Nisto Cremos – 2

Aprouve a Deus, o Pai, Filho e Espírito Santo, para a manifestação da glória de Seu eterno poder, sabedoria e bondade, no princípio, criar ou formar do nada o mundo e todas as coisas nele contidas, quer visíveis ou invisíveis, no espaço de seis dias, sendo tudo muito bom.

Depois de haver feito todas as outras criaturas, Deus criou o homem e a mulher, … dotados de conhecimento, justiça e verdadeira santidade, segundo Sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seu coração e poder para cumpri-la; estando contudo sob a possibilidade de transgredir, entregues à liberdade de sua própria vontade, que estava sujeita a modificações.— The Westminster Confession, Cap. IV.

O modo como consideramos a Deus, o modo como encaramos o mundo ao nosso redor e o modo como compreendemos a nós mesmos, tudo tem suas raízes no verso inicial da Escritura: “No princípio criou Deus os céus e a Terra.” Gên. 1:1. A teologia, como uma jóia de muitas facetas, só pode obter seu pleno fulgor e radiância das páginas iniciais da Palavra Sagrada. Assim como as palavras do Criador: “Haja luz” (verso 3) proveram o primeiro alvorecer para o mundo natural, os capítulos iniciais do Gênesis também provêem os primeiros raios de luz a respeito de Deus, o Criador, e Seu plano para todos os seres criados. É aí que os muitos aspectos da teologia cristã obtêm sua maior e mais profunda significação.

Toda doutrina importante da Igreja encontra seu firme fundamento na Criação. Para estabelecer correta doutrina de Deus bem como do homem precisamos começar com Gênesis 1. Vemos ali, em contraste com todos os antigos mitos da Criação, um Deus que é distinto da Natureza, um Criador que está acima e além de Suas obras criadas. Ali não há confusão entre a Divindade e a matéria, como no caso do paganismo ou panteísmo. Se fosse imposta uma interpretação panteísta a Gênesis 1, teríamos de dizer que Deus é Seu próprio Criador e que o relato dos primeiros sete dias é uma explanação de como Deus criou a Si mesmo. A partir do Gênesis, encontramos na Escritura o perfil heterogêneo de um Criador que possui infinita sabedoria (ver Sal. 104:24; Isa. 40:28) e grande poder (ver Jer. 27:5), cuja inteira atividade criadora constitui um sinal de Seu amor (ver Sal. 33:4-6) e que almeja o companheirismo de seres que podem amar e ser amados (ver Isa. 45:18; Deut. 6:4 e 5; Jer. 31:3). A Criação tam-bém revela outros aspectos do caráter de Deus, como Sua glória e divindade (ver Sal. 19:1; Rom. 1:19 e 20).

O Homem é Mais do que Uma Máquina

Gênesis 1 também retrata uma doutrina do homem em que este é distinto de seu Criador, bem como da Natureza. Se o homem não fosse distinto de Deus, ter-se-ia de dizer que ele criou seu próprio Deus, à sua imagem, conforme a sua semelhança. Isto seria humanismo, o qual exalta o homem como supremo ser do Universo. Quando o relato declara: “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gên. 2:7), ele nos transmite o paradoxo de que o homem é separado da Natureza bem como uma parte da Natureza; ele é mais do que uma coleção de moléculas, mais do que uma máquina habilmente inventada, com um cérebro como computador. Ele é distinto do mundo animal, porque recebeu um régio domínio sobre as demais criaturas (ver cap. 1:28). No entanto, como os animais, o homem não foi criado ex nihilo; Deus usou materiais preexistentes na criação de ambos (ver cap. 2:7; cap. 1:24). Portanto, podemos esperar encontrar semelhanças físicas, bioquímicas ou fisiológicas entre o homem e certos membros do reino animal, no passado ou no presente. De acordo com este significativo indício do Gênesis, não devemos ficar chocados por serem encontrados homínidos extintos, exumados na África, que têm maior semelhança com o homem do que os macacos vivos. Isto não prova que houve ascendência comum, de acordo com o Gênesis, e, sim, o mesmo Criador, que usou materiais comuns e um projeto similar.

