e folhetos. Hoje temos 44 casas publicadoras e filiais, publicando 309 periódicos e milhares de livros e folhetos, em 220 idiomas.

Já em 1856, no princípio da história da igreja remanescente, iniciou-se a obra de educação. Pouco depois Deus trouxe para as fileiras da fé a G. H. Bell, experimentado educador, que fundou uma escola de êxito. Não demorou muito e vieram os admiráveis conselhos do Espírito de Profecia com respeito ao estabelecimento de escolas ou colégios de educação integral. Êstes conselhos figuravam em livros tais como Educação, Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, etc. Embora não estejam ao todo à altura dêles, 4.500 escolas primárias e mais de 350 colégios secundários e superiores dão testemunho da direção divina neste ramo da obra da igreja remanescente.

Em assunto de saúde e temperança, os primeiros passos foram dados no início de nossa história pelo pastor José Bates. Em 1863, a mensageira do Senhor recebeu instruções definidas sôbre os princípios de um viver sadio e em 1866, foi criada a primeira escola de enfermeiras da nossa organização; e em 1895, a Faculdade de Medicina. Hoje uma cadeia de mais de 200 sanatórios e salas de tratamento, e a publicação de muitos livros, revistas e folhetos, provam com eficiência a presença da mão guiadora de Deus na obra médica adventista, mediante os recursos de Sua providência e do Dom de Profecia.

Testemunho igual poderia ser dado dos demais departamentos ou ramos de trabalho: a pregação da Palavra, as escolas sabatinas, os missionários voluntários, a liberdade religiosa, a atividade missionária dos membros da igreja, a obra de beneficência e assistência social.

Seria muito extenso se quiséssemos enumerar os casos mais extraordinários da intervenção divina, mediante Seu instrumento escolhido, para guiar a Sua igreja nos momentos difíceis ou em medidas decisivas para o progresso da terceira mensagem angélica em seus diferentes aspectos.

Basta lembrar os conselhos da irmã White com respeito à organização em 1850, 1861, 1863 e 1901. Basta lembrar casos específicos como sua intervenção no estabelecimento e desenvolvimento do colégio missionário de Avondale, Austrália; a transferência dos escritórios da Associação Geral para Washington; a crise da obra de publicações de 1902, que terminou com o fortalecimento da causa Publicadora de Nashville. (Veja El Permanente Don de Profecia, por A. G. Daniells, págs. 338-388.)

A vida espiritual de Seu povo tem sido objeto especial do interêsse e amor de Deus e das mensagens de Sua serva, a Sra. White. Obras definidas o provam, como as instruções recebidas por volta do ano 1890 acêrca da justificação pela fé, as mensagens que enfrentavam o panteísmo no início do século, e a provisão dos nove volumes dos Testimonies e livros como Vereda de Cristo, Parábolas de Jesus, e a série do Conflito dos Séculos: Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis, O Desejado de Tôdas as Nações, Atos dos Apóstolos e Conflito dos Séculos.

Atualmente, graças à mão guiadora do Senhor, e de acôrdo com as instruções de Sua Palavra e do Dom de Profecia manifestado em E. G. White, a igreja remanescente tem estendido seu trabalho através de 200 nações do mundo; prega a mensagem do terceiro anjo em mais de 780 línguas e dialetos, e se dispõe a dar, com o poder do Espírito Santo, a terrível proclamação de Apocalipse 18.

Podemos dizer com Samuel: “Até aqui nos ajudou o Senhor” (I Sam. 7:12), e repetir as palavras da serva do Senhor: “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Test. Seletos, Vol. 3, pág. 443).

A promessa “instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o ca-minho que deves seguir; guiar-te-ei com os Meus olhos” Sal. 32:8), é para nós hoje. A igreja bem pode dizer com o salmista: “Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali, a Tua mão me guiará e a Tua destra me sustentara” (Sal. 139:9 e 10).