O autor entende que as pessoas portadoras de AIDS também são merecedoras de atenção material e espiritual, como acontece com as pessoas acometidas de outras enfermidades.

A princípio Charlene não estava muito certa se Rob não estava bem de saúde. Seu estado físico, porém, passou a ser objeto de observação, depois que um forte espasmo de tosse o levou em convulsão para o hospital. Pneumonia! A despeito da medicação, Rob não conseguia livrar-se de sua enfermidade. Seguiram-se os testes. Finalmente, o diagnóstico: AIDS (síndrome de deficiência imunológica adquirida). 

Charlene deixou-se cair no sofá da sala de espera, completamente exausta, enquanto por sua mente agitada desfilavam os acontecimentos dos últimos dias, semanas e anos. A vida mudara muito rápido. River City, Estados Unidos, havia sido boa para ela e Rob. Ela tinha uma atividade bem remunerada. Ambos moravam numa casa confortável com os três filhos, cuja idade variava entre quatro, três e um ano. Tinham vizinhos. Isto, porém, foi antes, quando a vida era boa. Antes da AIDS.

Depois da AIDS a vida mudou. Primeiro, veio o problema da fobia da AIDS. A empregada estava assustada e se recusava a continuar cuidando das crianças. O patrão de Rob ficou com medo de AIDS, e assim Rob perdeu o emprego. Ele sempre controlou bem as finanças e pagou suas contas — agora estava às vezes muito doente. Quando o dinheiro era pouco, Charlene tinha que pedir misericórdia aos credores mas, finalmente, nem isso bastava. Ela era forçada a apelar para o bem-estar social e depois para o alojamento do governo.

Charlene passou o tempo que pôde no hospital enquanto Rob estava ali, e mais tempo ainda com ele enquanto esteve doente em casa. Quando não estava com Rob, tinha que cuidar dos filhos, comprar e preparar o alimento e manter a casa em ordem nas circunstâncias difíceis de uma mudança desagradável.

Em sua tristeza e confusão, Charlene e Rob se voltaram para Deus e para um bondoso ministro que os levou a entregar a vida a Deus. Eles foram batizados e aceitos como parte dos membros da igreja. Não desejando enfrentar o terrível sofrimento da rejeição novamente, eles discutiram se deviam dizer aos membros que Rob tinha AIDS. Muito constrangidos, resolveram correr o risco.

Para sua felicidade, em lugar de rejeitá-los, os membros da igreja abriram o coração e os amaram. Enquanto Rob esteve hospitalizado, os membros da igreja cuidaram das crianças a fim de que Charlene pudesse visitá-lo. Eles faziam as compras. Preparavam o alimento. Limpavam a casa. Acima de tudo, asseguraram a Rob que Deus lhe perdoaria pela fabricação de drogas.

Em menos de um ano, Rob morreu, em paz com a família, com os amigos e com Deus. E Charlene? Ela tem HIV (vírus de deficiência imunológica humana) positivo. Os filhos? Ninguém sabe por quanto tempo Charlene teve HIV positivo. Transmitiu ela o vírus para o bebê durante o processo de gestação? Terá o bebê o HIV positivo? Desenvolverá Charlene os sintomas da AIDS? Se desenvolver, o que acontecerá a seus filhos?

Quando Charlene (um pseudônimo) me contou sua história, concluiu: “Este foi um ano difícil. Ocasiões houve nas quais pensei que não viveria outro ano. Mas os membros da igreja cuidaram de nós, e porque eles cuidavam, eu sabia que Deus também cuidava. Seu amor e aceitação, ajudaram-me a perdoar a Rob por ter trazido o vírus para casa e para mim. E eu sabia que se apresentasse os sintomas da AIDS, eles continuariam a cuidar de mim.”

