Por S. H. HORN e L. H. WOOD

(Professores do Seminário Teológico Adventista)

APÊNDICE (Continuação)

AP 14

14 de abh=19 de pachons, do ano 25 de Artaxerxes I (440 A. C.)

N° 25°. ano régio egípcio de Artaxerxes, 25 de pachons coincidiu com 26/27 de agôsto (sS a sS) do ano 440 A. C., e 14 de abh foi 25/26 de agôsto (pS a pS) ou 26/27 de agôsto (pS a pS). A conjunção da Lua ocorreu em 12,81 de agôsto (às 19,26). Se 1o. de abh foi 12/13 de agôsto (pS a pS) teria começado exatamente seis centésimos de um dia (1 hora, 26 minutos) antes de que se produzisse a verdadeira conjunção, o que é inconcebível. Se 1o. de abh correspondesse a 13/14 de agôsto (pS a pS), o período de traslação teria tido duração mais razoável: 94 centésimos de um dia (22 horas, 33 minutos).

Kraeling 3

7 de elul = 9 de payni, do ano 28 de Artaxerxes I (437 A. C.)

No 28°. ano régio egípcio de Artaxerxes, o dia 9 de payni correspondeu a 14/15 de setembro (sS a sS) de 437 A. C., de elul, Conseqüentemente, a 13/14 de setembro (pS a pS). Como a conjunção ocorreu em 7,55 de setembro (às 13,12) o período de traslação teria sido de apenas 20 centésimos de um dia (4 horas, 48 minutos) se 1o. de elul fôsse 7/8 de setembro (pS a pS), mas haveria tido a duração mais razoável de 1,20 dias (28 horas, 48 minutos) se 1o. de elul correspondesse a 8/9 de setembro (pS a pS).

AP 10

7 de quisleú = 4 de thot do ano |2|9 de Artaxerxes I (437 A. C.)

Êste papiro está muito bem conservado e não apresenta dificuldade de decifração. Entretanto, o número 9 do ano parece ser um êrro, em lugar de 29, pois em todos os anos régios de Artaxerxes I, 1o. de quisleú concorda com 4 de thot unicamente nos anos 4o. (1) e 29°. do computo egípcio.

O dia 4 de thot no 29°. ano régio egípcio de Artaxerxes coincidiu com 13/14 de dezembro (sS a sS) do ano 437 A. C., pelo que o dia 7 de quisleú foi 12/13 de dezembro (pS a pS) ou 13/14 de dezembro (pS a pS). A conjunção da Lua ocorreu em 5,74 de dezembro (às 17,45), e o período de traslação atingiu 1,01 dias (24 horas, 14 minu-tos) se 1o. de quisleú foi 6/7 de dezembro (pS a pS) ou a 2,01 dias (48 horas, 14 minutos) se 1o. de quisleú foi 7/8 de dezembro (pS a pS) do ano 437 A. C.

Se o ano 29 obedece a uma reconstrução cor-reta da data dêste papiro, foi escrito no mesmo ano juliano que o papiro anterior (Kraeling 3), embora difiram os anos régios; o dia 1o. de thot é o ponto de partida de um novo ano régio no Egito. Desta maneira se comprovam um pelo outro. É de lamentar unicamente que o ano 29 se-ja uma conjetura, embora com base em boas provas para determiná-lo.

AP 15

25 I de | tishri = 6 de epiphi, do ano j 30 | de | Ar-taxerx | es I (435 A. C. ?)

A primeira linha, que contém a data, está muito danificada. 6 de epiphi está conservado; mas embora os caracteres traduzidos por “25 de tishri” concordem com os escassos restos de algumas letras visíveis, está-se muito longe da possibilidade de que a reconstrução proposta apresente a inter-pretação correta que seja a única possível. Nada resta do número do ano régio, e existe só a última letra do nome do rei, que deve haver sido Artaxerxes I, segundo o demonstra o conteúdo do documento. (2) Conquanto não se possa atribuir nenhuma autoridade aos resultados obtidos em qualquer cálculo relacionado com êste papiro, apresenta-se o seu estudo para completar a informação.

Pode conseguir-se uma concordância aproximada entre 25 de tishri e 6 de epiphi unicamente nos anos 449 e 435 A. C. Agora se pode obter uma comprovação para o ano 449 graças ao Kraeling 2 que, infelizmente, também está rasgado. Para conseguir a correspondência entre ambos os papiros, deve mudar-se 3 de pharmouti, no Kraeling 2, para 2 de pharmouti, e 25 de tishri, em AP 15, para 24 de tishri. (3) Pôsto que os cálculos para o ano 435 A.C. não requerem tais mudanças, apresentamo-los a seguir.

