A igreja cristã foi impelida para a sua missão de igreja jovem no Pentecostes. A assinalada missão da igreja era pregar o evangelho de Cristo em todo o mundo. E a juvenil igreja, cheia do Espírito, desempenhou magnificamente sua missão.
A chave do sucesso nessa missão foi o poder pentecostal. Depois de dias de exame do coração, em oração e confissão dos pecados, os outrora duvidosos discípulos agora criam plenamente no Senhor ressuscitado. E quando “estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1-4), o Espírito Santo tomou posse dêles. Assim cheios do Espírito os discípulos foram habilitados com poder, e pregaram a Cristo de tal maneira que a população de’ Jerusalém ficou divinamente eletrizada, e milhares foram acrescentados ao corpo de crentes. Irmãos, a plenitude do Espírito em nossos dias é a chave para o sucesso em qualquer empreendimento para Deus.
Desde o momento em que foi dada a missão de pregar o evangelho, esta missão da igreja tem permanecido inalterada. E a chave do sucesso desta missão também tem permanecido a mesma até hoje. O Senhor que comissionou a igreja confirma êste fato. “Aquêle que crê em Mim, como dizem as Escrituras, fontes de água viva correrão de seu seio,” disse Jesus, “mas isto falava Êle do Espírito que haviam de receber os que nÊle cressem, pois o Espírito Santo ainda não havia sido dado.” S. João 7:38 e 39. Aqui nosso Senhor está prometendo que êsses homens de fé teriam o poder do Espírito fluindo por intermédio dêles como correntes de vida, assim como um rio flui através de um canal. Homens de fé, pois, podem tirar poder da fonte da salvação, e êste poder do Espírito fluirá através de homens dotados para a vida daqueles com quem entrem em contato.
Feliz sem dúvida é a igreja cujos membros são dotados de vida e do Espírito. Isto significa igreja espiritualizada, e unicamente esta espécie de igreja é a igreja de Cristo. E nenhuma igreja pode esperar receber esta chuva serôdia a menos que a maioria dos seus membros se tenha purificado na alma e no espírito mediante exame do coração e perfeita fé e harmonia em Cristo. (Ver Primeiros Escritos, pág. 71, e Testemunhos para Ministros, pág. 506-512.)
“O grande derramamento do Espírito de Deus, o qual ilumina a Terra tôda com Sua glória, não há de ter lugar enquanto não tivermos um povo esclarecido, que conheça por experiência o que seja ser cooperador de Deus. Quando tivermos uma consagração completa, de todo o coração, ao serviço de Cristo, Deus reconhecerá êsse fato mediante um derramamento, sem medida, de Seu Espírito; mas isso não acontecerá enquanto a maior parte dos membros da igreja não forem cooperadores de Deus.” — Serviço Cristão, pág. 253.
É entre o primeiro e o segundo Pentecostes, a chuva temporã e a serôdia, se assim quereis vos expressar, que contemplamos a crescente ventura e desventura da igreja. E o padrão para ambos êsses conceitos está significativamente revelado no preparo do discipulado que o Senhor tinha iniciado.
Estais lembrados de que quando os setenta voltaram de sua primeira viagem de treino missionário, regozijavam-se de que até pessoas possuídas do demônio respondiam ao poder que lhes fôra dado (S. Lucas 10:17-20). Foi aí que o divino instrutor gentilmente lhes recordou que era o Seu poder que permitira tão afortunadas vitórias, e que êles deviam regozijar-se antes no fato de terem uma obra que lhes era indicada pelo Céu, e, por estar os seus nomes escritos lá. (S. Lucas 10:17-20.)
Estais lembrados também de que quando os doze saíram para sua missão, o Senhor de igual forma lhes deu poder sôbre os espíritos imundos, e “saindo êles, pregavam que se arrependesse, e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.” S. Marcos 6:7-13.
Notemos cuidadosamente que o sucesso dêsse trabalho missionário de treinamento, bem como o fruto abundante que se seguiu ao Pentecostes, dependeram ambos do mesmo dom do poder do Espírito. Cristo “deu-lhes poder,” e êles “foram cheios do Espírito Santo,” e o Espírito dava-lhes a palavra. Isto, irmãos, é a chave para uma igreja espiritualizada, chave para a espiritualização de todos os nossos membros da igreja. Isto sòmente comunica poder à igreja!
Homens que tèm a felicidade de coparticipar com Deus dêsse grande poder, desgraçadamente perdem-no quando o tomam por garantido, como se pode ver do seguinte:
Enquanto o Senhor e três de Seus discípulos gastaram tôda a noite em oração e vigília a fim de terem o poder para enfrentar o amanhã, os restantes nove discípulos passaram a mesma noite em imaginárias insignificâncias que precipitaram a crise que lhes roubou o poder. Lede S. Mat. 17; e S. Mar. 9.