Gostaria de poder dizer que a igreja onde Charlene e Rob encontraram esse grupo de amigos encorajadores foi uma igreja adventista do sétimo dia, mas não posso. Desde que ouvi sua história, muitas vezes tenho pensado em que resposta Charlene e Rob teriam recebido de uma igreja adventista. Por causa dos aspectos morais que a envolve, a AIDS pode apresentar um dilema não apenas para a igreja como instituição, mas para os membros como indivíduos, bem como para o pastor. Algum dia, no próximo futuro, você terá que lidar com algum portador de AIDS. Como você responderá?

É fácil algum de nós ler a respeito da AIDS em São Paulo ou no Rio de Janeiro e dizer: “Mas este problema jamais me dirá respeito.” Contudo, as estatísticas indicam que cada um de nós terá um envolvimento mais aproximado com AIDS do que apenas ler uma história nos jornais. Está previsto que por volta do ano 2000 a AIDS terá matado mais pessoas nos Estados Unidos do que todas as guerras juntas. Pelo fato de a AIDS muitas vezes matar ambos os pais, prevê-se também que milhares de crianças serão deixadas órfãs. Já foram relatados casos de AIDS em todas as partes dos Estados Unidos e na maioria dos países do mundo.

A atenção da mídia muitas vezes se centraliza nos grupos de alto risco, mas são os comportamentos de alto risco, não os grupos de alto risco, que disseminam a AIDS. Pelo fato de os grupos de alto risco dos Estados Unidos terem sido homossexuais e pessoas que usam droga intravenosa — vistas por muitos como membros de uma sociedade marginalizada — tem-se levantado a questão do consumismo de certas pessoas.

Valoriza Deus igualmente cada pessoa? Como Deus Se relaciona com os eventos do planeta Terra e os da vida de cada pessoa? Perdoa Deus uma pessoa que está com uma enfermidade terminal? Como representante de Deus, como lido eu com a morte e o agonizante, as atitudes de julgamento e a sexualidade?

Estas são questões complexas que devem ser enfrentadas para determinar o apropriado papel da igreja no trato com a epidemia da AIDS.

A AIDS desafia a resposta dos cristãos ao sofrimento e à tristeza esmagadores. Muitas vezes nossas reações não correspondem às verdadeiras atitudes de cristãos. Encontramo-nos em luta corporal com uma mistura de questões, sentimentos e atitudes pessoais:

1. É a doença castigo de Deus? Uma resposta antiquada baseia-se na antiga crença de que a enfermidade é castigo de Deus. Os amigos de Jó criam nisso e lhe disseram isso. “Lembra-te: acaso já pereceu algum inocente? e onde foram os retos destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniqüidade e semeiam o mal, isso mesmo eles segam. Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro da Sua ira se consomem” (Jó 4:7-9).

Jesus enfrentou esse tipo de crença durante Seu ministério aqui na Terra. “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os Seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:1-3). A declaração “visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem” (Êxodo 20:5) muitas vezes é usada para indicar que a doença é punição de Deus. Alguns evangelistas de rádio e TV declaram que AIDS é castigo de Deus.

Essa crença, porém, é uma forma de fugir à responsabilidade de cuidar. Uma forma de fugir do envolvimento. É uma maneira de evitar seguir o exemplo do ministério de Cristo.

Com freqüência cada vez maior, a ciência tem mostrado que os hábitos de vida são a principal causa de câncer, enfermidades das coronárias e outras doenças, bem como da AIDS. Há uma relação de causa e efeito, mas é isto castigo de Deus? Pune Deus um estilo de vida doentio mais do que a outro? Notai a reação de Deus no caso dos amigos de Jó e das atitudes destes. “Disse também (o Senhor) a Elifaz, o temanita: A Minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de Mim o que era reto, como o Meu servo Jó” (Jó 42:7).

Esta questão é difícil de resolver, pois a resposta de cada pessoa depende de seu ponto de vista a respeito de Deus e de seu relacionamento com Ele. As crenças influenciam as atitudes, de maneira que é importante saber o que cremos a respeito de Deus e da doença.

