Dr. Hans K. LaRondelle,  Professor de Teologia na Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, EE.UU.

A doutrina da Igreja é de importância decisiva no dispensacionalismo.

De acordo com C. C. Ryrie, a Igreja é “distinta de Israel, e não um novo Israel espiritual”.1 Deus tem dois propósitos e programas diferentes para Israel e a Igreja “dentro de Seu plano total”. Ryrie declara ainda mais: “A Igreja de modo algum está cumprindo as promessas para Israel…. A época da Igreja não é vista no programa de Deus para Israel. Ela é uma intercalação.”2 O Novo Testamento não “emaranha as [promessas de Deus a Israel] com a Igreja”.3 “E tudo isto — afirma Ryrie — se baseia num estudo indutivo do emprego de duas palavras [Israel e Igreja], e não num esquema sobreposto à Bíblia.”Sua conclusão é a seguinte: “O uso das palavras Israel e Igreja mostra claramente que no Novo Testamento o Israel nacional continua com suas próprias promessas, e a Igreja jamais é equiparada ao chamado ‘novo Israel’, mas é cuidadosa e continuamente distinguida como uma distinta obra de Deus nesta era.”5

Essas afirmações podem ser comprovadas pelo Novo Testamento, usando-se a exegese do método gramatical e histórico, segundo alega o dispensacionalismo? Quais são as regras de semelhante exegese?

O Papel do Contexto

Um princípio fundamental de exegese que às vezes é desprezado nas explicações doutrinárias é o papel determinante do contexto — deixando que cada texto ou expressão obtenha seu significado especial de seu próprio contexto imediato. O comentarista sempre enfrenta o perigo de sobrepor o significado de um termo num contexto histórico ao mesmo termo noutro contexto histórico diferente da Escritura Sagrada. É claro que quando dois textos parecem contradizer um ao outro, cada um deles precisa ser interpretado de acordo com seu próprio contexto histórico e literário (ver, por exemplo, Rom. 3:28 e S. Tia. 2:24). A expressão de Romanos precisa ser determinada pelo contexto de Romanos, e o uso que o apóstolo faz da mesma expressão em sua carta aos Gálatas deve ser interpretado pelo contexto de Gálatas. Estes contextos históricos diferem consideravelmente, e não podem ser desprezados ou negados com a finalidade de construir uniformidade doutrinária. Isso seria uma exegese forçada e dogmática que não está mais exposta às nuanças dos contextos bíblicos.

“Israel” no Contexto de Romanos

Parece ser claro que em Romanos 9-11 Paulo está visivelmente preocupado com os seus compatriotas, o povo judeu, e que ele realmente faz distinção entre Israel (quer seja o Israel étnico fora da Igreja ou os crentes judeus) por um lado, e os crentes gentios dentro da Igreja, em Roma, por outro lado. Por quê? Será que ele faz distinção entre Israel e os gentios com base no princípio de que Deus tem duas espécies de povo, com duas promessas e dois destinos escatológicos diferentes? As evidências internas indicam o contrário.

Por exemplo, Paulo recomenda que as duas facções dentro da Igreja de Roma [judeus e gentios) não se vangloriem uma contra a outra no tocante a alguma pretensa superioridade ou prerrogativa (ver Rom. 11:18 e 25; 12:3). A diferenciação, por parte de Paulo, de origens étnicas dentro da comunidade de fé cristã não o levou a distinguir entre duas diferentes promessas do concerto para Israel e os gentios. O caso é exatamente o oposto.

A preocupação do apóstolo é recordar o propósito original da eleição de Israel em favor de todas as nações — ser uma bênção a todas as famílias do mundo, partilhando com elas a luz salvadora dos concertos de Israel e de seu culto do único Criador-Redentor (ver Isa. 42:1-10; 49:6).

Contra o fundo deste plano de Deus, Paulo relata o surpreendente fato de que “os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcançá-la, todavia a que decorre da fé [em Jesus, o Messias]; e Israel que buscava lei de justiça não chegou a atingir essa lei” (Rom. 9:30 e 31). Para o apóstolo, a prova decisiva para permanecer na devida relação do concerto com Deus é ter fé em Cristo como o Messias de Israel (ver Rom. 9:33). Semelhante fé assegura as bênçãos do concerto. Os gentios não têm outro concerto com Deus além do concerto de Deus com Israel.

A representação simbólica de Paulo em Romanos, capítulo 11, de um enxerto de ramos de oliveira brava na única árvore genealógica (o Israel de Deus) proclama vividamente a unidade básica e a continuidade dos concertos de Deus com os patriarcas (a raiz) e Israel (o tronco), por um lado, e com a Igreja de Cristo, por outro lado.