O Gênesis também nos ensina que o homem é dotado de natureza moral, pois é formado à imagem e conforme a semelhança de Deus, o qual é um Ser moral (ver cap. 1:26). Ao homem é conferido algo que não foi dado às outras criaturas — a faculdade de fazer escolhas morais (ver cap. 2:16 e 17). Isto denota que a inteligência humana está num nível mais elevado do que a de qualquer outra criatura terrestre. Estudos científicos contemporâneos procuram demonstrar, porém, que os processos de raciocínio e pensamento do homem não são basicamente diferentes dos do reino animal: estudos evolucionistas tentam cobrir a lacuna entre o homem e os animais. Isto está em acentuado contraste com o teor do relato do Gênesis, o qual evidencia a singularidade e distinção da humanidade, pelo menos no âmbito mental e espiritual.

A própria salvação tem suas raízes na Criação. Segundo o paralelismo sinônimo da seguinte passagem poética, as palavras “Criador” e “Redentor” são equivalentes: “Porque o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor; Ele é chamado o Deus de toda a Terra.” Isa. 54:5. Outras passagens do Velho Testamento mostram que a salvação se baseia na Criação (ver Sal. 124: 7 e 8; Isa. 42:5 e 6; Jer. 33:2 e 3). A comparação das duas versões dos Dez Mandamentos revela que uma apresenta a Criação como a coluna central que sustenta o quarto mandamento, ao passo que a outra cita a redenção (ver Êxo. 20:8-11; Deut. 5:12-15). Semelhantemente, a redenção de Israel do cativeiro babilônico, efetuada por Deus, usando a Ciro, um segundo Moisés, como Seu instrumento, se baseia em Seu poder como Criador (ver Isa. 44:24 a 45:4, 12 e 13).

Cristo, o Centro da Criação

O Novo Testamento acrescenta uma nova dimensão à inseparável relação entre a Criação e a Redenção. É digno de nota que o Evangelho de S. João, o único dos quatro Evangelhos a considerar o estado de Cristo antes da encarnação, começa com as mesmas palavras de Gênesis 1:1.* Cristo é apresentado como Criador não somente aí mas também em Colossenses 1:16-18 e He-breus 1:1-3. O Novo Testamento acrescenta a dimensão de que a obra da Criação se centraliza em Cristo. Visto que Cristo é nosso Criador e sendo que existe um laço especial entre o Criador e a criatura, como poderia Ele entregar-nos às arremetidas do pecado? Assim como é fora do natural que a mãe abandone o filho que ainda mama (ver Isa. 49:15), é inconcebível que Cristo entregue à condenação eterna aqueles a quem Ele trouxe à existência.

A capacidade de Cristo para salvar se baseia em Seu poder para criar. Se Cristo não tomou parte em nossa criação, não pode ser considerado nosso Salvador, pois unicamente o Criador tem o poder de salvar. É mister tanto poder divino para produzir vida em alguém cujo coração e mente foi amortecido pelo pecado como para dar vida a uma forma inanimada feita de argila e que jaz sobre o solo, ou para produzir um ser inteiro da costela de um homem.

Alguns acham que o relato da Criação é uma lenda que acompanha o estilo de outros antigos mitos do Oriente Próximo. Sigamos as inferências de semelhante raciocínio: Se Adão e Eva foram simples personagens lendários que nunca existiram, então não houve um autêntico jardim chamado Éden, nem a árvore do conhecimento do bem e do mal, nem o ato de comer do seu fruto e a subseqüente queda em pecado. Se não houve queda em pecado, não há necessidade de um Salvador divino — podendo o homem tornar-se seu próprio salvador. O pecado, então, seria um mito, e o Cristo encarnado tornar-Se-ia desnecessário. Isto se opõe diretamente ao claro ensino da Palavra de Deus, o qual retrata nossa necessidade de um poder criador que opere dentro de nós. Davi orou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sal. 51:10), e Paulo descreve aquele que já experimentou a resposta a essa oração como sendo “nova criação” (II Cor. 5:17, RSV). A obra da Criação e a obra da Redenção têm essencialmente o mesmo objetivo — a produção da imagem e semelhança do divino no íntimo dos seres humanos (ver Gên. 1:26 e 27; cp. Rom. 6:5; II Cor. 3:18; Col. 3:10).