6 de epiphi, no ano 435 A. C. correspondeu a 11/12 de outubro (sS a sS), e 25 de tishri, Conseqüentemente, a 10/11 de outubro (pS a pS) ou a 11/12 de outubro (pS a pS). A conjunção da Lua ocorreu em 15,44 de setembro (às 10,33), de modo que o período de traslação atingiu 1,31 dias (31 horas, 26 minutos) se 1o. de tishri foi 16/17 de setembro (pS a pS), mas seria de 2,31 dias (55 horas, 26 minutos) se 1o. de tishri fôsse 17/18 de setembro (pS a pS).

Kraeling 4

25 de tishri — 25 de epiphi, do ano 31 de Artaxerxes I (434 A. C.)

No 31°. ano régio egípcio de Artaxerxes, 25 de epiphi correspondeu a 30/31 de outubro (sS a sS) do ano 434 A. C., e 25 de tishri, a 29/30 de outubro (pS a pS) ou a 30/31 de outubro (pS a pS). A conjunção foi em 4,37 de outubro (às 8,52.), e o período de traslação atingiu 1,38 dias (33 horas, 7 minutos) se 1o. de tishri foi o dia 5/6 de outubro (pS a pS), ou a 2,38 dias (57 horas, 7 minutos) se 1o. de tishri foi 6/7 de outubro (pS a pS).

Kraeling 5

20 de sivã = 7 de phamenoth, do ano 38 de Artaxerxes I (427 A. C.)

No 38°. ano régio egípcio de Artaxerxes, 7 de phamenoth coincidiu com 12/13 de junho (sS a sS) do ano 427 A. C. Já que 20 de sivã foi 11/12 de junho (pS a pS) ou 12/13 de junho (pS a pS) e a conjunção da Lua ocorreu em 22,21 de maio (às 5,02), o período de traslação foi de 1,54 dias (36 horas, 57 minutos) se 1o. de sivã correspondeu a 23/24 de maio (pS a pS), ou de 2,54 dias (60 horas, 57 minutos) se 1o. de sivã correspondeu a 24/25 de maio (pS a pS).

Kraeling 6

  • 8 de pharmouti = 8 de tammuz, do ano 3 de Dario II (420 A. C.)

Não há necessidade de repetir aqui o que explicamos em capítulo anterior acêrca dêste papiro, onde ficou demonstrado que as datas dêste documento podem concordar entre si, unicamente se o ano 3 significa o 3o. ano régio de Dario II, segundo o calendário judaico de outono a outono.

No 3o. ano régio de Dario II, segundo o computo judaico (mas no 4o. ano, segundo o cômputo egípcio) o dia 8 de pharmouti correspondeu a 11/12 de julho (sS a sS) do ano 420 A. C. Então, 8 de tammuz correspondeu a 10/11 de julho (pS a pS) ou a 11/12 de julho (pS a pS). A conjunção ocorreu em 2,77 de julho (às 18,28), e o período de traslação abrangeu 98 centésimos de um dia (23 horas, 31 minutos) se 1o. de tammuz coincidiu com 3/4 de julho (pS a pS), ou 1,98 dias (47 horas, 31 minutos) se 1o. de tammuz coincidiu com 4/5 de julho (pS a pS).

AP 20

Elul = Pa | yni | do ano 4 de Dario II (420 A. C.)

Embora se tenham preservado só as duas primeiras letras da palavra payni, esta reconstituição é correta; é impossível reconstituir esta palavra para formar o mês pha/ophi/, porque elul e phaophi permaneceram separados durante todo o século V A. C.

No 4o. ano régio de Dario II, segundo o computo egípcio, o dia 1o. de payni coincidiu com 2/3 de setembro (sS a sS) do ano 420 A. C. A conjunção mais próxima a esta data ocorreu em 31,12 de agôsto (às 2,52), e 1o. de elul se pôde identificar com 1/2 de setembro (pS a pS) com um período de traslação de 1,63 dias (39 horas, 7 minutos), de modo que o dia 2 de setembro pode chamar-se “o primeiro dia do mês”, se pode dar-se esta significação à palavra correspondente do documento. Entretanto, a tradução tradicional “no mês” também concorda, já que ambos os meses são quase sincrônicos, e êste documento — a apresentação de uma demanda — pode escrever-se em quase qualquer dia de elul para sincronizá-lo com payni.