Pela fé em Cristo, os gentios são incorporados na oliveira, o povo de Deus, e participam da raiz de Abraão (ver verso 18). A conclusão não é que Deus os preferiu aos judeus (ver verso 19); mas, como Paulo diz noutra parte aos cristãos gentios, “já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus” (Efés. 2:19).

A lição da parábola da oliveira cultivada, em Romanos 11, é que a Igreja de Cristo se nutre da raiz e do tronco do Israel do Antigo Testamento. O ponto específico de Paulo é, porém, revelar um “mistério” divino acerca do Israel natural: “Veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude [pleroma] dos gentios. E assim [houtros, deste modo] todo o Israel será salvo.” Rom. 11:25 e 26.

Quase parece haver unanimidade entre os comentaristas de que Paulo fala aí sobre o Israel étnico e seu meio de salvação em inquebrável ligação com a salvação dos gentios. O apóstolo até apresenta uma interação entre a salvação de “todo o Israel” ou “a plenitude [pleroma]” de Israel (11:12) e o ajuntamento final e completo de todos os gentios a Cristo. Seu ponto não é o de uma ordem de dispensações, e, sim, a resposta espiritual a Cristo de muitos (se não da maioria) dos judeus — uma resposta que promana de sincera inveja da clara manifestação da misericórdia de Deus, em Cristo, aos gentios. “Assim como vós [cristãos gentios] também outrora fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia à vista da desobediência deles [rejeição de Cristo pelos judeus], assim também estes agora foram desobedientes, para que igualmente eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi concedida. Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos.” Versos 30-32.

Observa-se aí uma admirável ondulação da salvação de Deus: “Deus não concede misericórdia a Israel sem os gentios, mas também não o faz aos gentios sem Israel.”8

Enlevado por essa maravilhosa visão da fidelidade de Deus à Sua promessa do concerto, a despeito 18 da infidelidade de Israel — o chamado de Deus a Israel é “irrevogável” (verso 29) — Paulo apresenta uma surpreendente perspectiva do “mistério” do salvífico propósito de Deus para a raça humana como um todo: a misericórdia divina fluiu de Israel para os gentios, a fim de que “todo o Israel” fosse levado a almejar a mesma misericórdia que os gentios têm recebido. A queda de Israel não é irrecuperável. “De modo nenhum; mas pela sua transgressão veio a salvação aos gentios, para pô-los em ciúmes.” Verso 11.

O apóstolo revela uma estranha interdependência entre a plena afluência dos gentios à salvação (por meio da pregação do evangelho) e a aceitação de Cristo por “todo o Israel”. Paulo chama essa própria “interdependência” de “mistério”, a saber, a intenção de Deus, de trazer o Israel natural de volta a Si mesmo e à cultivada “oliveira” da eleição pela graça mediante a Igreja de Cristo, composta principalmente de gentios (a fé é despertada pelo “ciúme”). É de decisiva importância compreender este “mistério” porque o evangelho da salvação — da justificação pela graça mediante a fé — só pode ser mantido nessa interdependência entre Israel e a Igreja. Herman Ridderbos amplia este ponto. Eis o que ele diz a respeito de Romanos 11: “Não se pode admitir outra conversão além daquela que resulta da pregação do evangelho na História (cp. os caps. 10:14 em diante, e 11:11, 14 e 22), e da atividade que em breve chegará até eles por parte do mundo dos crentes gentios (cap. 11:31)”9

Como o dispensacionalismo relaciona essa esperança paulina para o Israel étnico com a pregação do evangelho da cruz de Cristo, quando o seu axioma declara que “a glória de Deus há de ser realizada não somente na salvação, mas também no povo judeu”?10 Como Israel será salvo de acordo com a teologia dispensacional? Bruce Corley, em seu artigo “Os Judeus, o Futuro e Deus (Romanos 9-11)” salienta ainda mais esta questão, perguntando: “Devemos esperar que ocorra um milagre apocalíptico sete anos depois que a ‘plenitude dos gentios’ tenha sido arrebatada para fora do mundo? Os judeus virão por tratamento preferencial ou por meio da justificação pela fé? A primeira opção elimina o âmago do evangelho de Paulo.”11

Com efeito, em Romanos 11:26 (“e assim”) Paulo enfatiza que “todo o Israel” será salvo precisamente da mesma maneira que todos os gentios: unicamente pela fé em Cristo, pela confissão de que Jesus é o ressuscitado Senhor de Israel (ver cap. 10:9-13). Ele declara explicitamente qual é a irrevogável condição de Deus para a salvação de Israel: “Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo.” Cap. 11:23. O Israel nacional, em grande parte, chegara a reivindicar as promessas do concerto de Deus pela confiança em sua relação com o Pai Abraão, esperando, portanto, as bênçãos escatológicas de Deus como garantia incondicional (ver S. Mat. 3:7-9; S. João 8:33 e 34).