A Criação está inseparavelmente ligada à escatologia. Se damos pouca importância à primeira, diminuímos invariavelmente a importância da segunda. A força de uma reside na força da outra. O estabelecimento da geologia moderna como ciência amiúde é datado de 1785, quando o pensador escocês Tiago Hutton compareceu perante a Sociedade Real e terminou seu tratado sobre a história terrestre com as palavras: “O resultado, portanto, de nossa investigação é que não vemos nenhum vestígio de um princípio, nenhuma perspectiva de um fim.” Hutton não estava negando a possibilidade de um princípio e de um fim da história da Terra; antes, estava dizendo que o geólogo não se restringe ao conceito bíblico de um princípio definido no espaço e no tempo para a história da Terra, nem a um fim catastrófico. Hutton estava em diametral oposição ao conceito bíblico de um Deus que está assentado sobre a redondeza da Terra e vê o fim desde o princípio (ver Isa. 40:22; 46:10). O mesmo poder que foi exercido para trazer o mundo à existência também precisa ser administrado na final destruição do mundo e na criação de novos céus e nova Terra (ver Isa. 65:17; II S. Ped. 3:7-13). Deus é realmente o Alfa e o Ômega, o princípio da primeira Criação e o princípio da segunda (ver Apoc. 1:8; 3:14; 21:6).

A metodologia que se aplica ao livro do Apocalipse e a natureza geral das conclusões que dele se extraem diferirão bem pouco do estudo que se faz do Gênesis, e vice-versa. Se dissermos que o Apocalipse é encarado meramente como um livro de simbolismos sem verdadeiros cumprimentos históricos, diremos igualmente que os primeiros capítulos do Gênesis são meros simbolismos que não se fundamentam em fatos históricos. Se afirmarmos que o último livro da Bíblia não tem mais relevância e valor para o pensamento do século vinte, faremos a mesma coisa com o primeiro livro. Se aplicarmos o Apocalipse de maneira estritamente literal, sem levar em consideração o simbolismo envolvido (por exemplo, o “sinal da besta” é uma marca literal na fronte), com toda a probabilidade encararemos Gênesis 1 e 2 do modo mais literal possível (“Não poderia ter havido chuva no mundo edênico”). Além disso, se considerarmos o relato da Criação de maneira deísta (“Deus não intervém diretamente nos negócios do mundo, mas usa mecanismos secundários ou terciários”), usaremos o mesmo sistema para o Apocalipse. Por outro lado, se dissermos que o Criador de fato interveio diretamente na História e trouxe à existência o mundo edênico em seis passos repentinos, é muito provável que também consideremos a atual condição do mundo como sendo rápida e catastrófica, tendo sido causada pela direta intervenção do Criador nos negócios humanos. O princípio e o fim não podem ser separados teológica ou metodologicamente.

Cristo é Aquele que dá a maior e mais profunda significação ao princípio e ao fim. Ele adota o título “o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” de Seu Pai (ver Apoc. 1:8 e 17; 21:6; cp.l6:17; S. João 19:30). A cruz abrange toda a história humana do princípio ao fim; seus braços apontam tanto para o passado — ao tempo em que o homem conversava face a face com o Seu Criador — como para o futuro — ao tempo em que os Seus seguidores “contemplarão a Sua face” (Apoc. 22:4). Assim, a cruz é o ponto focal tanto para a Criação como para os últimos atos no drama da redenção.