2. Atitude sobre a morte e o moribundo. Salomão diz que há tempo para tudo. A ocasião apropriada para agonizar é a velhice. Uma das ocupações da vida é o preparo para a morte — quando a pessoa é idosa. A pessoa jovem morre, mas isto não é normal. A AIDS altera a ordem das coisas. Primeiramente ela ataca as pessoas que têm entre 20 e 40 anos de idade. Prevê-se que em alguns países a AIDS deverá, realmente, aniquilar uma geração de pais. Cuidar dos moribundos e das pessoas aflitas, obriga o pastor a enfrentar sua própria vulnerabilidade. Especialmente os pastores jovens, podem achar difícil lidar com um grupo de pessoas de sua idade que se encontram moribundas. Como deve agir a pessoa que cuida, com as freqüentes mortes de jovens? Cada morte aflige. Entristece as famílias, os amigos e o pastor, que deve lidar com as necessidades espirituais da pessoa moribunda.

Há muitas maneiras de as pessoas lidarem com o doente de AIDS. Evitar a situação, construir uma concha em torno de si mesmo e, de alguma forma, distanciar-se da pessoa acometida de AIDS não a ajuda. As respostas positivas envolvem empatia, atenção e cuidar da pessoa. Esta necessita de liberdade para expressar seu sofrimento, tristeza e raiva. Uma resposta clara, cheia de compaixão, pode esvaziar o pastor emocionalmente. O pastor e demais pessoas que dão atendimento só podem conviver com este esvaziamento mediante um estreito relacionamento com Deus e um sistema de apoio humano.

3. A fobia da AIDS. A fobia da AIDS é generalizada nos Estados Unidos. As pessoas que dão atendimento são suscetíveis a este temor: O temor de contrair AIDS; temor de expor à AIDS as pessoas da família. São justos estes temores? Sim e não.

É justo o temor de contrair uma doença debilitante e para a qual não existe cura. No iní-cio, quando a AIDS foi descoberta nos Estados Unidos em 1981, sua causa e maneira de trans-missão eram desconhecidas. Os comentários eram muitos. Exigiu tempo e pesquisa extensa para descobrir o agente causador da AIDS e co-mo esta se propagou. Nem todas as indagações sobre AIDS foram respondidas, mas foi bem documentado como a doença se propagou. Nenhuma informação nova sobre transmissão da AIDS foi descoberta desde 1984.

O HIV, precursor da AIDS, é encontrado em vários líquidos do corpo. Na maioria destes, como as lágrimas, ele não se encontra em quantidade suficiente para ser transmitido. O sêmen e o sangue, contudo, são bons condutores. Os homens e as mulheres infectados podem transmitir o HIV para parceiros sexuais de ambos os sexos. Além disso, o HIV pode ser transmitido por transfusão de sangue infectado ou produtos do sangue, e pelo uso de agulhas hipodérmicas não esterilizadas. Os instrumentos usados para tatuagem, furar orelhas, ou perfurar a pele com qualquer finalidade, podem transmitir o vírus. As mães podem transmitir o HIV aos bebês durante a gravidez e por ocasião do nascimento e, raramente, por meio do aleitamento.

Fora do corpo, o HIV não é resistente. Uma solução de cloreto de sódio o mata. O vírus é também considerado impotente se os líquidos do organismo, que contêm HIV, secarem fora do corpo. Não há nenhuma evidência de que os membros da família de um PWA se tenham tornado HIV positivo, senão através do contato sexual. O Centro de Controle de Doenças diz que apertar a mão ou abraçar um PWA é tão segu-O MINISTÉRIO/MARÇO/ABRIL/1991 29 ro como apertar a mão de uma pessoa com AIDS ou abraçá-la. Se o PWA tiver uma doença infecciosa adicional, como a tuberculose, toda precaução normalmente tomada com respeito a essa doença deve ser usada.