Contra essa atitude de jactância na vantagem étnica de Israel (ver Rom. 2:25-29), o apóstolo declara: “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que O invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo.” Cap. 10:12 e 13; cp. Cap. 3:22-24. Assim Paulo remove toda diferença entre os judeus e os gentios diante de Deus.

O propósito da incisiva argumentação de Paulo contra o Israel natural é revelar que sua atitude de justiça aos seus próprios olhos e de fazer reivindicações a Deus enquanto rejeitava o próprio Messias e o evangelho de Yahweh (ver Cap. 9:31 a 10:4) constitui a verdadeira causa de sua queda e rejeição. Isto não significa, porém, que Deus tenha rejeitado a Seu povo Israel (ver Cap. 11:11 e 15)!

Aplicação da Teologia do Remanescente

O apóstolo apela para as conhecidas promessas do “remanescente” nos profetas de Israel para defender sua tese de que as promessas do concerto de Deus não falharam, embora o Israel natural, como nação, deixasse de aceitar a realeza do Messias Jesus. “E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são de fato israelitas.” Cap. 9:6.

Assim, Paulo continua a distinção do Antigo Testamento de um Israel espiritual dentro do Israel nacional. Os profetas chamavam esse Israel espiritual de “remanescente”, e ele devia ser o portador das promessas do concerto de Deus. No remanescente fiel, Israel sempre continuou sendo o povo de Deus. O Senhor proveu o remanescente por Sua graça soberana, mostrando assim que em todo juízo sobre o Israel nacional Ele não rejeitou aqueles dentre Seu povo que confiaram nEle e Lhe obedeceram. As promessas do concerto de Deus jamais podem ser usadas como reivindicações contra Ele, fora de viva relação de fé e obediência para com o Senhor. A promessa e a fé se acham inseparavelmente ligadas, segundo Paulo declara: “Essa é a razão por que [a promessa] provém da fé, para que seja segundo a graça.” Cap. 4:16. O dispensacionalismo só aceita esta verdade para o israelita individual, e não para o Israel nacional. Ryrie comenta o seguinte sobre Romanos 9:6 (com sua distinção do Israel dentro de Israel): “Nesta passagem de Romanos, Paulo está lembrando a seus leitores que ser israelita por nascimento natural não assegura a essa pessoa a vida e o favor prometidos ao crente israelita que se aproximou de Deus pela fé.”12

Ele deduz que, na opinião de Paulo, o israelita natural não tem o direito de reivindicar a promessa de “vida e favor” do concerto de Deus assegurada tanto no concerto abraâmico como no concerto mosaico. Por que não? Porque a fé e a confiança no Senhor e Seu Messias são a condição de Deus — e não a base — para receber Suas bênçãos! No entanto, esta condição é salvaguardada e mantida no remanescente de Israel, escolhido pela soberana vontade de Deus. Anders Nygren explica: “O ‘remanescente’ não é apenas um grupo de indivíduos separados, conduzidos para fora de um povo condenado à destruição; ele mesmo é o povo escolhido, é Israel in nuce…. No ‘remanescente’ Israel continua a viver como o povo de Deus…. A abundante e soberana graça de Deus decide quem deve pertencer ao ‘remanescente’…. Mas, de acordo com a eleição de Deus, o ‘remanescente’ foi conduzido à fé em Cristo. Não tem reivindicações diante de Deus, pois sabe que depende inteiramente de Sua graça. Por isso, como Israel espiritual, ele obtém agora o cumprimento da promessa.”13

Paulo não se ocupa com a distinção do dispensacionalismo entre o Israel individual e o Israel nacional, em que o indivíduo só tem promessas condicionais, e a nação só tem promessas incondicionais dentro do mesmo concerto. Paulo dá seguimento à teologia dos profetas hebreus sobre o remanescente fiel. “O remanescente é que será salvo.” Cap. 9:27, citando Isaías 10:21-23, onde o remanescente de Israel retorna “ao Deus forte”.

A mensagem de Paulo é que Deus é fiel a Sua palavra porque proveu outra vez bondosamente um remanescente de Israel que crê, mediante o poder criador de Sua promessa: “Assim pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.” Rom. 11:5.