Criação, a Base da Doutrina

Muitos outros ensinos do cristianismo têm suas raízes no Gênesis. A instituição do sábado e seu repouso semanal (que será considerado num artigo posterior) remonta ao Éden, e não meramente ao Sinai. Quando Cristo descansou na tumba, Ele estava honrando o sábado da Criação e indicando que a obra da redenção sobre a cruz era completa, assim como Seu descanso no sétimo dia da semana da Criação indicava que Sua obra criadora era completa e perfeita (ver Gên. 1:31; Heb. 4:3 e 4). Seu brado na cruz: “Está consumado!” se equipara à conclusão de Seus labores no fim da semana da Criação (Gên. 1:31; 2:2). Assim como “Deus… disse: De trevas resplandecerá luz” (II Cor. 4:6) no primeiro dia que assinalou o começo da história humana, Cristo, a luz do mundo, também Se ergueu do escuro sepulcro no domingo de manhã, assinalando o início de uma nova era para a humanidade. A seqüência do tempo da Criação foi preservada na cruz, e o sábado é para nós uma lembrança semanal da obra criadora de Cristo durante a primeira semana da História, bem como de Sua obra criadora em nosso coração no tempo presente.

Todo culto verdadeiro tem sua fonte na Criação. Até onde vai o relato bíblico, o primeiro coro e culto de adoração ocorreram em conexão com a criação da Terra — “quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus” (Jó 38:7). Só pode haver verdadeiro culto quando o homem se humilha diante de seu Criador, quando a criatura reconhece sua condição de ser criado e a grandeza do Criador. Semelhante espírito nos é transmitido em muitos salmos: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou”; “Quando contemplo os Teus céus, obra dos Teus dedos, e a Lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele Te lembres?” Sal. 95:6; 8:3 e 4. Quando refletimos sobre a magnitude e complexidade do Universo, bem como nos mistérios encerrados em nosso próprio planeta, nosso espírito freme de emoção diante do fato de que o Criador nos prodigalizou tanto tempo e atenção, amor e solicitude, em Sua obra de redenção! Acaso não somos como um átomo em comparação com o Seu vasto domínio?

A instituição da família também se encontra dentro do âmbito da Criação. Não se pode encontrar melhor explicação para o fato de que o próprio casamento tem o selo da aprovação de Deus do que o conhecimento de que o Criador realizou a primeira cerimônia matrimonial no mesmo dia em que Adão e Eva vieram à existência, e de que o Criador encarnado reconheceu sua origem divina realizando Seu primeiro milagre de que há menção numa cerimônia matrimonial judaica (ver S. João 2:1-11). O futuro da sociedade gira em torno da integridade do lar, e a integridade do lar depende de nosso reconhecimento da origem divina do casamento e de nossa disposição para levá-lo avante de acordo com o plano divino.

A sobrevivência da sociedade em face de um futuro perigoso também depende do reconhecimento da fraternidade humana, que promana igualmente da realidade da Criação. O apóstolo Paulo, o qual foi talvez o maior defensor da fraternidade humana no primeiro século, com exceção da própria pessoa de Cristo, declarou aos atenienses que Deus “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da Terra” (Atos 17:26). O reconhecimento do fato de que todos somos irmãos, tanto literal como espiritualmente, torna imperioso que tratemos uns aos outros com amor, respeito e atenciosa solicitude. Deixar de fazê-lo nos coloca sob a repreensão que se encontra em Malaquias 2:10: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para os outros, profanando a aliança de nossos pais?” A ética das devidas relações humanas tem suas raízes na Criação. Pode-se mostrar assim que as grandes doutrinas do cristianismo, bem como as práticas da vida cristã, todas se originam na Criação.

Por que o Criador Se Ocupou em Criar?

Além de considerar sua importância no sentido doutrinário, podemos constatar a importância da Criação analisando as razões por que o Criador Se ocupou em criar. De acordo com as Escrituras, o homem foi explicitamente criado para a glória de Deus (ver Isa. 43:7), para habitação da Terra vazia (ver Isa. 45:18) e para realizar boas obras no serviço de Cristo (ver Efés. 2:10).

