1. O funeral é uma prova singular da aptidão de um homem para o ministério evangélico. “Há duas espécies de ministros: um sabe como dirigir um funeral; o outro não.” — Blackwood, The Funeral, pág. 14. A morte só ocorre uma vez. A cerimônia fúnebre não deveria ser enevoada por um ministro.

2. Não há dois funerais exatamente iguais. Nenhum processo padronizado pode ser usado para todos os casos. O senso comum e o preparo do ministro e a orientação do Espírito Santo devem determinar a execução de cada funeral. As sugestões para dirigir os funerais são necessariamente gerais e precisam ser adaptadas a cada situação específica.

3. O ministro deve portar-se de tal maneira em sua relação com a congregação que eles se voltem naturalmente para ele na hora da aflição. O pastor leviano, frívolo, pouco espiritual e pouco amistoso estará em desvantagem inicial quando os membros de sua igreja necessitarem de vigoroso apoio espiritual em ocasiões de luto.

4. Quando o ministro toma conhecimento de que faleceu alguém de sua congregação, deve visitar imediatamente o lar dessa pessoa. Sua simpatia deve manifestar-se mais por seu espírito do que por suas muitas palavras. Deve deixar que as pessoas desabafem o coração, orar com elas e trazer-lhes à lembrança o amor de Jesus. Deve estar atento a qualquer possibilidade de ajudar a família no sentido material. Quanto à cerimônia fúnebre, não deveria oferecer-se para dirigi-la, mas estar disposto a fazê-lo se lho solicitarem. Não deve ficar ofendido se a família escolher outro ministro ao qual talvez conheçam melhor — com efeito, o pastor deve manifestar sua boa vontade em ajudar a providenciar a presença de outro ministro, se a família desejar que o faça.

5. Se a família solicitar que o pastor oficie na cerimônia, convém que haja uma troca de idéias a esse respeito. O ministro não deve invadir o âmbito das responsabilidades do diretor do funeral. Entretanto, a família e o ministro devem considerar tais pormenores como os auxiliares ministeriais, a música, pedidos especiais a respeito da natureza da cerimônia, etc. O ministro deve aceder aos desejos dos enlutados em tudo que for possível. No entanto, se forem feitas sugestões que são inexeqüíveis, o ministro, com bondade e tato, deve propor outras opções. O pastor deve deixar claro para a família que ele está à sua disposição e que fará tudo que for possível para auxiliá-la.

6. Se houver necessidades evidentes, como preparar alimentos, cuidar de crianças ou prestar ajuda financeira, o ministro deve pedir o auxílio de membros da congregação que ele sabe estarem em condições de prover a necessária ajuda. Contudo, nem o ministro nem a igreja devem procurar realizar o que outros membros da família querem e podem fazer.

7. O ministro deve ter o cuidado de não dar conselhos em demasia. As pessoas têm o direito de tomar suas próprias decisões quanto à escolha do diretor do funeral, do custo das exéquias, do lugar de sepultamento, etc. Poderá haver casos em que o afável conselho pastoral seja necessário para evitar que se prevaleçam de alguma viúva. Deve haver, porém, o máximo cuidado ao lidar com tais casos. Acima de tudo, o ministro deve manter-se alheio a disputas de família.

8. O ministro deve dispor de tempo suficiente para a preparação do sermão. Um sermão velho nunca é adequado. O ministro mediano terá de passar pelo menos a metade de um dia em estudo, oração e preparação para a cerimônia.

9. Eis alguns característicos de um bom sermão para tais ocasiões:

a. Ele deve ter apropriado fundamento bíblico.

b. Deve centralizar-se em Cristo.

c.  Deve adaptar-se ao indivíduo, mas não conter encômios em demasia. Quaisquer palavras de louvor ao falecido devem referir-se a bons traços evidentes a todos.

d. Deve ser curto, durando geralmente cerca de 15 minutos.

e. Não deve ser uma exposição doutrinária.

f. Seu tom deve ser afável, temo e compassivo.

g. As ilustrações devem ser escolhidas com muito cuidado.

10. O ministro deve estar no local da cerimônia fúnebre com bastante antecedência do tempo programado. Os funerais devem ter prioridade sobre quase tudo. Outros compromissos devem ser cancelados ou adiados se são incompatíveis com o preparo ou a realização da cerimônia fúnebre ou tendem a prejudicá-la.