Os legítimos herdeiros dos concertos mosaico e abraâmico não são os descendentes naturais de Abraão que não crêem (“o Israel segundo a carne”, I Cor. 10:18), mas exclusivamente um Israel espiritual, os filhos de Deus. “Isto quer dizer que os filhos nascidos de modo natural não são filhos de Deus. Ao contrário, os filhos nascidos de acordo com a promessa de Deus é que são considerados como… verdadeiros descendentes [de Abraão]” Rom. 9:8, A Bíblia na Linguagem de Hoje.

Assim como Isaque não nasceu pelo poder do homem, mas pelo poder criador da generosa promessa de Deus (ver Gên. 18:10 e 14), também o remanescente de Israel, que era crente e constituía o verdadeiro povo de Deus no tempo de Paulo, foi trazido à existência pela palavra criadora da pregação de Cristo Jesus (ver Rom. 10:17). As bênçãos do concerto, como um todo, são prometidas, portanto, somente ao Israel que crê em Cristo, dentro do Israel étnico. Afinal de contas, se a “raiz” de Israel (Cap. 11:16) representa a Abraão, o qual creu em Deus quando era gentio e foi justificado antes de ser circuncidado, então não há base ou preferência étnica para ser membro do povo de Deus ou do remanescente de Israel da maneira como Paulo o compreendia.14 O nome “cristãos” (Atos 11:26) significa simplesmente “o povo messiânico”.

O Israel “da promessa”, a nova comunidade da fé em Cristo, ou a Igreja, não se restringe aos crentes judeus. Em Romanos 9:24, Paulo declara que Deus nos chamou, isto é a Igreja de Cristo (o Messias), “não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios”. Ele reforça esta conclusão citando Oseias 2:23 e 1:10 (ver Rom. 9:25 e 26), onde Deus fez promessas de aceitação às dez tribos apóstatas de Israel que virtualmente se haviam tornado como seus captores pagãos no exílio assírio. Por conseguinte, Paulo aplica explicitamente o cumprimento escatológico das promessas de restauração para Israel, no livro de Oséias, à Igreja de Cristo como um todo, a qual consiste tanto de judeus como de gentios.

Inferimos que em Romanos Paulo estabelece inquebrantável correlação entre a Igreja e Israel. Por um lado, a Igreja de Cristo ocupa agora o lugar do Israel descrente (os ramos cortados), sendo portanto dotada com as bênçãos e responsabilidades do concerto de Israel. Por outro lado, visto que as intenções redentoras originais de Deus para com Israel são irrevogáveis, a Igreja é convidada a fazer com que o Israel natural tenha ciúmes da misericórdia de Deus para com os gentios.

Bibliografia:

1. C.C. Ryrie, Dispensationalism Today (Evanston, 111.: Moody Press, 1973), pág. 154.

2. Idem, The Basis of the Premillennial Faith (Neptune, N. J.: Loizeaux Brothers, 1954), pág. 136.

3. Idem. Dispensationalism Today, pág. 96.

4. Ibidem.

5. Idem. pág. 140.

6. W. D. Davies, “Paulo e o Povo de Israel”, New Testament Studies 24 (1978). 4-39, declara: “Já insinuamos que em Romanos 9-11 Paulo enfrentou uma atitude hostil, incipiente entre os cristãos gentios para com os cristãos de origem judaica e para com os judeus; isto é, ele enfrentou o antijudaísmo. Essa atitude foi rejeitada por ele.” — Página 29.

7. Todos os textos no artigo em inglês, a não ser que sejam especificados de outro modo, são de The Holy Bible: New International Version. Copyright 1978 pela New York International Bible Society. Usados com permissão de Zondervan Bible Publishers. Em português foi usada a Edição Revista e Atualizada no Brasil.

8. H. N. Ridderbos, Paul. An Outline of His Theology (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans. 1975), pág. 360.

9. Idem. pág. 358.

10. Ryrie. Dispensationalism Today, pág. 104. Comparar com a pág. 155. (Grifo acrescentado.)

11. B. Corley, em Southwestern Journal of Theology, 19:1 (1976), 42-56; a citação é da pág. 51, nota 44; conferir também com G. E. Ladd, A Theology of the New Testament (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans. 1974), pág. 539; Ridderbos, op. cit., seção 58.

12. Ryrie. Dispensationalism Today, pág. 138.

13. A. Nygren. Commentary on Romans (Filadélfia: Fortress Press, 1978), págs. 393 e 394.

14. Miles Bourke, A Study of the Metaphor of the Olive Tree in Romans XI (Dissertação da Catholic University of America Press. Washington, D.C., 1947), págs. 80-111. Citado por W. D. Davis (ver nota 6).