Doutrina da imortalidade condicional da alma é um dos ensinamentos básicos da Igreja Adventista desde seu início. Todavia, os escritores de nossa igreja se tem ocupado mais com o sábado, a segunda vinda e outras doutrinas. Nunca se fez um estudo a fundo. Dado que um dos grandes enganos dos últimos tempos tem que ver com o espiritismo e outros movimentos semelhantes, é muito importante que tenhamos um conhecimento muito mais profundo da doutrina da imortalidade.

O Dr. Laroy Edwin Froom, autor do conhecido jogo de livros sobre a história da interpretação profética, (The Prophetic Faith of Our Fathers), está realizando um estudo da doutrina da imortalidade. O primeiro volume de uma obra de dois volumes, intitulado The Conditionalist Faith of Our Fathers (A Fé de Nossos Pais na Imortalidade Condicional da Alma) se espera que esteja pronto em fins deste ano (1962). A seção dedicada ao espiritismo, extraída da grande obra, está para sair em brochura no inglês.

Um ano atrás tive a oportunidade de estudar esta matéria com o Dr. Froom no Seminário de Berrien Springs, Michigan, EUA. Além disso ele me convidou a ler os originais desta obra monumental, que para mim foi fascinante.

Uma parte da obra é dedicada ao estudo de todos os textos bíblicos que se referem à doutrina da natureza e destino do homem. A doutrina da imortalidade natural — declara o autor — começou com a primeira mentira: não “morrais” (Gên. 3:4), no jardim do Éden. Ligado a esta há outra no versículo seguinte: “Sereis como Deus”. Por outra parte, a Escritura ensina a vida somente em Cristo, e a vida imortal está condicionada à ressurreição dos justos. Daí o emprego da palavra condicional no título da obra.

A outra parte da obra é dedicada ao estudo da história da doutrina. A ideia moderna da imortalidade natural da alma proveio principalmente da filosofia grega de Platão. Por sua vez, os filósofos gregos tomam este conceito do panteísmo da Índia, o dualismo da Pérsia e a imortalidade natural do Egito. Estas ideias foram introduzidas na igreja cristã por Atenágoras em fins do século II D.C. e indiretamente por Filo, o filósofo judeu. Foi para mim uma surpresa saber que durante quase um século depois da época dos apóstolos, os escritores cristãos ainda criam na imortalidade condicional. A primeira vez que aparece a expressão “alma imortal” é no livro de Atenágoras, escrito cerca do ano 177 D.C.

Orígenes é principalmente responsável da introdução de um terceiro conceito – a restauração universal, ou seja, a salvação de toda a humanidade. Estes três conceitos – um trilema teológico – e seu desenrolar, estão delineados através dos séculos de nossa era até o presente. Lutero e outros reformadores criam no sono dos mortos, porém Calvino se opôs energicamente. O movimento em favor da imortalidade condicional alcançou seu apogeu no século XIX, correndo paralelamente com o movimento adventista, embora sendo independente dele. O Dr. Froom explica como foi introduzida esta doutrina em nossa igreja.

É de interesse especial a seção dedicada ao século XX. Decorre algo surpreendente o grande número de escritores contemporâneos que estão de acordo conosco nesta doutrina. A análise do espiritismo, mormonismo, ciência cristã e outras doutrinas modernas constituem uma valiosa ajuda para nossos evangelistas.

O que mais chamou minha atenção no estudo desta obra foi a ênfase sobre a fase positiva da vida em Cristo, o autor da vida. – Roberto G. Wearner, Professor de Bíblia do Instituto Adventista do Uruguai.