4. Riscos pessoais. O envolvimento com PWAs põe-me em situações embaraçosas? Devo ser acusado de ser homossexual? Serei acusado de imoralidade? Serei acusado de ser “moderado em drogas” ou mesmo de tomar drogas? Impedirão as exigências de meu tempo e emoções que realize outro trabalho importante? Tolerarão meus superiores o que estou fazendo? Simpatizarão meus colegas membros da igreja? Como verão eles meu envolvimento com homossexuais, consumidores de droga e prostitutas?

São boas perguntas a considerar. Um pastor contou que dois terços de sua congregação passaram a ir a outras igrejas quando souberam que ele estava dando assistência espiritual a um membro de igreja que estava com AIDS. A fobia da AIDS e sua conseqüente condenação têm sido comuns. Nos Estados Unidos, a vida e a morte de Ryan White, que teve que travar repetidas batalhas no tribunal para conquistar o direito de freqüentar a escola pública após ter contraído o HIV por uma transfusão de sangue, dramatizou a fobia da AIDS. Porque pessoas importantes assistiram ao funeral, alguém disse que a fobia havia sido dominada. Mas na mesma semana em que Ryan morreu, o noticiário da mídia relatou que havia sido negado permissão para que uma criança com AIDS assistisse à escola dominical, baseada no seu diagnóstico.

Haverá situações embaraçosas? Provavelmente. Ajuda, lermos a respeito de estilos de vida diferentes do nosso, de maneira que estejamos pelo menos intelectualmente preparados para ir ao encontro dessas pessoas. Há disponível uma grande variedade de literatura. Algumas aprovam. Outras condenam. Algumas procuram entender. Confira a biblioteca ou a livraria local em busca de materiais. Ler os vários pontos de vista, fornece uma visão global melhor. Para uma compreensão ainda melhor, ouça alguns PWAs contarem sua história.

Há o risco de rotulagem? Existe essa possibilidade em qualquer tempo que a pessoa converse com outras ou com elas se associe. Há sempre pessoas que não entendem e que gostam de criticar. Jesus foi condenado dessa maneira. “Pois veio João, que não comia nem bebia, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Mat. 11:18 e 19).

“Evitar a aparência do mal” é sempre um bom conselho. Planejar a maneira de evitar esta aparência, ajudará a diminuir o problema. Uma igreja que faz plano para enfrentar o problema da AIDS, desenvolvido pelos membros e a comissão da igreja, dissipará muito da crítica. Jesus correu o risco? Sim! Devemos fazer o mesmo? Creio nisso. Só quando nos envolvemos com as preocupações das outras pessoas, conseguimos entender suas alegrias e tristezas. Com a compreensão, virão as oportunidades de partilhar o amor de Deus. Os PWAs, em especial, têm grandes necessidades espirituais que se tornam ainda mais opressivas pelo fato de terem um curto período de tempo para aceitar a salvação e se prepararem para a morte.

5. Atitudes preconceituosas. Intimamente relacionada com a fobia, está a atitude preconceituosa, que vê os PWAs de maneira diferente das pessoas que estão com outros tipos de doenças que põem em perigo a vida, tais como o câncer. Mesmo crianças que adquiriram o HIV por produtos do sangue, têm sido condenadas ao ostracismo.

É esta uma atitude condenada por Jesus? Muitos exemplos há da maneira de Jesus tratar com a doença e o enfermo. O paralítico que foi descido pelo teto é um bom exemplo. Friamente, os fariseus o declararam incurável. Seu sofrimento, criam eles, era o resultado de seus próprios pecados e evidência do desagrado divino — de maneira que não revelaram nenhuma compaixão. Ao contrário, a atitude de Jesus era uma atitude de compaixão e perdão.

A atitude dos fariseus e escribas é muito mais comum entre nós do que gostaríamos de admitir. Essa atitude farisaica condena publicamente os PWAs como tendo recebido o castigo de Deus.