Gênesis 1 e 2 sugerem duas razões adicionais, mas complementares, para a existência do homem. Primeira: o homem foi criado para o serviço. Assim como a luz e o solo foram formados como condições prévias para a existência de plantas, e as plantas para a existência dos animais, e os animais para o serviço do homem, este último foi feito para o serviço da mais elevada forma de existência, o próprio Deus. A estrutura gradual do relato da Criação denota que cada nível é servo do próximo nível superior. Deus não terminou Sua obra no sexto dia, e, sim, no sétimo, segundo é declarado em Gênesis 2:2, o que denota que o homem não constituiu o ponto culminante da Criação, mas foi feito para o serviço de Deus. A forma paralela de Gênesis 1 — sendo que os primeiros três dias correspondem aos três que vêm em seguida, e o último dia constitui o remate de toda a semana — nos leva a inferir que a lei do serviço estava escrita na face da Criação naquele tempo, tanto quanto na face da Natureza hoje em dia. Isto é a exemplificação de verdadeiro ministério!

Segunda razão: o homem foi criado para companheirismo. Entre muitas outras coisas. Gênesis 1:26 envolve companheirismo: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Só pode haver pleno companheirismo quando dois seres têm um laço em comum e quando há muito mais semelhanças do que diferenças. Quando acabou de ser criado, Adão não pôde ficar muito entusiasmado pela amizade com meros animais, portanto Deus criou em ser que, como Adão, era à Sua imagem. Quando Adão começou a aumentar sua família depois da trágica morte de seu segundo filho e a fuga de seu primogênito para o exílio, o relato declara que ele “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gên. 5:3). Isto foi novamente para dilatar o círculo de amizade, que se rompera anteriormente. Assim como Eva foi criada para companheirismo com seu amado, e Sete foi trazido ao mundo para ser companheiro de seus pesarosos pais, Adão também foi criado à imagem de seu Criador para que pudesse desfrutar primorosa e incomparável comunhão com a Divindade. Isto é o supremo alvo da redenção, bem como da Criação.

Sem uma revelação divina seríamos totalmente incapazes de interpretar corretamente o livro da Natureza ou ter correto conhecimento do Criador e Sua obra de Criação (ver o artigo “A Escritura é por Inspiração de Deus”). As obras da Criação nos provêem uma janela para contemplar o Criador; podemos olhar através da Natureza para ter vislumbres do Deus da Natureza. Mas é por meio de Sua Palavra inspirada que podem ser respondidas as perguntas fundamentais acerca da Criação. Só na Escritura podemos descobrir quem é o Criador (ver Sal. 100:3; Isa. 40:28; 43:15; S. João 1:1-3 e 14; I Cor. 8:6; Apoc. 4:11), o modo ou a maneira pela qual Ele criou (ver Sal. 33:6 e 9; 104:24; 136:5), a amplitude de Suas atividades criadoras (ver Êxo. 20:11; 31:17; Neem. 9:6) e as razões para a Criação. Sem a Palavra escrita não seríamos capazes de perceber a providência de Deus em sustentar Sua obra da Criação, um fato que tem amplo apoio na Escritura (ver Neem. 9:6; Sal. 147:8 e 9 e 16-19; Isa. 40:26; Atos 14:17; Col. 1:17). Isto exclui o conceito deísta de um Criador-proprietário “ausente”.

A Criação não pode ser provada pelo método científico, pois este método só pode lidar com acontecimentos que se repetem. Não é possível arquitetar nenhuma experiência científica para demonstrar a probabilidade ou mesmo a possibilidade da Criação. Isto nos conduz à declaração bíblica de que a prova definitiva é a prova da fé: “Pela fé entendemos que foi o Universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” Heb. 11:3. A fé não invalida a razão — “pela fé entendemos”. A criação é um catalisador que nos estimula a pensar em conformidade com Deus e a seguir as pegadas do Criador através do maravilhoso e interminável domínio da ciência. Unicamente quando atendermos às recomendações para ponderar e estudar começaremos a compreender nossa qualidade de criaturas e a grandeza de nosso Criador (ver Jó 12:7-10; Sal. 104:24; 111:2 e 4; Isa. 40:26).

* A tradução grega de Gênesis 1:1, na Septuaginta, começa com as palavras En arché epoiesen ’o Theos, ao passo que S. João 1:1 começa com En arche en ‘o logos. Logos é equiparado com Theos no mesmo verso.