Kraeling 7

Tishri = Epiphi do ano 4 de Dario II (420 A. C.)

Êste papiro foi escrito no mês seguinte ao registrado no papiro AP 20. O dia 1o. de epiphi correspondeu a 2/3 de outubro (sS a sS) do ano 420 A. C., e 1o. de tishri coincidiu provàvelmente com 30 de setembro / 1o. de outubro (pS a pS), visto que a conjunção ocorreu em 29,83 de setembro (às 19,55), o que daria um período de 92 centésimos de dia (22 horas, 4 minutos) Mas o dia 1o. de tishri também pode haver correspondido a 1/2 de outubro, com um período de traslação de 1,92 dias (46 horas, 4 minutos), de modo que uma vez mais um mês egípcio começaria aproximadamente ao mesmo tempo que um mês judaico, e poderia chamar-se a 1o. de epiphi “primeiro” de tishri permitindo essa tradução para a palavra correspondente na linha da data.

Visto que o papiro foi escrito em tishri, depois do comêço de um novo ano civil judaico, e antes do fim do ano civil egípcio, o 4o. ano régio de Dario era o mesmo, segundo cada um dos três sistemas em uso, como pode ver-se numa figura publicada anteriormente.

Kraeling 8

6 de tishri = 22 de payni do ano 8 de Dario II (416 A. C.)

Visto que o mês egípcio payni sincronizava com o mês elul no 4o. ano egípcio de Dario (AP 20), é impossível que o mesmo coincida com 6 de tishri e 22 de epiphi no 8o. ano régio de Dario II. Por isso pode deduzir-se que o escriba cometeu um êrro ao escrever o nome do mês payni em lugar do mês seguinte, epiphi.

O dia 22 de epiphi correspondeu a 22/23 de outubro (sS a sS) do ano 416 A. C., pelo que o dia 6 de tishri correspondeu a 21/22 de outubro (pS a pS) ou a 22/23 de outubro (pS a pS). A conjunção ocorreu em 14,71 de outubro (às 17, 02), de modo que o período de traslação durou 2,94 dias (48 horas, 57 minutos) se o dia 1o. de tishri coincidiu com o 16/17 de outubro (pS a pS). Assim, é impossível que 1o. de tishri tenha sido 17/18 de outubro (pS a pS), porque neste caso o período de traslação teria sido de 3,04 dias (72 horas, 57 minutos).

Outra possibilidade seria presumir um êrro no mês judaico e não no egípcio, isto é, ler elul em lugar de tishri. Neste , caso, se contraria 22 de payni, que correspondería a 22/23 de setembro (sS a sS) do ano 416 A. C., e 6 de elul seria o dia 21/22 de setembro (pS a pS) ou 22/23 de setembro (pS a pS). A conjunção ocorreu em 15,23 de setembro (às 5,31) permitindo um período de traslação de 1,52 dias (36 horas, 28 minutos) se 1o. de elul foi o dia 17/18 de setembro (pS a pS).

Não obstante, é muito pouco provável que o escriba haja cometido o êrro de escrever tishri em lugar de elul, pois tishri vem em seguida a elul, e muito raro é cometer o êrro de confundir um mês futuro com o vigente. Êrro comum, porém, é escrever o nome de um mês passado em lugar do vigente. É o que teria acontecido neste caso, se o escriba continuou equivocadamente escrevendo payni, embora já corresse o mês de epiphi, que é o seguinte.

AP 25

3 de quisleú, ano 8=12 de thot, ano 9 de Dario II (416 A. C.)

Êste papiro e o seguinte são de capital impor-tância, porque registam o ano régio de Dario, segundo os sistemas judaico e egípcio. Esta prática não era seguida sempre que havia diferença entre os anos.

No ano 9o. egípcio de Dario II, 12 de thot correspondeu a 16/17 de dezembro (sS a sS) de 416 A. C., e 3 de quisleú, quer no 8o. ano judaico quer no 8o. ano persa, correspondeu a 15/16 de dezembro (pS a pS) ou a 16/17 de dezembro (pS a pS). A conjnção da Lua ocorreu em 12,98 de dezembro (às 23,31), o que permite um perío-do de traslação de 77 centésimos de dia (18 horas, 28 minutos) se 1o. de quisleú coincidiu com 13/14 de dezembro (pS a pS) ou de 1,77 dias (42 horas, 28 minutos) se 1o. de quisleú coincidiu com 14/15 de dezembro (pS a pS).

