Nos dias atuais, com o avanço tecnológico, as pessoas têm supervalorizado a informação. Evidentemente, não existe nada desabonador em querer uma pessoa viver bem-informada. A própria Bíblia mostra as vantagens da aquisição de sabedoria: “Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque melhor é o lucro que ela dá do que o da prata, e melhor a sua renda do que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que pérolas, e tudo o que podes desejar não é comparável a ela. O alongar-se da vida está na sua mão direita, na sua esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos deliciosos, e todas as suas veredas, paz. É árvore de vida para os que a alcançam, e felizes são todos os que a retém.” (Prov. 3:13-18).

Esta é uma realidade perfeitamente observável, hoje. O progresso em todos os ramos do conhecimento somente confirma quão proveitoso é acumular informações. No entanto, surge uma grande questão: deveríamos nos limitar apenas à busca de informação, ou também de formação? Que diferença existe entre as duas coisas? Primeiramente, há a diferença de tempo. Poderíamos dizer que informar é algo que acontece tão rápido quanto um projeto arquitetônico desenvolvido num computador. Formar, por sua vez, é como tornar esse projeto uma realidade; construir passo a passo, do fundamento ao acabamento. Além do tempo, faz-se necessário o planejamento.

Isso me faz lembrar de um relato, segundo o qual um grupo de pessoas observava atentamente uma grande laranja dentro de uma garrafa de gargalo estreito. Como foi possível introduzir a laranja ali? Era óbvio que ela não poderia ter sido introduzida pela boca da garrafa. Também era ilógico supor que a garrafa fora fabricada em torno da laranja. Como, pois, se encontrava ali dentro?

Inicialmente, foi necessário o planejamento. Alguém imaginou fazê-lo. Então, amarrou uma garrafa a um galho de uma laranjeira. Um galho no qual apenas estava iniciando-se o processo de desenvolvimento da laranjinha. O tempo passou, e a fruta crescera plenamente. Só então a garrafa foi desamarrada e tirada do galho com a laranja em seu interior. Assim acontece com a formação de uma criança. Primeiro, o planejamento, o cuidado. Depois, com o passar do tempo e o amadurecimento, estará pronta para a vida.

Talvez seja por isso que os pais preferem informar: é mais rápido. Por essa razão, provavelmente, as escolas buscam oferecer o que os pais desejam, isto é, um leque de opções para aquisição de informação, gerando estresse nas crianças.

Fontes poluídas

Outro problema relacionado com a informação é conhecer quem a transmite, e que tipo de informação está partilhando. Há muitas fontes de informação às quais as crianças estão expostas. Entre elas, enumeramos as seguintes:

Internet – Parece ser a mais desejada, a mais procurada, até mesmo para a realização de tarefas escolares. Em que pese a sua importância nos dias modernos, é preciso atenção à grande quantidade de má informação obtida através desse fantástico meio de comunicação. Basta lembrar que a palavra mais procurada na Internet é sexo, um assunto que é sempre abordado da maneira mais desvirtuada possível. Não é sem razão que um dos problemas sociais mais graves, atualmente, é o aumento do número de adolescentes grávidas. Meninos e meninas estão iniciando cada vez mais cedo a vida sexual. É perigoso informar sem formar.

Televisão – Essa é outra grande fonte acessível de informação da atualidade. De acordo com Jo Groebel, chefe de Psicologia da Mídia, da Universidade de Utrecht, Holanda, a TV é a maior fonte de informação e entretenimento da maioria das crianças, que passam diariamente três horas, em média, diante dela. Uma criança que assista a três horas de programação televisiva, ao completar 18 anos terá perdido quatro anos e meio de sua vida, sem fazer nada, apenas vendo televisão.

Pesquisadores da Organização das Nações Unidas, ONU, examinaram 71 horas de desenhos animados e descobriram que a cada hora, são retratados 20 crimes, a maioria constando de lesão corporal. A Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, patrocinou uma pesquisa semelhante, em 1997, cujas conclusões revelam que em 151 horas de programação infantil, eram apresentadas 308 cenas de erotização.

Segundo outra pesquisa, realizada pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, órgão do Ministério da Justiça, 80% dos pais entrevistados acreditam que a TV exerce forte influência na formação dos filhos. Para 41% destes, essa influência é negativa.

Um aluno da Faculdade Paulista de Comunicação pesquisou os desenhos animados e também descobriu que seu conteúdo está baseado em temas como bruxaria, maldições, satanismo, espiritismo, pornografia, ocultismo e violência.

Brinquedos – Levando em conta que através dos brinquedos a criança percebe a realidade, eles também são fonte de informação. Em meio às campanhas de desarmamento da população, no Brasil, ainda é possível ver-se crianças com armas de brinquedo, fingindo atirar e matar.

De acordo com a revista ISTOÉ, de 07/04/99, o mundo dos videogames não é mais apenas o de caças F-16, matando, ou colegiais japoneses desferindo pontapés. Hoje, os jogos de computador estão saturados de ocultismo, magia e satanismo; sem falar na ridicularização dos temas bíblicos. O jogo “calabouços e dragões” inicia com a seguinte declaração: “Eu sou satã, príncipe das trevas e senhor das profundezas…” Em alguma parte do jogo, ouve-se uma gargalhada sinistra e as palavras: “agora a tua alma é minha para sempre…”

Fonte pura

Somos aquilo que contemplamos. “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é…” (Prov. 23:7). Jesus Cristo advertiu: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso. Se,‘ porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas…” (Mat. 6:22 e 23).

Alguns tipos de informações não somente deixam de formar, mas deformam o caráter. A verdadeira informação deve ter início quando a criança ainda é pequena, e deve ser extraída da fonte pura da Palavra de Deus. Salomão afirma que a época de começar esse processo é na infância, e que seus resultados serão perenes (Prov. 22:6).

Nos dias de Israel, foi estabelecida a estratégia de informação e formação baseada na Palavra do Senhor: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração: tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho. e ao deitar-te e ao levantar-te Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os teus olhos E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” (Deut. 6:4-9)

A escola cristã cumpre o seu papel nessa tarefa, através de aulas e do exemplo dos professores. Os pais, ao conversarem com seus filhos, estão trabalhando para a formação deles. De maneira informal, ao levantar, ao deitar, andando pelo caminho, em todos os momentos e de várias formas. Assim é a instrução dos pais, em todas as circunstâncias, em cada ato e palavra, até que a informação se torne efetiva nos hábitos dos filhos.

Mas o texto ainda adverte no sentido de colocar o ensino sobre o temor de Deus, nos portais da casa; ou seja, precisamos ter cuidado com tudo aquilo que permitimos chegar às mãos dos nossos filhos; revistas, filmes, cartuchos, CDs, brinquedos, jogos, etc.

Se seguirmos os conselhos de Deus e buscarmos Sua ajuda e sabedoria, poderemos preparar nossos filhos para esta vida e para a eternidade.

SÔNIA RÍGOLI SANTOS, Formada em teologia, esposa de pastor e diretora do Ministério da Mulher na Associação Catarinense