Quão receptivo sou eu à pessoa cujo estilo de vida desafia minha cultura e meu sistema de crença? Como respondo eu à pessoa que usa droga ilegalmente? Como reajo em relação a um marido ou esposa promíscuos que trazem AIDS para casa e contaminam seu esposo ou esposa? Sou capaz de amar a pessoa sem condenar sua conduta? Revela minha atitude o amor de Deus para com essas pessoas?

Os diretores da Unidade Isenta de Omissão e do Programa de Renascimento da Dependência Química do Hospital Covina Oeste da Califórnia, contam como acontece a estereotipagem com os consumidores de droga. Muitas pessoas consideram os viciados como refugos derrotados que dormem nas calçadas de nossas grandes cidades. Os diretores dizem que seus pacientes não são assim. “Nossos pacientes em geral são da classe média alta. São funcionários com boa formação e boas ocupações. As pessoas têm mentes estreitas com respeito a quem tem AIDS. Não são só os derrotados que vivem fora das ruas. É qualquer pessoa.”27

Há alguns passos que considero úteis no desenvolvimento de uma atitude semelhante à de Cristo: 1) A análise de meu relacionamento com pessoas que têm um estilo de vida diferente. O que revela o relacionamento quanto a minha atitude para com essas pessoas? 2) Ter um observador confiável, proporciona-me uma avaliação honesta de minhas reações. 3) Se sou um reprovador, eu retorno à Bíblia e estudo outra vez os fundamentos de minhas crenças. A reafirmação da Bíblia me toma mais confiante em minhas crenças e menos ameaçador das crenças alheias. Desejo que os padrões bíblicos, as normas não culturais, dirijam as minhas ações. 4) Estudo a atitude de Jesus para com diversas pessoas: Os fariseus, os publicanos, os leprosos, os ladrões, os cegos, o rico, o pobre, o enfermo. 5) Peço a Deus que me dê amor para os que acho difícil amar, e me encha de Seu amor, de maneira que eu possa ajudar as pessoas que sofrem. 6) Admito que não posso ser tudo para todas as pessoas. Enquanto minha compreensão aumenta e minha atitude muda, procuro alguém que possa relacionar-se afetivamente com a pessoa necessitada quando eu não posso.

6. Sexualidade. Uma vez que as relações sexuais são uma das principais maneiras de transmissão da AIDS, a sexualidade constituirá um problema. O risco de contrair AIDS aumenta grandemente no caso de pessoas que têm parceiros sexuais múltiplvolvidos são bissexuais ou homossexuais, ou se eles prejudicam sexualmente os filhos. Na área da transmissão sexual, a AIDS é um problema de promiscuidade sexual. Isto suscita uma pergunta. Posso relacionar-me de maneira redentora com os promíscuos sexualmente — tanto heterossexuais como homossexuais? A condenada Maria parou diante de Jesus. Ela não via nenhuma comiseração nos olhos dos seus acusadores. A resposta de Jesus foi de condenação ao pecado, mas de amor ao pecador. Só com uma infusão do amor de Deus, posso dar a resposta de Jesus às pessoas com quem me encontro: “Nem Eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais” (João 8:11).

7. Está envolvido o aconselhamento pastoral. Como a AIDS afetará o aconselhamento antes do casamento? Sugeriría você proteção contra o HIV? Como aconselharia você uma pessoa casada cujo cônjuge é infiel? Qual seria sua resposta quando um membro de igreja vem a você e diz que está com HIV positivo? O que você aconselharia ao PWA e à família? Como você lidaria com as questões de confiança ou os direitos individuais versus a proteção do cônjuge? Estas perguntas são complexas. As respostas podem ser encontradas mediante estudo, seminários e discussões com outros pastores.

8. Administração da igreja. Que precaução você deveria tomar ao batizar uma pessoa com AIDS? O que dizer a respeito do lava-pés? Pode um ancião com AIDS partir o pão da Santa Ceia? Há algum preparativo especial para uma cerimônia fúnebre? Como deveria um pastor que está com AIDS ser tratado por seus colegas? Pela administração? Algumas dessas perguntas são facilmente respondidas por meio do conhecimento de como a AIDS é transmitida. A maneira como um pastor contagiado é tratado depende de nossa compreensão a respeito de Deus. As leis antidiscriminatórias também influenciam as decisões.