AP 28

24 de shebat, ano 13 = 9 de athyr, ano 14 de Dario II (410 A. C.)

9 de athyr correspondeu a 10/11 de fevereiro (sS a sS) de 410 A. C., no 14°. ano régio egípcio de Dario II, o que faz corresponder o dia 24 de shebat com 9/10 de fevereiro (pS a pS) ou com 10/11 de fevereiro (pS a pS). A conjunção ocorreu em 17,34 de janeiro (às 3,07), e o período de traslação atingiu 62 centésimos de dia (14 horas, 52 minutos) se 1o. de shebat correspondeu a 18/19 de janeiro (pS a pS).

Êstes dois papiros, AP 25 e AP 28, demonstram claramente que os escribas autores dêstes documentos empregavam sistemas diferentes de computar os anos régios de seus senhores persas; um, segundo o método egípcio, e o outro, segundo o judaico. Nem sempre eram tão coerentes que mencionassem ambos os anos, quando existiam diferenças entre ambos, como em AP 10, que menciona os meses judaico e egípcio, tal como acontece em AP 25, já estudado.

Kraeling 9

24 de marjestuvã = 29 de mesori do ano 1o. de Artaxerxes II (404 A. C.)

Não existem ladrilhos contemporâneos dos últimos seis anos de Dario II, ou do ano ascensional de Artaxerxes II. Por êste motivo dependemos até aqui do Cânon de Ptolomeu e da Tábua Saros para fixar o primeiro ano de Artaxerxes II. (4) As datas que assim foram fixadas agora se corroborarão e verificarão com a ajuda dêste papiro de data dupla, e do seguinte.

O primeiro ano régio de Artaxerxes II, segundo o Cânon de Ptolomeu, foi o ano 344°. da era Nabopolassar, e começou com o dia 1o. de thot, 2 de dezembro de 405 A. C. 29 de mesori correspondeu a 25/26 de novembro (sS a sS) de 404 A. C., pelo que o dia 24 de marjestuvã pôde ser o dia 24/25 de novembro (pS a pS) ou 25/26 de novembro (pS a pS). A conjunção ocorreu em 1,43 de novembro (às 10,19) e o período de tras-lação foi de 32 centésimos de um dia (7 horas, 40 minutos) se 1o. de marjestuvã coincidiu com 1/2 de novembro (pS a pS), ou de 1,32 dias (31 horas, 40 minutos) se 1o. de marjestuvã correspondeu a 1/2 de novembro (pS a pS).

Kraeling 10

20 de adar — 8 de choiak do ano 3 de ArtaxerxesII (402 A. C.)

No ano 3o. régio de Artaxerxes II, segundo o computo egípcio, o dia 8 de choiak coincidiu com 9/10 de março (sS a sS) de 402 A. C. Então, o dia 20 de adar pôde ser 8/9 de março (pS a pS) ou 9/10 de março (pS a pS), e 1°. de adar pôde cair em 17/18 de fevereiro (pS a pS) com um período de traslação de 90 centésimos de um dia (21 horas, 36 minutos) ou em 18/19 de fevereiro (pS a pS) com um período de traslação de 1,90 dias (45 horas, 36 minutos) visto que a conjunção ocorreu em 16,85 de fevereiro (às 20,24).

Conclusões

Os resultados que se obtêm do estudo dos papiros de data dupla são muito orientadores. Não obstante, nem todos os documentos analisados até aqui podem ser empregados na reconstituição do calendário judaico do século V.

Vê-se claramente que dois dêles, AP 8 e AP 10 contêm erros, pois suas datas, pela forma em que se expressam, não se podem fazer concordar por nenhum método conhecido de computar. Não é seguro que as correções propostas sejam acertadas, especialmente para o papiro AP 8, pois a correção conduz a conclusões que estão em desacordo com uma intercalação regular, como a do ciclo de 19 anos.

Outros dois papiros, o Kraeling 14 e o AP 15, estão de tal forma danificados que grandes porções da linha da data foram reconstituídas sem a certeza de haver-se procedido de maneira correta. Devido a que as conclusões a que se chega dêste modo discrepam uma vez mais com o ciclo de 19 anos, mais seguro é não confiar nos resultados obtidos pela reconstituição das linhas da data.