O Senhor tomou a Pedro, a Tiago e a João e os levou ao monte a fim de juntos orarem. Aos nove pediu Êle que permanecessem ao pé do monte. Êstes nove sentiram-se diminuídos com êste pedido. Como tal solicitação já havia sido feita em outra oportunidade, êles começaram a pensar que poderiam estar sendo vítimas de discriminação.
Desapontados e descontentes, não sentiram necessidade da reunião de oração que Jesus convocara. Ao contrário, passaram a noite em debates frívolos e imaginários. Tanto se demoraram sôbre seus próprios ressentimentos que a dúvida se instalou nêles. Criaram o clima em que Satanás vive, e com a fé nos planos já enfraquecida, o poder sôbre o inimigo evaporou-se de suas vidas, e o diabo dominou. Os nove não sentiram sua perda até que foram incapazes de expulsar o demônio de um jovem. Imaginai! Homens possuídos do espírito do mal tentando expulsar o espírito do mal. Os demônios zombaram dêles!
Quando perguntaram ao Senhor por que não puderam expulsá-lo, o magoado Salvador lhes respondeu: “Por causa de vossa incredulidade. .. . Se tiverdes fé como um grão de mostarda. . . nada vos será impossível.” S. Mat. 17:19-21. Nesta resposta o Senhor diagnosticara a enfermidade dos nove discípulos. E ofereceu-lhes a cura. Fêz mais do que simplesmen-te chamar a atenção para os inimigos do poder espiritual: propôs restaurar o poder perdido.
Desobediência, negligência da oração, ressentimento, dúvida, tôdas estas facêtas da incredulidade nos planos do Salvador, conduziu a situação que privou os nove do poder. A lição da parábola do grão de mostarda oferecia a fórmula divina para a cura da enfermidade.
“Se tiverdes fé como um grão de mostarda,” disse Jesus. Sendo que a semente de mostarda literalmente não tem fé, temos de olhar suas características e aprender a lição que ela ensina. O tamanho da semente não conta no caso, pois a fé não vem do tamanho. Embora ela esteja entre as menores das sementes, há nela latente um princípio de vida. Sob a cálida influência do sol, a umidade da chuva e as correntes elétricas da terra, o Céu ativa as forças de vida que há na semente. A semente germinando lança suas raízes para o fundo da terra em busca de alimento, e sua jovem cabeça se ergue em procura de energia do sol. Vicejante e suculenta, a planta em crescimento é o alimento escolhido por animais, grandes ou pequenos. Eis que de repente sua cabeça é devorada por um rondador faminto! Achais que a jovem planta morre por ter sido decapitada? Oh, não! Duas novas cabeças são lançadas para o alto, tão vigorosamente como a primeira. E supondes que a jovem planta morre porque perde suas duas novas cabeças? Não, ela lança novos rebentos em sua determinação de alcançar a maturidade de vida e assim cumprir seu destino!
Quando com tenacidade nos apegamos às promessas e direção de Deus, como a semente de mostarda se apega à vida, nossa fé moverá montanhas de dificuldades.
“Esta casta,” disse Jesus, “não sai senão por jejum e oração.” Não oração no exato momento de crise e desventura, pois tais orações são geralmente nascidas do temor, e em geral pouco aproveitam. É a vida de oração constante, sistemática, que eleva a alma para Deus, que gera a fé viva e poderosa. À fé dotada do poder do Espírito é o único remédio que cura a enfermidade do pecado. Disse Tiago: “A oração da fé salvará o enfêrmo, e o Senhor o levantará.” S. Tia. 5:15.
Assim como a transformada semente de mostarda se apega à vida, a fé dotada de poder do Espírito se apega a Cristo e Suas promessas. Esta fé provê o ambiente em que o Espírito Santo opera. E quando o Espírito Santo opera, enche a vida individual e a igreja com o poder necessário a cada membro.
Pode-se dizer agora que quando a igreja de hoje derrotar os seus inimigos; quando os membros da igreja espiritualizada expulsarem a desobediência, a indiferença, a negligência da oração, os ciúmes, preconceitos e ressentimentos, então a unidade em Cristo será alcançada. O Senhor Jesus soprará de nôvo sôbre os Seus discípulos e êles serão dotados com o Espírito Santo. A chuva serôdia cairá sôbre a igreja; pregadores cheios do poder do Espírito incendiarão o mundo; e o segundo Pentecostes levará a Terra ao amadurecimento para a colheita final. Oxalá a igreja agora ore com todo o fervor: “Vern, Santo Espírito, purifica nossa vida e enche a igreja. Vem, Senhor Jesus, e leva a Tua santa igreja para o lar celestial.”