Desafios sem iguais

Alguém pode perguntar: “Por que a AIDS é diferente? Não tivemos sempre a doença conosco?” Sim, tivemos. Mas a sociedade tem reagido para com a AIDS de maneira diferente da que revela para com outras doenças. A sociedade tem rejeitado constantemente os PWAs, até o ponto de expulsá-los da comunidade. Alguns pastores têm dito que Deus não lhes perdoa.

Além disso, há o problema do desespero. A pessoa que está com câncer e doenças cardíacas tem alguma esperança de ser curada. No momento, não há nenhuma cura para a AIDS. A AIDS é uma doença debilitadora com acessos recorrentes da doença que deixam a pessoa enferma cada vez mais fraca. Os PWAs estão enfrentando a morte. Eles necessitam de atenção física e espiritual. Como Charlene, os membros da família são atirados em circunstâncias estranhas e necessitam de assistência. Talvez ambos os pais da família estejam doentes, separando-se dos filhos que necessitam de cuidado. Toda a família necessita de cuidado espiritual. Muitas dessas pessoas sofreram rejeição por parte da igreja mesmo antes de contrair AIDS. Elas podem estar sentindo grande remorso e não ter nenhuma esperança de cura ou vida eterna.

Kevin Gordon, falando para uma conferência ecumênica, desafia a igreja: “A AIDS, pois, está na agenda ecumênica por causa do índice alarmante em que a doença está aumentando, e também porque muita da discriminação contra as pessoas aidéticas, de maneira revoltante, alegam fundamentos religiosos…. Devemos fazer parte da resposta — as Boas Novas — e não parte do problema. Alguns podem pensar que esta doença oferece uma ocasião oportuna para que a igreja julgue a AIDS; ironicamente, e em última análise, será a AIDS que julgará a igreja.”

A igreja enfrenta o desafio de ser pertinente às necessidades tanto do indivíduo como do mundo ao achar-se diante da crise da AIDS. Aceitará ela esse desafio? Avalia realmente a igreja cada pessoa como alguém de valor inestimável por quem Cristo morreu? É a salvação realmente oferecida a cada indivíduo. O mundo está observando como a igreja passa nesse teste. Resistirá ela ao escrutínio? Passará no teste a Igreja Adventista do Sétimo Dia? Como enfrentaremos o desafio?

Como em todos os aspectos da vida, Jesus é nosso exemplo. Ele veio a este mundo revelar o amor de Deus à humanidade. Os evangelhos relatam fragmentos dos acontecimentos de Sua história de amor. O leproso pediu socorro; Jesus tocou nele e o curou. Um homem desceu pelo teto; Ele lhe perdoou e o curou. O cego e mudo veio; Ele o tocou e o curou. Sim, Ele tinha compaixão em Seu ministério. Ele tocava. Ele perdoava. Ele curava. Ele Se misturava com as multidões. E hoje Ele pede a Sua igreja que Lhe siga os passos.

Íris Hayden Stober, diretor-Associado do Departamento de Saúde e Temperança da Associação Geral

Referências:

1, Mia Oberlink, “HIV and Chemical Dependency,”  AIDS Patient Care,  fevereiro de 1989, pp. 30-3

2. David G. Hallman,  Problemas de AIDS; Confronting the Challenge  (Nova Iorque; The Pilgrim Press, 1989), pág. 171.

“Como Igreja, nossa responsabilidade com pessoas aidéticas é cada vez maior.

“Contrariando os entraves que cercavam o Seu tempo, no que se refere à doença, Jesus curou a pessoas com lepra. Seguir-Lhe o exemplo hoje, pode significar dar assistência a aidéticos.”

“A maneira como um pastor contagiado é tratado, depende de nossa compreensão a respeito de Deus; e das leis antidiscriminatórias.”