Os documentos que contêm o número do dia, como a Estrêla Arenisca do Cairo, e o AP 20, e Kraeling 7, têm valor para apoiar o quadro geral, mas não podem ser empregados para a reconstituição exata do calendário judaico.

Por outra parte, existe segurança de que se procedeu bem na reconstituição de outros documentos (AP 6 e Kraeling 2), e pode descobrir-se com facilidade o êrro do escriba, ao escrever payni em lugar de epiphi, no Kraeling 8. Por isso se torna válido o emprêgo dêstes três documentos como prova das conclusões a que se chega mais adiante.

A tábua N°. 2 apresenta uma comparação dos resultados alcançados pelo estudo dos numerosos papiros que podem empregar-se como prova razoavelmente digna de confiança. A tábua contém para cada documento a data egípcia com sua equivalente do calendário juliano; a seguir dá o mês judaico com as duas possibilidades de equivalência do calendário juliano, a primeira data é correta se o documento foi escrito depois do pôr-do-Sol. Os períodos de traslação acrescentados indicam quanto tempo transcorreu desde a conjunção da Lua até à tarde do dia em que começou o pri-meiro dia do mês. As datas resultantes de um período de traslação razoável estão marcadas com asterisco.

A tábua N°. 2, demonstra que as seis datas, que chegam até ao papiro 14, terão períodos de traslação razoáveis unicamente se se supõe que foram escritas depois do pôr-do-Sol. As outras oito poderiam haver sido escritas durante as horas do dia. Cinco das datas marcadas com asterisco diferem, em um dia, das fornecidas pela “Cronologia Babilônia” de Parker e Dubberstein. Esta diferença de quase 35% pode explicar-se pelo fato de não ser possível conseguir exatidão total para as datas babilônias, pelos motivos já apresentados. (5)

Entretanto, torna-se assombrosa a sua estreita harmonia com o calendário babilônio. Visto que muitos períodos de traslação são mais baixos, existe a possibilidade de os judeus de Elefantina não terem confiado demasiado na observância da Lua crescente para determinar o comêço de cada mês. Mas a escassez de nossa fonte material torna muito incerto se os judeus haviam produzido, através de longo período de experimentação e observação, um calendário fixo, em que os números dos dias já houvessem sido calculados de antemão. Os períodos de traslação comparativamente baixos possivelmente podem explicar-se pela circunstância de que o céu de Elefantina cobre-se de nuvens pouquíssimas vêzes, pelo que pode observar-se facilmente o quarto crescente da Lua logo que atinja a elevação de visibilidade mínima.

Infelizmente, os papiros não contêm o nome de nenhum mês intercalar, e ainda não estamos em condições de provar, como os eruditos judeus sempre têm afirmado, que os judeus empregavam unicamente um segundo adar, mas nunca um segundo elul. O AP 13 demonstra únicamente que não foi acrescentado um segundo elul no ano 446 A. C., contràriamente à “Cronologia Babilônia” de Parker e Dubberstein, que contém um segundo elulu (6) sem confirmação. Enquanto êsse elulu II babilônio permanecer sem confirmação, o fato de que os judeus não empregavam um segundo elul durante êsse ano, não é prova de que nunca o fizeram, embora pareça plausível a dedução de que lhes não agradava aumentar o intervalo entre as grandes festas de nisã e as de tishri.

Não obstante, uma fase importante dêstes papiros, é a prova que fornece o Kraeling 6 de que os judeus de Elefantina do século V utilizavam o calendário civil de outono a outono. Já que êste papiro apoia as declarações de Neemias 1:1 e 2:1, o que confirma a existência de um tal calendário entre os judeus posteriores ao exílio, não há motivo para duvidar da exatidão da linha da data do Kraeling 6, pelo que deve repelir-se a alternativa de um êrro cometido pelo escriba.

Êstes papiros proporcionam material muito valioso para a reconstrução de algumas fases do calendário judaico da era pré-cristã, para a qual não existe outra fonte, exceto a da Bíblia, que é muito insuficiente. Contudo, o pequeno número de documentos disponíveis como testemunho não basta para chegar a conclusões irrefutáveis acêrca de todos os aspectos de seu calendário lunar.

Entretanto, os descobrimentos recentes de fontes materiais adicionais, em que tiveram base as conclusões anteriores, permitem-nos abrigar a esperança de que em data próxima poderão ser preenchidos os claros existentes e possibilitada a reconstrução completa do sistema de calendário que os judeus antigos utilizavam.