11. O ministro deve elaborar um programa para a cerimônia e fornecer cópias a seus auxiliares, aos músicos e ao diretor do funeral. Amiúde o programa será mais ou menos como este:

a. Entrada dos ministros.

b. Leitura bíblica e oração.

c. Solo.

d. Obituário.

e. Sermão.

f. Solo.

Esta ordem pode variar segundo as circunstâncias. A leitura bíblica deve ser de molde a inspirar esperança e confiança.

12. O ministro deve estar vestido apropriadamente para a cerimônia. Se ele reside numa região em que todos os diretores de funeral usam calças listadas e casaca, convém que o ministro se vista do mesmo modo. Seja como for, seu traje deve ser conservador e impecável.

13. O ministro deve cultivar relações cordiais com os diretores de funeral em sua região. Eles geralmente estão muito desejosos de cooperar com os ministros. A cooperação mútua é importante.

14. A atitude do ministro durante a cerimônia deve ser calma, compassiva e decorosa. Luto afetado é censurável. Lágrimas de crocodilo são uma paródia. Sincera simpatia e vigoroso amparo constituem a contribuição mais apreciada do ministro. A voz deve ser usada cuidadosamente. Gritos ou qualquer método que produza tensão, são impróprios.

15. Após a cerimônia na capela, o ministro deve permanecer em pé enquanto as pessoas olham os restos mortais. Quando a família se aproxima para dar sua última olhada à pessoa falecida, o ministro deve acercar-se deles, fortalecendo-os mais com sua presença que com suas palavras. O ministro precede o esquife da igreja ao carro funerário.

16. A cerimônia ao lado da sepultura geralmente consiste de:

a. Um breve texto bíblico.

b. Uma oração.

c. Talvez uma declaração de entrega.

Assim como na capela, o ministro precede o esquife do carro funerário até a sepultura. Ele dirige a cerimônia junto à sepultura de uma posição ao lado do esquife, próximo à cabeça. Alguns diretores de funeral fazem os portadores do esquife desfilar ao lado do esquife e colocar suas abotoaduras sobre ele. O ministro deve cooperar com tais práticas.

17. Se a cerimônia é uma cerimônia militar ou se uma loja maçônica está participando, o ministro deve cooperar com as organizações participantes.

18. Após a cerimônia junto à sepultura, o ministro deveria falar sucinta e bondosamente com a família enlutada, demorando-se no local até que a família se retire. Jamais deve dar a impressão de que está com pressa.

19. Em muitos casos, convém visitar a família alguns dias após a cerimônia. Com freqüência, o ministro pode prestar maior ajuda nessa ocasião. Também é um bom costume enviar um cartão de lembrança no primeiro aniversário da morte do falecido. A família sente-se grata ao saber que seu ente querido não foi olvidado pelo ministro.

20.  Ordinariamente, os ministros adventistas não aceitam honorários pela realização de cerimônias fúnebres, a menos que haja grandes despesas de viagem. Entretanto, o costume de dar um presente ao ministro é tão comum nalgumas regiões que o ministro tem de usar de bom senso para controlar a situação. Acima de tudo o mais, ele deve ser coerente em sua conduta.

21. O ministro tem de ser muitíssimo cuidadoso na realização de funerais que envolvem problemas — como, por exemplo, no caso de um suicida, de um filho rebelde, de uma mãe com filhos pequenos, de uma pessoa não cristã. Sempre deve ser sincero, mas nunca deve ser indelicado. Aspectos que magoam e ferem devem ser evitados.

“A cerimônia fúnebre ressalta o que de força ou fraqueza existe num homem. O conteúdo e o espírito de tudo o que ele faz e diz revelam a veracidade ou a irrealidade de suas crenças, doutrinárias, a calidez ou a frieza de sua experiência espiritual, a amplitude ou a exiguidade de seu conhecimento bíblico, a sinceridade ou a simulação de suas simpatias e sua competência ou falta de habilidade como dirigente de culto. ” — Blackwood, The Funeral, pág. 23.

O ministro deve portar-se de tal maneira em sua relação com a congregação que eles se voltem naturalmente para ele na hora da aflição.

Não há dois funerais exatamente iguais. Nenhum processo padronizado pode ser usado para todos os casos.

Norval F. Pease